A queda do sistema feudal
A crise do feudalismo resultou de várias transformações que ocorreram na Europa, entre elas, estão:
- Volta das relações comerciais – impulsionada pelas expedições militares (As Cruzadas) que buscavam conquistar e ocupar alguns territórios sagrados, como Jerusalém;
- Aumento da circulação de moedas;
- Êxodo rural;
- Desenvolvimento urbano e comercial;
Esses foram apenas alguns dos fatores que impulsionaram a crise do feudalismo e aos poucos, para o total desaparecimento do sistema.
O que foi o feudalismo
O feudalismo foi o sistema político e econômico da Idade Média. Ele entrou em vigor na Europa a partir do século V, quando os povos germânicos passaram a invadir o Império Romano.
Vários foram os fatores que impulsionaram o feudalismo como, por exemplo, o êxodo urbano. Como haviam muitas invasões, as pessoas preferiam sair das cidades e morar no interior.
Esse foi um dos motivos que fizeram com que o feudo (propriedade, lote de terra) fosse valorizado e por isso todo o sistema feudal tem grandes protagonistas os senhores feudais, que tinham a posse de terra.
Além disso, com a chegada dos germânicos, os setores político, social e econômico do Império Romano do Ocidente passou a ser desintegrado, o que resultou no enfraquecimento comercial e diminuição de várias atividades.
No sistema feudal, havia:
- Relação de vassalagem e suserania: o vínculo entre o suserano e o vassalo estabelecia acordos de fidelidade e prestação de serviço. O suserano era aquele que possuía a terra e fornecia ao vassalo um lote de sua propriedade. Em troca, o vassalo deveria prestar fidelidade e ajudar seu soberano nas produções. O suserano também garantia proteção e parte do que era produzido ao vassalo.
- Senhores feudais: além das propriedades, todos os poderes políticos e econômicos estavam concentrados nessas figuras.
Características da sociedade feudal
Ausência de mobilidade social – a sociedade feudal era dividida em grupos sociais, raramente as pessoas ascendiam de posição e cada um tinha um papel bem definido.
O status social também era determinado pelo nascimento e principalmente pela posse de terra.
Ordens sociais: nessa sociedade, havia a divisão entre o clero, composto por integrantes da igreja; os nobres, grupo formado por senhores feudais e cavaleiros e os camponeses, que prestavam serviços aos senhores feudais.
Economia: a principal atividade econômica era a produção agrícola, mas também havia o setor de pecuária, artesanato, pesca e caça de animais. A maior parte do trabalho era servil. Os vassalos podiam plantar e colher nas terras dos senhores, mas pagavam taxas e parte de sua produção ficavam com seus suseranos.
Como havia poucas relações comerciais externas, o feudo concentrava grande parte da atividade econômica. A circulação de moedas também era muito baixa e as pessoas recorriam à troca de mercadorias ou pela venda de serviços para aquisição de produtos.
Crise do Feudalismo
A crise do feudalismo não começou da noite para o dia. As mudanças na forma de organização da sociedade feudal sofreu vários impactos que foram determinantes para que o sistema entrasse em crise.
Um dos elementos que mais interferiram no feudalismo foi a mudança das relações econômicas. No período em que os feudos concentravam a maior parte das atividades, tudo girava em torno do trabalho agrícola. Porém, a nova configuração mudou não somente os vínculos de trabalho, mas todas as relações sociais.
Antes autossuficiente, o feudo passou a ser substituído pelas trocas comerciais, que agora estava mais ampla. Havia uma multiplicidade de produtos manufaturados e especiarias à disposição no comércio.
Agora, como estava longe do centro das atividades comerciais, as relações servis passaram a fazer menos sentido e novos acordos entre os servos e senhores precisavam ser estabelecidos.
Os grandes proprietários de terra, atentos às novas configurações, também pretendiam adquirir as especiarias e os produtos manufaturados. Até porque, era necessário se adequar à nova realidade econômica, urbana e comercial.
Vale lembrar que essas alterações não aconteceram da mesma forma em toda a Europa. Se por um lado o trabalho assalariado e o arrendamento de terras em troca de dinheiro já se fazia presente em alguns países, por outro, as relações servis se tornaram mais duras, principalmente na Rússia e Sacro Império Germânico.
De um modo geral, a economia europeia foi sendo impactada pelos novos acordos e relações estabelecidas. Entre os séculos XII e XVI, a atividade econômica passou por um período de ascensão, porém, um acontecimento trágico foi determinante para uma mudança mais brusca, gerando de vez a crise do feudalismo.
Entre os anos de 1346 e 1353 a epidemia de peste bubônica, conhecida popularmente como peste negra, causou a morte de um terço da população da Europa. O episódio tornou a disponibilidade de servos ainda menor e elevou o salário dos trabalhadores.
Para conter a situação, os senhores feudais obrigavam os servos a trabalharem cada vez mais e ainda criavam leis que impossibilitava a saída dos vassalos, ou até mesmo sua captura, caso fugissem. A opressão gerou uma série de revoltas entre os camponeses em várias partes da Europa.
A sociedade europeia só conseguiu se recuperar do declínio populacional no século XV. Porém, as mudanças já tinham afetado muito as relações comerciais. Os feudos já não conseguiam atender a demanda alimentar, que atendia a população rural e também os novos centros urbanos.
Vale lembrar que, devido às Cruzadas, expedições militares que ocorreram no século XI, a Europa expandiu seu mercado, mas também possibilitou o enriquecimento do Oriente. Isso tornou o comércio na Europa ainda mais difícil, pois os monopólios árabes e da Península Itálica tornavam as especiarias vindas do Oriente mais caras e dificultavam a circulação de mercadorias.
Somado a isso, problemas como a escassez de metais preciosos e falta de moedas, impossibilitava o desenvolvimento de atividades comerciais. A saída encontrada pelos europeus foi a exploração de novos mercados que pudessem oferecer produtos, alimentos e metais. Foi aí que eles começaram com o processo de expansão marítima e colonização do Continente Africano e Europeu.
Para explorar o “novo mundo” seria necessário muito capital e foi assim que uma nova era começou, a do acúmulo de riquezas. Era o tempo do capitalismo mercantil.
Para resumir, podemos citar que as principais causas da crise do feudalismo foram:
- Novos acordos comerciais impulsionados pelas Cruzadas. Com as expedições, a Europa voltou a se relacionar com o Oriente;
- Desenvolvimento dos centros urbanos. No feudalismo houve o êxodo urbano (saída em direção ao campo), quando o sistema entrou em crise, ocorreu o movimento contrário, as pessoas saíram em direção às cidades.
- A crise do feudalismo também foi causada pela emancipação dos servos, que compraram sua liberdade ou fugiam para trabalhar nas cidades.
- Aumento da circulação de moedas.
- Surgimento de novas classes sociais. Antes os senhores feudais tinham todo o prestígio, com a queda do sistema, o comércio passou a ser dominado pela burguesia, classe com alto poder econômico.
- Expedições marítimas e descoberta de novas terras.