A História da África é ampla e rica, porém ao longo dos anos foi camuflada pelo imperialismo europeu e reduzida à fome e à miséria. A história do continente também está diretamente ligada à História do Brasil.
Há 300 milhões de anos, a divisão da Pangeia originou dois grandes continentes. Um se chamava Laurásia, que deu origem à América do Norte e Eurásia, e o outro Gondwna, formada pelos continentes da América do Sul, África, Índia, Austrália e as ilhas do Pacífico Sul.
Ainda de acordo com suas características geográficas, o África é uma península triangular ligada à Ásia pelo istmo de Suez e cortado pelo canal do mesmo nome. Limitada ao Mar Mediterrâneo (Norte), pelos Oceanos, Atlântico e Índico (Sul), pelo Mar Vermelho e Oceano Índico (Leste) e pelo Oceano Atlântico (Oeste).
A África é terceiro maior continente da terra
, com uma extensão de cerca de 30 milhões de km², distribuídos em 54 países, com mais de 900 milhões de habitantes. O continente ainda é dividido em cinco regiões: Oriental, Ocidental, Setentrional, Central e Meridional.
A história da África faz parte da história humana
De onde viemos? Para onde vamos? Durante séculos, e ainda hoje, a resposta para essas perguntas geralmente estão ligadas a preceitos religiosos e mitológicos. Contudo, com o desenvolvimento do Racionalismo Europeu foram criadas teorias cientificas para explicar a origem humana.
A diversidade do continente africano gera uma série de possíveis respostas sobre o aparecimento dos primeiros humanos na terra. Deste modo, a História da África estaria diretamente ligada com a história humana.
Com base em pesquisas paleológicas e arqueológicas foram encontradas similaridades entre os seres humanos e algumas espécies de macacos, o que leva a possibilidade da existência de um ancestral comum.
Esse ancestral deu origem a duas famílias: os primatas (que originaram os macacos) e os hominídeos (ancestrais dos homens). Os hominídeos seriam uma família que incluiria os gêneros australopithecus e humano. Isso foi descoberto pelo cientista africano Reymond Dart, em 1924, na Bexuanalândia (atual República do Botswana).
Dentre os australopithecus, encontram-se o australopithecus animensise e o australopithecus afarensis. Esse último teve uma grande descoberta realizada por Yvens Coppens, em 1974, na Etiópia: Lucy, o fóssil mais antigo da espécie.
Há 1,5 milhões de anos surgiu no continente africano o homo habilis, primeiro no gênero Homo, que mais tarde deu origem ao homo erectus. Seguindo a escala evolutiva surgiu o homo neanderthalensis e homo sapien, este último se aproxima do atual negro-africano.
Outros fósseis foram encontrados ao longo dos anos na África. As descobertas também se estenderam a armas, feitas de ossos e chifres; pinturas rupestres e; moradias, o que enriqueceu os estudos sobre a História da África.
A África no imaginário europeu
Os primeiros estudos sobre a História da África tiveram origem nos escritos da Antiguidade Clássica. As obras de alguns pesquisadores contribuíram na construção de um ideário sobre os africanos, absorvidos durante o medievo europeu e na Idade Moderna.
Em um fragmento de Oliva (2008), o autor afirma que havia ideias que definiam o clima da região como “calor intenso e insuportável” e a crença de que abaixo do Equador, em uma região da África até então não conhecida, somente criaturas animalescas poderiam sobreviver.
Interpretações cristãs também contribuíram na construção desse ideário, por ora, deturpando a História da África. As associações com a teoria camita, sugestionavam que a cor negra do africano representava a escuridão bíblica ou a maldade em seu estágio demoníaco.
“A descrição do Inferno como uma região de calor insuportável e habitado por seres monstruosos de cor escura parecia se encaixar perfeitamente sobre a Aethiopia” (OLIVA, 2008). Essa já era uma concepção que data o período medieval.
A partir do século XV, com início das Grandes Navegações, passaram a ocorrer mais relatos fantásticos sobre o continente “negro”. Entre elas, o mito da África descoberta [África subsaariana], um triunfo dos navegadores europeus da época e que é reproduzido na literatura escolar.
Contudo, registros mencionam que já eram realizadas viagens para região litorânea da África (abaixo do Equador) desde a Antiguidade. De acordo com a Heródoto, a primeira viagem de circunavegação na costa foi encomendada pelo faraó Neco II há cerca de 550 a.C.
Com base nos relatos antigos fica evidente que a História da África, construída pelos europeus, gerou muitos estigmas negativos à região e que se perpetuam ainda hoje.
O imperialismo na África
Na segunda metade do século XIX houve outro marco na História da África: o Imperialismo. Caracterizado pela repartição, exploração e colonização do continente entre as potências europeias.
O Imperialismo pode ser definido com uma série de ideias, medidas e mecanismos que, sob determinação de um Estado-nação, visa exercer domínio territorial, cultural ou econômico sobre outra região
. Na Europa, esse episódio aconteceu de três formas:
- Colonialismo: instituído quando um território era dominado por um Estado-nação imperialista e este criava um novo governo.
- Protetorado: o Estado imperialista se considerava responsável pela proteção da área colonizada e em troca exigia que os governantes locais se submetessem aos dirigentes imperialistas.
- Áreas de influência: ocorriam quando os Estados imperialistas conseguiam obter alguma vantagem através de acordos desiguais.
“Do século XVI ao XIX, nós tivemos a escravidão negra. Os europeus forçaram cerca de 12 milhões de africanos a imigrar da África, por exemplo, para a América”. Este período foi chamado de primeira colonização, afirma Ricardo Chaves, professor de História Geral.
O período da Revolução Industrial (1760 a 1860) também marcou a História da África. Pois surgiu um novo expansionismo europeu, de cunho imperialista, com objetivo de conquistar novos continentes, com exceção da América (já colonizada).
Este novo imperialismo não era apenas colonialista (tipo mercantilista), mas também era estratégico (militar) e econômico. A busca era por novas fontes de matérias-primas essenciais à indústria, não ouro e especiarias.
Conferência de Berlim
A Conferência de Berlim, realizada entre novembro de 1884 e fevereiro de 1885, foi uma reunião entre as nações imperialistas para dividir o continente africano.
Com isso, a História da África novamente passou por reviravoltas.
Participaram da reunião representantes de 13 países da Europa, dos Estados Unidos e do Império Otomano. Os africanos não participaram . Teoricamente, o evento foi realizado com objetivo de manter o comércio e reafirmar o compromisso em dar fim a escravidão no continente.
Mas na prática ocorreu uma “partilha” não consensual da África
(exceto Etiópia e Libéria) e o continente foi dividido da seguinte forma:
“A divisão de África foi feita sem qualquer consideração pela história da sociedade, sem ter em conta as estruturas políticas, sociais e econômicas existentes” (AKINWUMI, 2015). Ainda segundo o autor, a Conferência causou danos irreparáveis e alguns países sofrem até hoje com isso.
Descolonização da África
Outro grande episódio na História da África foi o processo de descolonização. Com o enfraquecimento econômico e político de grande países europeus, durante a IIª Guerra, muitas colônias começaram a buscar suas independências
Mas antes disso, o Egito nos anos 20 e a África do Sul e a Etiópia, ambos nos anos 40, tentaram se desvincular das potências. Por ser um protetorado – o que facilitou a independência-, o Egito se livrou domínio inglês em 1936.
Ainda durante a IIª Guerra surgiram vários grupos e movimentos que lutavam pela independência dos países africanos. Em alguns locais, o processo de descolonização foi pacífico, em outros houveram conflitos armados, como na Argélia.
Atualmente a África possui 53 territórios independentes, exceto o Saara Ocidental, que pertence ao Marrocos. O primeiro país africano a ser independente foi a Libéria, em 1847; e o último, a Eritreia, em 1993.