Resumo de Português - Estrofe

É o agrupamento de versos

A estrofe remete a uma estrutura de composição que reúne os chamados versos – frases que dão ritmo, melodia e métrica a textos e/ou gêneros poéticos, a exemplo de poemas e letras musicais.
Os estudos da poética contemporânea definem como segmentos ou seções que formam um poema. Cada segmento é constituído por um conjunto de versos, com ou sem frases rimadas, repleto de sentido e ritmo. E que são intercalados por espaços em branco, estruturação que busca reproduzir uma pausa rítmica no decorrer da leitura.

Tipos de estrofe

Na obra poética, a estrofe é classificada de acordo com as características e a quantidade de versos que engloba. Por isso, podem ser:
Simples: estrofes que agrupam versos com dimensões idênticas, ou seja, regulares. Ex: poema com 2 ou 4 versos, sendo que cada linha pode apresentar seis sílabas poéticas (hexassílabos).
Os miseráveis, os rotos
São as flores dos esgotos.
São espectros implacáveis
Os rotos, os miseráveis.
São prantos negros de furnas
Caladas, mudas, soturnas.
(Cruz e Souza)


Compostas: seções compostas por versos com proporções diferentes. Ex: poema com 2 ou 4 versos ímpares ou com sete sílabas poéticas (heptassílabos)
“Cheguei, chegaste. Vinhas fatigada
E triste, e triste e fatigado eu vinha;
Tinhas a alma de sonhos povoada
E a alma de sonhos povoada eu tinha.”
(Olavo Bilac)


Livres: segmentos formados por versos sem rimas e métricas. Ex: poema com 2 ou 4 versos livres (sem padrão definido de métrica) ou rimas brancas (sem esquema de rima).
“Uma palavra caída
 das montanhas dos instantes
 desmancha todos os mares
 e une as terras mais distantes…”
 (Cecília Meireles)
Já no que diz respeito ao número de versos presentes no poema, a estrofe é denominada conforme os tipos:
  • Monóstico: possui 1 verso
  • Dístico ou parelha: formada por 2 versos
  • Terceto ou trístico: composta por 3 versos
  • Quarteto ou quadra: tem 4 versos
  • Quintilha, quinteto ou pentástico: estrofe com 5 versos
  • Sextilha, sexteto ou hexástico: estrofe com 6 versos
  • Septilha, septena ou heptástico: apresenta 7 versos
  • Oitava ou octástico: tem 8 versos;
  • Nona: possui 9 versos
  • Décima ou década: formada por 10 versos
  • Mais de dez versos: estrofe irregular ou bárbara


O que  é verso?

Como vimos brevemente, o verso é a linha que compõe o poema ou letra de uma música. Esse elemento, que pode ou não ser rimado, é definido pelo número de sílabas métricas ou poéticas – técnica que leva em consideração a sonoridade das sílabas e, por isso, difere da contagem tradicional que envolve as sílabas gramaticais.
A depender da quantidade de sílabas poéticas, os versos que seguem o padrão de métrica são classificados em:
  • Monossílabo: 1 sílaba poética
  • Dissílabo: 2 sílabas poéticas
  • Trissílabo: 3 sílabas poéticas
  • Tetrassílabo: 4 sílabas poéticas
  • Pentassílabo: 5 sílabas poéticas
  • Hexassílabo: 6 sílabas poéticas
  • Heptassílabo: 7 sílabas poéticas
  • Octossílabo: 8 sílabas poéticas
  • Eneassílabo: 9 sílabas poéticas
  • Decassílabos: 10 sílabas poéticas
  • Hendecassílabos: 11 sílabas poéticas
  • Dodecassílabos: verso composto de doze sílabas poéticas
  • Verso bárbaro: com mais de 12 sílabas poéticas

Fique atento! Existem duas importantes exceções: uma ocorre nos chamados versos irregulares ou livres – aqueles que apresentam certa musicalidade e ritmo, mas não uma medida, padrão métrico – e os versos brancos, que não possuem rimas, porém podem ter métricas.

Para exemplificar como funciona a ligação do verso com a estrofe, vamos utilizar o poema “Fagulha”, de Ana Cristina Cesar.
Abri curiosa (verso 1)
o céu. (verso 2)
Assim, afastando de leve as cortinas. (verso 3)


(Versos 1, 2 e 3/ terceto: 1ª estrofe)


Eu queria entrar, (verso 1)
coração ante coração, (verso 2)
inteiriça (verso 3)
ou pelo menos mover-me um pouco, (verso 4)
com aquela parcimônia que caracterizava (verso 5)
as agitações me chamando (verso 6)
(Versos 1, 2, 3, 4, 5 e 6/ sextilha: 2ª estrofe)
Eu queria até mesmo (verso 1)
saber ver, (verso 2)
e num movimento redondo (verso 3)
como as ondas (verso 4)
que me circundavam, invisíveis, (verso 5)
abraçar com as retinas (verso 6)
cada pedacinho de matéria viva. (verso 7)
(Versos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7/ septilha: 3ª estrofe)
Eu queria (verso 1)
(só) (verso 2)
perceber o invislumbrável (verso 3)
no levíssimo que sobrevoava. (verso 4)
(Versos 1, 2 , 3 e 4/ quarteto: 4ª estrofe)
Eu queria (verso 1)
apanhar uma braçada (verso 2)
do infinito em luz que a mim se misturava. (verso 3)
(Versos 1, 2 e 3/ terceto: 5ª estrofe)
Eu queria (verso 1)
captar o impercebido (verso 2)
nos momentos mínimos do espaço (verso 3)
nu e cheio (verso 4)

(Versos 1, 2 , 3 e 4/ quarteto: 6ª estrofe)
Eu queria (verso 1)
ao menos manter descerradas as cortinas (verso 2)
na impossibilidade de tangê-las (verso 3)

(Versos 1, 2 e 3/ terceto: 7ª estrofe)
Eu não sabia (verso 1)
que virar pelo avesso (verso 2)
era uma experiência mortal. (verso 3)
(Versos 1, 2 e 3/ terceto: 8ª estrofe)


Quando um mesmo verso é reproduzido no início de todas as estrofes, ele é nomeado de antecanto. Caso isso acontecer no final, é chamado de bordão. Já o conjunto de versos repetidos ao longo do poema é conhecido como refrão ou estribilho.