Resumo de Educação Artística - Neoconcretismo

Um Movimento artístico que valorizava a criatividade e subjetividade

O Neoconcretismo foi uma manifestação do campo das artes plásticas, literatura, escultura, performance, que surgiu no final da década de 50, na cidade do Rio de Janeiro. Ele pode ser considerado como um movimento de reação ou mesmo de ruptura, já que tinha como um dos objetivos se opor ao Movimento Concretista, que teve origem em São Paulo.
Sendo assim, o neoconcretismo se apresenta como uma forma de reagir as ideias dos concretistas. Enquanto o movimento paulista prezava pelo excesso de racionalismo, cientificismo técnico, objetividade, dogmatismo geométrico e uma certa ortodoxia, o neoconcretismo busca inverter esse lógica, valorizando a subjetividade nos processos artísticos e incentivando uma arte mais libertadora.
O movimento neoconcretista teve forte influência dos estudos da percepção desenvolvidos pelo fenomenólogo francês Maurice Merleau-Ponty (1908-1961). Em suas pesquisas, ele defendia que a percepção é o ato pelo qual a consciência captura um dado objeto e o compreende do ponto de vista da sua capacidade perceptiva.
Sendo fortemente inspirado por essas ideias, o neoconcretismo representou um marco na história das artes visuais no Brasil, que tem como principais representantes do movimento: o escritor e crítico de arte Ferreira Gullar e a artista plástica Lygia Clark.


Contexto Histórico

O neoconcretismo vai despontar no cenário artístico brasileiro em março de 1959, com a publicação do Manifesto Neoconcreto. Antes dele, havia o Concretismo no Brasil, que surgiu também em 1950. A frente desse movimento estavam os artistas do Grupo Frente no Rio de Janeiro, e o Grupo Ruptura, em São Paulo.
A arte concreta começou a ganhar espaço na América Latina logo após a Segunda Guerra Mundial, seguindo os ideais das correntes abstracionistas modernas, do suprematismo e construtivismo. Na época, havia uma crença da indústria e no progresso que resultaria da evolução industrial, o que fez com que as produções artísticas se aproximassem do trabalho industrial.
Esse mecanicismo, inerente aos dois setores, tornava a arte livre de qualquer sentido simbólico ou lírico. O concretismo podia ser caracterizado como “a arte pela arte”, os quadros, esculturas, tudo o que era produzido deveria conter elementos plásticos, formas geométricas, planos e cores, estruturas, dentro de um padrão estético. E essa foi uma das causas pelas quais o neoconcretismo carioca criou uma forte oposição. 
Como arte, as obras não deveriam ser similares ou mesmo considerada apenas como um objeto, era preciso dar ênfase a sua parte perceptiva e subjetiva. Não demorou muito para que essas divergências entre os artistas do Rio e de São Paulo resultassem em um rompimento. Durante a Exposição Nacional de Arte Concreta, em 1956, em São Paulo e em 1957 no Rio de Janeiro, iniciava-se uma nova fase, a do neoconcrestismo.

O Manifesto

O manifesto neoconcretista foi lançado no Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, em março de 1959. O documento, assinado por Ferreira Gullar, Amilcar de Castro, Lygia Clarck, Lygia Pape, Franz Weissmann, Reynaldo Jardim e Theon Spanudis, já indicava que o neoconcretismo se opunha ao racionalismo exacerbado da arte concreta.
Foi um momento em que decretou a divisão entre os Grupos do Rio de Janeiro e de São Paulo e também abriu espaço para a primeira exposição de arte neoconcreta.
Os próprios artistas cariocas, que em um momento fizeram parte do concretismo, acabaram revisitando suas obras para fazer uma crítica a postura adotada anteriormente. Foram eles, os primeiros a denunciar o dogmatismo excessivo presente no concretismo.
Observando por uma nova perspectiva, os neoconcretistas entendiam que suas produções anteriores eram feitas como se eles estivessem seguindo uma receita, algo extremamente mecânico, muito parecido com o processo industrial. Sem nenhum potencial artístico ou crítico.
Por isso, o novo movimento defendia, principalmente, que os artistas fossem livres para expressar sua subjetividade, através do processo criativo, e que os observadores tivessem a possibilidade de apreciar as obras segundo sua percepção.
Diferente do concretismo, que praticamente entendia as obras como meros arquétipos industriais, o neoconcretismo fugia disso, trocando os padrões técnicos pela experimentação, e a objetividade pelo humanismo e experiências sensoriais.
Ao comparar as obras dos artistas dos dois grupos é possível perceber que há uma tentativa de mudar os padrões estéticos e criar uma nova linguagem, mesmo os cortes feitos em materiais rígidos, como o ferro, pode-se perceber alguns traços precisos, mas ao mesmo tempo, a emoção.
Outros elementos, como a presença de mais cores, também ganham espaço no neoconcretismo. Os artistas se preocupavam em como os objetos podiam romper o distanciamento entre o autor, a arte e o espectador, por isso integravam componentes que fossem capazes de chamar atenção.
Até hoje, o neoconcretismo é considerado por grandes artistas como um dos responsáveis pelas principais mudanças no campo das artes visuais do país. Pode-se dizer que o movimento tem como principais características:
  • Subjetividade e maior expressividade artística;
  • Existencialismo e humanismo;
  • Valorização da criatividade artística;
  • Liberdade de experimentações;
  • Abstracionismo;
  • Uso de cores e formas geométricas;
  • Maior participação do observador na obra;
  • Utilização de novos suportes que não os tradicionais (novos objetos e ambientes);
  • Transcendência da arte;
  • Oposição à arte concreta, dogmatismo, cientificismo técnico, materialismo e positivismo.



Diferenças entre o concretismo e neoconcretismo

O neoconcretismo foi um movimento artístico-literário que buscou reagir aos excessos do concretismo. Portanto, é possível encontrar elementos similares nas obras de artistas de ambos os grupos. A oposição dos neoconcretistas não visava ser excludente, mas propor novas possibilidades para a produção artística.
 Concretismo Neoconcretismo
 São Paulo Rio de Janeiro
 Objetividade, racionalismo Subjetividade, empirismo
 Grupo Ruptura Grupo Frente
 Arte pela arte, um objeto acabado em si mesmo Arte como uma manifestação, um meio de expressar criatividade, emoção, sentimento.
 Valorização das formas geométricas  Geometria como forma de expressão
 Materialista, mecanicista. A produção artística equivale à produção industrial.  Tem características do humanismo e existencialismo. Valoriza o contexto e a subjetividade do espectador.

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