Rococó foi um movimento artístico que teve origem na França e se desenvolveu nos demais países da Europa no século XVIII. Surgiu como um desdobramento do Barroco, porém mais intimista e leve, usado inicialmente na decoração de interiores.
A palavra Rococó tem origem francesa (“rocaille”) e significa “concha”, que tem relação com os elementos decorativos que caracterizam esse estilo. É associado também ao termo “embrechado”, uma técnica de incrustação de conchas e pedações de vidro comumente utilizados na decoração de grutas artificiais.
Chegou ao Brasil por meio dos portugueses e teve grande destaque no mobiliário, conhecido como estilo “Dom João V”.
História
O Rococó surgiu em Paris, por volta de 1720, e durou até meados de 1770 . Vale frisar que anos antes, durante o reinado de Luís XIV (1643 e 1715), os franceses enfrentaram uma monarquia autoritária e centralizadora que refletiu nas artes, dando a elas uma feição clássica.
Quando a corte mudou de Versalhes para Paris, após a morte de Luís XIV, os banqueiros, financistas e homens de negócio que não pertenciam à aristocracia por nascimento, já tinham condições de proteger os artistas e por isso, eram seus clientes preferidos. Com isso, muitos quadros e estatuetas de porcelana foram produzidos para enfeitar as residências dessa sociedade da época.
Dessa forma, esse estilo artístico refletiu os valores de uma sociedade que buscava a felicidade e os prazeres sensuais nas obras de arte por meio de cenas eróticas da vida cortesã, festas galantes, mitologia, estilização naturalista do mundo vegetal, entre outras particularidades.
No Brasil, difundiu-se já no século XIX, principalmente na pintura mural, arquitetura, e na escultura de madeira e pedra-sabão, porém, ainda com características muito semelhantes ao Barroco.
Características do Rococó
Em oposição ao Barroco, o Rococó se expressou por meio de diversos tipos de arte: pintura, arquitetura, música, escultura, entre outros, e tinha como característica a valorização das linhas curvas, leves e delicadas em formato de concha, diferentemente das linhas retorcidas predominantes na arte barroca.
Outros atributos desse estilo artístico são as cores suaves, o caráter intimista, a elegância e, conforme já citado, a representação dos costumes da sociedade da época, como a exuberância e a frivolidade.
Arquitetura
Na arquitetura, predominavam as proporções menores, de maneira geral, com edifícios baixos de apenas dois andares.
Fachadas alinhadas, ângulos retos suavizados por curvas, portas e janelas maiores com arcos, consolas (peça que serve para colocar estatuetas, vasos e outros objetos decorativos) são outras características.
O Rococó teve destaque nos ambientes internos, com decoração ornamentada e rica em detalhes, com formatos ovais, pinturas suaves e luminosas, além de espelhos e detalhes florais.
Pintura
O destaque são as cenas mundanas. Algumas retratavam ambiente de luxo, erotismo, sedução e os costumes da época. Também eram pintados quadros de parques, natureza, jardins, elementos marinhos como ondas e conchas.
O branco, azul e rosa eram as principais cores utilizadas dando um ar mais luminoso, leve e gracioso aos desenhos.
Escultura
Em contraponto ao Barroco, a escultura do Rococó é caracterizado por linhas suaves. Além de retratar pessoas influentes da época, eram criadas muitas estatuetas decorativas de pequeno porte, como bustos, bibelôs, que complementavam a arquitetura.
Essas obras eram constituídas de materiais como madeira, argila, gesso, ouro, prata e porcelana, a mais usada nas pequenas esculturas.
Já nas estatuárias de grande porte, eram utilizadas pedra e bronze. Representações religiosas eram menos sérias, com roupagens mais luxuosas e poses galantes.
Rococó no Brasil
Diferentemente do que aconteceu em outros países, com representações da vida aristocrática e profana, no Brasil o Rococó floresceu em meio a grande influência religiosa se misturando com o Barroco no Brasil e, por conta disso, é mais difícil diferenciá-los.
Dessa forma, a arquitetura religiosa com características desse estilo artístico pode ser vista nas cidades de Minas Gerais, Belém, Bahia, Rio de Janeiro e Pernambuco.
A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Salvador, é um exemplo. O tom azul na parte externa, a leveza das linhas e frisos que emolduram as janelas, os campanários e bulbos sobrepostos são qualidades do Rococó.
Principais artistas no Brasil e no mundo
Na pintura, François Boucher (1703-1770) foi um dos principais expoentes, sendo considerado o maior artista decorativo desse período na Europa por suas pinturas idílicas, com volume e carisma. Algumas de suas principais obras são “Rinaldo e Armida”, “O Descanso na Fuga para o Egito”, “Diana Saindo do Banho”, “Pastorale”, “Triunfo de Vênus”, entre outras.
Jean-Antoine Watteau (1684-1721) também foi destaque na pintura ao retratar paisagens campestres bucólicas como palco de festas e representações teatrais, representando o cotidiano da sociedade da época.
Outro nome importante do Rococó é Juste-Aurèle Meissonier (1695-1750). Escultor, arquiteto, ourives, pintos e desenhista de móveis francês, é considerado o pioneiro desse estilo na arte decorativa.
Também na França, o gravurista e escultor Pierre Lepautre (1659-1744) foi uma importante figura na escultura. Era membro de uma importante família de artistas do século XVII e XVIII.
Na arquitetura europeia, o alemão Johann Michael Fischer (1692-1766) se destacou, sendo responsável pela construção da abadia beneditina de Ottobeuren e vários edifícios na Baviera, além de restaurar dezenas de palácios, igrejas e mosteiros.
Entre os brasileiros, Manuel da Costa Ataíde, Francisco Xavier de Brito e Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho são os grandes artistas que produziram obras que iam do Barroco ao Rococó.
Rococó no Enem
O Rococó é um assunto que pode cair na prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias do Exame Nacional do Ensino Médio, relacionada ao barroco. Portanto, é importante identificar as principais diferenças entre esses dois estilos artísticos.
O barroco tinha como principais características o teocentrismo (Deus como centro do universo) pela necessidade da igreja de se reaproximar dos fieis após a Reforma Protestante, além da dualidade entre os prazeres do corpo e a espiritualidade, obras rebuscadas, linhas em detalhes e a expressividade dramática.
Já o Rococó teve como destaque a retratação dos costumes da época com cenas sensuais, mas com linhas e formas leves, cores suaves e caráter intimista.