A epilepsia é um distúrbio neurológico caracterizado pela atividade desregulada dos neurônios. Esse comportamento anormal pode causar convulsões, espasmos musculares, perda de consciência e sensações desconhecidas.
De acordo com a Associação Brasileira de Epilepsia (ABE), esse transtorno é reconhecido por uma das seguintes condições:
- Pelo menos duas crises não provocadas (ou duas crises reflexas) ocorrendo em um intervalo superior a 24 horas;
- Uma crise não provocada (ou uma crise reflexa) e chance de uma nova crise estimada em pelo menos 60%;
- Diagnóstico de uma síndrome epiléptica.
As crises epiléticas, por sua vez, ocorrem quando um grupo de células do sistema nervoso central (SNC), os chamados neurônios, disparam sinais elétricos de forma desorganizada fazendo com que o corpo tenha comportamentos anormais.
As crises epilépticas provocadas, também chamadas de crises sintomáticas agudas, decorrem por situações como infecção, acidente vascular cerebral (AVC), hemorragia intracerebral, trauma craniano, intoxicação ou abstinência severa de álcool e outras drogas.
Já as crises não provocadas, como o nome sugere, ocorrem na ausência de fatores clínicos (descritos anteriormente) em um indivíduo sem histórico compatível para o desenvolvimento da epilepsia.
Atenção! Um episódio de convulsão não significa necessariamente epilepsia, pois cerca de 10% da população tem pelo menos uma ocorrência de convulsão na vida. Para ser caracterizado como epilepsia são necessários pelo menos dois episódios.
Causas da epilepsia
A epilepsia pode acontecer em qualquer idade e por fatores hereditários ou externos. As principais causas são:
- Idiopática: quando não há causas aparentes, mas acontece possivelmente por uma ligação genética. Corresponde a cerca de 60% dos casos da doença;
- Sintomática: as causas podem incluir trauma na cabeça, AVC, danos ao cérebro no nascimento, tumor no cérebro, etc, ou seja, estão ligadas às crises provocadas;
- Criptogênica: os médicos acreditam que há uma causa, mas não conseguem encontrá-la;
- Piridoxina-dependente: ocorre provavelmente por uma mutação do gene ALDH4A1, o antiquitina, causando convulsões antes do nascimento do bebê ou nos primeiros meses de vida.
Tipos de crises epiléticas
Há diversos tipos de epilepsia, que são diferenciados de acordo com os sinais, os sintomas específicos e o local afetado do cérebro.
Mas de modo geral, as crises epiléticas podem ser classificadas em parciais ou focais e generalizadas ou totais.
Crises parciais – os sinais elétricos se desorganizam e afetam apenas um hemisfério cerebral. Esse tipo de crise ainda pode ser classificada em simples, quando não ocorre perda de consciência, e em complexa, quando há perda de consciência.
Os principais sintomas são:
- Tremores na face, nos membros e por todo o corpo;
- Alucinações visual, auditiva, tátil ou palato-olfativa;
- Movimentos descontrolados
- Alterações de humor;
- Perda de memória;
- Mal estar, palpitação, salivação, suor e rubor na face;
- Sensação de formigamento na boca e nas mãos.
Crises generalizadas – esse tipo de crise é a mais grave e causa sintomas mais severos ao corpo
, isso porque, ocorre uma desorganização nos dois hemisférios cerebrais.
Frequentemente, essas crises são acompanhadas de alterações na consciência e outros sintomas como:
- Enrijecimento do corpo;
- Grunhidos (emissão de sons animais);
- Virar os olhos e a cabeça;
- Movimentação descontrolados dos membros;
- Salivação espumosa.
Além dos sintomas mencionados acima, em uma crise epilética generalizada, o indivíduo pode morder a própria língua, lesando-a severamente. O corpo também pode ficar ferido em resultado de uma queda ou outro acidente.
Diagnóstico e tratamento
A caracterização da doença é feita depois da ocorrência de crises com intervalos de no mínimo 24 horas. O prognóstico é realizado por um médico neurologista após o relato do paciente sobre as crises e a realização de alguns exames específicos:
- Eletroencefalograma: avalia atividade cerebral a partir de eletrodos posicionados no couro cabeludo do paciente;
- Tomografia computadorizada: método que utiliza raios-X para verificar a estrutura crânio-encefálica;
- Ressonância magnética: método não invasivo que possibilita visualizar os tecidos nervosos, o tronco cerebral e o cérebro posterior;
- Ressonância funcional: método de neuroimagem que permite detectar alterações localizadas no fluxo sanguíneo cerebral;
- Eletrocardiograma: permite verificar se a epilepsia foi causada ou não por problemas relacionados ao coração;
- Punção lombar: processo que coleta o líquido da medula espinhal para verificar se a doença foi ou não causada por uma infecção cerebral;
Na maioria dos casos a epilepsia não tem cura. Por esse motivo, o tratamento da doença é feito pelo uso de medicamentos capazes de regular a atividade cerebral que está anormal.
Já em outros casos, é necessário intervenção cirúrgica.
Os principais remédios anticonvulsivantes são:
- Carbamazepina
- Etossuximida
- Fenitoína
- Fenobarbital
- Lamotrigina
- Lonazepam
- Valproato
Como ajudar uma pessoa durante uma crise convulsiva
As convulsões são um dos sintomas da crise generalizada, sendo caracterizadas por movimentos desordenados, repetitivos e rápidos por todo o corpo.
Confira algumas dicas de como agir ao presenciar uma crise convulsiva:
- Deixe a pessoa em local seguro e longe de objetos que possam machucá-la;
- Mantenha a pessoa deitada de lado, a fim de evitar que se engasgue ou aspire seu vômito ou saliva;
- Afrouxe as roupas para facilitar a respiração;
- Se possível, coloque a cabeça da pessoa sobre um travesseiro, casaco dobrado ou algo macio.