Os quilombos eram locais construídos por escravos que fugiam da escravidão para viverem em liberdade.
Por serem constituídos de habitações precárias, os quilombos também eram chamados de mocambos.
Eram tidos como lugar de refúgio, onde os negros se escondiam e se protegiam dos senhores da casa grande, já que eram instalados em meio a mata onde o acesso era limitado. Alguns quilombos também se formavam a partir do agrupamento de ex- escravos que haviam recebido carta de alforria, juntamente com indígenas, brancos pobres e mestiços.
Durante o período colonial e imperial muitos escravos fugiam de engenhos e fazendas no intuito de viverem em liberdade em um local escondido nas matas, podendo ser em terras compradas, doadas, de heranças ou abandonadas.
Ao se juntarem em grupo construíam pequenas casas de palha e madeira, e começavam a viver independentes. Essas comunidades acabaram se tornando centros de resistências para os escravos que lutavam contra a escravidão.
Muitas vezes os grupos planejavam fugas ou comprava escravos com dinheiro acumulado de seus trabalhos.
Vida nos quilombos
Os pequenos quilombos eram constituídos de pequenas famílias que trabalhavam para o sustento próprio cultivando da terra, criando animais, coletando produtos naturais e realizando atividades comerciais. Os quilombolas em liberdade podiam retomar suas tradições africanas, prosseguir com as manifestações religiosas e criar laços familiares, antes perdidos nas senzalas.
Os contatos comerciais fortaleciam os quilombos e cada vez mais aumentava a quantidade de esconderijos
, que tinham também relações entre si. A força dessa conexão resultou depois no enfraquecimento da sociedade escravista.
Embora possuíssem liberdade para tais atitudes, o grupo escondido vivia atento e vigilante, pois a qualquer momento poderia ser encontrado e destruído pelos brancos.
Enquanto comunidade livre, o povo dos quilombos poderia preservar sua cultura, lutar pelo fim da escravidão e idealizar um novo futuro para filhos e netos. Vários quilombos se formaram ao longo da história em todo o país e um dos mais conhecidos é o Quilombo dos Palmares.
Quilombo do Palmares
Quilombo dos Palmares foi o quilombo mais famoso e habitado da história do Brasil, chegou a ter cerca de 20 mil negros fugidos da região de Pernambuco.
O quilombo era localizado em terras que hoje pertencem ao estado de Alagoas, em uma região serrana cheia de palmeiras, por isso o nome atribuído.
É conhecido como o maior ponto de resistência dos escravos, que se inspiravam a enfrentar o controle dos grupos escravocratas. O principal líder da resistência foi Zumbi dos Palmares.
Mesmo sendo composto por um grupo grande, o quilombo temia sua destruição ameaçada pelos portugueses, por esse motivo a principal preocupação dos quilombos era a sua segurança, reforçada com armadilhas e cercas. No entanto, as sucessivas lutas contra os colonizadores não foram suficientes para manter o quilombo.
Em 1694, depois de muitos ataques de expedições portuguesas, o quilombo foi considerado destruído, mas a revolução perdurou por alguns anos. Inclusive o próprio Zumbi lutou até o dia de sua morte, em 1695.
Os pequenos quilombos dispersados depois da destruição do Quilombo dos Palmares continuaram a resistir e manter-se livres. Muitos, inclusive, sobrevivem até os dias atuais em pequena quantidade e ainda lutando pelos direitos constitucionais concedidos com anos de luta depois da Lei Áurea.
Zumbi dos Palmares
Zumbi dos Palmares foi um líder da resistência negra no período colonial que lutou contra a escravização de negros.
Zumbi ficou à frente do Quilombo dos Palmares entre os anos de 1678 a 1694, ano em que o quilombo foi destruído.
Zumbi nasceu em 1655, no Estado de Alagoas, e seu verdadeiro nome era Francisco. Nasceu homem livre, mas resolveu morar no Quilombo dos Palmares ainda jovem. Morreu em 1695 em uma emboscada feita pelos portugueses.
A data de sua morte, 20 de novembro, é lembrada até hoje como o Dia da Consciência Negra.
A escravidão no Brasil só teve fim depois da assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel em 1888, quase dois séculos depois da morte de Zumbi.
Contexto atual de quilombos no Brasil
Apesar de possuir um caráter histórico, o conceito de quilombo vem sendo recriado no contexto atual para indicar uma situação existente em várias regiões do Brasil.
Atualmente, existem no país centenas de comunidades quilombolas ou remanescentes de quilombolas, locais onde houve a presença de negros fugidos. Os remanescentes de quilombolas são os filhos e netos dos grupos que conseguiram sobreviver.
Por muito tempo houve a necessidade de identificar essas comunidades quilombolas pelo país, que são importantes para a história do povo brasileiro e simbolizam a resistência dos negros à escravidão no Brasil.
Entretanto, o Estado tarda o reconhecimento dos quilombos que vivem em extrema insegurança e sem acesso aos seus direitos concedidos pela Constituição de 1988.
Essa minoria sofre com o desrespeito aos seus direitos fundamentais de propriedade de suas terras, além da questão de racismo que ainda perdura no Brasil após anos de história.
Comunidades remanescentes
O Território Remanescente de Comunidade Quilombola é uma conquista consolidada da população afrodescendente no Brasil.
O resgate da origem viabiliza o reconhecimento da importância do povo afro e do seu empenho em abolir o sistema escravocrata. A categoria de comunidade remanescente de quilombo na esfera rural representa uma força social expressiva que busca a compreensão de sua presença nesse ambiente, além de contribuir para a formação do povo brasileiro.
Para ser reconhecida pela lei, a comunidade remanescente precisa ter as características referidas de um quilombo, como a cultura, a culinária, a religião, o modo de viver, as criações, documentos etc., além de se auto atribuir, sendo declarado pela própria comunidade e depois certificada pela lei.
A Fundação Palmares já certificou cerca de 3.045 comunidades quilombolas no país em 24 estados brasileiros. Ainda existem processos de certificação esperando a análise do Incra e de órgãos estaduais para poderem seguir em procedimento.
Com a certificação, o povo quilombola pode usufruir de benefícios do governo como cotas nas universidades públicas, por exemplo.
Bahia, Maranhão, Minas Gerais e Pará são os estados com maiores índices de comunidades quilombolas no país. Muitas comunidades vivem em harmonia com vizinhos não quilombolas e possuem os mesmos direitos de estudar, de ter saúde, alimentação, entre outros.
Embora o reconhecimento oficial transforme as comunidades quilombolas mais visíveis e contribua na obtenção de direitos, elas ainda sofrem com injustiças sociais em que casos de assassinatos, agricultura destruída, invasões, despejos de terras já tituladas e casas queimadas ameaça a convivência tranquila dos quilombolas.
A sobreposição do território com áreas protegidas também é um grande desafio para esse povo que luta diariamente para resolver tais conflitos.