A Contrarreforma, também chamada de Reforma Católica, foi um movimento que aconteceu no ano de 1545.
Seu principal objetivo era combater as críticas que a Igreja Católica recebia dos protestantes que não aceitavam a doutrina do cristianismo.
O movimento que teve início na Europa, na metade do século XVI, procurou redefinir a doutrina da Igreja e a disciplina do clero. Além disso, surgiu como uma resposta para conter os avanços da Reforma Protestante, iniciada por Martinho Lutero, percursor do protestantismo.
Nesse momento, a Igreja Católica estava perdendo os seus fiéis, principalmente na Inglaterra, França e Alemanha. A publicação das 95 teses de Martinho Luthero com críticas ao Catolicismo intensificou ainda mais o processo obrigando a Igreja a se reposicionar na sociedade.
Para compreender melhor a Contrarreforma, é necessário entender um pouco o contexto da Reforma Protestante.
Reforma Protestante
A Reforma Protestante foi um movimento de combate e revolta ao domínio espiritual exercido pela Igreja sobre a civilização europeia no início do século XVI, final da Idade Média.
Na época, a Igreja Católica, além de exercer uma grande influência espiritual sobre a população, concentrava o poder político-administrativos dos reinos.
O movimento foi organizado por Martinho Lutero (monge agostiniano alemão) e professor da Universidade de Wittenberg. Insatisfeito com as práticas do cristianismo, ele fixou 95 teses ou convites na porta de uma Igreja Católica propondo um desafio contra as autoridades.
A intenção de Lutero era criar um debate em sala de aula para que seu alunos pudessem perceber a tamanha censura instituída pela Igreja. Contudo, os estudantes resolveram imprimir as teses e levá-las até o conhecimento da população.
Entre as ações condenadas pela Igreja estavam as práticas capitalistas nascentes como a “usura“(cobrança de juros por empréstimos) considerada pecado. Ela era a favor da comercialização sem direito a lucro, o que, consequentemente, reduzia o poder de investimento da burguesia mercantil e manufatureira.
Para Lutero e seus seguidores, o maior escândalo era a venda desordenada de indulgências, ou seja, o perdão dos pecados em troca de pagamento em dinheiro a religiosos. Portanto, essa e outras atitudes formaram o cenário ideal para a o desenvolvimento das reformas.
Contrarreforma: Concílio de Trento (1545-1563)
O papa Paulo III (1468-1549) foi o responsável pela convocação do Concílio de Trento. Um dos eventos mais importantes da história do Contrarreforma recebeu esse nome por ter sido realizado na cidade de Trento, Itália
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A reunião já era tradicional e acontecia sempre entre bispos da Igreja Católica quando houvesse a necessidade por conta de alguma questão grave em relação a fé. Tendo em vista a situação de debate dos dogmas religiosos com a ascensão da Reforma Protestante, a Igreja decidiu convocar os seus representantes para discutir ações.
O concílio durou 18 anos, e uma das propostas definidas no debates foi a necessidade de reafirmação de todos os dogmas da Igreja Católica (papel de Maria, Jesus, Santíssima Trindade, etc.), além de manter a preservação dos atos litúrgicos, a confirmação da transubstanciação, do celibato e da hierarquia clerical.
O objetivo principal do evento era adequar os diferentes conselhos sobre o tema proposto ou então condená-los por heresia. Além disso, a intenção maior era espalhar a fé católica em regiões não cristianizadas e modernizar a Igreja.
Dessa forma, os bispos pretendiam ensinar ao próprio clero o significado de ser católico. Para isso, foram desenvolvidas as catequeses para ensinar o catecismo a essa classe e também àqueles que estavam afastados do cristianismo.
Companhia de Jesus
Entre as atitudes tomadas pela Igreja Católica no período da Contrarreforma estava a criação de ordens religiosas. Entre as mais importantes está a Companhia de Jesus.
A ordem foi fundada em 1534 e organizada com o apoio do principal líder e fundador Inácio de Loiola (1491-1556). Ao lado dos seus companheiros estudantes da universidade de Paris (os jesuítas), Loiola pretendia expandir e fortalecer o catolicismo, expulsando o protestantismo.
O objetivo da comissão, permanente até os dias atuais, cujo lema é Ad maiorem Dei gloriam (Para a maior glória de Deus) é acatar as solicitações do papa e dar assistência aos enfermos, além de realizar trabalhos missionários.
Inquisição
Durante a Contrarreforma, houve o momento de reativação dos tribunais do santo ofício, responsáveis por julgar e condenar todos os casos de heresia (escolha de não seguir o catolicismo), especialmente, aqueles praticados pelos protestantes.
Os tribunais atuaram mais especificadamente na Espanha, Portugal e Itália.
Resultados da Contrarreforma
Em relação à crise moral presente no interior da Igreja, os participantes do Concílio de Trento reprovaram a venda de indulgências e estimularam a criação de seminários teológicos com o intuito de aprimorar a formação religiosa dos futuros integrantes da Igreja.
Pouco tempo depois também surgiu a ideia da criação do “Index Librorum Proibitorum” (século XVI- XIX), projeto que expôs uma lista de livros classificados pela Igreja como “bruxaria”, “heresia”e “pornografia”. Os fiéis eram proibidos de ler essas obras com influência da literatura protestante.
Entre os livros relacionados, estavam listados as traduções protestantes da Bíblia, as obras do italiano Boccaccio, o “Livro da Oración” (Frei Luís de Granada), e o “Elogio da Loucura” (Erasmo de Roterdã).
Além disso, como falado acima, a Igreja instaurou o catecismo. Por meio de um livro com o resumo da doutrina católica, os representantes da Igreja realizavam a catequização de novos convertidos.
A Igreja também solicitou a tradução da Bíblia Vulgata (em latim) para que houvesse uma versão oficial do livro sagrado. As Bíblias traduzidas para outros idiomas continuavam sem autorização.
Embora esses tenham sido os objetivos da Contrarreforma, alguns estudiosos afirmam que o movimento pouco inovou no que tange a modernização. Eles explicam que, na prática, as definições criadas pelo Concílio apenas fixaram as ideias de combate aos adeptos da Reforma Protestante, porém elas não excluíram o protestantismo.
Diante disso, o novo contexto de diversidade religiosa criou um mundo influenciado por diversas concepções de fé e vida. Com isso, a identidade do homem encontrava-se apoiada uma gama de possibilidades que, inclusive, ajudavam a fixar a sua individualidade e fortaleciam suas escolhas.