Resumo de Português - Conto Fantástico

O que é, principais características e seus representantes 


O conto fantástico ou literatura fantástica é um gênero textual que caracteriza-se pela presença de elementos inusitados, incomuns ou sobrenaturais. Trata-se de uma narrativa literária de curta duração, com quantidade reduzida de personagens e histórias que aliam ficção e realidade
Como relaciona uma sucessão de acontecimentos que parecem impossíveis, extraordinários ou inexplicáveis, engloba tanto os contos infantojuvenis quanto os de fadas e terror. Acredita-se que seu surgimento se deu entre os séculos XVIII e XIX, sendo também uma forma de evidenciar o comportamento humano e as reflexões sobre a sociedade. 

Estrutura 

O conto fantástico baseia-se na construção de um mundo aparentemente irreal e com situações e/ou ações que extrapolam o senso da lógica e racionalidade. Como o objetivo é conquistar a atenção do leitor sob uma perspectiva imaginária e trazer um ensinamento, sua estrutura narrativa é dividida em:
 
Apresentação – É a parte em que os personagens, o espaço e o tempo que ambientam a narrativa são mostrados. Neste momento também são reveladas as ações que levarão ao conflito, a tensão máxima da história. 
Complicação ou evolução – Expõe o episódio capaz de gerar o conflitos ou o fato inesperado. É o trecho mais esperado e atraente, pois prepara o leitor para o ponto de máxima intensidade (culminante). 
Clímax – Refere-se ao nó ou conflito que envolve toda a história. Pode ser provocado por diversos fatores, como divergências de opiniões, desejos e impasses para concretizá-los, ou problemas que precisam ser resolvidos. 
Solução ou desfecho – Pode trazer ou não a resolução do problema e/ou conflito gerados ao longo do texto. O final da história costuma deixar uma lição de moral e mostrar o triunfo do bem sobre o mal. 

Características do conto fantástico

No conto fantástico, os eventos do cotidiano são discutidos, o que mantém uma noção de realidade. A narrativa, no entanto, é baseada em elementos sobrenaturais, irreais, surreais ou inacreditáveis. Por isso, segundo o linguista Tzvetan Todorov, o leitor precisa escolher entre dois caminhos: tratar apenas como uma ilusão e imaginação, ou entender que o acontecimento é parte da nossa realidade, mas é movida por leis não naturais. Isto é, apresentam visões que rompem com a racionalidade e a lógica. 
Além da realidade improvável, as principais caraterísticas deste gênero literário são:
  • Prevalência de uma sequência narrativa de curta duração, com um único episódio (fato) e número limitado de personagens, além do tempo e cenário reduzidos. 
  • Presença de personagens humanos, indivíduos que passaram por mudanças impossíveis e seres sobrenaturais, como monstros, fantasmas, bruxas, fadas, duendes, unicórnios, sereias, etc. Eles ainda possuem desejos, paixões, sonhos, defeitos, entre outros traços de personalidade. 
  • O enredo normalmente não segue uma linha cronológica. O autor conta os fatos de um presente, passado ou futuro com ajuda de recursos como e o chamado tempo psicológico (memórias e sentimentos vivenciados pelo narrador ou personagem). 
  • Por causa da ligação entre o real e a ficção, costuma provocar hesitação e estranheza nos leitores. Contudo, a depender da história, também desperta emoções, reflexões e críticas. O indivíduo acaba desenvolvendo uma percepção ambígua dos eventos. 


Principais autores


Na literatura mundial, diversos autores incrementaram suas obras a partir da produção de contos fantásticos. Entre eles, encontram-se:
Edgar Allan Poe: considerado uns dos principais precursores de histórias de ficção científica e terror, é o autor de “O poço e o pêndulo” e “O retrato oval”, que foram incluídos no livro “Histórias extraordinárias”. 
Gabriel García Márquez: ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1982, escreveu o conto fantástico “Maria dos Prazeres”, do livro “Doze contos peregrinos” (1992).
F. Scott Fitzgerald: escritor, roteirista e poeta norte-americano, criou e publicou o conto “O curioso caso de Benjamin Button”, que foi adaptado para o cinema e lançado em 2008. 
Julio Cortáza: professor, escritor e tradutor argentino, os seus contos com elementos irreais mais conhecidos são “Casa tomada”, “No se culpe a nadie” e “La puerta condenada”. 
Já no Brasil, os que trabalharam com contos fantásticos foram Machado de Assis, em seu livro “Memórias póstumas de Brás Cubas” (1881); Mário de Andrade, na obra intitulada de “Macunaíma” (1928); e Monteiro Lobato, nos livros infantis que deram origem a série “Sítio do Picapau Amarelo”. 
No entanto, um dos mais importantes contistas da literatura fantástica brasileira foi o mineiro Murilo Rubião. Em 33 obras, ele apresentou enredos que romperam totalmente com a lógica racional. Entre as publicadas, estão:
  • “A estrela vermelha” (1953)
  • “Os dragões e outros contos” (1965)
  • “O pirotécnico Zacarias” (1974)
  • “O convidado” (1974)
  • “A casa do girassol vermelho” (1978)
  • "O homem do boné cinzento” (1990)
Como exemplo, confira o trecho do conto fantástico “O Ex-mágico da taberna Minhota”, do livro “O Ex-mágico” (1947) – primeira obra de Rubião:

... Quase sempre, ao tirar o lenço para assoar o nariz, provocava o assombro dos que estavam próximos, sacando um lençol do bolso. Se mexia na gola do paletó, logo aparecia um urubu. Em outras ocasiões, indo amarrar o cordão do sapato, das minhas calças deslizavam cobras. Mulheres e crianças gritavam. Vinham guardas, ajuntavam-se curiosos, um escândalo. Tinha de comparecer à delegacia e ouvir pacientemente da autoridade policial ser proibido soltar serpentes nas vias públicas.

Não protestava. Tímido e humilde mencionava a minha condição de mágico, reafirmando o propósito de não molestar ninguém. Também, à noite, em meio a um sono tranquilo, costumava acordar sobressaltado: era um pássaro ruidoso que batera as asas ao sair do meu ouvido. 

O que é conto? 

O conto é uma narrativa ficcional cujo enredo, personagens, cenário e tempo são voltados para um único acontecimento. As histórias, apesar de breves e objetivas, são contadas a partir de três tipos de narrador: personagem (em primeira pessoa), observador (em terceira pessoa) e onisciente (também em terceira pessoa). 
Além disso, é definido por um único conflito – situação responsável pelo clímax, o trecho de maior tensão. Essa é a caraterística que o distingue de outros gêneros narrativos, a exemplo da novela e o romance. 

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