Resumo de Português - Pragmática

A pragmática é o ramo da linguística que estuda a prática da linguagem. Ela analisa o uso concreto da linguagem pelos falantes em diferentes contextos.

Para além dos significados atribuídos pela semântica e pela sintaxe, a pragmática leva em conta a linguagem falada e a implicação dos contextos culturais e sociais.

Ou seja, a pragmática analisa o significado linguístico a depender da interação entre quem fala e quem ouve, os elementos socioculturais envolvidos, o objetivo, os efeitos e as consequências do uso.

A pragmática entende que o sentido está no uso, no efeito prático que o ato de conversação pode provocar. Desse modo o que realmente precisa ser levado em conta é a comunicação e o funcionamento da linguagem entre quem se comunica.

Para a pragmática, o contexto no qual a comunicação se insere é fundamental para a compreensão da mensagem emitida. Nesse caso, o domínio da linguagem é determinante para compreensão dos enunciados. Assim, a pragmática é o ponto de encontro entre o uso linguístico e o uso comunicativo.

Conceito teórico da Pragmática

Esse campo de estudo teve início com Charles Morris, em 1938. Morris usou o termo para uma das três dimensões dos signos que Sanders Peirce dava o nome de retórica pura.

Além da sintaxe, que é o estudo das relações sintáticas das palavras com as frases e das frases nos enunciados, da semântica que estuda o sentido das palavras e da interpretação das sentenças e dos enunciados, Morris conceituou a pragmática como a relação da fala com os falantes.

O conceito proposto por Morris, que definiu a pragmática como o estudo da linguagem em uso, serviu para mostrar as relações extralinguísticas na processo de comunicação.

Em 1977 a pragmática foi analisada como o lado concreto da linguagem. Ferdinand de Saussure defendeu que a língua é objeto de estudo da Linguística enquanto a Pragmática leva em consideração a fala, a língua em uso.

O estudo da pragmática vai além do significado das palavras tal qual faz a semântica ou do estudo da construção frasal, realizado pela sintaxe. A pragmática estuda a significação das palavras de acordo com o contexto extralinguístico em que ocorrem.

Dessa forma, a pragmática estuda a relação existente entre o significado das palavras, os interlocutores e o contexto. Ela leva em conta o contexto do discurso, o contexto situacional, o contexto social e a intenção dos interlocutores no processo comunicativo.

Portanto, ela estuda a linguagem do ponto de vista de seus usuários, particularmente das escolhas que eles fazem, das restrições que eles encontram ao usar a linguagem em interações sociais e dos efeitos que o uso da linguagem, por parte desses usuários, têm sobre os outros participantes no ato da comunicação.

O sentido da mensagem depende do contexto

Para além da construção da frase – objeto da sintaxe – ou do seu significado – objeto da semântica –, a pragmática estuda essencialmente os objetivos da comunicação. Segundo a pragmática, o contexto que a comunicação foi efetivada interfere na compreensão da mensagem passada. Essa compreensão depende das condições de domínio da linguagem do interlocutor.

Exemplo:

  • É muito cedo?

A frase em questão pode significar um pedido de informação sobre as horas em determinado contexto. Em outro contexto a pergunta pode se referir uma pergunta sobre a uma suposta chegada antecipada.

O contexto é importante também na hora de transmitir a mensagem, pois a depender da situação, você pode usar várias formas de dizer a mesma coisa.

Por exemplo, existem várias maneiras de agradecer e a depender do contexto, é apropriado usar uma expressão mais informal como “valeu” ou pode-se usar “muito obrigada”. Isso depende do contexto em que a mensagem será transmitida, bem como dos interlocutores envolvidos.

A pragmática se debruça no estudo dos processos de inferência pelos quais compreendemos o que está implícito.

Se uma pessoa diz para outra “Ele está doente.” Será difícil para o interlocutor saber de quem o locutor está falando se não souber a quem se refere o pronome pessoal “ele”.

E para saber a quem o locutor se refere, em casos como o do exemplo, exige um conhecimento de contexto, tais como o fato de os interlocutores lembrarem de quem se trata.

Tomemos como exemplo o enunciando em uma loja:

  • Fiado só amanhã.

O fato de não haver indicação do dia que foi escrita a mensagem, omite elementos indispensáveis para a compreensão total sentido da frase.

Observe o seguinte diálogo:

  • – Que horas são?
  • – Estou chegando.

Embora a resposta não seja correspondente à pergunta, ela poderá ser compreensível em alguns momentos.

O que torna a resposta compreensível é o fato de o enunciado apelar para um conjunto de saberes contextuais que o interlocutor associa à sua compreensão.

Dessa forma, dá a entender indiretamente uma coisa diferente da pergunta formulada diretamente. Com a pergunta sobre as horas, o receptor da mensagem entende que implicitamente ele quis dizer que já é tarde.

Obviamente, para compreender esse sentido implícito o interlocutor depende de conhecimentos extras, precisa compreender o contexto. Essa capacidade de entender qual foi a intenção do locutor é chamada competência gramatical.

Domínios estudados pela pragmática

Domínio da indexicalidade – aborda as questões da referência, buscando dar conta dos processos em que os interlocutores usam para designar o mundo, real ou imaginário, bem como a própria situação comunicativa.

Domínio dos atos de linguagem – esse é o domínio que busca estudar as ações que os interlocutores realizam ao dizer o que dizem e pelo fato de o dizerem.

Domínio dos processos de inferência – esse domínio estuda as diferentes formas pelas quais os interlocutores são levados a pressupor, a inferir e a dar a entender significados e sentidos que divergem daquilo que os enunciados dizem explicitamente.