O Positivismo é uma corrente filosófica que teve início na França entre os século XIX e XX. Ela consiste na ideia de que o conhecimento científico é a único caminho para a obtenção do que seria a verdade. Isso porque o positivismo valoriza a ciência, o materialismo e o mundo humano, em detrimento da metafísica e do mundo espiritual.
Por essa razão, o Positivismo é dividido em duas vertentes: de um lado a orientação científica, que busca efetivar uma divisão das ciências, e do outro a orientação psicológica, linha teórica da sociologia que investiga toda a natureza humana possível.
Sendo assim, as superstições, religiões e demais ensinos teológicos devem ser ignorados, pois eles não colaboram para o desenvolvimento da humanidade.
Origem do positivismo
Inicialmente, o termo foi usado pelo filósofo francês Claude-Henri de Rouvroy (1760-1825) para designar um método do cientificismo. Contudo, o grande idealizador do movimento positivista foi o politécnico e auxiliar de Claude-Henri, o francês Auguste Comte (1798-1857).
Com Comte o pensamento ganhou destaque internacional entre a metade do século XIX e começo do século XX.
Segundo os princípios do filósofo, as primeiras ideias do que seria o Positivismo surgiram como uma evolução do Iluminismo, em meio as crises sociais que explodiram na Europa no final da Idade Média e da chamada “sociedade industrial”, marcada pela Revolução Francesa.
Quem foi Auguste Comte?
Auguste Comte ficou conhecido como o pai do Positivismo no mundo, além de ser considerado um grande pensador da sociologia. Ele viveu no período da história francesa em que os regimes despóticos e as revoluções se alternavam.
Essa confusão não só causou um descontentamento geral com a política, assim como propagou uma crise dos valores tradicionais.
Diante disso, o filósofo buscou responder a esse estado de ânimo através da combinação de elementos presentes nas obras de pensadores anteriores a ele, e também de alguns contemporâneos, o que resultou no Positivismo.
Ele enxergava todas as sociedades constituídas através de núcleos permanentes, como a família e a propriedade, que devem promover o progresso. As ideias positivistas comparam a sociedade a um organismo biológico, uma vez que nenhuma parte tem existência independente.
Para ele, em um estágio positivo, próximo da perfeição, não existe lugar para o individualismo, apenas para o desenvolvimento do altruísmo (termo desenvolvido por Comte) e da solidariedade de cada um em favor dos demais.
Em 1855, na obra “Apelo aos conservadores”, Comte descreveu o significado da Lei dos três estados, considerada a ideia chave do Positivismo comtiano. A Lei explica as etapas pela qual o ser humano passa em relação as suas concepções e valorizações da vida:
- Teológico: nesse estado, o ser humano busca a explicação do sentido da vida através de entidades supranaturais, no qual o imaginário e a criatividade humana se sobrepõe à racionalidade;
- Metafísico ou Abstrato: é um meio termo entre o estado “teológico” e o “Positivismo”, pois o homem continua a procura das mesmas respostas para as perguntas feitas na fase teológica. Além disso, os deuses são substituídos por entidades abstratas, a exemplo do “Éter”, que tenta explicar a realidade;
- Positivo: esse estado não se preocupa com os motivos ou propósitos das coisas, mas sim de que forma eles acontecem.
Características
O Positivismo acredita que somente uma teoria deve ser considerada a verdadeira, aquela que for comprovada através de técnicas científicas válidas, ou seja, por meio das ciências naturais
. Assim, enquanto doutrina filosófica, ela tem a matemática, a física, a astronomia, a química, a biologia e a sociologia como principais modelos.
Elas consistem em outra característica do pensamento positivista, que é a ideia da ciência cumulativa ou transcultural. Ou seja, não importa a cultura em que a corrente filosófica se desenvolveu, mas o alcance diante da humanidade.
Vale destacar também que o Positivismo é considerado uma “romantização da ciência”, pois deposita a sua fé na omnipotência da razão, embora acredite que os valores humanos são completamente opostos aos da teologia e da metafísica.
Segundo Comte, a ideia do pensamento positivista foi centralizada em sete termos e significados. São eles: o real, o útil, o certo, o preciso, o relativo, o orgânico e o simpático.
Positivismo jurídico
Diferente do pensamento positivista comum, o positivismo jurídico é visto como o direito imposto pela vontade do ser humano. Nesse estilo, o direito é exercido de forma objetiva, baseado em fatos reais e científicos.
Além disso, elimina qualquer hipótese do envolvimento divino nas ações humanas, como os da natureza, ou da razão, assim como defende o Jusnaturalismo.
Positivismo religioso
O Positivismo tem como principal característica a devoção à ciência. Por conta disso, em sua última análise, através da obra “Sistema de Política Positiva” (1851-1854), Auguste Comte desenvolveu a “Religião da Humanidade”.
A religião positivista defende a seguinte diretriz:
“O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim”.
A religião utilizava símbolos, sinais, estandartes, vestes litúrgicas, dias de santos (grandes tipos humanos), sacramentos e comemorações cívicas lembradas em um calendário próprio. Assim, o calendário positivista é de base lunar e possui 13 meses de 28 dias.
A religião conta com um “Ser Supremo” que, para a corrente, representa a “Humanidade Personificada“. A sua força é proveniente do conjunto de inteligências convergentes de todas as gerações, passadas, presentes e futuras, eis que servem para aperfeiçoar o gênero humano.
Curiosidades
- Há correntes de disciplinas que se autodenominam “positivistas”, mas sem ter nenhuma relação com o positivismo de Comte;
- Mostesquieu (1689-1755) e Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) foram percussores da Revolução Francesa e positivismo;
- A corrente filosófica é uma reação radical ao Transcendentalismo Idealista alemão e ao Romantismo;
- As teorias de Comte foram criticadas pela tradição sociológica e filosófica marxista, principalmente pela Escola de Frankfurt.
Positivismo no Brasil
O Positivismo ganhou destaque no Brasil durante o século XX. Embora muita gente não saiba, a frase que estampa a bandeira do país: “Ordem e Progresso” foi construída com base em ideias positivistas propagadas no país pelos pensadores brasileiros Miguel Lemos (1854-1917); Teixeira Mendes (1855-1927) e Benjamin Constant (1836-1891).
Dessa forma, eles se impuseram aos círculos republicanos brasileiros, contribuindo para nortear a nova ordem social republicana, em especial nos governos de Marechal Deodoro da Fonseca e Marechal Floriano Peixoto.