Entenda como o conflito afetou os países envolvidos
As consequências da Primeira Guerra Mundial atingiram diversos setores da sociedade e produziram uma reconfiguração da ordem social existente até o início do conflito. Com o término da guerra, países vencidos e vencedores apresentavam um quadro político, econômico e social intimamente influenciado pelos esforços e investimentos que haviam sido feitos durante os anos de 1914 e 1918.
Notadamente, o continente europeu foi o mais atingido pelas consequências da Primeira Guerra Mundial. Isso se explica pelo fato de que o conflito se deu predominantemente neste território, ainda que países como Estados Unidos, Japão, Canadá e até mesmo o Brasil tenham participado. Essas nações, assim como outras que se envolveram na guerra, apoiaram as principais potencias envolvidas.
Nesse sentido, vale ressaltar que as nações que protagonizaram a Primeira Guerra Mundial se organizaram em dois grupos distintos unidos por acordos de aliança e cooperação militar, nomeadamente, Tríplice Entente e Tríplice Aliança. O primeiro grupo era formado por Rússia, Grã-Bretanha e França. No segundo grupo estavam Alemanha, Áustria-Hungria, Império Otomano e Itália. Esses foram os derrotados e os que mais sofreram as consequências da Primeira Guerra Mundial.
As principais consequências da Primeira Guerra Mundial
A Primeira Guerra Mundial foi um evento de consequências desastrosas para a maior parte dos países envolvidos. Os danos produzidos pelo conflito afetaram os territórios, bem como os âmbitos políticos, econômicos e sociais das nações. Além disso, as consequências da Primeira Guerra Mundial criaram um clima de animosidade que, nem mesmo os acordos de paz selados conseguiram evitar.
Em verdade, parte do sentimento de frustração que assolou esses países foi decorrente dos termos desses documentos, que impunham sanções e multas aos derrotados. Em certa medida, é possível afirmar que a ascensão dos regimes totalitários que culminaram na Segunda Guerra Mundial foi decorrente do contexto político e social europeu deixado pela Primeira Guerra Mundial.
Mortes
A Primeira Guerra Mundial foi um evento que afetou drasticamente os níveis populacionais dos países envolvidos, tenham eles saído como vencedores ou derrotados. Segundo estimativas, durante os quatro anos de conflito 8 milhões de pessoas foram mortas. A Alemanha foi o país com o maior contingente de baixa humana, com 1,9 milhões de soldados mortos. Em seguida temos a Rússia, 1,7 milhões; França, 1,4 milhões; Áustria-Hungria, 1 milhão; e Inglaterra com 760 mil.
Além do elevado número de mortes, a guerra deixou 20 milhões de feridos e 6 milhões de inválidos. Ainda que surja como consequência mais imediata do conflito, a perda de números tão elevados de pessoas também apresenta implicações de curto e longo prazo. Nesse sentido, é importante ressaltar que os países tiveram baixa, principalmente, da população masculina economicamente ativa. E isso tem implicações na economia que precisava ser recuperada, já que durante o conflito todas as atenções estavam voltadas para o combate aos inimigos.
Instabilidade econômica e política
Ainda no âmbito das consequências da Primeira Guerra Mundial vale destacar o declínio europeu vivido pós-conflito. Além das perdas humanas, os países envolvidos na guerra tiveram consideráveis perdas materiais. Com isso, a Europa deixa o lugar de hegemonia que tinha no panorama mundial e passa a uma situação de dependência econômica. No pós-guerra, a Inglaterra, que era a maior potência econômica, perde o lugar para os Estados Unidos.
Outro país que se beneficiou com a instabilidade europeia foi o Japão. Enquanto os países europeus enfrentavam problemas para reestruturar o setor agrícola e industrial, o asiático, sem concorrência, teve o caminho livre para investir na diversificação e estímulo de sua atividade industrial. Os EUA, que já tinha lucrado comercializando com os Aliados durante a guerra, aumenta suas reservas de ouro no período posterior ao conflito e passa a ser detentor de, aproximadamente, metade do metal disponível no mundo.
Reconfiguração territorial
Os acordos firmados no período posterior ao conflito desencadearam em uma das consequências da Primeira Guerra Mundial: a reconstrução do mapa geopolítico da Europa. O Tratado de Versalhes desmembrou os impérios Austro-húngaro, Otomano e Alemão. E deu origem a países como Turquia, Armênia, Áustria, Estônia, Hungria, Lituânia, Checoslováquia e Letônia.
Ainda no âmbito das reconfigurações territoriais ocorridas, temos a imposição feita à Alemanha de desocupar a Alsácia-Lorena, território que pertencia à França. À Polônia são anexados os territórios da Posnânia e uma parte da Prússia. Este último pertencia à Alemanha e configura mais uma das perdas territoriais impostas ao país.
Ascensão do totalitarismo
Entre as principais consequências da Primeira Guerra Mundial está a ascensão do nazismo e fascismo como regimes totalitários. Eles surgem, principalmente, como resposta ao cenário de devastação política e econômica que o conflito deixa na Europa, especialmente na Alemanha. O país foi o principal afetado pelo conflito e sanções impostas pelo Tratado de Versalhes.
Além das perdas territoriais, a Alemanha foi desmilitarizada e obrigada a pagar multas e indenizações aos países vencedores. Para o Tratado de Versalhes, ela foi a principal responsável pela guerra, por isso foi obrigada a pagar 22 milhões de marcos para reparar os danos causados pelo conflito às populações civis. A França e a Grã-Bethanha foram os países mais beneficiados por essa indenização, ficando com 52% e 22% respectivamente.
A Itália, por outro lado, terminou a guerra tomada por um sentimento de frustração. O país acreditava não ter recebido os ganhos materiais que lhe eram justos. Já o Japão, que encontrou na desestruturação das economias europeias caminho para se desenvolver, iniciou um projeto imperialista que resultaria na ocupação da Manchúria.
Com o tempo, a Alemanha passou a descumprir os termos do Tratado de Versalhes, chegando a promover a ocupação da Renânia. A Itália, por sua vez, invade a Etiópia. Como as nações europeias estavam fragilizadas por conta da crise de 29, os governos totalitários vão, cada vez mais, ganhando espaço. Como reflexo desse cenário de expansão dos regimes totalitários, temos o eclodir da Segunda Guerra Mundial.
Criação da Sociedade das Nações
Com o intuito de garantir um cenário de paz entre as nações europeias, foi criada em janeiro de 1919 a Sociedade das Nações. A instituição tinha sede em Genebra, na Suíça, e surge a partir de proposta feita pelo presidente norte-americano Woodrow Wilson. Ela deveria servir para que os países encontrassem caminhos diplomáticos para resolver, mas sem conflitos e sem guerra. Contudo, se mostrou ineficiente em barrar a ascensão nazista e impedir que houvesse a Segunda Guerra Mundial.