Esparta e Atenas eram cidades-estado que se formaram nas primeiras polis, ou seja, cidades independentes da Grécia Antiga em 700 a.C. a 500 a. C.
A história da Grécia Antiga é dividida em quatro períodos. São eles: Pré-Homérico (séculos XX – XII a.C.); Homérico (séculos XII – VIII a.C.); Arcaico (séculos VIII – VI a.C.); e Clássico (séculos V – IV a.C.). E foi justamente no terceiro período, o Arcaico, que as cidades de Esparta e Atenas começaram seu desenvolvimento social e urbano.
O período arcaico grego foi marcado pelo desenvolvimento cultural, político e social. Foi desse período que também surgiram os primeiros momentos do sistema de governo democrático e da linguagem escrita.
A organização do mundo grego originou a formação dos genos, que possibilitou a exploração econômica de propriedade privada por famílias numerosas, tendo o mesmo ancestral como ascendente. Posteriormente, os genos tornaram-se em unidades políticas maiores até tornar-se uma cidade-estado.
Então, é nesse contexto da antiga civilização grega que Esparta e Atenas tornam-se as polis modelos da sociedade helênica.
É importante destacar que embora a sociedade grega compartilhasse da língua, dos costumes e de algumas leis em comuns à organização social e política de cada polis, possibilitava uma profunda diversidade cultural.
Do mesmo modo, ocorria com as cidades-estado de Esparta e Atenas. Esparta tinha características de uma cidade aristocrática e agrária e ainda não era aberta às influências estrangeiras. Já Atenas simbolizava o esplendor cultural dos gregos
.
Continue lendo este artigo e conheça mais sobre a história dessas duas cidades gregas.
Sociedade de Esparta
A cidade-estado de Esparta estava localizada nas margens do rio Eurotas, na Lacônia, sudeste do Peloponeso, e sua população descendia dos povos dóricos.
As mulheres espartanas estavam subjugadas às atividades do lar e uma educação rígida. Apesar do tratamento diferenciado, elas podiam participar de reuniões públicas e disputar competições esportivas.
A sociedade espartana tinha forte tradição militar e era composta da seguinte forma:
- Espartanos: cidadãos descendentes dos dórios e com diretos políticos;
- Periecos: cidadãos descendentes dos aqueus que trabalhavam no comércio ou no artesanato;
- Hilotas: eram os escravos de guerra.
Isso se reverberava na educação dos espartanos, porque as escolas tinham uma prática pedagógica de ensinar a ler e a escrever apenas o necessário.
Então, consequentemente, em Esparta investia-se no treinamento corporal dos jovens, pois exaltava-se cidadãos espartanos valentes e aptos para as batalhas.
No âmbito econômico, os espartanos desenvolveram uma economia agrícola autossuficiente. O que contribuiu para isso foi a imensa disponibilidade de terras que existia na região.
Política de Esparta
O sistema político de Esparta era chamado de Diarquia, que estabelecia a divisão do poder entre dois reis.
Cabiam a esses dois soberanos espartanos as decisões relacionadas aos assuntos religiosos e militares.
Existia uma espécie de “Assembleia Legislativa” que dominava o cenário político da cidade. Era a chamada Gerúsia, formada por 28 homens, com idade de 60 anos, a quem eram delegados as decisões políticas.
Atenas: centro cultural
A cidade-estado de Atenas localizava-se na Península Ática e foi formada por uma população descendente dos povos jônios por volta de 1600 a.C.
Esparta foi uma espécie de “locus” da exaltação dos valores militares. Enquanto que em Atenas foi um importante centro cultural da Grécia Antiga e a educação ateniense era um privilégio social.
Em vista disso, os atenienses tinha uma prática de valorizar o equilíbrio entre a mente e o corpo.
O papel social da mulher na sociedade ateniense era muito similar ao de Esparta, já que cabia às mulheres somente os cuidados domésticos ficando, assim, de fora dos assuntos e atividades consideradas do universo masculino, como trabalho e política.
A composição da hierarquia social de Atenas era da seguinte forma:
- Eupátridas: ricos proprietários de terras;
- Georgóis: pequenos proprietários de terras;
- Demiurgos: trabalhadores artesões especializados;
- Escravos.
A economia ateniense desenvolveu-se através de um rico comércio marítimo. Isso porque a região não possuía terras férteis para as atividades agrícolas.
Os atenienses estabeleceram um próspero comércio de trigo, uva, azeitona e cerâmica com as colônias gregas próximas do Mediterrâneo e na Ásia Menor, isso graças à boa localização geográfica da cidade. Os atenienses ainda dedicavam-se às atividades pesqueiras.
Realizações culturais
A Atenas Clássica foi palco da Academia de Platão, fundada pelo famoso filósofo grego Platão, por volta de 384/383 a.C., onde foram ministradas aulas e palestras, como a conferida pelo próprio filósofo chamada “Do bem”.
Atenas também sediou uma das mais famosas escolas de Filosofia fundada em 335 a.C. pelo filósofo Aristóteles – o Liceu de Aristóteles. No espaço era ministrado cursos no turno matutino e vespertino.
O filósofo Aristóteles ministrava pela manhã discursos esotéricos, direcionados para o público interno, sobre assuntos avançados em raciocínio lógico, física e metafísica. Já no período da tarde, os discursos eram exotéricos e destinados ao público geral, sobre assuntos básicos em retórica, política e literatura.
Outro destaque importante de Atenas foi a instauração do sistema político da democracia.
Realizações políticas
Inicialmente Atenas era regida pela forma de governo da Aristocracia, ou seja, homens de famílias abastardas que detinham o poder. Depois, as graves crises sociais ocorridas possibilitaram reformas políticas importantes que modificaram a estrutura social ateniense.
Pode-se citar as reformas realizadas pelo governante eupátrida Clístenes que permitiu a reunião política de cidadão em assembleias nas chamadas Eclésias. Dessa forma, o poder político foi descentralizado e discutido entre o povo.
A concepção de “todos os cidadãos são iguais perante a lei” é um princípio conhecido como isonomia que também foi adotado por Clístenes em Atenas.
A partir de então, as cidades atenienses passaram a ser divididas em demos, ou seja, grupos de cidadãos que escolhiam seus representantes para atuar na assembleia.
A democracia da Atenas Clássica não era “politicamente plena”, porque apenas aqueles considerados cidadãos podiam participar da vida política. Ao passo que eram excluídos os estrangeiros, as mulheres e os escravos.
Em razão da valorização da arte, da cultura, da literatura e de suas realizações políticas, Atenas tornou-se o berço da democracia no mundo ocidental.
Esparta e Atenas: diferentes cidades-estados gregas
Embora tenham se formado no mesmo período histórico da Grécia Antiga, Esparta e Atenas apresentaram profundas diferenças culturais, sociais e políticas. Veja abaixo as principais delas.
Esparta:
- Valorização do militarismo;
- Educação voltadas para formar soldados;
- Hierarquias sociais rígidas;
- Governo monárquico (Diarquia).
Atenas:
- Sociedade aberta a mobilidade social;
- Educação filosófica e do equilíbrio do corpo e da mente;
- Valorização cultural;
- Democracia como governo.