Resumo de Português - Figuras de Som

Dividem-se em quatro categorias

As figuras de som ou harmonia são aquelas que utilizam a reprodução, repetição ou imitação de vogais e consoantes para intensificar a expressividade do texto. Esse tipo de figura de linguagem enfatiza os fonemas – sons elementares produzidos pelos nativos de determinada língua durante a formação de palavras.
Muitas vezes os falantes usam os fonemas, que são representados pelas letras, para causar efeitos nos ouvintes. O objetivo é destacar a sonoridade da mensagem para gerar significados. É o que acontece quando escolhemos a expressão “xiiiiii!” como forma de pedir silêncio ou “boom!” para imitar o som de uma explosão.

Figuras de som

Nos estudos da linguagem, as figuras de som são definidas de acordo com quatro tipos. A seguir, conheça cada um deles:
Aliteração
A aliteração caracteriza-se pela repetição estratégica de consoantes, especialmente os fonemas que ficam no início das palavras ou no seu interior. Além de criar um ritmo e harmonia, acentua a mensagem por meio da sugestão de algum tipo de som. Este recurso estilístico está sempre presente em provérbios, trava-línguas, composições musicais e poesias.
Exemplos:
O sabiá não sabia que o sábio sabia que o sabiá não sabia assobiar (repetição consonantal do /s/ para sugerir o som de um assobio)
A pia pinga, o pinto pia. Quanto mais a pia pinga, mais o pinto pia. (repetição consonantal do /p/ para reproduzir o som de um goteira)
“Esperando, parada, pregada na pedra do porto/Com seu único velho vestido, cada dia mais curto, laiá, laiá, laiá, laiá”. (Na letra da música “ Minha história”, de Chico Buarque, ocorre a repetição dos fonemas /p/ e /d/, o que expressa uma certa paralisia do eu lírico)
"Leva-lhe o vento a voz, que ao vento deita". (No verso de Luís de Camões, a aliteração remete ao barulho do próprio vento)
Assonância
A assonância também utiliza a repetição, mas apenas de sons vocálicos idênticos ou semelhantes. As sílabas tônicas ganham destaque e criam rimas ao longo dos versos ou na sua última palavra. Geralmente é empregada em conjunto com a aliteração, produzindo um efeito harmônico. Veja nos exemplos:
Berro pelo aterro
Pelo desterro
Berro por seu berro
Pelo seu erro
Quero que você ganhe
Que você me apanhe
Sou o seu bezerro gritando mamãe!
Esse papo meu tá qualquer coisa
E você tá pra lá de Teerã!
Na estrofe da música “Qualquer coisa”, interpretada por Caetano Veloso, nota-se a repetição da vogal “e” aberta (berro) e fechada (aterro, desterro, erro), o que contribui para o ritmo do trecho.
Já nos versos do poema “Violões que choram”, de Cruz e Sousa, podemos observar a combinação das duas figuras de som: aliteração na repetição da consoante “v” e assonância na repetição da vogal “o”.
[...]
Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas,
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.
[...]


Onomatopeia
A onomatopeia estabelece uma sequência para imitar os sons e ruídos característicos de animais, de objetos quebrando, de fenômenos da natureza. No momento que imita sons como tic-tac (relógio), ding dong (campainha), biii biii (buzina) e vroooom (motor de veículos) é chamada de pura, pois mesmo não emitindo um som idêntico dos objetos, seres ou fenômenos, deixa claro as situações que representam. Mas quando a palavra que identifica determinado som foi incorporada à língua, como cacarejar, é classificada como vocalizada.
Exemplos:
“Piuí Piuí, Piuí Abacaxi/ Choque choque choque, choque por aí”. (Na canção “Piuí Abacaxi”, cantada pelo Trem Alegria, as palavras remetem ao movimento do trem)
“Oi, tum, tum, bate coração/ Oi, tum, coração pode bater/ Oi, tum, tum, tum, bate coração/ Que eu morro de amor com muito prazer”. (Na música “Bate coração”, interpretada por Elba Ramalho, o “tum, tum” reproduz aproximadamente o som emitido pelos batimentos do coração)
Paranomásia
Entre as figuras de som, esta é a única que utiliza palavras parômicas. Ou seja, que possuem escrita e pronúncia extremamente parecidas, mas com significados diferentes. São os famosos trocadilhos e servem para confundir o receptor ou trazer informações de duplo sentido.
Exemplos:
O docente (professor) chamou a atenção do discente (aluno) devido ao barulho.
O trafégo (trânsito) na região ficou bloqueado por causa da operação policial contra o tráfico de drogas (comércio ilegal).
Quem conta um conto aumenta um ponto. (dito popular)
“Será que a noite virá num vilarejo/ Vejo a ponte que levará o que desejo/ Admiro o que há de lindo e o que há de ser... você/ Os opostos se distraem / Os dispostos se atraem”. (“Realejo”, O Teatro Mágico)


Outras figuras de linguagem

As figuras de linguagem ou de estilo são recursos empregados na comunicação escrita e verbal para intensificar a expressividade da mensagem. Apesar da variedade, além das figuras de som, são subdivididas em:
  • Figuras de palavras: alegoria, perífrase ou antonomásia, catacrese, comparação ou símile, metáfora, metonímia, sinédoque, sinestesia.
  • Figuras de sintaxe: anacoluto, anáfora, anástrofe ou inversão, hipérbato, sínquise, assíndeto, polissíndeto, elipse, zeugma, silepse, hipálage, pleonasmo ou redundância.
  • Figuras de pensamento: antítese, apóstrofe, eufemismo, gradação ou clímax, hipérbole, ironia, paradoxo ou oxímoro, prosopopeia ou personificação.