Resumo de História - Périplo Africano

O Périplo Africano foi o período em que os portugueses navegaram ao longo da costa da África, afim de chegar até às Índias, fortalecer o comércio e constituir várias feitorias – atividade bastante aplicada durante a Idade Média.

Origem do Périplo Africano

A Europa passava por uma grande crise, acarretando fome e doença. Dessa forma, foi iniciada o período das Grandes Navegações. Além disso, os portugueses estavam envolvidos no contexto do mercantilismo e da formação das monarquias nacionais, na busca por novas matérias-primas e mão de obra barata. Foi a partir dessas necessidades que eles iniciaram as viagens.

O Périplo Africano originou-se durante o século XV e XVI quando os portugueses saíram da cidade de Lisboa, contornando a África para chegar ao destino que pretendia, às Índias. Porém, eles não contavam com o Mar Tenebroso e, então, foram os primeiros a se arriscarem em aventuras marítimas nos locais desconhecidos.

Objetivo do Périplo Africano

Uma das prioridades dos estados europeus era chegar às Índias, já que lá havia as especiarias (noz moscada, cravo, canela, entre outros) que podiam ser compradas por um preço mais acessível. Os condimentos eram raridades na época, sendo produtos usados para fins alimentícios e até medicinais.

Durante o século XV não tinha refrigeração, o que colaborava para que os alimentos estragassem com facilidade. Para camuflar os gostos ruins das comidas era comum o uso dos temperos, fazendo com que essas especiarias fossem tão valiosas. Contudo, para obtê-las era preciso comprar dos italianos, que aumentavam em grande quantia o preço. Dessa maneira, chegar às Índias era a melhor opção.

O Périplo Africano, uma das Grandes Navegações, foi realizada no cenário da Expansão Marítima Europeia – o que findou a descoberta do “Novo Mundo“. Portugal foi o primeiro país a fazer a expansão pelo Atlântico e a reunir condições para essa expedição, sendo a Espanha o segundo país a centralizar o poder e realizar esse empreendimento marítimo comercial.

Portugal tinha uma grande carência de terras férteis, por isso era obrigado a lançar-se ao mar para obter alimento através da pesca. Por outro lado, tinha também uma localização favorecida para a navegação, o que lhe permitia ser ponto de comércio.

Também se destacou com as pesquisas científicas na área náutica, fortalecendo e difundindo o uso da bússola, assim como desenvolvendo o quadrante e as caravelas.

Consequências do Périplo Africano

Portugal e Espanha escolheram em iniciar as expedições, pois houve tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos.

Durante o Périplo, Portugal escolheu um caminho que implicava uma inédita e arriscada manobra: realizar o caminho do desconhecido continente africano, sendo que o trajeto completo demorou mais de uma década para ser realizado.

Com isso, o país português instalou feitorias (fortes administrações) no litoral africano, ou seja, estabeleceu gestões para uma colonização a longo prazo. A difícil jornada pela costa africana foi feita aos poucos.

Havia o “Cabo das Tormentas”, situado na ponta do continente africano, onde acreditava-se ser o fim do mundo devido ao encontro de correntes marítimas. Os portugueses, ao passar por certos pontos da África, estabeleceram pequenas fortalezas onde trocavam mercadorias.

Dessa maneira foram se instalando aos poucos em várias localidades, deixando um funcionário para administrar os negócios. A essa altura a frota portuguesa ainda precisava vencer o Cabo do Bojador, região próxima da costa do Saara Ocidental, que por fim foi atravessada em 1434.

Essas conquistas na costa ocidental africana garantiram a Portugal: malagueta, arroz, peixe-seco, sal, tecidos de algodão, escravos, ouro, ferro, cobre, noz de cola e marfim. Além disso, houve uma expansão da fé cristã, pois a intenção do Estado e do Governo era expandir o cristianismo.

Até chegar ao destino, os portugueses estabeleceram relações com a África, América e Ásia em busca de uma rota alternativa para as Índias, movidos pelo comércio do ouro e da prata, além dos condimentos.

Em 1488 Bartolomeu Dias conseguiu abrir as portas para as Índias e por fim, Vasco da Gama chegou a Calicute, em 1498. A época das grandes navegações foi marcada pelo apoio à nobreza, assim como o patrocínio da burguesia.

O Périplo Africano fez com que os portugueses ocupassem também algumas terras do continente: Madeira, Cabo Verde e as ilhas dos arquipélagos dos Açores, por exemplo.

Tráfico negreiro no Périplo Africano

A escravidão era praticada há muito tempo entre os africanos – e os árabes já negociavam escravos negros em todo Mar Mediterrâneo desde o século VIII. Mas com a introdução do ferro e do cavalo pelos portugueses, o comércio escravista aumentou muito na África.

Quando os portugueses chegaram à África, o interesse não era em escravos. Eles estavam em busca de mão de obra barata para a fabricação de açúcar e cereais nas ilhas já ocupadas (Açores, São Tomé e Príncipe, e Cabo Verde). Nesse sentido, as feitorias de Arguim e de São Jorge da Mina foram os primeiros centros de negociação de Portugal.

Os portugueses foram os primeiros a iniciar o comércio de escravos no Atlântico, sendo que durante algumas décadas foram os únicos a realizar esse tipo de negociação. Contudo, durante o Périplo Africano, à medida em que a comercialização se consolidava entre Portugal e África, o acordo de escravos também era intensificado.

Algumas sociedades africanas contribuíram para o tráfico de escravos, capturando outros povos e os vendendo conforme a demanda dos europeus. Mas, foi a pressão portuguesa que levou a um espantoso crescimento desse comércio.

As elites africanas facilitaram o comércio de escravos, pois ficaram muito dependentes das importações de mercadorias europeias. Dessa forma, o que tinham para dar em troca, e o que os europeus aceitavam era, sobretudo, a mercadoria humana. Ou seja, era uma permuta desigual: troca de produtos manufaturados por pessoas.