A prosa é um gênero textual caracterizado pelo discurso direto e escrito em parágrafos. É o tipo de texto que a maioria das pessoas costuma escrever habitualmente, sem preocupação estilística com rima, estética ou figuras de linguagem.
A prosa nomeia a forma como um texto é escrito. Contrapõe-se à estrutura do verso e ao conteúdo da poesia, adotando uma linguagem com sentido denotativo ou conotativo. Nesse tipo de texto, o escritor expressa-se pela objetividade.
Tipos de prosa e suas classificações
A prosa não deve ser confundida com a poesia, pois são gêneros diferentes. Para entender a diferença entre elas é preciso saber que a poesia é caracterizada pela preocupação com a forma em que as palavras estão dispostas no texto, além de possuir linguagem subjetiva contendo as impressões do autor.
Na poesia há uma preocupação com a estética do texto, diferentemente da prosa que tem o estilo da escrita livre, em texto corrido, sendo a forma mais usada no dia a dia, cuja linguagem é mais objetiva.
A prosa pode ser de dois tipos: narrativa e demonstrativa. Quando é narrativa, ela compreende outras duas categorias, o histórico e a ficção. Já a demonstrativa abrange a oratória e a didática como tratados, ensaios, diálogos e cartas.
Contudo, além dos dois tipos apresentados acima, a prosa pode ser classificada, também, pela sua função. Assim, ela divide-se em argumentativa, dramática, informativa e contemplativa.
Como identificar uma prosa?
Alguns elementos caracterizam a prosa, facilitando a sua identificação. Nesse gênero textual, o sujeito procura transmitir os seus interesses através de uma realidade exterior. Nesse estilo, o personagem é, normalmente, uma outra pessoa, ao contrário do que acontece na poesia.
A linguagem também a diferencia de outros gêneros, pois apresenta predominância da linguagem denotativa, aquela que apresenta sentido real. Utiliza-se, ainda, de discursos analíticos e objetivos, dispensando a ambuiguidade.
A estrutura é isenta de divisões rítmicas intencionais porque visa a expressão do pensamento por meio de estruturas sintáticas lógicas e claras, desenvolvendo-se em um processo com coesão e coerência.
Portanto, a identificação de uma prosa pode ser feita observando os personagens, a linguagem e a estrutura do texto.
Narrativos
A prosa enquadrada como narrativa é vista nos livros de ficção como Neuromancer.
Confira um exemplo a partir do trecho do livro Neuromancer, de William Gibson:
“Às 12:05:00, o nexus espelhado do consórcio Sense/Net já tinha mais de três mil empregados. Cinco minutos após a meia-noite, quando a mensagem dos Modernos terminou em uma explosão que deixou a tela inteira branca, a pirâmide Sense/Net gritou.
Meia dúzia de hovercrafts táticos da Polícia de Nova York, respondendo à possibilidade Azul Nove, convergiram para a Pirâmide Sense/Net. Com holofotes antitumulto em intensidade máxima. Um helicóptero de Ação Rápida do BAMA estava saindo de seu heliponto na Ilha Riker.”
Demonstrativos
A prosa do tipo demonstrativo engloba cartas, diálogos e textos, com intuito de passar conhecimento, como tratados e ensaios.
Confira um exemplo a partir do trecho do livro O pequeno Príncipe, de Antoine Saint Exupéry.
“E foi então que apareceu a raposa:
– Bom dia, disse a raposa.
– Bom dia, respondeu o principezinho, que se voltou, mas não viu nada.
– Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira…
– Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita…
– Sou uma raposa, disse a raposa.
– Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste…
– Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.
– Ah! desculpa, disse o principezinho.
Após uma reflexão, acrescentou:
– Que quer dizer “cativar”?
– Tu não és daqui, disse a raposa. Que procuras?
– Procuro os homens, disse o principezinho. Que quer dizer “cativar”?
– Os homens, disse a raposa, têm fuzis e caçam. É bem incômodo! Criam galinhas também. É a única coisa interessante que fazem. Tu procuras galinhas?
– Não, disse o principezinho. Eu procuro amigos. Que quer dizer “cativar”?
– É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa “criar laços…”
– Criar laços?
– Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo…
– Começo a compreender, disse o principezinho. Existe uma flor… eu creio que ela me cativou…”
Prosa, poesia e prosa-poética
A prosa poética é a poesia escrita como prosa, mas sem rima e métrica, que são características da poesia.
O limite entre poesia e prosa é bastante compreensível, sendo que entre elas existem intermédios chamados de prosas poéticas.
Para a estética clássica a poesia é o texto literário que caracteriza-se pela presença da versificação, da escolha das palavras e utilização das figuras de estilo como metáfora, metonímia, perífrase e sinestesia.
Contudo, as diferenças entre poesia e prosa literária eram incontestadas até a época do Neoclassicismo, quando fundamentavam os gêneros no aspecto formal do texto.
Assim, foi a partir do pré-romantismo que a poesia aproximou-se da prosa literária que tendia a expressar-se pelo uso de imagens, símbolos e renúncia aos esquemas métricos, rítmicos, e estróficos.
Contexto histórico
A prosa desenvolveu-se na Idade Média e iniciou no Brasil durante o século XVII, com os jesuítas, cujo principal nome na época foi Padre Antônio Vieira.
Contudo, foi somente no século seguinte que surgiram os primeiros grêmios literários e eruditos, no país, denominados de “academias”, que surgiram inicialmente na Bahia e no Rio de Janeiro.
Os textos em prosa destacaram-se no Brasil no século XIX, através dos panfletos de Frei Caneca, condenado à morte pela participação na Confederação do Equador.
Também destacaram-se os ensaios de Hipólito da Costa, em O Correio Braziliense, e as crônicas de Evaristo da Veiga.
Nesse contexto, nomes de importantes escritores como José de Alencar, Álvares de Azevedo, Manuel Antônio de Almeida e Joaquim Manuel de Macedo conquistaram o cenário da prosa nacional com literaturas românticas como O Guarani, Noite na Taverna, Memórias de um Sargento de Milícias e A Moreninha, respectivamente.