Resumo de Educação Artística - Quadrilha

A quadrilha é uma dança popular realizada em pares e a condução dos movimentos são comandados pelo marcador quadrilheiro.

A forma tal qual a conhecemos pode ser encontrada em qualquer região do Brasil, mas é na região nordeste onde ocorre maior efervescência cultural da quadrilha.

É por isso que nas apresentações da quadrilha sempre tem um elemento em referência a cultura nordestina, como a caracterização do caipira, do matuto e do agricultor rural.

Engana-se quem pensa que a quadrilha é uma dança originalmente brasileira. Você sabe como iniciou a quadrilha?

Então, a quadrilha era tipicamente dançada pela nobreza palaciana e não tinha nada a ver com o ritmo dinâmico que a quadrilha tem hoje.

Na cidade de Paris, na França, no século XVIII, era muito comum nos eventos nobres e nas festas das famílias abastardas o momento do baile com quatro casais.

E esse baile francês era chamado de “quadrille”. A pesquisadora Eleonora Leal confirma a origem e explica sobre a “quadrille”:

Os nobres franceses começaram a dançar quadrilha no século 18. E a dança era bem diferente há 400 anos. A quadrilha era dançada em formato de quatro pares, daí o nome ‘quadrille’, um de frente para o outro.

Ainda no período do colonialismo no Brasil, aproximadamente em 1830, no governo regencial, a nobreza brasileira conheceu a dança francesa.

E assim como na França era uma dança exclusiva das pessoas da nobreza, no Brasil a coreografia era comum entre as pessoas ligadas à Corte fluminense.

E era a “quadrille” que abria os luxuosos eventos da Corte. Posteriormente, a dança nobre deixou de ser exclusiva e caiu “nas graças” das camadas populares.

Depois disso, foi incorporado na “quadrille” elementos característicos da cultura brasileira.

E assim a “quadrille” tornou-se a nossa quadrilha que com o passar do tempo sofreu muitas mudanças, como o aumento do número de dançarinos quadrilheiros e a não aderência aos passos e ritmos franceses.

Ainda segunda a pesquisadora Eleonora Leal, a quadrilha dançada pelo povo na época colonial já apresentava temas que até hoje ainda servem de inspiração e, consequentemente, ainda tem muita relação com a forma atual:

O que nós dançávamos há um tempo, no século passado, era o que a gente chama de quadrilha junina, que tem a ver com agricultura, com a terra e colheita.

Quadrilha junina tradicional

Atualmente, a quadrilha junina tradicional é caracterizada pela presença de muitos dançarinos quadrilheiros, muitos coloridos e de muitos elementos culturais de cada cidade.

Além disso, a presença marcante do casal de noivos e dos demais personagens, como o delegado, o padre e o juiz, dão um toque teatral na dança.

Vale destacar que é nas festas de São João, comemoradas nos meses de junho, que a dança popular ganha mais visibilidade.

Em muitas localidades brasileiras, principalmente nas interioranas, existem o concurso de quadrilha. E isso faz com que haja muito empenho e dedicação dos dançarinos quadrilheiros.

Assim sendo, os ensaios para as apresentações começam meses antes dos festejos.

Por conta da forte ligação com as festas juninas, os locais onde acontecem as apresentações da dança são tipicamente caracterizados. Geralmente, os espaços são ornamentos com bandeirolas e balões coloridos.

Outro destaque são as fogueiras, que também caracterizam e dão um toque especial no ambiente. Elas podem ser construídas com troncos de árvores e, nesse caso, são naturais. Ou podem ser construídas com papéis celofanes coloridos que, nesse caso, são as fogueiras artificiais.

Passos da quadrilha

Nas apresentações os dançarinos quadrilheiros desenvolvem passos que vão do tradicional ao estilizado.

Criteriosamente as músicas são selecionadas para fazer a animação dos participantes.

O ponto mais alto das apresentações é a do marcador quadrilheiro que, geralmente, ao som da sanfona, do triângulo, do tambor e da viola, agita ainda mais o público e marca os passos dos dançarinos.

O marcador além de dançar entre os dançarinos quadrilheiros, faz brincadeiras e narra os passos. E os dançarinos atentos mudam os passos conforme o comando do marcador.

Os dançarinos quadrilheiros organizadamente se movimentam em filas indianas, em rodas, etc e executam diversos passos. Entre eles os mais conhecidos são:

  • anarriê: Os dançarinos e as dançarinas quadrilheiros separam-se e formam duas colunas no meio do salão;
  • saudação geral: Os dançarinos e as dançarinas quadrilheiros dão passos para frente e cumprimentam um ao outro;
  • preparar para o galope: O dançarino e a dançarina quadrilheiro vestidos de casal de noivos com as mãos dadas a colocam para cima, e depois dão passos de pulos. Os demais enfileirados repetem os movimentem;
  • caminho da roça: Todos organizados em fila, o dançarino quadrilheiro dá um passo para trás da dançarina, coloca as mãos para trás e inclina levemente o corpo;
  • olha a chuva: Todos dançarinos e as dançarinas quadrilheiros fazem uma meia volta no salão. Em seguida, colocam as mãos no alta da cabeça;
  • preparar para o viva: Os dançarinos e as dançarinas quadrilheiros ficam de mãos dadas em uma roda. Quando o marcador fala “viva” todos se dirigem para o centro, levantam os braços e em uma só voz gritam “viva”;
  • preparar para o grande baile: Cada dançarino quadrilheiro pega seu par e começa a fazer os movimentos juntos. Nesse passo, os dançarinos fazem em dupla movimentos de pernas, cabeça, braços, etc.

Ainda pode-se destacar que nas apresentações juninas e através da dança aparecem diversas temáticas. Assim, os dançarinos quadrilheiros incorporam personagens e apresentam uma determinada história ao público, normalmente baseada na realidade social.

É muito comum os dançarinos quadrilheiros encenarem, por meio da dança, a problemática do casamento “forçado”, principalmente nas cidades com muita tradição religiosa.

O enredo dessas apresentações normalmente são muito parecidos. Uma dançarina quadrilheira aparece grávida antes do matrimônio no meio do salão e um dançarino quadrilheiro, que faz o papel de seu pai, a repreende pelo comportamento anticristão.

Depois, aparece um dançarino quadrilheiro vestido de noivo, que é forçado a casar-se com a moça que engravidou. E o casamento é consumado sob a pressão do pai da noiva, com a benção do padre e com a intervenção jurídica dos homens das leis – o juiz e o delegado.