Há casos em que o uso do acento grave pode ser desconsiderado
A maioria das pessoas sabe quando usar ou não a crase, mas desconhecem os casos de crase facultativa. O termo facultativo refere-se àquilo que não é obrigatório, ou seja, quando é optativo, que pode ou não ser feito ou utilizado, sendo assim, a crase facultativa ocorre quando o uso do acento grave pode ser subtraído, dependendo apenas da escolha de quem está escrevendo.
Na língua portuguesa, a crase é utilizada quando há contração de duas vogais iguais, sendo representada com o acento grave (`). Na maioria dos casos, o sinal é utilizado por conta da contração da preposição “a” com o artigo definido feminino “a”. (a+ a = à). Essa é a regra geral para o uso da crase, mas qual a regra para os casos de crase facultativa? Vamos conhecê-la agora!
Aprenda a identificar a crase facultativa
A crase será facultativa quando a presença do artigo definido feminino “a” ou a preposição “a” também for facultativa, podendo ou não estar presente na frase. Dessa forma, se o artigo e a preposição estiverem na frase, o uso da crase é obrigatório, pois há contração da preposição “a” com o artigo “a”. Porém, se um deles não estiver presente, não há necessidade de usar a crase porque não existe a contração.
Por via de regra, a crase facultativa ocorre em três situações:
- Antes de nomes próprios femininos
Nessas ocasiões, o uso do acento grave indicativo de crase será facultativo porque o artigo definido “a” também é. Acompanhe com os exemplos abaixo:
“Obedeça a Maria” ou “Obedeça à Maria.”
“Peça isso a Gabriela” ou Peça isso À Gabriela.”
“Entreguei o celular a Bruna” ou “Entreguei o celular à Bruna.”
Explicação
Fazendo uma análise das frases, percebemos que a presença do artigo definido “a” pode ou não ocorrer.
As sentenças podem ser:
“Gabriela tem o que você quer” ou “A Gabriela tem o que você quer”
“Bruna pegou o celular” ou “A Bruna pegou o celular”
O uso do artigo é facultativo antes dos pronomes femininos. Perceba:
“Raisa está atrasada” que também pode ser “A Raisa está atrasada.”
“Márcia é de São Paulo” ou “A Márcia é de São Paulo.”
Quando não houver a presença do artigo feminino “a”, haverá somente a preposição “a”, sendo assim, não há crase. Porém, quando consideramos a preposição e o artigo (a+a), a crase deve aparecer. Por isso as duas opções estarão certas.
Também dá para identificar se ocorre crase facultativa ao substituir o nome próprio feminino por um masculino.
Casos em que há contração da preposição com o artigo:
“Pedi carona ao Carlos.”
“Pedi Carona à Carla.”
Casos em que não há contração da preposição com o artigo:
“Pedi água a Bruno.”
“Pedi água a Bruna.”
- Antes de pronomes possessivos
Só para lembrar: os pronomes possessivos femininos são: minha(s), tua(s), sua(s), nossa(s), vossa(s). A mesma regra dos nomes próprios femininos, vale para os pronomes possessivos, em ambas, o uso do artigo definido “a” também é facultativo. Observe os exemplos abaixo:
“Querem assistir a nossa entrevista?” ou “Querem assistir à nossa entrevista?”
“Esse celular pertence a minha mãe” também pode ser “Esse celular pertence à minha mãe.”
“Vamos a minha cozinha” ou “Vamos à minha cozinha.”
Da mesma forma, as frases podem ser:
“Minha mãe é dona desse celular” ou “A minha mãe é dona desse celular.”
“Nossa entrevista foi assistida por muitas pessoas” ou “A nossa entrevista foi assistida por muitas pessoas.”
“Minha cozinha está de pernas para o ar” ou “A minha cozinha está de pernas para o ar”.
Se ainda estiver dúvidas sobre uso facultativo, opte pela substituição:
“Gostaria que você desse o cargo ao meu filho” “Gostaria que você desse o cargo à minha filha”
Ou
“Gostaria que você desse o cargo a meu filho” que substituindo fica “Gostaria que você desse o cargo a minha filha”
- Quando a preposição “até” aparece antes de substantivos femininos
Aqui, o acento grave indicativo de crase facultativa acontece quando a preposição “a” também é facultativa.
“Chegarei em casa até as 20h” ou “Chegarei em casa até às 20h.
“Caminhamos até a praça” ou “Caminhamos até à praça.”
“Vou levar até as últimas consequências” ou “Vou levar até às últimas consequências.”
Em todos os casos o uso é facultativo, pois é certo dizer “até” ou “até a”, com ou sem a preposição “a”.
Explicando:
Até + as 20h = até as 20h
Até a + as 20h = até às 20h
Até + a praça = até a praça
Até a + a praça = até à praça
Até + as últimas consequências = até as últimas consequências
Até a + as últimas consequências = até às últimas consequências
Na dúvida, a regra da substituição (substantivo feminino por um substantivo masculino) também vale para verificar se há contração.
Crase de uso obrigatório ou quando não se pode usar
As situações explicadas anteriormente referem-se à crase facultativa. Mas para você que ainda tem dúvidas sobre quando usar o acento grave como indicativo de crase ou quando não usá-lo, vamos refrescar sua memória.
A crase é obrigatória:
- Na presença de locuções prepositivas, locuções adverbiais, conjuntivas – (à medida que, fique à vontade, à tarde, à noite, às pressas);
- Antes de palavras femininas (foram à festa, irei à farmácia, fomos à padaria);
- Quando a frase for composta por expressões de modo ou circunstância (Vendeu à vista, coloquei à venda, pagou à prestação, trancou à chave, fez à mão);
- Antes da indicação exata de horas (às 12h, às três da manhã).
Não se usa crase:
- Antes de verbo (a fazer, a pensar);
- Antes de um numeral (a 200 metros);
- Quando as expressões têm palavras repetidas (passo a passo, dia a dia);
- Antes de substantivos masculinos (a respeito, a pé);
- Antes dos pronomes pessoais eu, tu, ele, ela, nós, vós, mim (eu pedi a ela).