O Tropicalismo, também conhecido como Tropicália ou movimento tropicalista, foi um movimento da cultura brasileira que aconteceu no final da década de 1960. A maior influência do movimento foi vista nas músicas, mas ele também influenciou as artes, como o teatro e o cinema.
O movimento surgiu como uma forma de manifestação contra, entre outras coisas, a pressão feita pela ditadura militar do Brasil. Nas letras das músicas, era possível ver mensagens que iam contra as pressões e preocupações da época, mas de forma mais sútil e com menos influência da militância.
O movimento tropicalista era marcado também por um estilo característico de roupas. Os artistas usavam roupas em excesso, com muitas cores e os cabelos eram compridos.
A intenção dos artistas era, através das roupas que chocavam, protestar contra a música brasileira tida como comportada ou chique. Suas letras debochadas e com tons de paródia deixavam claro suas inconformidades.
Na música, o Tropicalismo teve como principais nomes os cantores Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Tom Zé, Os Mutantes e outros. No cinema, o movimento foi visto nos trabalhos de Glauber Rocha, enquanto no teatro era visto nas peças de José Celso Martinez Corrêa.
No cinema, o filme Terra em Transe de Glauber Rocha foi um dos maiores representantes do movimento das telas. O filme de 1967, foi uma das influências para a composição da letra da canção Tropicália, de Caetano Veloso.
Após marcar o país com suas letras e expressões artísticas, o Tropicalismo teve seu fim em 1968, após a prisão de Gilberto Gil e Caetano Veloso, deixando seu grande legado.
O Surgimento do Tropicalismo
A cultura dos anos 60 no Brasil passava por uma série de transformações e influências. No cinema de Glauber Rocha e de Joaquim Pedro de Andrade, na música de muitos artistas e no teatro de José Celso Martinez Corrêa e de Oswald de Andrade.
O Tropicalismo surgiu com a intenção de promover mudanças através de expressões artísticas variadas, envolvendo todo tipo de movimento cultural. Mas foi na música que o movimento se tornou conhecido.
O estilo surgiu a partir da junção de um grupo de artistas brasileiros que se apresentavam em programas televisivos da época. O Festival de Música Popular Brasileira era realizado pelas emissoras TV Record e Rede Globo, com o objetivo de lançar novas canções.
Foi considerado o movimento mais original do país após a Bossa Nova, que teve fim em 1965, dando origem a Música Popular Brasileira. O marco do surgimento do Tropicalismo aconteceu em 1967 no 3º Festival de Música Popular Brasileira.
Nesse evento, o cantor Caetano Veloso interpretou a canção “Alegria Alegria”, em seguida Gilberto Gil cantou “Domingo no Parque” ao lado da banda Os Mutantes. As interpretações dos cantores fizeram com que, no ano seguinte, o festival fosse totalmente tropicalista.
O nome do movimento foi criado pelo artista plástico Hélio Oiticica e foi usado inicialmente sem a intenção por jornalistas. Mais tarde, os artistas adotaram o nome como título do movimento.
O Tropicalismo foi alvo de muitas críticas por conta de suas letras. Pessoas que eram contra o movimento diziam que as composições não tinham comprometimento e posicionamento contra a política e a ditadura militar.
Os próprios artistas ligados ao movimento tropicalista diziam que essa não era a intenção das suas letras. Pelo menos não de forma clara ou tradicional.
Os tropicalistas diziam que a intenção das suas músicas era justamente fugir das formas de críticas comuns que eram feitas e, por isso, buscavam outros caminhos.
Outra forma de protesto que podia ser encontrado no Tropicalismo era com a imagem estereotipada do Brasil em outros países. Nessa época, a cantora e atriz Carmen Miranda passou a aparecer no movimento tropicalista.
A cantora não era citada por sua contribuição na música brasileira ou como cantora ou mesmo como atriz. A imagem de Carmem que era passada para o mundo, de um Brasil tropical, era utilizada em letras do Tropicalismo, como por exemplo em Tropicália, de Caetano Veloso.
Esse mesmo músico, inclusive, utilizava de trejeitos que remetiam a Carmen Miranda nos shows. O modo como ela movia e torcia as mãos e revirava os olhos, por exemplo.
Pós-Tropicalismo
Os anos seguintes ao Tropicalismo deram lugar a um movimento novo, chamado de Pós-Tropicalismo. Surgido em 1969, durou até 1974 e teve como características as canções de cunho mais sombrio.
As letras falavam sobre solidão, escuridão, tristeza e até sobre morte. Os cantores dessa fase adquiriam posturas hippies e alternativas, e falavam sobre suas derrotas e perdas.
O período teve como maior nome a cantora Gal Costa. Essa, ainda no Tropicalismo, era considerada a musa do movimento. Com a prisão e exílio de Gilberto Gil e Caetano Veloso, Gal se tornou um forte nome do movimento.
No início, adotou uma postura agressiva, que acompanhava suas letras. Em seguida, passou a assumir uma postura mais hippie.
Caetano Veloso
Cantor que liderou o movimento tropicalista, Caetano Emanuel Viana Teles Veloso, ou só Caetano Veloso, é baiano e nasceu na cidade de Santo Amaro, no Recôncavo Baiano. Lançou seu primeiro álbum em 1967, com participação de Gal Costa.
No ano seguinte liderou o Tropicalismo e, ao lado de nomes como Gal Costa, Nara Leão, Gilberto Gil, Tom Zé, Os Mutantes e outros, lançou o álbum Tropicalia Ou Panis Et Circencis.
Foi preso em 1968, junto com Gilberto Gil, acusados de terem desrespeitado o hino nacional. Foram para o exílio em 1969, ano em que o movimento tropicalista perdeu força.
O cantor lançou um livro intitulado “Verdade Tropical“, lançado em 1997. Na publicação, Caetano conta suas memórias do período do movimento tropicalista. O livro tem 524 páginas.
Músicas do Tropicalismo
- Tropicália – Caetano Veloso
- Alegria Alegria – Caetano Veloso
- Domingo no Parque – Gilberto Gil
- É Proibido Proibir – Caetano Veloso
- Divino Maravilhoso – Gal Costa
- Aquele Abraço – Gilberto Gil
- Bat Macumba – Os Mutantes
- Miserere Nóbis – Os Mutantes
- Soy Loco Por Ti America – Caetano Veloso
- Roda Viva – Chico Buarque
- Panis Et Circenses – Os Mutantes
- Menino do Rio – Caetano Veloso
- Atrás do Trio Elétrico – Caetano Veloso
- A Minha Menina – Os Mutantes
- Aquele Abraço – Gilberto Gil