O chamado Grupo dos Cinco era formado pelas pintoras Anita Malfatti e Tarsila do Amaral, além dos escritores Menotti Del Picchia, Oswald de Andrade e Mário de Andrade, que juntamente com outros artistas lideraram a Semana de Arte Moderna de 1922.
Esse movimento artístico e ideológico realizado entre os dias 11 e 18 de fevereiro, no Teatro Municipal de São Paulo, foi considerado um marco na história cultural brasileira por dar início às manifestações do Modernismo no Brasil.
A importância desse evento e, consequentemente, dos artistas que o protagonizaram – o Grupo dos Cinco – tem relação com o período tumultuado pelo qual o país passava e as mudanças proporcionadas por ele.
Contexto histórico
A Semana de Arte Moderna aconteceu durante um momento de turbulências culturais, econômicas, sociais e políticas durante a República Velha (1889-1930), controlada pelas oligarquias cafeeiras e pela política do café com leite, que visava a predominância da poder nacional por parte das oligarquias mineira e paulista.
Dessa forma, esse movimento objetivava não apenas uma renovação do ambiente artístico-cultural, mas também uma oposição à política totalitária da época, sendo pouco aceito pela elite conservadora de São Paulo.
Ainda assim, conseguiu apresentar novos ideias e conceitos artísticos, trazendo mudanças significativas como uma renovação da linguagem.
Modernismo e a Semana de Arte Moderna
O modernismo foi um movimento artístico e literário que surgiu no final do século XIX e visava uma ruptura e uma desconstrução da arte tradicional. No Brasil, ganhou repercussão na primeira metade do século XX, principalmente na literatura e artes plásticas.
A Semana de Arte Moderna foi considerada o ponto de partida do Modernismo Brasileiro por causar uma efervescência de ideias inovadoras que traziam uma liberdade maior de expressão.
O evento aconteceria em meio às celebrações da Independência do Brasil, de maneira restrita, mas acabou ganhando uma proporção muito maior.
Foram expostas cerca de 100 obras e três sessões literárias-musicais com grandes nomes do cenário artístico brasileiro como o Grupo dos Cinco, que liderou o movimento, além de outros como Zina Aita, Vicente do Rego Monteiro e Di Cavalcanti.
Conheça um pouco mais sobre cada um dos integrantes do Grupo dos Cinco.
Tarsila do Amaral
A desenhista, pintora e tradutora brasileira, Tarsila do Amaral (1886 – 1973) é também considerada uma das principais artistas do Modernismo Brasileiro. Estudou em São Paulo e concluiu sua instrução em Barcelona, na Espanha, onde pintou seu primeiro quadro aos 16 anos, intitulada “Sagrado Coração de Jesus”.
Em 1916, aprendeu modelagem em barro no ateliê do escultor sueco radicado em São Paulo, William Zadig e quatro anos depois foi para Paris estudar na escola de pintura e escultura, Academia Julian.
Em 1922, seu quadro foi admitido no Salão Oficial dos Artistas Franceses, mesmo ano em que regressou ao Brasil, e ao lado de Anita Malfatti, Menotti Del Picchia, Oswald de Andrade e Mário de Andrade formou o Grupo dos Cinco.
As obras de Tarsila do Amaral permearam as três fases do Modernismo, denominadas: Pau Brasil, Antropofágica e Social
. Alguns de seus principais trabalhos são: “A Feira” (1924), “A Estação Central do Brasil” (1924), “O Pescador” (1925), “Abaporu” (1928), entre outros.
Morreu em 17 de janeiro de 1973, no Hospital da Beneficência Portuguesa, em São Paulo.
Anita Malfatti
A desenhista, pintora, ilustradora e professora brasileira Anita Malfatti (1889 – 1964) desenvolveu seus primeiros dons artísticos com a sua mãe, a norte-americana Eleonora Elizabeth Krug, que passou a dar aulas particulares de idiomas e pintura após a morte a morte do marido, então provedor financeiro da família.
Estudou pintura e gravura na Alemanha (1910 a 1914) e realizou a sua primeira exposição em 1914, muito criticada pelo senador José de Freitas Valle. Também teve experiências artísticas nos Estados Unidos em 1915, onde pintou a paisagem “O farol”.
Retornou ao Brasil em 1917, quando realizou sua segunda exposição, que teve obras devolvidas após críticas de Monteiro Lobato – anos depois ela acabou ilustrando livros do escritor.
Conheceu Tarsila do Amaral em 1919 e incentivada pelos amigos participou da Semana de Arte Moderna em 1922 integrando o Grupo dos Cinco
, e expôs 22 trabalhos.
Retornou à Europa no ano seguinte, voltando apenas em 1928 ao encontrar um ambiente artístico muito diferente e evoluído dentro de suas concepções e passou a lecionar na Universidade Mackenzie até 1933.
Foi nomeada presidente do Sindicado dos Artistas Plásticos de São Paulo em 1942. Algumas de suas grandes obras estão expostas nos principais museus brasileiros: “A Estudante”, no Museu de Arte Moderna de São Paulo; “A Boba”, no Museu de Arte Contemporânea de Universidade de São Paulo; e “Uma Rua”, no Museu Nacional de Belas-Artes, no Rio de Janeiro.
Anita Malfatti faleceu em 06 de novembro de 1964, na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Menotti Del Picchia
Paulo Menotti Del Picchia (1892 – 1988) foi jornalista, poeta, tabelião, advogado, político, cronista, pintor, ensaísta e romancista, figura muito importante para o modernismo no Brasil.
Concluiu o curso de Direito na Faculdade do Largo de São Francisco em 1913, mesmo ano em que lançou seu primeiro livro “Poemas do Vício e da Virtude”. Atuou como advogado, além de dirigir alguns jornais importantes da época, como “O Grito!” e “Diário de Itapira”.
Publicou poemas que retratavam o temperamento dos brasileiros, como “Juca Mulato” e “Moisés”. Menotti também fez parte do Grupo dos Cincos sendo um dos importantes ativistas da Semana de Arte Moderna ao defender a integração da poesia com os tempos modernos.
Criou em 1924 o Movimento Verde e Amarelo em oposição ao nacionalismo defendido por Oswald de Andrade. Foi convidado por Assis Chateaubriand, em 1933, para dirigir o jornal Diário da Noite. Em 1942, assumiu a direção do jornal “A Noite” e no ano seguinte ocupou a cadeira de número 28 da Academia Brasileira de Letras.
Menotti Del Picchia foi também deputado estadual e federal entre anos de 1926 e 1962. Faleceu no dia 23 de agosto de 1988, em São Paulo.
Oswald de Andrade
Oswald de Andrade (1890 – 1954) foi mais um dos nomes relevantes do Modernismo Brasileiro. Ensaísta, escritor e dramaturgo, era considerado uma dos artistas mais polêmicos desse movimento artístico e possuía um temperamento irreverente, irônico e combativo.
Como jornalista, atuou no Diário Popular em 1909, com seu artigo “Penando”, além de se arriscar também como crítico teatral. Dois anos depois fundou juntamente com Alcântara Machado e Juó Bananère a revista semanal “O Pirralho”.
Sua primeira viagem à Europa foi em 1912, e de lá trouxe novidades vanguardistas. Em São Paulo, se reunia frequentemente com intelectuais como Monteiro Lobato, Mário de Andrade e Guilherme de Almeida.
Formou-se em Direito em 1918 pela Faculdade de São Paulo, apesar de nunca ter exercido a profissão. Integrou o Grupo dos Cinco que liderou a Semana de Arte Moderna e foi uma dos principais nomes na definição da literatura modernista do Brasil
.
Após o evento, retornou à Europa acompanhado de sua então companheira, Tarsila do Amaral, onde apresentou a conferência “O Esforço Intelectual do Brasil Contemporâneo”, em Sobornne, na França.
Entre suas principais obras, pode-se destacar: “Os Condenados” ( 1922), “Manifesto Pau-Brasil” (1925), “Estrela de Absinto” (1927), entre outras.
Mário de Andrade
O escritor brasileiro Mário de Andrade (1893 – 1945) é um dos principais nomes da literatura nacional. Seu primeiro livro de poemas “Pauliceia Desvairada” foi publicado na primeira fase do modernismo.
Sua atuação foi muito significativa para a implantação desse movimento artístico no Brasil.
Era frequentador assíduo das rodas literárias, onde conheceu os demais componentes do Grupo dos Cinco, tornando-se grandes amigos.
Publicou em 1917 o livro “Há Uma Gora de Sangue em Cada Poema”, com o pseudônimo Mário Sobral, no qual criticou as mortes que ocorreram durante a Primeira Guerra Mundial.
No mesmo ano em que liderou a Semana de Arte Moderna, junto com o Grupo dos Cinco, Mário de Andrade fez parte do grupo fundador da revista Klaxon, que divulgava o movimento modernista.
Seu romance “Macunaíma” é considerada sua obra máxima, tendo sido reproduzida no cinema.
Outras obras importantes do artista são: na poesia, “Primeiro Caderno do Aluno de Poesia Oswald de Andrade” (1927), “Cântico dos Cânticos para Flauta e Violão” (1942), entre outras; no romance, “Os Condenados (1922-1934), “Memórias Sentimentais de Sargento Miramar” (1924), “Serafim Ponte Grande” (1933); no teatro, “O Homem e o Cavalo” (1934), “A Morta pelo Homem (1937), entre muitos outros.