Descubra como essa linguagem artística foi alterada ao longo do tempo
O início da história da música é incerto. Contudo, acredita-se que ele esteja intimamente ligado à história da humanidade. Essa suposição feita por alguns músicos e historiadores é baseada no fato de que esse elemento cultural está, historicamente, associado a rituais festivos e à comunicação com os deuses. Para eles, é possível que, assim como a dança acompanha a humanidade desde a pré-história, tendo sido registrada pelas pinturas rupestres, a música também tenha estado presente desde aquele momento.
Nesse período, contudo, a dimensão musical estaria limitada à exploração dos sons produzidos pelo próprio corpo, a exemplo das palmas, voz e passadas no chão. O fato de ainda hoje existirem comunidades totalmente isoladas nas quais a musicalidade se mantém como um traço importante para a realização de cultos e rituais contribui para essa versão sobre o início da história da música.
Desde a Antiguidade, a música se mantém como elemento central para compreensão das dinâmicas culturais das sociedades. Por isso, para recontar a história da música é importante revisitar esses povos e ressaltar, sobretudo, a dimensão religiosa que essa expressão artística carrega desde a Idade Antiga até a Idade Média.
A história da música nas sociedades da Antiguidade
O termo música tem como origem a palavra grega , cujo significado é “artes das musas”. A nomenclatura está relacionada ao fato de que as musas eram entidades capazes de influenciar a produção artística. Desse modo, nota-se que a dimensão sobrenatural da música está presente inclusive no termo que a nomeia.
Contudo, apesar desse marco importante para a história da música, não é na Grécia que ela se inicia. Esse dado é atestado pelo fato de instrumentos musicais com mais de 5 mil anos já terem sido encontrados nos processos de exploração da cultura de sociedades antigas. É o caso das harpas de cordas encontradas na região da Mesopotâmia onde viviam os sumérios. E da cítara, um instrumento musical de cordas, encontrada na região onde viviam os assírios.
A história da música também perpassa as sociedades asiáticas. Há 3000 a.C, na cultura chinesa, por exemplo, a cítara era um instrumento extremamente popular. Além disso, os chineses atribuíam à musica uma áurea de magia e a utilizavam para caracterizar momentos históricos e imperadores. Na Índia, a música possuía uma estruturação baseada em tons e semitons. Esse sistema recebia o nome de ragas e não tinha notas musicais. Na cultura indiana, até os dias de hoje, a música é considerada vital.
Voltando à Grécia Antiga, além de atribuir nome à expressão artística, a sociedade grega tem outro papel importante na história da música, pois é lá que são criadas as conexões com a matemática. Esse feito é atribuído ao filósofo Pitágoras, que desenvolveu o sistema de notas e os intervalos musicais. Na Grécia, a lira era um instrumento muito importante para a cultura, visto que ela acompanhava os recitais de poemas e as encenações de tragédias.
Na sociedade romana, onde a música era fortemente influenciada pela produção grega etrusca e ocidental, ela se fazia presente na guerra, por meio dos hinos e da sinalização das ações dos soldados. Além disso, era parte fundamental das práticas religiosas e dos rituais sagrados.
A música e a Igreja da Idade Média
Como vimos, desde a Antiguidade a música sempre esteve fortemente associada às práticas religiosas. Essa característica é observada no Egito Antigo, na Grécia, em Roma e na China. Contudo, é no período da Idade Média que a conexão com a religião vai servir de mola para o desenvolvimento da música. Isso porque, nesse período, a Igreja exercia um forte domínio nas dimensões políticas, econômicas e sociais da Europa.
Desse modo, a instituição era fundamental para a sociedade da época. E essa importância também pode ser observada na história da música. Nesse período, o canto gregoriano foi definido como mandatório para as cerimônias religiosas e serviu de influência para a construção da produção musical apreciada pela cultura erudita. Por outro lado, a musicalidade da cultura popular também se aflora na Idade Média. É nesse período que surgem os trovadores e os menestréis.
Outros avanços importantes para a história da música são a criação da pauta de cinco linhas, a delimitação das alturas de cada uma das notas e atribuição de nomes a elas. O dó, ré, mi, fá, sol, lá, si tão importante para os estudos da música nos dias de hoje é obra do monge católico Guido d’Arezzo.
As transformações na música impulsionadas pelos movimentos artísticos
Assim como as demais linguagens artísticas, a música foi influenciada pelas transformações culturais promovidas por movimentos, como o renascentismo, barroco, classicismo e romantismo. Essas modificações se deram tanto no que diz respeito às temáticas abobadas - vale lembrar que durante a Idade Média a música precisa corresponder aos interesses da Igreja - quanto a questões estilísticas e de estrutura.
No renascimento, que é o movimento artístico que propõe a ruptura com a estrutura religiosa e conexão com as ciências, a música passa a adotar aspectos universalizantes. É nesse período que a polifonia passa a caracterizar a produção musical. Essa técnica consiste em associar quatro ou mais sons. Fora do contexto religioso, presenciamos o surgimento da frótola, do Lied e do Madrigal como estilos musicais.
Com o surgimento do movimento barroco, novas mudanças são observadas na história da música. Nesse período, a produção musical é imbuída de teor dramático, ao mesmo tempo em que passa a ser mais bem elaborada. No período barroco, surgem as óperas e orquestras de câmara. São nomes importantes desse período Antônio Vivaldi, Johann Sebastian Bach e Domenico Scarlatti.
Durante o classicismo, a música instrumental passa a ter mais evidência. É nesse período que a sonata, a sinfonia, o concerto e o quarteto de corda são criados. Essa é a primeira vez na história a música que as composições para instrumentos passam a ter mais relevância que as para canto. A música clássica é marcada pela objetividade, equilíbrio e clareza formal e tem Haydn, Mozart e Beethoven como principais representantes.
Beethoven também é uma figura marcante para a história da música romântica. Com sua "Sinfonia nº. 3", ele inaugura o período de produção musical marcado pela liberdade e atenção às emoções e sentimentos. A música do romantismo expressa a emoção humana em sua forma mais viva e densa. Além de Beethoven, Schumann, Wagner, Verdi, Tchaikovsky e R. Strauss são representantes desse período.