O grafite é uma forma de arte urbana. Uma das manifestações culturais mais presentes nas vias públicas, ligado especialmente ao Hip Hop. São desenhos feitos à mão sobre um muro ou uma parede, por exemplo.
A palavra grafite vem do italiano “graffiti”, plural de “graffito”, que significa “escrita feita com carvão” e também pode ser chamada de grafito ou grafiti.
Mesmo ainda sendo considerado por uma parcela da população como vandalismo, o grafite vem ocupando espaço nas ruas e causando bastante admiração. A ideia é ocupar os espaços das cidades, deixando uma reflexão sobre o momento atual da sociedade.
Origem do grafite
Desde o Império Romano que as escrituras em paredes públicas se tornaram conhecidas.
Em maio de 1968, na França, um movimento contracultural usava os muros para escrever frases de conteúdo político ou poético. Porém, somente da década de 70 é que o grafite ganhou força, quando começaram a surgir marcas desenhadas na cidade de Nova Iorque, deixadas por um grupo de jovens.
Esse tipo de arte está diretamente ligado com o movimento musical Hip Hop, formado, em sua grande maioria, por jovens oriundos das favelas. Eles encontraram nas ruas o local ideal para manifestar a sua arte, denunciando a opressão e a realidade da qualidade de vida que eles possuem.
O grafite foi tomando forma e virando obra de arte ao longo dos anos. Hoje em dia as inscrições simples que eram vistas nos muros, tomaram outras formas.
Veja um pouco da história de um dos grafiteiros mais conhecidos no Brasil, Eduardo Kobra, que tem a sua obra espalhada por vários países:
O grafite no Brasil
No Brasil, a arte começa a aparecer no final da década de 70, com influência direta dos Estados Unidos. A cidade de São Paulo foi a principal adepta naquele momento.
Na época se vivia a Ditadura Militar no Brasil, que restringia o grafite por conta da censura que estava instalada. Aos poucos, os artistas foram se espalhando por todo o país.
Grafite X Pichação
Existe uma polêmica sobre o grafite e a pichação, muitas vezes considerados como poluição visual ou vandalismo.
Atualmente, o termo pichação está ligado justamente a esse tipo de coisa, o vandalismo. As pichações geralmente são feitas em prédios públicos, e são palavras escritas por grupos ou indivíduos que deixam a sua assinatura. Na maioria das vezes as pichações possuem conotação política e social.
Já no grafite, a arte é mais elaborada e exige uma certa técnica. Normalmente, os temas são relacionados à desenhos, e são vistos de forma mais positiva pela sociedade. O grafite é considerado até um ramo das artes visuais.
Outra diferença é que as pichações, em sua maioria, são feitas sem autorização dos donos dos imóveis. Já o grafite, também em sua maioria, é feito com essa autorização, e até encomendado pelo dono do local.
Grafiteiros conhecidos mundialmente
Alguns artistas ficaram conhecidos mundialmente a partir dos seus desenhos. Conheça alguns deles:
Os Gêmeos (Brasil)
Os irmãos gêmeos Gustavo e Otávio Pandolfo, conhecidos mundialmente como “Os gêmeos”, nasceram em São Paulo e começaram a grafitar em 1987, no bairro onde cresceram na capital paulista, o Cambuci.
Os artistas apostam nas linguagens visuais que vão do lúdico ao improviso. Suas obras já foram expostas em diversos países, como Estados Unidos, Chile, Inglaterra, Japão, Espanha, Alemanha, Lituânia, entre outros.
Bansky (Inglaterra)
O nome “Bansky” é o pseudônimo usado pelo artista inglês que tem feito bastante sucesso no mundo. Suas obras possuem características políticas e sociais, com uma certa ironia, que marcam o cenário atual.
Seus grafites podem ser encontrados em diversos locais do mundo, como Austrália, Barcelona e até na Faixa de Gaza. A sua obra mais famosa atualmente é a “Girl with Balloon”. O painel, criado em 2002, mostra uma menininha que acaba de perder o seu balão em formato de coração. A obra ganhou muita notoriedade após o leilão realizado em 2018, onde ela foi arrematada por cerca de 1 bilhão de libras e se autodestruiu logo após ser vendida.
Kurt Wenner (Estados Unidos)
Considerado um dos grandes mestres da pintura, Wenner ficou conhecido por conta dos seus desenhos tridimensionais, também conhecidos como “3D Street Painting”, “3D Pavement Art”, “3D Chalk Art”, ou “3D Sidewalk Art”.
O artista já foi ilustrador da NASA, mas foi embora dos Estados Unidos para estudar arte na Itália, onde começou pintando as calçadas de Roma.
O artista hoje é aclamado em todo o mundo.
Eduardo Kobra (Brasil)
Também paulistano, Kobra iniciou a carreira como pichador. Hoje é um dos maiores muralistas no mundo, desenvolvendo trabalhos de grandes dimensões.
O mural “Todos somos um”, que fica na zona portuária do Rio de Janeiro, por exemplo, possui 3 mil metros quadrados. A obra entrou para o "Guinness Book", livro dos recordes, como o maior grafite já realizado no planeta.
Curiosidades do mundo do grafite
- Os grafiteiros possuem algumas gírias, muitas delas com a influência do inglês. Tag, por exemplo, é a assinatura do grafiteiro. Bomb é como eles chamam o grafite ilegal, que é feito durante a noite. Spot é o local onde o grafite é feito.
Existe um tipo de spray específico que permite que os grafites sejam feitos de forma invisível, só podendo ser vistos quando chove.
- O grafiteiro David Choe foi contratado pelo “Facebook” em 2005 para pintar algumas paredes do seu novo escritório. Ele trocou o seu pagamento por ações da empresa. Em 2012, as suas ações já custavam 200 milhões de dólares.
Em muitos lugares o grafite é considerado uma contravenção
, punindo os artistas com multa e até detenção. Em Los Angeles existe até um aplicativo de celular onde as pessoas avisam caso vejam grafites espalhados, sendo recompensados pelo gesto. A multa para quem for pego grafitando pode variar entre mil e cinquenta mil dólares.- Em Nova Iorque quem for pego grafitando pode pagar multa ou fazer trabalhos comunitários por dois dias.
- Em Madrid existe multa para quem grafitar, que vai de trezentos a seis mil euros.
- Em Londres, a multa é de até cinco mil libras, e o grafiteiro pode ficar até dez anos preso.