Acordos de paz foram firmados, mas as desavenças permanecem longe do fim
O conflito Israel – Palestina, que já dura mais de 70 anos, é marcado por disputas religiosas e pela posse de terras. Acredita-se que esse embate histórico se intensificou ainda na metade do século XX, especialmente com o término da Segunda Guerra Mundial. A cidade de Jerusalém – situada no oeste do continente asiático – também é alvo dos impasses. Considerada sagrada para os seguidores do judaísmo, cristianismo e islamismo, tanto os israelenses quanto os palestinos a reivindicam como capital.
Como o conflito Israel – Palestina começou?
Considera-se que o conflito Israel – Palestina ganhou forças a partir do movimento sionista – migração dos judeus para o território palestino, motivada principalmente pela aversão sofrida por eles na Europa. Esse território, que fica entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo, após a queda do Império Romano passou a ser governado pelo Império Otomano. Como naquele momento a maioria da população era de muçulmanos e outras vertentes árabes, o sionismo começou a gerar certos atritos entre as comunidades locais.
Com o fim do Império Otomano, durante a Primeira Guerra Mundial, a Inglaterra tornou-se responsável pela sua administração. Os britânicos se mostravam favoráveis ao movimento migratório judaico e, ao mesmo tempo, manifestavam apoio aos árabes. Isso acabou provocando mais tensão entre os dois lados.
Contudo, para alguns historiadores, a esperança de um convívio pacífico foi realmente perdida em 1929, quando um embate entre mulçumanos e judeus diante do acesso ao Muro das Lamentações levou a milhares de mortes.
Além disso, no cenário mundial viria acontecer um episódio que intensificou a perseguição aos judeus e, consequentemente, aumentou o seu movimento migratório: a ascensão de Adolf Hitler. Para limitar a chegada dessas pessoas, o governo britânico estabeleceu quotas anuais e regras para aquisição de terras. As iniciativas não surtiram efeitos e os muçulmanos continuaram nutrindo o sentimento de repúdio aos refugiados. Com isso, em 1939 – início da Segunda Guerra Mundial, decretaram apoio a Alemanha.
Ao término da guerra e com os 6 milhões de judeus assassinados por causa do holocausto, entidades internacionais passaram a incentivar a criação de um Estado judeu. O plano da ONU era dividir a Palestina (55% destinados aos judeus e 45% aos muçulmanos) e tornar as cidades de Belém e Jerusalém comum a todos – devido a sua importância religiosa – mas os palestinos não aceitaram.
Fundação do Estado de Israel
Depois da Resolução de 181, que permitia a partilha da região, o conflito Israel-Palestina tomou maiores proporções. Em 14 de maio de 1948, o Estado de Israel foi finalmente criado. Contudo, no dia seguinte, o exército da Liga Árabe – formada pelo Egito, Jordânia, Síria, Iraque e Líbano – invadiu o seu território, momento que ficou conhecido como Guerra da Independência.
Esse confrontou terminou em 1949, resultando na (“destruição”; “catástrofe”) – expulsão de 750 mil palestinos. Diante da vitória israelense, a área destinada pela ONU foi reduzida pela metade. A reação apenas ocorreu em 1956, quando Israel enfrentou o Egito em busca do controle do Canal de Suez – que faz a ligação o mar Mediterrâneo e o mar Vermelho.
Dessa vez, o país saiu derrotado, pois a ONU reconheceu o direito do lado egípcio. Oito anos depois, na tentativa de unir os grupos que lutavam em prol dos palestinos, foi fundada a OLP (Organização para Libertação da Palestina).
Em 1967, um novo embate trouxe vantagens para Israel. Na chamada Guerra dos Sete Dias, o país acabou ocupando a Faixa de Gaza, a Península do Sinai, a Cisjordânia e as Colinas de Golã, na Síria. Meio milhão de palestinos tiveram que fugir.
Os árabes ainda tentaram recuperar o territórios em 1973, mas foi somente em 1979 – após assinatura de um acordo de paz mediado pelos Estados Unidos – que Israel devolveu a Península do Sinai ao Egito.
Principais acontecimentos no século XXI
O conflito Israel – Palestina se mantém longe de fim. Os ataques entre os países estão sempre em destaque em matérias de jornais e as tentativas de estabelecer a paz até o momento falharam. Entre os eventos ocorridos na atualidade, revelando que as tensões entre judeus e palestinos ainda crescem, destacam-se:
2002 – O governo israelense, sob a liderança de Ariel Sharon, começa a construção de um muro na Cisjordânia, impedindo o acesso de algumas comunidades em áreas favoráveis à agricultura.
2006 – As disputas entre Hamas e Fatah, organizações políticas e militares que defendem os interesses de cada lado, são acentuadas. Enquanto a primeira queria a implantação de um estado religioso e sem os judeus, a outra desejava um estado laico e aberto ao diálogo com Israel.
2007 – Egito e Israel realizam um bloqueio na Faixa de Gaza. O objetivo era impedir a aquisição de armas pelo Hamas, mas acabou interferindo na compra de suprimentos de todos os palestinos.
2010 – Estados Unidos, Rússia e a União Europeia pedem a desocupação da Cisjordânia em dois anos. Em resposta, Israel ordena o ataque a navios turcos que carregavam comida e medicamentos para Gaza.
2011 – Fatah e Hamas iniciam diálogos a fim de resolver suas diferenças políticas e ideológicas. O então presidente americano Barack Obama apoia o retorno das fronteiras que foram modificadas depois da Guerra dos Seis Dias.
2014 – Israel promove novos ataques a Cisjordânia. Em 53 dias de conflito, morrem 2,2 mil palestinos e 71 israelenses.
2017 – O conflito Israel – Palestina, dessa vez impulsionado pelo reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel pelos Estados Unidos, geram confrontos que deixam 2,7 mil manifestantes feridos e 58 mortos.