A dança indígena é realizada para celebrar rituais. Inúmeros são os motivos que levam os índios a praticarem esse ato, como: a homenagem aos mortos, a celebração a colheita, a pesca, dentre outros fatos.
Por que a dança indígena é única?
A dança é uma arte que abrange o movimento do corpo em um determinado ritmo. As expressões podem ser acompanhadas de música ou não
. É comum artistas realizarem apresentações de dança em locais como teatro ou rua.
Já a dança indígena possui um diferencial em relação as outras danças brasileiras: ela não é voltada para apresentação ao público. O objetivo dos índios é realizar movimentos relacionados a acontecimentos importantes, como: marcar a passagem de um jovem à fase adulta, agradecimento da colheita, espantar doenças, saudações a quem chega à aldeia
, dentre outras razões.
A dança indígena é praticada por mulheres e homens e eles costumam utilizar algumas peças para realizarem esses rituais, como por exemplo: símbolos, amuletos, instrumentos musicais típicos da cultura. O uso dos artefatos podem variar a depender da finalidade do ritual.
Kuarup
O Kuarup é uma das danças mais conhecidas. Esse ritual vem dos indígenas da região do Alto do Xingu e tem como objetivo a homenagem aos mortos. A celebração é baseada na imagem de Mawutzinin, visto como o primeiro homem do mundo da sua mitologia.
Em síntese, o Kuarup é um ritual que tem o objetivo de trazer os mortos à vida
. Para iniciar a celebração recebem-se grupos de índios de outras aldeias com danças. Depois, os índios cortam o tronco de Kuarup que foi decorado antecipadamente. O ato envolve várias etapas. No fim, o tronco é jogado às águas.
O vídeo abaixo apresenta a dança indígena Kuarup.
Toré
Além do Kuarup, o toré é um dos rituais mais conhecidos por indígenas. A dança toré está ligada a união entre os índios da Região Nordeste do Brasil. Os povos que fazem parte dessa cultura são:
- Xukuru-kariri: indígenas que estão situados em Palmeira dos Índios, no estado de Alagoas;
- Kariri-xocó: grupo indígena localizado no Porto Real do Colégio, no estado de Alagoas;
- Pankararú: esses estão localizados nos municípios de Tacaratu e Petrolândia, ambos no estado de Pernambuco e, também, na cidade de Bom Jesus da Lapa, no estado da Bahia;
- Tuxá: índios que vivem entre o município de Ibotirama e de Rodelas, ambos no estado da Bahia;
- Geripancó: índios localizados no estado de Alagoas;
- Kantaruré: esse grupo vive no município de Glória, no estado da Bahia;
- Pankararé: esses, por sua vez, vivem entre os municípios de Nova Glória e Glória, os dois no estado da Bahia;
- Kiriri: indígenas que habitam nos limites dos municípios de Ribeira do Pombal, Quijingue e Banzaê, na Bahia;
- Pataxó: estão concentrados em aldeias no extremo sul do estado da Bahia e também ao norte de Minas Gerais;
- Tupinambá: índios que estão distribuídos geograficamente na Bahia;
- Tumbalalá: eles são encontrados no estado da Bahia, entre as terras dos municípios de Abaré e Curaçá;
- Wassu Cocal: localizados no estado de Alagoas;
- Pataxó Hã-hã-hãe: indígenas que habitam na fazenda Baiana e Terra indígena Caramuru-Paraguaçu, no sudeste do estado da Bahia.
Dança folclórica de origem indígena
Existem danças do folclore brasileiro de origem indígena como: caiapós, jacundá, cateretê, dentre outros.
Cateretê
Cateretê é uma dança típica brasileira que apresenta características da dança indígena. Ela tem como aspecto a performance onde são formadas duas filas sendo: uma com mulheres e outra com homens.
A dança é feita ao som de palmas e bate-pés
. Essa performance é bastante conhecida nos estados brasileiros: Goiás, São Paulo e Minas Gerais.
Jacundá
A jacundá é uma dança de roda, também de origem indígena. A performance acontece da seguinte forma: os dançarinos fazem um círculo e uma dupla fica no meio. O casal que dança no centro do círculo precisa procura sair dele. Quem permitir a retirada da dupla deverá substituí-los e prosseguir com a coreografia.
Caiapós
O estilo de dança caiapós tem como aspecto o drama e envolve duas figuras: o curumim (traduzido como “menino”) e o cacique
.
Durante a atuação, o curumim finge que é perseguido pelo homem branco e acaba morrendo. Os outros índios, compostos por outros personagens, ficam em volta do corpo. A partir desse momento o cacique entra e ressuscita o menino ao realizar magias.
Obs.: com base na história, os índios caiapós, após a chegada da civilização, foram espalhados para os estados brasileiros de Minas Gerais, Mato Grosso e Pará.
Outras danças indígenas
Atiaru
Outra dança indígena conhecida é a Atiaru. Ela é feita para espantar maus espíritos e invocar os bons. A execução começa a ser realizada ao entardecer e é feita tanto por homens quanto pelas mulheres.
A Atiaru começa a partir da dança de dois índios que são adereçados com cocares de penas, chocalhos nos tornozelos e com a flauta yapuru em uma das mãos
. Um dos índios apoia a mão no ombro do outro e realiza passos de marcha para esquerda e para a direita, ao som de chocalhos.
Dois outros índios participam do ritual. Eles ficam sentados ao lado da maloca (cabana comunitária usada pelos indígenas).
Enquanto isso, os primeiros índios saem da dança e, em seguida, entram na maloca acompanhados por duas indígenas. Elas colocam uma das mãos no ombro do parceiro e seguem os passos dele. Os participantes do ritual realizam a mesma performance.
Kahê-Tuagê
A dança indígena Kahê-Tuagê consiste em uma modalidade formada apenas por mulheres.
Ela é constituída da seguinte maneira: uma indígena fica no meio de uma fila formada por jovens que ainda não são mães
. Essas jovens ficam de joelhos e balançam o corpo para frente e para trás. Elas batem palmas quando as mãos estão na frente do corpo.
Obs.: mulheres indígenas não participam de danças sagradas ou de guerras.
Buzoa
Buzoa também é uma dança indígena e ela está associada a tradição do povo Pankararú. Eles estão situados no município de Tacaratu, em Pernambuco
. O ritual é composto por itens como a gaita e o rabo de tatu, ambos instrumentos musicais utilizados durante a dança.