O Realismo iniciou na Europa, especialmente na França, na metade do século XIX. O movimento artístico e literário se expandiu por outros países após a publicação do romance “Madame Bovary”, de Gustave Flaubert.
O livro abordava as história do cotidiano sem subjetivismo. Na obra, o amor foi retratado de forma completamente diferente do que as pessoas estavam acostumadas, pois o autor apresentava o adultério e suas possíveis consequências de forma direta, objetiva e sem rodeios.
A escola literária foi também uma resposta ao sentimentalismo exagerado pregado pelo movimento anterior, o Romantismo. O uso de uma linguagem mais clara permitia aos artistas desse período retratar um conteúdo racionalista, focado diretamente nas razões.
Dessa forma, o Realismo se destacou no âmbito da literatura, escultura, teatro e artes plásticas, onde o movimento ganhou mais destaque. Entre os objetivos principais estava o anseio pela máxima aproximação com a realidade.
Para compreender melhor essa época, é necessário entender o seu contexto no continente europeu. O Realismo também teve uma forte influência no Brasil, principalmente, na literatura com Machado de Assis.
Contexto histórico
O período que marcou a história do Realismo na Europa ficou notoriamente conhecido como “Belle Époque”. Nessa época, o capitalismo começava a se concentrar em grandes centros urbanos como Paris, Londres e Berlim.
Com a Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra no século XVIII, as indústrias começaram a se desenvolver, fortalecendo a utilização de novos materiais como o aço, o petróleo e a eletricidade.
Diante das mudanças no cenário econômico desses países, surgiu o Realismo, uma escola literária que enfrentou momentos difíceis na história do continente. Período marcado por revoltas sociais e insatisfações políticas.
No entanto, esses acontecimentos foram determinantes para a construção das características do Realismo, pois os autores queriam aproveitar o momento para retratar em suas obras a realidade enfrentada pelo ser humano de forma mais verdadeira.
Ao contrário dos antigos movimentos culturais, o Realismo explanava um forte caráter ideológico marcado por uma linguagem política e de denúncia dos problemas sociais. Os artistas mostravam a miséria, a pobreza, a exploração e a corrupção.
Realismo nas Artes Plásticas
Nos quadros, os artistas buscavam expressar a verossimilhança do cotidiano, por isso, em suas obras, eles retratavam cenas vividas pela camada mais pobre da sociedade. As cores fortes eram usadas para expressar claramente o sentimento de tristeza vivida por essas pessoas.
Um dos grandes pintores da escola literária, foi o francês Gustave Coubert. As suas telas chocaram o público pela forte presença do Realismo e temas sociais. Entre as principais obras, vale destacar: “Os Quebradores de Pedras” e “Enterro em Ornans”. Além de Coubert, se destacaram os pintores Honoré Daumier, Jules Breton, Jean-François Millet e Édouard Manet.
Realismo na literatura
O Realismo viveu um momento de auge na literatura. A obras, especialmente, os romances possuíam caráter social e psicológico destacando temas considerados polêmicos para a sociedade. Nessa época, as instituições sociais, a exemplo da Igreja Católica, estavam sendo duramente criticadas.
Além disso, os escritores criticavam em suas obras literária o preconceito, a intolerância e a exploração, utilizando-se sempre de uma linguagem direta e objetiva. Em Portugal, um dos representantes do movimento literário foi Éça de Queirós, com “O crime do padre Amaro”.
Entre as obras que ganharam destaque na passagem do Romantismo para o Realismo vale destacar: “A Comédia Humana”, do escritor Honoré de Balzac, “O Vermelho e o Negro” de Stendhal, Carmen de Prosper Merimée e “Almas Mortas” de Nikolai Gogol.
Realismo no teatro
Nas peças de teatro realista, o herói romântico é substituído por personagens simples do cotidiano. Os problemas vividos pela sociedade transformam-se em temas para os dramaturgos realistas. A linguagem sofisticada usada pelo Romantismo também é trocada pela simplicidade das palavras faladas pelo povo.
O dramaturgo francês Alexandre Dumas, autor de “A Dama das Camélias” foi o primeiro a representar a fase realista no teatro. Com isso, é importante ressaltar outras importante peças como, por exemplo, “Ralé e Os Pequenos Burgueses” do artista Gorki, “Os Tecelões” de Gerhart Hauptmann e “Casa de Bonecas” do norueguês Henrik Ibsen.
Realismo no Brasil
Diferente do que acontecia na Europa, o Brasil não era um país totalmente industrializado, pois tratava-se de uma nação predominantemente, agrícola, monarquista e escravocrata. Porém, a segunda Revolução Industrial trouxe grandes mudanças para o desenvolvimento do país.
Além disso, a abolição da escravatura em 1888, fez com que muitos imigrantes procurassem por emprego nos grandes centros urbanos do país. Ainda nesse período, vale destacar o término do segundo Reinado com a Proclamação da República, em 1889.
Diante desses acontecimentos históricos, em 1881, o Realismo se manifestava na literatura brasileira com a publicação das primeiras prosas. Os romances realistas serviram como instrumento de crítica aos comportamentos dos burgueses e das principais instituições sociais.
Os estudiosos da literatura consideram a publicação do livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, do escritor Machado de Assis, o marco inicial do movimento no Brasil. Pois na obra, o autor fez duras críticas à sociedade.
Machado de Assis se destacou pelas narrativa detalhada e descritiva em seus textos. Assim como ele, outros artistas do realismo incentivavam em suas obras uma profunda análise psicológica dos personagens, trazendo para a literatura a veracidade e contemporaneidade da época.
Ele foi considerado um dos maiores e mais completos escritores da literatura brasileira. Em sua carreira, viveu duas fases: a fase preparatória, quando se despedia do Romantismo e a realista, quando já estava totalmente imerso no Realismo.
Ele escreveu poesias, contos, romances, crônicas e peças de teatro. Além disso, foi fundador da Academia Brasileira de Letras (ABL). No realismo, ele teve grande destaque com a publicação dos livros:
- “Ressurreição” (1872);
- “A mão e a luva” (1874);
- “Helena” (1876);
- “Iaiá Garcia” (1878);
- “Memórias Póstumas de Brás Cubas” (1881);
- “Quincas Borba” (1886);
- “Dom Casmurro” (1899);
- “Esaú e Jacó” (1904);
- “Memorial de Aires” (1908).