Resumo de Português - Estrangeirismo

Fenômeno linguístico recorrente em nosso cotidiano

O estrangeirismo é o processo linguístico que resulta na incorporação de uma palavra, expressão ou construção frasal de outro idioma a uma língua nativa. Esse é um fenômeno considerado comum, afinal de contas, a língua é viva e sofre interferências de diversas culturas, especialmente porque vivenciamos a globalização e os efeitos das tecnologias.
Embora a inclusão de termos estrangeiros no vocabulário tenha motivações históricas, sociais e culturais, alguns teóricos definem como um vício de linguagem e repercutem a ideia de que pode prejudicar a soberania do idioma oficial de um país.



Estrangeirismo na língua portuguesa


O estrangeirismo enquadra-se nos métodos de composição de palavras e figuras de linguagem. No entanto, para este último, precisa contribuir com a estilística do texto, ou seja, evidenciar os recursos afetivos e expressivos tanto na oralidade quanto escrita.
A língua portuguesa tem origens no latim, francês, italiano, espanhol, entre outras. Atualmente, uma das que mais exercem influência é a inglesa, pois – assim como o francês foi em outros períodos históricos – é considerada uma linguagem universal, mesmo com todas as diferenças em relação ao português, principalmente na parte gramatical.
Palavras como design, delivery, fitness, jeans, shopping center, spray, show, notebook, online, marketing e babydoll são exemplos de estrangeirismo, uma vez que houve a inserção na nossa língua sem alterações gráficas.
Devido justamente à questão gráfica, vale ressaltar que empréstimo linguístico ou "aportuguesamento" difere do estrangeirismo. Apesar das semelhanças, no primeiro caso ocorre uma mudança na escrita do termo estrangeiro. Vejamos:
  • Nailon (nylon)
  • Sanduíche (sandwich)
  • Suéter (sweater)
  • Xampu (Shampoo)
  • Futebol (football)
  • Basquetebol (basketball)
  • Abajur (abat-jour)
  • Sutiã (sutien)
  • Batom (bâton)
  • Bege (beige)
  • Bife (beef)
  • Esporte (sport)
  • Ateliê (atelier)
  • Blecaute (black-out)
  • Telefone (telephone)



Neologismo x estrangeirismo

Esses dois fenômenos linguísticos são objetos de estudo da semântica, porém cada um apresenta características específicas. O neologismo (neo = novo; logos = ideia de palavra; ismo = sufixo que compõe substantivos) remete a criação de uma nova palavra ou uma nova significação para aquela que já existe.
Reparem no trecho da música “Sina”, composta por Djavan:
"O luar, estrela do mar
O sol e o dom
Quiçá um dia a fúria
Desse front
Virá lapidar o sonho
Até gerar o som
Como querer Caetanear
O que há de bom..."


Percebe-se que nessa estrofe aparece a palavra “caetanear”, que não existe na língua portuguesa, mas, segundo o autor, quis homenagear o cantor Caetano Veloso. O neologismo ainda pode acontecer das seguintes formas:
Fonológico – Imitação de um sons feitos por seres ou objetos, além das palavras que têm o som original modificado. Ex: tique-taque, miau, zunzum, clique, etc.
Sintático – Formação de uma palavra através do processo de derivação ou composição. Ex: pré-pago, sem-teto, multimídia, orelhão, etc.
Semântico – É dado um novo significado a uma palavra já existente na língua, sobretudo por causa do contexto em que está inserida. Ex: manga, mala, barraco, etc.
Empréstimo – Ocorre quando não existe na língua nativa um termo ou expressão equivalente à palavra estrangeira. Ex: deletar, estressado, turnê, etc.

Vale a pena utilizá-lo?

A resposta para esta pergunta pode parecer óbvia, mas realmente depende da maneira que pretende usar o estrangeirismo. Embora seja um elemento que tornou-se importante para língua, o emprego de várias palavras que não são nativas pode comprometer a linguagem e, em consequência, a comunicação.
Sendo assim, reserve para os momentos em que não existam termos na língua portuguesa que consigam transmitir com exatidão o significado de um vocábulo estrangeiro. Sabemos que na área de informática e as referências no mundo da moda, por exemplo, têm palavras que ainda não podem ser substituídas. Por isso, o melhor é utilizá-los no formato original, como acontece em contextos que demandam o uso dos termos software, mouse, backup. Contudo, sempre preze pelo bom senso e, na dúvida, escolha o português.