O pontilhismo é uma técnica de pintura muito usada pelos pintores franceses em meados de 1880.
Assim como na Literatura, em que nos movimentos literários os escritores iniciam novas tendências escritas, nas obras artísticas acontece o mesmo.
Essa comparação com a Literatura é para explicar que o pontilhismo surgiu como movimento artístico com base no Impressionismo.
Em primeiro lugar, antes de explicitar sobre o surgimento do pontilhismo conheça mais sobre essa técnica de pintura.
A técnica do pontilhismo
A proposta artística dos pintores dessa técnica era apresentar obras tracejadas com pontos muitos pequenos e muitos próximos, fazendo assim uma justaposição.
A construção artística de pontos justapostos garante uma ideia de realidade para o público que ver.
A ideia do pontilhismo é provocar efeito óptico nos olhos das pessoas que apreciam os quadros.
As cores no processo de construção do pontilhismo são, obviamente, fundamentais. Pois, tanto as cores primárias quanto as cores secundárias eram utilizadas para fazer realces e empregar novas impressões artísticas.
E as impressões tinham características diferenciadoras, uma vez que a decomposição de cores e preferência por cores luminosas criam diversas dimensões e efeitos de profundidade.
Tratando-se de preferência, além das cores luminosas, os pintores franceses gostavam de fazer suas produções artísticas com tintas a óleo. Outra questão importante sobre a técnica é a tematização das obras artísticas pois, os pintores valorizavam os temas ligados à natureza.
Pontilhismo: precursores e obras
O pontilhismo foi fruto da iniciativa dos pintores franceses Georges Seurat e de Paul Victor Jules Signac.
Georges Seurat foi o fundador da escola francesa neo-impressionismo e o professor das técnicas pontilhistas a Paul Signac.
E Paul Signac foi integrante da Escola de Artes Decorativas e cofundador, juntamente com Georges Seurat, da Sociedade dos Artistas Independentes.
De acordo com o crítico de arte britânico, John Ruskin, as produções artísticas desenvolvidas pelos pontilhistas franceses tiveram como base as técnicas do mosaico. E fez a seguinte orientação:
Ao preencher seu trabalho, tente educar seu olho para perceber diferenças de matiz […], e coloque-as deliberadamente como cores separadas, como faz um mosaicista […] para que elas se encaixem perfeitamente borda com borda.
O pontilhismo ainda foi interpretado como a “pintura de pontos” pelos crítico de arte francesa Félix Fénéon (1861-1944).
Esse entendimento de Félix Fénéon foi depois que apreciou uma das obras artísticas mais famosa de Georges Seurat, intitulada de “Uma Tarde de Domingo na Ilha de Grande Jatte”.
A pintura de “Uma Tarde de Domingo na Ilha de Grande Jatte” foi produzida em duas fases – impressionista e o pontilhismo – entre os anos de 1884 a 1886.
E a harmoniosa imagem retrata pessoas desfrutando a beleza natural hídrica e das árvores, ao ar livre, da Ilha de Grande Jatte, localizada nas proximidade do rio Sena, em Paris.
O quadro mede 207.6 cm × 308 cm e foi pintada com tintas a óleo, e com a predominância de pontos das cores de amarelo zinco realçada na parte iluminada do gramado
. Também houve a mistura dos pigmentos laranja e azul.
Seurat realizou a exibição da obra pela primeira vez na galeria da Sociedade dos Artistas Independentes em 1886 e serviu de inspiração para muitos pintores impressionistas.
Essa pintura de Georges Seurat reorientou as produções artísticas da arte moderna.
Além dessa engenhosa obra Seurat foi autor de mais de cem pinturas. Entre elas estão as seguintes:
- O circo (1891);
- As modelos (1888);
- Torre Eiffel (1889);
- O canal de Gravelines (1890);
- Le Chahut (1890);
- Um banho em Asnières (1884).
As pinturas de Paul Victor Jules Signac apresentam a confirmação do seu espírito libertário e muitas das suas obras retrataram paisagens ensolaradas da região do sul da França
, lugar onde residiu por duas décadas.
Destacam-se ainda nas obras de Paul Victor Jules Signac produções de retratos e composição de figuras. Entre as suas principais obras destacam-se:
- A Ponte De Asnieres (1888);
- Entrada do Porto de Marselha (1911);
- Subúrbios de Paris (1883);
- Moinhos de Mont-Martre (1884);
- O Monte de Areia (1906);
- Nice (1921).
Influência científica
A formação acadêmica de Georges Seurat na Escola Superior de Belas Artes, em Paris, lhe propiciou o talento e a inovação das técnicas artísticas.
E a criação das técnicas do pontilhismo tiveram como base as leituras feitas por Georges Seurat sobre as pesquisas cientificas do químico francês Michel Eugène Chevreul (1786-1889).
No livro “De la Loi du Contrast Simultané des Couleurs” o químico fez um estudo sobre a lei das cores complementares em 1839.
Outra contribuição científica importante para os efeitos ópticos foram os estudos teóricos do médico e físico alemão Hermann von Helmholtz.
Nos estudos sobre “Visão colorida tricromática” Hermann von Helmholtz contribuiu para a compreensão de conceitos importantes, como percepção espacial, sensação de tom sonoro e teorias da visão.
Pontilhismo no Brasil
A influência das técnicas pontilhistas atravessou o oceano Atlântico e contagiou os pintores no Brasil.
Em solo brasileiro as primeiras obras foram produzidas no período da República Velha (1889-1930). Entre os pintores consagrados destacam-se:
- Belmiro de Almeida;
- Eliseu Visconti;
- Rodolfo Chambelland;
- Artur Timóteo da Costa;
- Guttmann Bicho.
O Teatro Municipal do Rio de Janeiro foi inaugurado em 14 de julho de 1909 e três anos depois, em 1912, a prefeitura da cidade abriu edital público para realizar a decoração do foyer do local.
E é justamente o foyer do famoso Teatro Municipal carioca o exemplo máximo da pintura do pontilhismo aqui no Brasil.
Na época, concorreram na disputa para decorar o foyer os pintores Rodolpho Amoedo e Eliseu Visconti. Este foi o principal da pintura impressionista brasileira.
Visconti apresentou um projeto artístico a óleo e foi o vencedor do concurso em razão da harmonia do conjunto.
Depois de liberada as obras pelo órgão público municipal, o pintor aplicou um técnica que versou entre a mescla das cores roxos, azuis, rosas e avermelhados leves, além de autenticidade.
O imenso painel central do foyer foi um toque diferencial de Eliseu Visconti. Os painéis laterais menores com medidas de 6 m x 4 m representam “A arte lírica”, inspiração na música, e “O Drama”, inspiração na poesia.