O Neolítico é um dos períodos mais importantes da Pré-História. Conhecido também como Idade da Pedra Polida, essa fase é marcada pelo fim da glaciação – época de congelamento do planeta – e descoberta da escrita na região da Mesopotâmia.
Foi justamente neste ciclo que surgiram os primeiros pilares das sociedades modernas, como a criação das cidades, adoção da pecuária e agricultura como meios de sobrevivência e, posteriormente, de pequeno comércio (trocas entre as aldeias), e a divisão dos poderes e classes sociais.
Revolução Agrícola
A principal característica do Neolítico é o desenvolvimento da agricultura e do pastoreio
. Esse avanço proporcionou ao homem uma vida sedentária e de mais independência em relação à natureza, embora alguns grupos ainda cultivassem o nomadismo (constante migração de um lugar para outro).
A criação de animais (carneiros, bois, porcos e cavalos), aliada ao plantio de grãos (trigo, arroz e milho), permitiu a melhoria na qualidade de vida e, consequentemente, o crescimento das populações.
Em decorrência desse desenvolvimento, surgiram as primeiras vilas, aldeias e cidades. Essas comunidades firmaram-se próximas aos rios, utilizando a água para irrigação dos solos.
Com o domínio das práticas agrícolas, os homens começaram a guardar alimentos para as épocas de escassez (secas e chuvas). O descobrimento da cerâmica favoreceu diretamente essa nova forma de subsistência, pois as vasilhas eram usadas no armazenamentos dos alimentos.
O aumento da produção e do estoque proporcionou a criação de excedentes. Por isso, os homens do Neolítico passaram a trocar essas sobras em outras vilas. Surge então o sistema de comércio e de dinheiro (em forma de sementes).
Entre os principais progressos do período neolítico estão:
- Produção de facas, machados e enxadas de pedra
- Confecção de lã, linho e algodão, substituindo as roupas de pele animal.
- Domínio dos metais, especialmente cobre e ouro
Por outro lado, muitas vilas enfrentaram a proliferação de epidemias e doenças
. As enfermidades que mais atacaram a população foram a varíola, a gripe e o sarampo.
Estrutura Familiar do Neolítico
Com o nascimento das primeiras comunidades, a divisão das tarefas tornou-se fundamental.
Sendo assim, os homens eram responsáveis pela pesca, caça e segurança das aldeias. Já as mulheres assumiam as atividades domésticas, a educação dos filhos, o plantio e preparo dos alimentos.
As famílias passaram a construir moradias mais resistentes, com madeira, barro, folhagem e grandes blocos de pedra. Na beira dos rios as casas de madeira eram as mais comuns.
Além da organização familiar, novas formas de administração começaram a surgir, principalmente as lideranças políticas e religiosas.
Origem do Estado
O sedentarismo e o advento da agricultura trouxeram uma nova estrutura política para as comunidades, a aristocracia.
Nesse tipo de governo a população era submissa às decisões de uma classe privilegiada. O poder se concentrava nas mãos dos nobres ou das pessoas de sua confiança.
O governo aristocrático criava leis e ordenava o seu cumprimento. Para o restante da população cabia o senso de direitos e deveres. Essa organização social e política deu origem a propriedade privada e ao Estado.
As comunidades – que se agrupavam de acordo com os laços sanguíneos, idiomas ou tradições – passaram a integrar as sociedades desse novo modelo econômico pautado na soberania do Estado.
Neolítico: civilizações
As primeiras sociedades nasceram e se expandiram no ciclo neolítico. Entre as pioneiras estão a civilização Mesopotâmica e a civilização Egípcia.
Civilização Mesopotâmica
Situada entre os rios Tigre e Eufrates
, a Mesopotâmia (do grego, meso = no meio; potamos = rio) foi ocupada, inicialmente, pelos povos sumérios.
Os sumérios criaram as primeiras cidades-estado da região e inventaram técnicas para grandes construções, como canais de irrigação das plantações em outras cidades, sistema de drenagem das cheias dos rios e reservatórios de água para os períodos de seca.
Cada cidade-estado era governada por um rei e pelo conselho de sacerdotes, por isso os sistemas políticos e econômicos entre elas eram diferentes. O domínio das terras mais férteis era a causa de muitos conflitos entre essas cidades.
Como as construções urbanas e a produção agrícola exigiam certa quantidade de matérias-primas, os sumérios trocavam artefatos com outras regiões, que ofereciam, em troca, madeira, estanho e pedras preciosas.
Atribui- se também aos sumérios o descobrimento da escrita, conhecida como cuneiforme.
A escrita, que inicialmente era utilizada nas operações comerciais (entrada e saída de mercadorias), baseava-se em símbolos, no qual o objeto desenhado expressava uma ideia. Com o passar do tempo, esses sinais viraram um certo conjunto de sílabas.
As anotações eram feitas em placas de argila e por um objeto pontiagudo chamado de cunha. As placas poderiam ser assadas caso o indivíduo quisesse gravar o registro.
Civilização Egípcia
As primeiras cidades egípcias também se formaram no Neolítico, quando as comunidades primitivas passaram a desenvolver práticas agrícolas com o auxílio do rio Nilo
.
O rio contribuiu para o avanço da agricultura e na produção de excedentes, possibilitando a organização de pequenos centros políticos, os nomos, controlados por monarcas. Essas unidades dividiram-se em dois reinos: o Baixo Egito, ao norte do Nilo, e o Alto Egito, ao sul do Nilo.
Os egípcios possuíam uma avançada estrutura arquitetônica, com casas feitas de tijolos de barro. O calendário, que previa as fases da lua e as cheias do Nilo, favoreceu a agricultura em larga escala e a domesticação de mais animais.
A Arte no Neolítico
Além da invenção das técnicas de polimento das pedras, outras práticas começaram a ser fabricadas nesse período, como a cerâmica – que tem a argila como principal matéria-prima – e a tecelagem.
Antes, na fase paleolítica, a arte era feita dentro e fora das cavernas por meio da pintura rupestre ou parietal. Já no Neolítico, diante de tantas mudanças, a arte ganhou grandes proporções. Por isso, o homem desse ciclo é visto pela história como os primeiros arquitetos da humanidade
.
Os monumentos, construídos através dos blocos de pedra, serviam para os rituais religiosos de culto aos mortes ou de iniciação. A Stonehenge, localizado na Inglaterra, é um exemplo famoso de monumento neolítico.
As pedras que compõem essa estrutura pesam mais de 20 toneladas. Acredita- se que a construção foi feita para as cerimônias de adoração ao sol.
O trabalho com a terra deu origem aos cultos agrários, pois se imaginava que havia acontecimentos naturais e fenômenos sobrenaturais que influenciavam diretamente o plantio e as colheitas. Surgiram assim as estátuas, em forma de mulher, simbolizando a fertilidade.
As pinturas do Neolítico registravam a vida cotidiana e suas descobertas. O homem passou a ser o centro da arte. Além disso, as figuras desenhadas sugeriam a ideia de movimento e agilidade, como se fosse a reprodução de pessoas dançando. Foi nesse momento que a concepção de forma geométrica começou a surgir.
Além da cerâmica e pinturas em movimento, objetos de enfeite corporal feitos de marfim (colares e pulseiras) já eram utilizados.
Todas essas renovações foram representadas pela arte. Nesse momento do Neolítico a humanidade passou a despertar os sentidos para a subjetividade, abstração e racionalização das próprias experiências. O ato de enterrar e cultuar os mortos
reflete essa mudança de consciência e sentimento.