Perestroika e Glasnost foram medidas adotadas nos anos de 1980 na antiga União Soviética e que tinham como objetivo restabelecer o desenvolvimento econômico e realizar uma abertura política no país.
Enquanto Glasnost tinha como proposta promover maior transparência e acabar com a corrupção, a perestroika foi a responsável por tentar realizar a abertura econômica.
Criado pelo então presidente soviético, Mikhail Gorbachev, as propostas acabaram por contribuir para o fim da URSS.
Conheça abaixo as principais finalidades da perestroika e glasnost, suas características e consequências.
Contexto histórico
O mundo tinha terminado de passar pela Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945). A Europa estava devastada e era ocupada por tropas de duas potências – os Estados Unidos (EUA) do lado capitalista e a União Soviética (URSS) do lado socialista. Os impasses ideológicos criaram uma intensa disputa entre os dois Estados, que foi denominada de Guerra Fria (1945 até 1991). Para proteger seus interesses os dois países iniciaram uma corrida econômica e armamentista com a finalidade de desenvolver a indústria, brigar pelos mercados internacionais e ter poder político perante os outros países.
No entanto, o modo de produção e o sistema político adotado pela URSS impediam que este país tivesse um grande retorno de investimento. Entre 1970 e 1980, a economia da URSS passa a declinar após um grande período de crescimento. A incapacidade de gerar processos que aumentassem a produtividade, as poucas inovações tecnológicas e a impossibilidade da classe trabalhadora de consumir os produtos criados nas fábricas fizeram com que a margem de lucro diminuísse, o que quebrou a economia.
Somam-se a isso as perseguições política sofridas por uma parcela da população e a falta de uma política que contribuísse para boas condições de trabalho, o que gerou uma intensa insatisfação popular e pressão ao governo.
Neste contexto surge a figura de Mikhail Gorbachev, último presidente soviético. Ele defendia a reforma da União Soviética para que ela se adaptasse à realidade da era moderna e, assim, retomasse o rumo do desenvolvimento. Gorbachev defendeu, então, o liberalismo econômico e começou a implantar as medidas conhecidas como Perestroika e Glasnost.
Admirador das ideias de Karl Marx, a proposta inicial do presidente não era terminar com o socialismo na URSS. Apesar disso, as ações adotadas no seu período como presidente foram responsáveis por finalizar com o estado soviético.
Perestroika
Mikhail Gorbachev tornou-se presidente da União Soviética em 1985. Sua plataforma tinha como proposta realizar uma reestruturação econômica no país e fazer com que se adequasse às demandas do mundo naquele momento. Assim, desenvolveu um conjunto de práticas para o novo governo e denominou de Perestroika e Glasnost.
A primeira medida foi a Perestroika, que em russo significa reconstrução. Esta política propunha a adoção de ações que modernizasse a economia soviética e a recolocasse nos rumos do crescimento.
Assim, era necessário fazer uma reaproximação com os países do Ocidente. Além disso, seria necessário diminuir o orçamento militar, o que gerou na retirada das tropas do Afeganistão e diminuição das armas.
Outras intervenções na economia foram:
- Diminuição da burocracia na economia;
- Abertura ao investimento estrangeiro;
- Ampliação do contato com financeiras internacionais;
- Maior liberdade para as empresas realizarem comércio exterior;
- Estímulo à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico;
- Fim do limite para fabricação de produtos;
- Redução da indústria de armamentos;
- Término do planejamento econômico estatal.
Glasnost
Para complementar a política de reestruturação foi realizada também a Glasnost. Esta ação previa a reimplantação da democracia e a abertura política. Glasnost, que em russo significa transparência, ainda previa maior participação da população nas decisões políticas e liberdade de manifestação.
A medida também tinha como objetivo combater a corrupção e transparência nos processos políticos. Entre as principais ações dessa proposta estavam:
- Desmilitarização da política externa e diminuição do poderio bélico;
- Retorno das negociações com potências Ocidentais, principalmente EUA;
- Discussão sobre fim da Guerra Fria e proposta de paz;
- Maior participação popular nas decisões políticas;
- Combate a corrupção dentro do Partido Comunista;
- Anistia aos presos políticos;
- Liberdade Religiosa;
- Fim do partido único;
- Término da censura à imprensa e artistas.
Consequências da Perestroika e Glasnost
Apesar das medidas Perestroika e Glasnost, a economia da União Soviética não retomou ao crescimento esperado. Isso ocorreu por diversos fatores. Em primeiro lugar, passou a ocorrer grande divergência entre os grupos políticos contrários após o fim do partido único, o que aumentava os impasses e pressão ao governo. Outro fator foram as desavenças políticas internas, pois enquanto o Partido Comunista não colaborava para a realização da Perestroika e Glasnost, o partido liberal desejava que as reformas fossem realizadas imediatamente.
Além disso, a indústria e economia da URSS estavam tão devastadas que não conseguiram se recuperar mesmo com o retorno do investimento e abertura para mercado externo. As medidas da Perestroika e Glasnost também não colaboraram para a formação de novas empresas privadas e semiprivadas que seriam necessárias para a retomada econômica.
Com a economia em baixa e a fraca participação de produtos externos, os preços começaram a subir. Os benefícios sociais chegaram ao fim e a pobreza se generalizou. A maior liberdade de expressão e participação popular permitiu o fim da ditadura, mas ao mesmo tempo houve maior pressão ao governo central e isso enfraqueceu a política de Gorbachev.
Aos poucos, o pacto entre os estados socialistas (Pacto de Varsóvia) enfraquece e alguns países tornam-se livres. Em 1991, o presidente Mikhail Gorbachev renuncia e a Guerra Fria é finalizada.
Fim da União Soviética
Apesar de não ter sido esse o objetivo, o projeto da Perestroika e Glasnost iniciada por Gorbachev contribuíram para que o Estado Soviético chegasse ao fim. Isso porque as políticas implantadas contribuíram para gerar tensão e intensificar a instabilidade na Região. O Partido Comunista se fragmentou e perdeu poder.
Enfraquecido após uma tentativa de golpe da ala conservadora, Gorbachev declara que as nações pertencentes ao tratado estariam livres para escolher seus destinos. No final de 1991, a Rússia, Ucrânia e Bielorrússia declaram-se independente da URSS.
Finalmente, Mikhail Gorbachev renuncia ao cargo de presidente em dezembro de 1991. Pouco tempo depois o governo russo ocupa escritórios da União Soviética que estavam localizadas em seu território e toda a estrutura governamental do sistema soviético é desmontado. Chega, então, o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.