O lobisomem é um ser presente nas lendas e histórias, e fala sobre um homem que se transforma em uma mistura de humano com lobo. Segundo a maioria das lendas, as transformações acontecem nas noites de lua cheia, e o efeito dura até o fim daquela noite.
A crença está ligada a uma doença chamada licantropia, que é justamente a capacidade de mutação humana com animal.
O nome da doença deriva da história grega em que um rei é transformado em lobo por Zeus.
As histórias envolvendo o lobisomem existem desde a antiguidade. Há relatos sobre o ser nas escrituras egípcias e na mitologia grega.
No Brasil, o lobisomem está ligado ao folclore brasileiro. Existem vários relatos de pessoas que afirmam ter visto o ser, principalmente em cidades da zona rural.
As histórias contam que ele se alimenta de sangue e possui força descomunal, o que o torna um perigo aos humanos.
Ainda segundo as histórias, para se derrotar o lobisomem, é necessário um objeto feito de prata.
Os mitos sobre os lobisomens são muito conhecidos e inspiram muitas histórias no cinema, na televisão e até em jogos de videogame. O ser aparece até nas histórias do Sítio do Pica Pau Amarelo, obra brasileira de Monteiro Lobato.
O lobisomem na mitologia grega
Segundo a mitologia grega, o primeiro relato da um lobisomem aconteceu por um castigo de Zeus, que transformou um homem em um lobo.
A história conta sobre um rei chamado Licáon, também chamado de Licaão ou licaonte, que foi querido por seu povo.
O rei de Arcádia, na Grécia Antiga, construiu um altar em homenagem a Zeus na cidade de Licosura, também fundada por ele. Mas sua devoção ao deus o levou a realizar sacrifícios de humanos. O rei sacrificava estrangeiros que chegavam a seu palácio.
Chateado ao saber dos sacrifícios, Zeus se disfarçou de peregrino e foi ao palácio do rei pedir hospedagem. Licáon pensou em sacrificar o viajante, mas foi aletrado por seus súditos da estranheza do hóspede, o qual, havia dado alguns sinais divinos.
Para ter certeza de quem era o homem, o rei mandou preparar um jantar e, em meio a comida, mandou servir a carne de um escravo. Revoltado com a atitude do rei, Zeus o transformou em lobo e, em seguida, incendiou seu palácio.
O deus transformou todos os filhos do rei em lobo, cerca de cinquenta, tão conhecidos por suas maldades. A única poupada foi Calisto, por quem se apaixonou e com quem teve um filho, chamado Arkas.
A esposa do deus, a deusa Hera, por ciúme, transformou Calisto e Arkas nas constelações Ursa Maior e Ursa menor.
Por causa dessa história e por ser Licáon o primeiro homem transformado em lobo, recebeu o nome de licantropia a doença associada a essa transformação.
A história é contada no livro Metamorfoses do poeta Ovídio.
O lobisomem no Brasil
As lendas sobre o lobisomem no Brasil fazem parte das histórias de folclore. As origens dos contos variam em cada região do país.
Em uma das histórias é contado que em uma família de sete irmãos do mesmo sexo, o sétimo se tornará um lobisomem. Uma outra diz que o primeiro filho do sexo masculino a nascer depois de uma sequência de sete mulheres é quem irá portar a doença.
Em algumas regiões, dizem que a doença é passada de geração para geração após a morte do familiar do sexo masculino que tem a licantropia.
Mas uma das características que permanece é o fato da transformação acontecer nas noites de lua cheia.
Em alguns lugares, as histórias contam que as transformações acontecem apenas nas sextas-feiras, enquanto em outras, acreditam-se que elas ocorram somente às terças-feiras. Existem histórias que dizem que o lobisomem pode aparecer em ambos os dias.
As histórias falam ainda sobre horários em que o lobisomem se transforma. Para algumas culturas, a aparição acontece à meia-noite, e o efeito passa ao amanhecer. Existe ainda a especulação que a transformação acontece em uma encruzilhada.
As lendas do lobisomem dizem que o ser se alimenta de sangue, por isso ele causa tanto medo nas pessoas.
Mas em algumas histórias, o licantropo prefere se alimentar de bebês não batizados. Por isso é comum ver famílias batizarem os recém-nascidos muito cedo.
Uma das histórias mais curiosas sobre a lenda do lobisomem é vista do estado brasileiro de Rondônia. Lá conta-se que após a transformação, o lobisomem deve passar por sete cemitérios antes do amanhecer, ou ficará na forma do ser por toda a vida.
Muitas das histórias envolvem a mordida ou arranhão do lobisomem para que a doença seja transmitida.
Mas em algumas regiões existem crenças que, se a pessoa se deitar no mesmo lugar onde um animal se deitou e recitar palavras do Livro de São Cipriano, ele irá adquirir a licantropia.
Algumas vão mais fundo e dizem que, para isso, a pessoa deve estar sem roupas. Outras ainda dizem que o lugar onde a pessoa deve se deitar deve ter sido usada por um jumento. É possível encontrar ainda a crença de que, no ato, deve-se rezar o credo ao avesso por três vezes seguidas.
Licantropia no mundo
As histórias que envolvem a lenda do lobisomem existem por vários países do mundo. O termo licantropia está ligada a cultura grega, mas em outros países recebe outros nomes.
No Brasil e em países da América do Sul, o lobisomem pode ser chamado também de Lubiszon ou Lubishome.
Em Roma a doença recebe o nome de Versipélio, enquanto na cultura dos povos eslovacos da Europa, é chamado de Volkodlák. Os povos saxões chamam de Werewolf ou Dracopyre, e os alemãos de Werwolf.
Na cultura da Rússia a doença é chamada de óboroten, enquanto na França recebe o nome de Loup-garoup. Os povos nórdicos denominam de Hamtammr, e na península Íberica o termo é chamado de Arbac-apuhc.