O Modernismo em Portugal foi uma escola literária com características ousadas, revolucionárias e questionadoras. Teve seu surgimento entre a Primeira Guerra Mundial e a Segunda Guerra Mundial.
O início do Modernismo Português foi marcado pelo lançamento da Revista Orpheu, no ano de 1915, que era composta por uma séria de artistas e poetas que tinham concepções parecidas sobre a inovação do exercício da arte.
Esse movimento teve três principais gerações, são elas: o Orfismo, o Presencismo e o Neorrealismo.
O Modernismo em Portugal surgiu em um período político e social bem agitado no país. Uma das principais características do Modernismo no país é a inovação na forma de fazer e consumir artes distintas.
Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro, Branquinho da Fonseca, José Régio, Carlos de Oliveira e Alves Redol
, são alguns dos artistas mais conhecidos deste movimento.
Contexto Histórico
O Modernismo em Portugal surgiu em meio ao um contexto histórico bem conturbado. O mundo vivia o fim da Primeira Guerra Mundial e todos os seus desdobramentos políticos e sociais que viriam a dar início à Segunda Guerra.
Particularmente, Portugal vivia um cenário de completo descontentamento com a monarquia que governava o país na época. Havia também uma insatisfação com a política retrógrada e atrasada praticada pelo regime monárquico vigente.
No ano de 1910 aconteceu a Proclamação da República portuguesa
, mudando a forma como os portugueses e os políticos enxergavam o país. Muitas pessoas passaram a entender que a nação precisava passar por um período de renovação.
Muitos artistas aproveitaram esse momento e se juntaram para dar início a uma inovação na forma de produzir suas obras. Mário de Sá-Carneiro, Fernando Pessoa, entre outros artistas, como Almada Negreiros e Luís de Montalvor, criaram a revista Orpheu
que passou a publicar obras desses artistas e é considerada o ponto inicial do Modernismo em Portugal.
Principais Características
As obras modernistas portuguesas compartilham das mesmas características que as obras modernistas em geral. Essas obras podem trazer em sua representação uma linguagem usual, somada a originalidade e espírito crítico.
Geralmente, os artistas modernistas trazem em suas obras vários questionamentos sobre assuntos sociais polêmicos como, por exemplo, a oposição às normas e às regras.
As transformações tecnológicas, o afastamento das emoções e a inovação, também são características fortes presentes em obras modernistas e essencialmente nas portuguesas.
Gerações do Modernismo em Portugal
Basicamente, o Modernismo em Portugal é dividido em três gerações. São elas: o Orfismo, o Presencismo e o Neorrealismo
. Confira abaixo as definições dessas divisões:
Orfismo
O Orfismo também é conhecido como geração de Orpheu
e é considerado a primeira geração do Modernismo em Portugal. Seu nome tem inspiração na criação da revista Orpheu, no ano de 1915.
As principais características do Orfismo são: o domínio da Metafísica e do mistério, o desejo de criticar as classes mais altas da sociedade, o desajuste social e cultural, o cosmopolitismo e a idolatria do poético, do não-prático, do não- burguês.
Como Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro e Almada Negreiros
foram os principais fundadores da revista Orpheu, eles também são considerados os principais artistas do Orfismo. Dando destaque a Pessoa, que é um dos artistas mais importantes de todo Modernismo.
Devido a um enorme problema financeiro enfrentado pelos artistas, a revista foi fechada com apenas duas edições publicadas, marcando também o fim da geração de Orpheu. A terceira edição, apesar de preparada, não chegou a ser publicada.
Presencismo
O Presencismo, também conhecido como geração de Presença, é considerada a segunda geração do Modernismo Português. Seu nome, assim como no Orfismo, tem inspiração na fundação da revista Presença, no ano de 1927.
As principais características do Presencismo são: a noção de “arte-pela-arte” e a presença de romances, críticas literárias e contos. O grupo presencista também afirmava que a verdadeira obra de arte tem que transcender, não podendo ser limitada por condições de tempo ou espaço.
Branquinho da Fonseca, José Régio e João Gaspar Guimarães
são os principais escritores desse movimento que, assim como na geração Orpheu, são também os fundadores da revista que marcou o início deste movimento.
Destaca-se ainda José Régio, um dos nomes mais consagrados da literatura contemporânea portuguesa. A sua obra trazia uma variedade de gêneros que se distribui pela poesia, pela ficção, pelo teatro, pelo ensaio.
Neorrealismo
Muito se questiona sobre a classificação do Neorrealismo como uma das gerações do Modernismo de Portugal. Muitos estudiosos consideram esse movimento como o terceiro e último modernista português.
O Neorrealismo teve início no ano de 1940, com a publicação de Gaibéus, de Alves Redol. Tinha como principal característica a literatura engajada e a forte oposição ao governo do ditador Antônio Salazar.
Os principais escritores desta geração são: Ferreira de Castro, Carlos de Oliveira, Alves Redol, Vergílio Ferreira, José Cardoso Pires e Fernando Namora.
Fernando Pessoa
Fernando António Nogueira Pessoa, mais conhecido como Fernando Pessoa, nasceu no ano de 1888 e é um dos mais importantes artistas do Modernismo e mais conceituado artista da língua portuguesa.
Pessoa foi artista, jornalista, empresário, editor, crítico de política e literatura. Ele é bastante conhecido pela criação de seus heterônimos. Os heterônimos eram personagens que ele criou inspirado em si próprio e que também escreviam poemas.
Fernando Pessoa assinou obras com mais de 70 nomes diferentes, mas escreveu biografia de apensa três destes nomes. São eles: Álvaro de Campos, Alberto Caeiro e Ricardo Reis.
“Passagem das Horas” e “Tabacaria” são os principais poemas de Álvaro de Campos, “Aceita o Universo” e “A Espantosa Realidade das Coisas” são os principais poemas de Alberto Caeiro e “Como se Cada Beijo”, “Saudoso Já Deste Verão que Vejo” são os principais poemas de Ricardo Reis.
Conhecido como um dos grandes mestres da poesia, ele era visto também como um artista lírico e nacionalista. Além disso, fazia nas suas obras constantes reflexões sobre ele mesmo e sobre seus questionamentos.
Dentre os seus livros mais conhecidos estão: “O Marinheiro”, “Por Ele Mesmo”, “Do Livro do Desassossego” e “O Banqueiro Anarquista”.