O neocolonialismo, também conhecido como imperialismo, é o termo que designa a dominação política e econômica que os países emergentes capitalistas (Estados Unidos, Reino Unido, Arábia, Prússia, Itália, França e Bélgica) exerciam durante todo século XIX e início do século XX na África e Ásia.
Nesse período os Estados Unidos e alguns países da Europa passavam por crescimento no setor industrial, gerando um número expressivo de materiais produzidos.
História do Neocolonialismo
Com o aumento das indústrias na Europa durante o século XIX, cresceu também a necessidade de expandir o mercado e buscar matéria-prima de baixo custo. Este processo ficou conhecido na história como Segunda Revolução Industrial.
Na tentativa de suprir certas carências, os países buscaram fazer com que as regiões consumidoras dos seus produtos também se tornassem grandes polos fornecedores de matéria-prima.
O século XIX na Europa foi marcado por um forte período de crescimento do nacionalismo do continente, a exemplo das unificações alemã e italiana, em 1870, e independência da Bélgica em 1830.
Com o surgimento de novos estados nacionais e independentes, ampliou-se a competição entre eles para que fossem estabelecidas novas fronteiras comerciais e, consequentemente, a expansão do parque industrial.
Nessa conjuntura que se formou o neocolonialismo, nos mesmos moldes que se trabalhava no período imperial (por isso também conhecido como imperialismo), como efeito das disputas dos países europeus e dos Estados Unidos para explorar territórios do continente africano e asiático em busca de matéria-prima a baixo custo para produção industrial.
A Segunda Revolução Industrial
Um dos primeiros marcos do neocolonialismo aconteceu ainda no século XVIII, com a industrialização da Inglaterra e surgimento de grandes empresas que passaram a dominar o mercado a partir deste momento.
Foi em 1860 que se iniciou a Segunda Revolução Industrial, quando o aço substituiu o ferro como matéria básica da indústria, a eletricidade substituiu o vapor e o petróleo substituiu o carvão.
Nessa fase também houve a implantação de maquinaria automática nas indústrias, substituindo os trabalhos que antes eram feitos manualmente por homens.
Além disso, o capitalismo industrial deu lugar à burguesia e ao capitalismo financeiro, criando, assim, a concentração de empresas, grandes complexos industriais e o surgimento de enormes conglomerados econômicos, a exemplo dos holdings, cartéis e trustes.
A Corrida do Neocolonialismo
A economia era a razão básica e mais utilizada para explicar a necessidade da colonização de outros países. A Europa demandava matéria-prima de baixo custo, principalmente por ter vários países passando pelo processo da Revolução Industrial.
Entre estes materiais, os principais eram o ferro, carvão e petróleo, além de alimentos, normalmente em falta nos países europeus.
A colonização europeia também contribuiu com a diminuição da densidade demográfica da região, uma vez que redistribuía a população local para países africanos e asiáticos. Já no cenário político, os países enxergavam na colonização uma oportunidade de aumentar seu poder militar.
Primeiros Passos do Neocolonialismo
A França foi o primeiro país a iniciar o processo de conquista da África, introduzindo a fase da neocolonização. Em 1830, os exércitos começaram a conquista da Argélia (que só foi completada em 1857).
Já em 1876, o rei da Bélgica, Leopoldo I, realizou um congresso em Bruxelas com objetivo de, segundo ele, difundir a civilização ocidental para o resto do mundo.
A partir de então os países europeus começaram o processo de conquista dos países africanos. Os ingleses conquistaram a União Sul-Africana, Costa do Ouro, Nigéria, Rodésia, e Serra Leoa. Os franceses anexaram ao seu território a África Equatorial Francesa, Madagascar, Tunísia, Costa da Somália e Argélia.
A Itália conquistou o litoral da Líbia, Somália e Eritreia. E a Alemanha, que foi um dos últimos na corrida pela colonização, anexou somente Camarões, sudoeste africano e África Oriental.
Já países europeus que desde sempre tinham tradição de colonização, antes mesmo do neocolonialismo, ficaram com porções reduzidas do continente africano. A Espanha apropriou-se do Marrocos Espanhol, Rio do Ouro e Guiné Espanhola; e Portugal de Moçambique, Angola e Guiné Portuguesa.
Conferência de Berlim
Um dos eventos mais importantes durante o neocolonialismo foi a Conferência de Berlim, também conhecida como Conferência da África Ocidental ou Conferência do Congo, que aconteceu de 15 de novembro de 1884 a 26 de fevereiro de 1885.
O evento teve o real objetivo de discutir a participação dos países europeus na divisão territorial do continente africano.
Contudo, o que foi declarado na época era “regulamentar a liberdade do comércio nas bacias do Congo e do Níger, assim como novas ocupações de territórios sobre a costa ocidental da África”, de acordo com a Ata Geral da Conferência de Berlim.
Organizado pelo chanceler do Império Alemão, Otto von Bismarck, a conferência contou com a participação de doze países europeus, sendo eles: Alemanha, Áustria-Hungria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Grã-Bretanha, Itália, Noruega, Países Baixos, Portugal, Rússia e Suécia, além do Império Otomano e dos Estados Unidos.
Como resultado, a Grã-Bretanha passou a administrar toda a região da África Austral, menos Angola e Moçambique, que pertenciam a Portugal, além do sudoeste da África, toda a região África Oriental, excluindo a Tanganica. A Grã-Bretanha também partilhou a costa ocidental e o norte africano com a França, Espanha e Portugal (estes com Guiné-Bissau e Cabo Verde, respectivamente).
O Congo, país alvo do congresso, continuou como propriedade da Associação Internacional do Congo, que tinha o rei da Bélgica, Leopoldo II, como principal acionista. Sendo assim, o Congo passou a administrar os reinos africanos de Ruanda e Burundi.
Colonização da Ásia
Durante boa parte do neocolonialismo no século XIX, os países asiáticos mantiveram-se isolados da corrida industrial dos países europeus. Apenas alguns portos na Ásia estavam abertos para comerciantes ocidentais, que recebiam os produtos orientais para comercialização no ocidente.
No entanto, esse modelo se modificou de forma drástica no século XIX. Países ocidentais desistiram do simples comércio com os asiáticos e adotaram a política de esfera de influência, quando uma área ou região possui forte influência econômica, cultural, política ou militar de algum Estado ou organização.
Diante da nova configuração, a Índia, que já pertencia aos ingleses desde 1763, foi integrada ao Império Britânico.
Na China, a Guerra do Ópio possibilitou a conquista de Hong-Kong, Xangai e Nanquim. Com o surgimento de uma sociedade secreta chinesa chamada de Boxer, que realizava atentados contra estrangeiros que moravam no local, países europeus prepararam uma expedição para punir a população e o governo chinês.
O episódio ficou conhecido como Guerra dos Boxers e culminou na dominação da China pelos países europeus. Enquanto isso, a França completava a dominação da Indochina e a Alemanha da península Chantung.
Formas de Colonização
No neocolonialismo cada país inseriu as próprias políticas de ação nas terras colonizadas. A Inglaterra já trabalhava há mais tempo com colonialismo e possuía império com diversos países sobre seu controle e a possibilidade de variadas matérias-primas para seus produtos. Sendo assim, adotou uma política livre-cambista a partir de 1850, que se estendeu para suas colônias.
Já a França optou por uma política de tarifa variante, ou seja, os preços dependiam da colônia e dos produtos que ofereciam.
Essas colonizações refletem diretamente na atual história da África e como suas civilizações agem, desde a formação das comunidades até nos diversos episódios de guerra civil.