A primavera árabe é o conjunto de manifestações que começaram a ocorrer no mundo árabe a partir dos anos 2010. Iniciado na Tunísia, o movimento começou por meio das redes sociais e já conseguiu derrubar diversos governos árabes.
A nomenclatura faz uma metáfora relacionada ao desabrochar das flores na primavera e a tomada de consciência da comunidade árabe por meio de passeatas para pedir melhores condições sociais.
Histórico da primavera árabe
Terminada a Guerra Fria (1901), os Estados Unidos confirmara-se como uma grande potência econômica mundial. Seus conceitos políticos sobre democracia tornaram-se referência para diversos Estados. Alguns países de etnia árabe, no entanto, mantiveram seus governos totalitários baseados na estrutura familiar.
As crises econômicas, o desemprego, a falta de liberdade começaram a agravar a situação de diversos países e, em 2010, o povo iniciou diversas agitações contra o governo. O auge dos manifestos ocorreu na Tunísia quando Mohamed Bouazizi, um jovem de família humilde, teve os produtos de sua banca de frutas apreendidos por não realizar pagamentos ao governo. Bouazizi, então, ateou fogo no próprio corpo como forma de protesto contra as arbitrariedades do Estado.
Depois desse episódio, o clima da primavera árabe percorreu pelo país e a população foi às ruas exigir respostas. O presidente Zine el-Abdine Ben Ali foi deposto em janeiro de 2011, dias depois de serem iniciadas as revoltas. No mesmo ano, a democracia da Tunísia foi estabelecida e como consequência outros países aderiram ao processo.
Causas da primavera árabe
Nem todos os países buscavam derrubar os governos. Em algumas regiões os manifestantes desejavam apenas melhorias nas políticas sociais, condições de emprego adequadas e diminuição da corrupção.
Entre as principais causas para o início dos movimentos da primavera árabe estavam:
• Crises econômicas e aumento do desemprego;
• Aumento no custo de alimentos e de vida;
• Governos totalitários e falta de democracia;
• Pouca liberdade política.
Desdobramentos da primavera árabe
A Tunísia foi o primeiro país a realizar protestos da primavera árabe e dissolver o governo. Após esse primeiro movimento, diversos outros países começaram a se rebelar e pedir melhores condições de vida.
Conheça abaixo algumas das localidades que tiveram governos derrubados e os que ainda realizam manifestações da primavera árabe.
Governos derrubados
Além da Tunísia, outros países conseguiram obrigar seu presidente ou rei a fugir ou pedir novas eleições. Confira as revoluções:
Revolução do Nilo
Os protestos da primavera árabe no Egito duraram de 25 de janeiro até 11 de fevereiro de 2011. Também denominada de Revolução de Lotus ou Dias de Fúria, a população do país protestava contra os longos 30 anos de ditadura de Hosni Mubarak e questionava a falta de políticas sociais.
Após dissolução do governo, novas eleições foram convocadas e Mohammed Morsi foi eleito presidente. No entanto, novos movimentos começaram acontecer dois anos após ele ter tomado posse. Em 2013, Morsi também foi deposto em ato do exército.
Revolução Líbia
Como consequência das agitações na Tunísia, ocorreu a revolução Líbia ou Guerra Civil Líbia. Considerada a revolta mais violenta da primavera árabe, a proposta era acabar com o regime de 42 anos de Muammar Kadhafi. Os rebeldes pegaram em armas para derrubar as tropas do governo e o presidente acabou morto em outubro de 2011.
Uma grande característica desse movimento foi a participação militar da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) com objetivo de derrubar Kadhafi e aumentar sua influência na região.
Revolução Iêmen
A população do Iêmen invadiu as ruas em 2011 para pedir melhores condições de vida e a derrubada de Ali Abdullah Saleh, que completava 33 anos no poder. Em março do mesmo ano, o presidente começou a agir com violência contra os manifestantes. Após a morte de diversas pessoas, Saleh resolveu negociar sua saída do governo.
Em novembro, o governo foi transferido para o vice-presidente – Abd Rabbuh Mansur al-Hadi e este começou a preparar novas eleições em que era o único candidato. Apesar da mudança de governo, até hoje o Iêmen sofre com pobreza e má qualidade de vida.
Países que ainda realizam protestos
Outros países como a Argélia, Jordânia, Marrocos, Síria e Omã ainda realizam manifestações contra o governo. O caso mais marcante acontece na Síria, onde a guerra já deixou milhares de mortos e tem criado um dos maiores grupos de refugiados da história.
A guerra na Síria
A primavera árabe na Síria tornou-se uma das revoluções mais sofridas para a população do país. Isso porque o fornecimento de armas pelos Estados Unidos e o indício de uso de armas químicas pelo governo sírio já gerou muitas mortes.
A Guerra da Síria teve início em 2011, quando os rebeldes foram protestar contra ditador Bashar al-Assad, cuja família já estava a mais de 40 anos no governo. Pouco tempo depois, grandes potências econômicas como os Estados Unidos declararam apoio aos manifestantes e enviaram armas e alimentos com objetivo de derrubar o governo.
Ações da ONU (Organizações das Nações Unidas) são realizadas com objetivo de encontrar acordo para o fim da violência no país. No entanto, toda tentativa de negociação sofrem veto da Rússia que integra o Conselho de Segurança da ONU.
Para complicar ainda mais a situação, o Estado Islâmico também tem se intrometido na Guerra com o objetivo de encontrar formas de instalar o califado na região. O resultado é que hoje a Síria vive um dos piores momentos da sua história, com milhares de pessoas que deixam suas casas por causa da violência e falta de alimentos.
Atualmente, a Síria vive todos esses problemas, além da falta de saneamento básico e água potável. Mais de 400 mil pessoas já morreram, o êxodo aumentou drasticamente e refugiados sírios vivem espalhados em diversos países. Existe ainda o indício de que armas químicas são usadas contra os rebeldes.
O papel das redes sociais
As redes sociais (principalmente Facebook, Twitter, e Youtube) e a internet desempenharam um grande papel durante a primavera árabe.
Elas foram as principais fontes de disseminação de informação e permitiram que as reivindicações políticas, econômicas e sociais da Tunísia e posteriormente da Líbia chegassem a outros países.
Na Tunísia, por exemplo, o número de usuários no país aumentou consideravelmente durante os dois meses da revolução. As contas eram usadas para criar grupos sofre as manifestações, atualizar informações sobre os movimentos da primavera árabe e agendar novos protestos.