O Modernismo no Brasil surgiu na primeira metade do século XX como um movimento artístico, cultural e literário. Tinha como objetivo romper com a estética tradicional e se libertar dos paradigmas e das regras sobre como fazer arte que prevaleciam no momento.
O Modernismo no Brasil eclodiu como um movimento que prezava pela independência cultural, pela valorização da cultura cotidiana brasileira, adotando a simplificação da linguagem popular.
As obras modernistas são de grande relevância e trazem uma riqueza cultural de extrema importância para a história da arte e da literatura no Brasil.
O movimento modernista brasileiro envolveu diversas gerações de artistas, que embora se assemelhasse pelas características de suas obras, tinham ideias diferentes entre si.
Reproduzindo a essência do movimento modernista no mundo, o Modernismo no Brasil tinha como características marcantes:
o rompimento com as formas tradicionais de fazer arte;
valorização da expressão artística nacional e inovadora;
valorização do cotidiano, expresso em linguagem simples na literatura;
desejo de representar a realidade brasileira através da arte.
Contexto histórico do Modernismo no Brasil
O Modernismo no Brasil foi desencadeado a partir de influências das tendências artísticas das vanguardas europeias. O movimento, que teve grande repercussão na cena artísticas e cultural, teve início oficial com a Semana da Arte Moderna de 1922, realizada em São Paulo.
O Modernismo no Brasil surgiu em um momento de insatisfação política, período em que o Brasil era uma república recente em busca de sua identidade. Os reflexos da Primeira Guerra Mundial também estavam presentes na sociedade brasileira.
A geração de artistas e intelectuais defendiam que a arte deveria ser a voz da identidade brasileira naquele momento.
Após um mês da Semana de Arte Moderna, o Brasil viveu outro importante momento político: as eleições presidenciais e a fundação do Partido Comunista em Niterói. Em 1926, Mário de Andrade, um dos principais nomes do Modernismo, fundou o Partido Democrático.
Baseados na motivação de romper com o tradicionalismo e na vontade de reestruturar o país politicamente, surgiu a proposta de que a arte deveria ser a voz desta identidade, sem amarras estéticas e sem preocupações com estilos rígidos ou normas acadêmicas.
O Modernismo no Brasil foi considerado um divisor de águas na história da arte brasileira. Seguindo a tendência modernista que já havia estourado na Europa, os brasileiros declararam o rompimento com o tradicionalismo cultural.
Fases do Modernismo no Brasil
Marcado pela liberdade de estilo, o Modernismo no Brasil se dividiu em três fases: a primeira fase se opôs a tudo que foi anterior, seu objetivo claro era chocar; a segunda apresentou uma vertente menos radical, formando grandes romancistas e poetas; a terceira trouxe uma oposição à primeira fase e chegou a ser ridicularizada ao destoar do que a primeira pregava.
O Modernismo no Brasil não foi propriamente uma escola literária. Ao contrário das escolas anteriores, os modernistas buscaram transmitir suas emoções e retratar os fatos da realidade cotidiana de uma forma livre e descompromissada.
Primeira Geração (1922-1930)
Marcada pela tentativa de definir posições, a Primeira Fase do Modernismo no Brasil lançou mão de manifestos e revistas para apresentar a necessidade de romper com o passado. Também conhecida como Fase Heroica, esse o período foi o mais radical
do movimento modernista.
Formada, sobretudo, por artistas rebeldes, seu objetivo era mostrar que não queriam nada do que já havia sido feito. Seu caráter era essencialmente destruidor.
A primeira fase buscava o moderno, o polêmico, o original e o nacionalismo, através da tentativa de representar o cotidiano da sociedade brasileira.
Uma obra de destaque dessa fase é o quadro “Abaporu”, de Tarsila do Amaral, pintado em 1928. Atualmente o quadro brasileiro mais valioso.
Ainda na primeira foram criados os grupos Movimento Pau-Brasil, Movimento Antropofágico, Grupo Modernista-Regionalista de Recife, Movimento Verde-Amarelo e a Escola da Anta.
Em termos de publicações, o momento contou com as revistas Klaxon (1922), Estética (1924), A Revista (1925), Terra Roxa e Outras Terras (1927) e Revista de Antropofagia (1928); e com os manifestos da Poesia Pau-Brasil (1924), Antropófago (1928), Regionalista (1926) e Nhenguaçu Verde-Amarelo (1929).
Nessa fase fica evidente um compromisso dos artistas com a renovação estética, favorecida pelo contato com as vanguardas europeias com Cubismo, Futurismo, e Surrealismo.
Segunda Geração (1930-1945)
Marcada por temáticas nacionalistas e regionalistas, na segunda fase a prosa de ficção predominou. Esse período foi considerado como um momento de amadurecimento do movimento, por isso essa fase também foi chamada de Fase da Consolidação.
As obras literárias passaram a incluir temas de ordem política, social, econômica, humana e espiritual. Essa fase também se caracterizou pelo regionalismo, no qual houve uma representação do homem brasileiro em diversas regiões.
Os autores imprimiram a consciência crítica em suas obras. Eles passaram a abordar questões sociais como: a desigualdade social, os resquícios de escravidão, o coronelismo e a vida difícil dos retirantes.
Depois de romper com as tradições e experimentar novas formas de fazer arte, os modernistas passaram a apresentar engajamento com as questões sociais. Deixando de lado os excessos da primeira fase, esse foi o momento em que o Modernismo Brasileiro conseguiu sua melhor definição.
Terceira Geração (1945-1960)
Houve uma transformação na terceira fase do Modernismo. A geração de modernistas dessa fase carregava a essência da renovação e uma preocupação em não seguir regras, nem mesmo as ditadas pelos modelos modernistas anteriores.
Nesse período houve uma mudança na forma de fazer romance e conto, que ganharam uma literatura mais intimista e introspectiva. O regionalismo ganhou uma nova dimensão.
Alguns estudiosos chamam essa geração de 45 de Pós-Modernistas, pois eles se opõem às conquistas e inovações modernistas de 22. Eles abandonaram a liberdade formal modernistas para buscar uma poesia mais equilibrada.
Para muitos estudiosos, essa fase não tem um final definido. Não há consenso entre eles. Enquanto uns defendem que a Terceira Geração do Modernismo se encerra nos anos 1960, outros afirmam que ela se estende até os anos 1980.
Principais representantes do Modernismo brasileiro
- Primeira fase (anos 1920): Oswald de Andrade, Mário de Andrade.
- Segunda fase (anos 1930): Rachel de Queiroz, Jorge Amado, Graciliano Ramos, Érico Veríssimo, José Lins do Rego, Cecília Meireles, Vinícius de Morais.
- Terceira fase (a partir de 1945): João Cabral de Melo Neto, Vinícius de Moraes, Clarice Lispector, Guimarães Rosa.