Um dos objetos de estudo da morfologia
As desinências fazem parte do processo de formação das palavras, pois são estruturas colocadas no final dos radicais para indicar suas flexões. Isso significa que são essas partículas as responsáveis pela identificação do gênero (masculino/feminino), número (singular/plural), pessoa, número, modo e tempo dos verbos.
Apesar dessa importante função, os morfemas flexionais – como também são chamadas – não transformam uma palavra primitiva em outra derivada. Diferentemente dos afixos (prefixo e sufixo), atuam apenas na variação da forma da palavra original.
Observe os exemplos:
nadar + mos = nadamos (verbo nadar na primeira pessoa do plural)
ir + mãos = irmãos (substantivo masculino no plural)
No primeiro caso, a desinência (mos) é o elemento que mostra a flexão em pessoa e número em relação ao verbo nadar, mas não modifica a composição e o sentido da palavra de origem. O mesmo acontece no segundo exemplo, pois o substantivo apenas é flexionado no plural.
Classificação das desinências
As desinências são definidas de acordo com dois tipos: nominais e verbais. Confira, a seguir, as características de cada um deles.
Desinências nominais
Morfemas que se unem ao final das palavras, as desinências nominais apontam as flexões de gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural) dos substantivos, adjetivos e pronomes. Vejamos alguns exemplos:
A marquesa de Santos foi amante do imperador D. Pedro I (substantivo marquês – marquesa)
Os candidatos à reeleição do grêmio estudantil são bastante competitivos. (substantivo candidatos – candidatas/ adjetivo competitivos – competitivas)
Aqueles estudantes estão com pressa. (pronome demonstrativo aqueles – aquelas)
Pelas composições, podemos perceber:
- - o: desinência nominal do gênero masculino;
- -a: desinência nominal do gênero feminino.
- -s: desinência nominal do número plural.
De modo geral, o que caracteriza uma formação no plural é a presença da consoante –s ou o acréscimo de –es. Quando isso não acontece, existe então um morfema zero (indicação do singular).
Fique atento! Há palavras que não apresentam flexões de gênero. Nessas situações, o gênero é determinado pelos artigos: a cama, o tapete, o abajour, as cadeiras, os papéis, etc. Além disso, nem todos os nomes admitem desinência de número. Os fatores que acabam indicando a composição no singular ou plural são os artigos, numerais ou até mesmo adjetivos. Ex: lápis, ônibus, férias, vírus, entre outros.
Desinências verbais
Como a nomenclatura já sugere, são as partículas que se unem aos verbos e demonstram as flexões em número (singular e plural), pessoa (1.ª, 2.ª ou 3.ª pessoa gramatical), modo (indicativo, subjuntivo e imperativo) e tempo (passado, presente e futuro). São, portanto, as terminações assumidas pelos verbos no momento que estão conjugados.
As desinências deste tipo dividem-se em:
Desinência número pessoal
Diz respeito ao número e a pessoa que menciona a ação verbal.
1ª pessoa do singular: eu canto, eu mergulho, eu quero (desinência -o)
2ª pessoa do singular: tu cantas, tu mergulhas, tu queres (desinência -s)
1ª pessoa do plural: nós cantamos, nós mergulhamos, nós queremos (desinência -mos)
3ª pessoa do plural: eles cantam, eles mergulham, eles querem (desinência -m)
Desinência modo temporal
Indica o modo e o tempo em que a ação verbal acontece.
Pretérito imperfeito do indicativo (1.ª conjugação): eu mergulhava, tu mergulhavas, ele mergulhava (desinência -va)
Pretérito imperfeito do indicativo (2.ª e 3.ª conjugações): eu queria, tu querias, ele queria (desinência -ia)
Pretérito mais-que-perfeito do indicativo: eu cantara, tu cantaras, ele cantara (desinência -ra)
Futuro do pretérito do indicativo: eu compraria, tu comprarias, ele compraria (desinência -ria)
Pretérito imperfeito do subjuntivo: se eu trabalhasse, se tu trabalhasses, se ele trabalhasse (desinência -sse)
Desinência verbo nominal
Determina as formas nominais, isto é, o infinitivo, o gerúndio ou o particípio.
- -r: desinência indicativa de infinitivo. (comer, contar, falar)
- -ndo: é desinência indicativa de gerúndio. (comendo, contando, falando)
- -do: desinência indicativa de particípio. (comido, contado, falado)
Vale ressaltar que os verbos irregulares possuem formas específicas, principalmente no particípio. Na conjugação do verbo poder, por exemplo, ocorre a seguinte forma:
- Gerúndio: podendo (desinência -ndo)
- Particípio: podido (desinência -do)
- Infinitivo: poder (desinência -r)
Obs: Cuidado para não confundir desinência com vogal temática. Enquanto a primeira indica o gênero, a outra mostra somente a que conjugação o verbo pertence (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e serve para ligar o radical às desinências. Exemplos: andar, fazer, sorrir.