Uma doença que demanda esforços globais para contenção
A malária é descrita pela literatura médica como uma doença infecciosa. Ela é transmitida por meio de alguns protozoários do tipo , que utilizam a fêmea do mosquito como vetor de transmissão. A doença é considerada endêmica na África, na Índia, em algumas regiões da Ásia e da América. Especificamente no Brasil, os números de casos da doença são mais preocupantes na região amazônica.
Em geral, nas regiões acometidas pela malária estão os países com baixos níveis de desenvolvimento socioeconômico, já que o mosquito vive em locais que apresentam climas tropicais e subtropicais. A incidência da malária, por sua vez, causa ainda mais impacto socioeconômico nessas regiões, pois ela demanda investimento de recursos específicos para sua contenção.
De acordo com estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), em torno de 430 mil pessoas morrem em decorrência da malária. Desse número, 70% são crianças que possuem idade inferior a 5 anos. No Brasil, somente em 2019, foram registrados 156.629 casos da doença. O número é 23,8% menor que o contabilizado no ano anterior, mas ainda é considerado alto.
Como reforço à necessidade de promoção de esforços globais para conter a infecção, em 2007, a OMS instituiu que o dia 25 de abril deveria ser lembrado como Dia Mundial de Luta Contra a Malária.
Como a malária é transmitida?
A principal forma de transmissão da malária é por meio da picada da fêmea do mosquito . Quando se alimenta do sangue de uma pessoa contaminada, o mosquito absorve o protozoário causador da doença que será transmitido para novos indivíduos através de sua saliva nas picadas seguintes. Em geral, o possui hábito noturno, sendo esse o horário de maior prevalência das infecções.
Os protozoários do gênero possuem cinco espécies capazes de promover a infeção pela malária em humanos. São elas; ; ; ; . E, ainda que seja raro, é possível que um mesmo indivíduo seja infectado ao mesmo tempo por espécies diferentes. No Brasil, somente três espécies estão associadas à doença: , e .
Outras formas de transmissão bastante incomuns são transfusão sanguínea, compartilhamento de agulhas contaminadas e transmissão congênita (da mãe infectada para o filho). Uma pessoa infectada não transmite, diretamente, a malária para outra pessoa.
O ciclo de vida do protozoário
O ciclo de vida do agente etiológico da malária envolve dois hospedeiros distintos e pode ser descrito em 12 etapas. Para fins didáticos, iniciamos a enumeração desses estágios a partir da picada da fêmea contendo os plasmódios no primeiro hospedeiro humano. Nesse momento, os esporozoítos são inoculados no indivíduo. Em seguida, essas células infectam o fígado.
Já no fígado, o agente etiológico inicia o processo de amadurecimento e se tornam esquizontes. Esses, por sua vez, liberam merozoítos (outro estágio do plasmódio) que atacam as hemácias e se multiplicam por meio da reprodução assexuada. Os merozoítos podem se desenvolver para o estágio final (trofozoítos) ou se tornaram esquizontes. Esses últimos liberam mais merozoítos. Já os trofozoítos tendem a se tornar gametócitos.
Quando a fêmea do mosquito pica uma pessoa infectada, ela ingere os gametócitos masculinos e femininos que estão presentes no sangue. E no interior do estômago do mosquito tem início o ciclo esporogônico. Agora, por meio da reprodução sexuada, são formados zigotos que evoluirão para oocinetes, que por sua vez, darão origem a oocistos.
Os oocistos liberam esporozoítos. Essas células infectam as glândulas salivares do mosquito e são transmitidas para outros indivíduos no momento da picada. O ciclo do protozoário dentro do inseto varia de acordo com a espécie. Nas espécies encontradas no Brasil, o período é de 8 a 12 dias para o ; 13 a 17, ; e 18 a 30 dias .
Sintomas e diagnóstico
Os sintomas da malária surgem quando os protozoários são liberados no sangue. Isso acontece, geralmente, entre o nono e décimo quarto dia após a picada. Com isso, a pessoa infectada passa a apresentar sintomas similares aos que são observados em uma gripe, como febre, dor nas articulações e dores de cabeça. Esse é um fato que pode contribuir para a promoção de diagnósticos errados.
Contudo, sinais mais graves, como vômitos frequentes, taquicardia, convulsões e coma, podem indicar a necessidade de uma investigação mais específica. O diagnóstico pode ser feito por meio de testes em amostras de sangue que visem a identificação do parasita ou dos anticorpos envolvidos no processo de defesa do organismo. O exame é mandatório para pessoas que apresentem febre depois de ter viajado para uma região endêmica da malária.
Se não diagnosticada corretamente e tratada, a malária pode evoluir para quadros graves que apresentam comprometimento da estrutura cerebral ou de outros órgãos vitais. No Brasil, o tratamento para a doença é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).