A escravidão no Brasil teve início a partir da primeira metade do século XVI, quando os portugueses iniciaram o processo de colonização do país. Em 1530, o rei de Portugal designou uma expedição que tinha como objetivo povoar o território e iniciar cultivo de cana-de-açúcar, assim, eles passaram a explorar a mão-de-obra escrava africana.
Os colonizadores portugueses capturavam africanos de suas colônias na África e traziam para o Brasil, onde eram forçados a trabalhar sem pagamento, em esquema de subsistência, sob ameaças e violência.
No regime de escravidão os homens e mulheres escravizados eram propriedade dos donos de engenhos. Eles podiam ser vendidos, doados, emprestados, alugados, hipotecados ou confiscado.
Os escravos eram transportados da África para o Brasil em porões de navios, em condições desumanas. Muitos homens e mulheres morriam antes de chegar ao Brasil e tinham os corpos jogados no mar. Os que sobreviviam à travessia eram separados do seu grupo africano logo que chegavam ao Brasil e misturados com outros de tribos diferentes para evitar a comunicação entre eles.
No Brasil, os africanos eram vendidos pelos comerciantes de escravos portugueses como se fossem mercadorias. Eles tinham um valor determinado pelo sexo, idade e condição dos dentes, tal qual se avalia um equino ou um bovino
. Os escravos mais jovens, fortes e saudáveis chegavam a valer o dobro daqueles mais fracos e mais velhos.
História da escravidão no brasil
A escravidão no Brasil foi implantada o século XVI, durante o período do Brasil Colônia e se intensificou entre os anos de 1700 e 1822, com o crescimento do tráfico negreiro. O comércio de escravos se tornou um negócio lucrativo e entre os anos de 1701 e 1810 quase 2 milhões de africanos chegaram ao Brasil para viver como escravos.
A mão-de-obra escrava foi fundamental nas plantações de cana-de-açúcar, de tabaco e de algodão, nos engenhos, e posteriormente, nas vilas e cidades, nas minas e nas fazendas de gado.
Os escravos eram símbolo de riqueza e poder na sociedade colonial. A posse de escravos conferia prestígio aos senhores de engenho, que tinham a importância social avaliada pelo número de escravos que possuíam.
Mesmo com a independência do Brasil, em 1822, as estruturas sociais, políticas e econômicas vigentes foram mantidas e a escravidão no Brasil não chegou ao fim. Só depois de algumas décadas, com a adoção de ideias liberais o tráfico de escravos e a escravidão foram abalados. Após um longo processo de campanhas abolicionistas, a escravidão no Brasil chegou ao fim em 1888.
Condições da escravidão no Brasil
Os escravos não tinham direitos, não possuíam bens e eram castigados. Trazidos da África para trabalhar na lavoura de cana-de-açúcar, nas minas de ouro e diamantes, nas fazendas de café ou mesmo no trabalho doméstico ao longo dos séculos XVI, XVII, XVIII e XIX, as condições de vida dos escravos eram desumanas.
Eles trabalhavam excessivamente, se alimentavam de forma precária e se vestiam de trapos. Os escravos eram alojados em galpões úmidos e sem condições de higiene chamados senzala. Além disso, eram acorrentados para evitar fugas e, frequentemente, recebiam castigos físicos.
O processo de escravidão no Brasil foi marcado por violência e uma rotina pesada. O trabalho era tão exaustivo que o próprio dia a dia nos engenhos, nas fazendas ou nas minas, já representava uma violência. Além disso, os escravizados eram castigados fisicamente e sofriam punições públicas.
As mulheres negras além de serem exploradas para trabalhos domésticos, como cozinheiras, arrumadeiras e amas de leite, foram exploradas sexualmente pelos donos de engenho. As crianças filhas de escravos também conheceram desde cedo a vida de exploração, começando a trabalhar aos 8 anos de idade.
O tronco, o açoite, as humilhações, o uso de ganchos no pescoço ou as correntes presas ao chão eram cenas comuns no Brasil Colônia. As condições de escravidão no Brasil eram precárias e a vida útil do escravo adulto durava em média 10 anos. Foram várias formas de humilhação. A escravidão no Brasil ocasionou a morte e o sofrimento de milhares de pessoas.
Além de ter que conviver com a violência e a humilhação em seu dia a dia, os africanos escravizados eram impedidos de praticar sua religião ou qualquer outra manifestação cultural da África.
Eles eram obrigados a seguir a religião católica, imposta pelos senhores de engenho, bem como eram forçados a adotar a língua portuguesa em sua comunicação.
Resistência à escravidão no Brasil
Utilizando de estratégias de sobrevivência, os escravos utilizaram várias formas de resistir à escravidão e lutar por uma vida digna. A resistência escrava foi desde formas violentas de ruptura com o sistema à negociações com seus donos.
Uma das formas de resistência foram as revoltas nas fazendas com fuga em massa de escravos. Os escravos fugitivos eram perseguidos por capitães-do-mato, que capturava-os para entregar de volta para os donos, em troca de recompensa.
Nos anos finais da escravidão, com a fuga em massa, eles passaram a se organizar em quilombos nas florestas. Semelhantes às organizações comunitárias existentes na África, os quilombos eram comunidades ondes os africanos viviam em liberdade, praticavam sua cultura, falavam sua língua e exerciam seus rituais religiosos. O quilombo mais conhecido foi o Quilombo de Palmares, comandado por Zumbi.
Mesmo com todas as imposições e restrições que impediam as manifestações culturais africanas, os escravos não deixaram a sua cultura acabar. Eles passaram a realizar seus rituais e festas escondidos, conservando assim suas representações artísticas.
Por volta do século XVIII, período conhecido como Século do Ouro, muitos escravos conseguiram comprar sua carta de alforria, com economias que fizeram durante toda a vida.
Alguns escravos utilizaram outras formas de resistência, se opondo ao sistema através de pequenas faltas, como o trabalho mal feito. A construção de famílias e laços de solidariedade também foram outros meios encontrados pelos escravos para se fortalecer e resistir à escravidão.
Houve ainda muitos escravizados que negociaram com seus donos em busca de trabalhar para si com o objetivo de acumular dinheiro e comprar a sua carta de alforria.
Campanha abolicionista e a Abolição da Escravidão
Na metade do século XIX, a escravidão começou ser contestada na Inglaterra. Em 1845, o Parlamento Inglês aprovou uma lei proibindo o tráfico de escravos e autorizando que os ingleses abordassem e aprisionassem navios de países que faziam esta prática.
O objetivo da Inglaterra com essa atitude era ampliar o seu mercado consumidor no mundo. Como o sistema de escravidão era incompatível com a nova dinâmica capitalista, era mais interessante que fosse colocado um fim no regime escravocrata.
A partir desse período surgiram outras movimentações abolicionistas contra a escravidão no Brasil. Em 1850, o Brasil cedeu às pressões inglesas e pôs fim ao tráfico de escravos com a promulgação da Lei Eusébio de Queirós que visava acabar com o tráfico de escravos, transportados da África para o Brasil nos navios negreiros.
Em 28 de setembro 1871, foi aprovada a Lei do Ventre Livre que garantia que as crianças filhas de escravos, nascidas a partir daquela data, não poderiam ser mantidas cativas. No ano de 1885 foi promulgada a Lei dos Sexagenários que concedia liberdade aos escravos com mais de 60 anos.
No final da década de 1880, o Brasil era o único país independente da América Latina que ainda vivia no regime de escravidão. As pressões pelo fim da escravidão se intensificaram nesse período e o movimento abolicionista ganhou força. Assim, no dia 13 de maio de 1888 foi promulgada a Lei Áurea que extinguiu a escravidão, colocando um fim nesse capítulo da História do Brasil.