O Estado Islâmico surgiu a partir da Al-Qaeda, um dos principais grupos terroristas conhecidos atualmente. Criada em 1989, no Afeganistão, a organização foi fundada por Osama Bin Laden, mas só ganhou notoriedade em 11 de setembro de 2001.
A Al-Qaeda foi responsável pelos ataques nos Estados Unidos da América (EUA), quando dois aviões foram lançados intencionalmente para colidirem contra as torres gêmeas do complexo empresarial World Trade Center, em Nova Iorque.
O então presidente dos Estados Unidos, George Bush, implementou a “Doutrina Bush”, uma política de combate ao terror, ou seja, uma guerra ao terrorismo.
Poucos dias após, os EUA invadiram o Afeganistão na tentativa de desconjuntar a região da Al-Qaeda. Em 2003, os Estados Unidos adentraram o Iraque, naquela época governado por Saddam Hussein, com a justificativa de que o país teria dado apoio territorial, militar e político aos terroristas da Al-Qaeda, desenvolvendo armamento de destruição em massa.
Vale a pena lembrar que essas duas invasões não tiveram a autorização da Organização das Nações Unidas (ONU).
Para melhor compreender as origens do Estado Islâmico, verifique as diferenças ideológicas entre os principais grupos religiosos.
Grupos religiosos
Com a morte de Maomé, em 632 d.C, houve discordância sobre quem iria sucedê-lo como líder da comunidade muçulmana.
Das divisões que surgiram, os sunitas e os xiitas são os principais grupos. A maioria dos islâmicos são sunitas, cerca de 90%, enquanto os xiitas representam 10%.
Sunitas
Para esse grupo, não é preciso descender de Maomé para ser um califa. Eles acreditam que o gestor de uma nação muçulmana pode ser escolhido entre eles. Isso não significa que eles não querem a valorização dos seus costumes ensinados por Maomé, por exemplo. Eles querem autonomia no mundo árabe, por isso, estão enfrentando um conflito com o mundo cristão ocidente, que segundo eles impõe valores, costumes e cultura.
Eles acreditam que, se o indivíduo é cristão e vive naquela região, eles podem se converter ao islamismo ou então pagar com a própria morte, pois caracterizam como infidelidade a Alá e ao Corão – livro sagrado do Islã.
As execuções primárias são formas estratégicas do Estado Islâmico para conseguir mais notoriedade, com imagens/vídeos de enforcamento, fuzilamento ou queimando as pessoas vivas
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Xiitas
São árabes muçulmanos que seguem princípios mais rígidos e acreditam que apenas líderes descendentes da família de Maomé são aprovados por Alá e têm capacidade de tomar melhores decisões.
Formação do Estado Islâmico
Saddam Hussein, que governou por mais de duas décadas o Iraque, era sunita. Porém, no país, a maioria da população era xiita.
Os sunitas tinham interesses privilegiados, contudo, quando Hussein perdeu o poder com as invasões dos EUA, os xiitas passaram a ter mais direitos.
Nessa época, a Al-Qaeda já possuía dentro do Iraque uma ramificação, então esse braço armado descontente se revoltou ainda mais com a invasão estadunidense.
Em um determinado momento, parte da Al-Qaeda se desligou e formou outro grupo terrorista independente, chamado inicialmente de I.S.I.S (Islamic State of Iraq and Syria). Em português, significa Estado Islâmico do Iraque e do Levante ou apenas Estado Islâmico.
O Estado Islâmico (EI) é, portanto, um grupo extremista, fundado em 2004.
O grupo voltou a crescer durante a Guerra na Síria, quando os membros se juntaram aos rebeldes para lutar contra o governo de Bashar al-Assad. Em 2014, o Estado Islâmico anunciou que seu líder, Abu Bakr al-Baghdadi, autoproclamou-se califa (líder político e religioso) da região situada ao noroeste do Iraque e em parte da região central da Síria.
O Estado Islâmico não se restringe ao Oriente Médio, atua também no norte da África, na Nigéria e possui, inclusive, membros de outros grupos terroristas, como os Boko Haram.
Formado por nigerianos, o grupo segue o islamismo. Tiveram notoriedade em 2014, quando foram responsáveis pelo sequestro de cerca de 185 mulheres e crianças para servirem de escravas sexuais, obrigadas a se casarem. A maioria não foi encontrada até hoje.
O Estado Islâmico adota a concepção de Jihad, ou seja, Guerra Santa, a mesma de outros grupos extremistas. Com esse ponto de vista, eles visam ampliar o modelo teocrático radical islâmico de governo pelo mundo por meio dos procedimentos terroristas.
Objetivos e alvos do Estado Islâmico
O principal objetivo do Estado Islâmico é expandir o seu califado por todo o Oriente Médio
, que se pautaria pela sharia, a Lei Islâmica interpretada a partir do Corão.
O Estado busca estabelecer conexões na Europa e outras regiões do mundo, com o propósito de realizar atentados que lhe possam conferir autoridade por meio do terror.
O Estado Islâmico e a Síria
Em 2011, Barack Obama, presidente dos EUA na época, ordenou a retirada das tropas do Iraque. Isso fez com que o Estado Islâmico ganhasse mais força e mais território.
Aproveitando a instabilidade, o grupo se expandiu pelo norte do Iraque e leste da Síria. O Estado aliou-se a outros agrupamentos rebeldes fundamentalistas organizados no país com o decorrer da Guerra na Síria.
A Síria é governada por um ditador chamado Bashar al-Assad que pertence a uma vertente xiita do islamismo, ele é denominado alauita, considerado um infiel.
Com o passar do tempo, o Estado Islâmico sofreu um enfraquecimento tanto no Iraque quanto na Síria, perdendo alguns territórios em ambos os países.
Domínio e enfraquecimento do Estado Islâmico
O Estado Islâmico chegou a dominar importantes cidades iraquianas, como Mossul, Tal Afar, Kirkuk e Tikrit.
Uma grande parte da população migrou dessas cidades para outras vizinhas, fugindo da expansão brutal do Estado Islâmico. Entretanto, algumas dessas cidades foram retomadas pelo exército iraquiano ou por outras milícias paramilitares. Confira a situação de cada uma delas:
- Mossul: atacada pelas forças iraquianas. O Estado Islâmico perdeu controle sobre quase toda a cidade, mas ainda concentra resistência em uma zona de Mossul;
- Tal Afar: dominada pelo EI;
- Kirkuk: controlada pelos curdos desde março de 2017;
- Tikrit: controlada por um grupo paramilitar xiita, conhecido como Rede Khazali.