Resolver o Simulado Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - Agente Técnico - Estatístico - CESGRANRIO - Nível Médio

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Estatística

1

Uma empresa tem 38 funcionários, sendo a média de idade 32 anos e o desvio padrão de 4 anos. Foram contratados mais dois funcionários, ambos com 32 anos.

Em relação à variância original, a variância da nova distribuição de salários ficará

Dado
A variável idade é expressa em termos de anos completos.

  • A 5% menor
  • B 23,75% menor
  • C 76,25% menor
  • D 95% menor
  • E não se alterará
2

Um departamento de uma empresa tem dois caminhões à sua disposição para o transporte de equipamentos. A probabilidade de o caminhão 1 estar disponível quando necessário é de 0,84, e a do caminhão 2 é de 0,92.

A probabilidade de os caminhões 1 e 2 estarem disponíveis para uma determinada solicitação é de

  • A 0,36
  • B 0,77
  • C 0,85
  • D 1,4
  • E 1,7
3

Suponha que o tempo de vida de baterias de celular tenha distribuição normal com média de 120 minutos e variância de 100 minutos.

Qual é a probabilidade aproximada de uma bateria durar menos que 100 minutos?

  • A 0,15%
  • B 2,5%
  • C 5%
  • D 10%
  • E 16%
4

Considere o universo de doze signos zodiacais.

Em um grupo de quatro pessoas, a probabilidade de elas serem regidas por exatamente dois signos é

  • A Imagem relacionada à questão do Questões Estratégicas
  • B Imagem relacionada à questão do Questões Estratégicas
  • C Imagem relacionada à questão do Questões Estratégicas
  • D Imagem relacionada à questão do Questões Estratégicas
  • E Imagem relacionada à questão do Questões Estratégicas
5

Em uma pesquisa de opinião, 400 pessoas de uma cidade são entrevistadas aleatoriamente e 50% se dizem favoráveis à construção de uma nova praça.

Um intervalo de 95% de confiança para essa proporção, aproximadamente, é

  • A [40% ; 60%]
  • B [45% ; 55%]
  • C [46,25% ; 53,75%]
  • D [47,5% ; 52,5%]
  • E [48,75% ; 51,25%]
6

Um engenheiro mecânico oferece determinado equipamento desenvolvido por ele para duas empresas, que estipulam um prazo de uma semana para uma decisão. A probabilidade de o engenheiro receber uma oferta da empresa 1 é de 0,5, e da empresa 2 é de 0,7, e de ambas as empresas é de 0,4.

A probabilidade de que o engenheiro consiga uma oferta de pelo menos uma das empresas é de

  • A 0,3
  • B 0,5
  • C 0,8
  • D 1,4
  • E 1,6
7

Suponha o seguinte modelo MA(1):

yt = ut + a1 (ut-1 )

em que ut é um ruído branco cuja variância é igual a σ2 .
Assim, a variância incondicional e as autocorrelações de primeira e de segunda ordens são iguais, respectivamente, a

  • A a1 σ2 , a1 /(1 + a1 2 ) e 0
  • B (1 + a1 2 ) σ2 , a1 /(1 + a1 2 ) e 0
  • C (1 + a1 2 ) σ2 , 0 e 0
  • D (1 + a1 2 ) σ2 , a1 e a12
  • E (1 + a1 2 ) σ2 , a1 /(1 + a1 ) e 0
8

Dados históricos revelaram que 40% de uma população têm uma determinada característica.

Desses 40%, 25% têm o perfil desejado por um pesquisador. Quantas pessoas devem ser entrevistadas, no mínimo, para que a probabilidade de encontrar pelo menos uma pessoa com o perfil desejado pelo pesquisador seja igual ou superior a 70%?

Imagem relacionada à questão do Questões Estratégicas

  • A 10
  • B 11
  • C 12
  • D 13
  • E 14
9

Uma criança brincando na areia da praia com uma vareta de tamanho μ resolveu desenhar um quadrado de lado μ. O tamanho μ era desconhecido. Ao observar o desenho, sua mãe desejou estimar a área do quadrado. Para tanto, ela fez n medições independentes da vareta, X1 , X2 , ...,Xn . Assumindo que cada Xi tenha média μ e variância σ2 , e considerando o estimador Imagem relacionada à questão do Questões Estratégicasda área do quadrado, qual é a tendenciosidade do estimador?

  • A Imagem relacionada à questão do Questões Estratégicas
  • B Imagem relacionada à questão do Questões Estratégicas
  • C Imagem relacionada à questão do Questões Estratégicas
  • D Imagem relacionada à questão do Questões Estratégicas
  • E Zero
10

A função de densidade de probabilidade conjunta das variáveis aleatórias X e Y é

Imagem relacionada à questão do Questões Estratégicas

A constante c do modelo conjunto vale

  • A 1
  • B 4
  • C 6
  • D 12
  • E 16

Matemática

11

Uma sequência de números reais tem seu termo geral, an , dado por an = 4.23n+1, para n ≥ 1.

Essa sequência é uma progressão

  • A geométrica, cuja razão é igual a 2.
  • B geométrica, cuja razão é igual a 32.
  • C aritmética, cuja razão é igual a 3.
  • D aritmética, cuja razão é igual a 1.
  • E geométrica, cuja razão é igual a 8.
12
A vitrinista de uma loja de roupas femininas dispõe de 9 vestidos de modelos diferentes e deverá escolher 3 para serem exibidos na vitrine.

Quantas são as escolhas possíveis?
  • A 84
  • B 96
  • C 168
  • D 243
  • E 504
13

Em uma caixa há n fichas, todas pretas, e, em um saco opaco há 144 fichas, todas vermelhas. Todas as fichas têm o mesmo formato e são indistinguíveis pelo tato. Metade das fichas pretas é retirada da caixa e colocada no saco. Desse modo, se uma ficha for retirada do saco, a probabilidade de que ela seja vermelha é 8/ 9 .

Qual é o valor de n?

  • A 36
  • B 44
  • C 72
  • D 126
  • E 180
14

O produto de dois números naturais, x e y, é igual a 765. Se x é um número primo maior que 5, então a diferença y – x é igual a

  • A 6
  • B 17
  • C 19
  • D 28
  • E 45

Matemática Financeira

15

Um cliente fez um investimento de 50 mil reais em umBanco, no regime de juros compostos. Após seis meses,ele resgatou 20 mil reais, deixando o restante aplicado.Após um ano do início da operação, resgatou 36 mil reais,zerando sua posição no investimento.

A taxa semestral de juros proporcionada por esse investimentopertence a que intervalo abaixo?

Dado √76 = 8,7

  • A 7,40% a 7,89%
  • B 8,40% a 8,89%
  • C 6,40% a 6,89%
  • D 6,90% a 7,39%
  • E 7,90% a 8,39%

Matemática

16

No início de um reality show havia 12 participantes. A primeira prova do programa teve a participação de duas pessoas.

De quantas maneiras diferentes o grupo que participou dessa prova poderia ter sido composto?

  • A 24
  • B 48
  • C 66
  • D 132
  • E 144
17

Um caminhão saiu do depósito carregado com 145 botijões de gás de cozinha. Entregou 36 botijões no primeiro ponto de venda, 57 no segundo e os restantes, no terceiro.

Quantos botijões foram entregues no terceiro ponto de venda?

  • A 51
  • B 52
  • C 55
  • D 57
  • E 62
18

Duas distribuidoras de gás, P e Q, são as responsáveis pela distribuição de botijões de gás de uma cidade. Dos 2.500 botijões distribuídos diariamente por P, 2% apresentam defeito e, dos 4.500 botijões distribuídos diariamente por Q, 5% apresentam defeito.

Se João é um morador dessa cidade e recebeu, nessa manhã, um botijão de gás defeituoso, qual é a probabilidade de João tê-lo recebido da distribuidora Q?

  • A 9 /11
  • B 9 /14
  • C 5 /7
  • D 2 /5
  • E 1 /20
19

Considere duas propostas para a compra de um automóvel que custa R$ 30.603,00.

Proposta X: 1% de desconto para pagamento à vista.

Proposta Y: pagamento único para daqui a dois meses.

Sejam D a diferença aproximada entre o valor presente líquido da proposta X e o da proposta Y, e um comprador que tem o dinheiro aplicado a juros compostos de 1% ao mês.

Utilizando o método do valor presente líquido para decidir, é preferível, para o comprador considerado, a proposta

  • A X, pois D é de menos R$ 3,00.
  • B Y, pois D é de R$ 882,00.
  • C X, pois D é de menos R$ 612,00.
  • D X, pois D é de menos R$ 921,00.
  • E Y, pois D é de R$ 297,00.
20

Em uma progressão geométrica de seis termos e razão 2, a diferença entre os dois últimos termos é 48.

Qual é o primeiro termo dessa progressão?

  • A 3
  • B 6
  • C 12
  • D 14
  • E 28

Português

21

A negação do meio ambiente

O século 20 conseguiu consolidar o apartheid entre a humanidade e as dinâmicas próprias dos ecossistemas e da biosfera. Até o final do século 19, quando nasceu meu avô, a vida na Terra, em qualquer que fosse o país, tinha estreitos laços com os produtos e serviços da natureza. O homem dependia de animais para a maior parte do trabalho, para locomoção e mal começava a dominar máquinas capazes de produzir força ou velocidade. Na maioria das casas, o clima era regulado ao abrir e fechar as janelas e, quando muito, acender lareiras, onde madeira era queimada para produzir calor.

Cem anos depois, a vida é completamente dominada pela tecnologia, pela mecânica, pela química e pela eletrônica, além de todas as outras ciências que tiveram um exponencial salto desde o final do século 19. Na maior parte dos escritórios das empresas que dominam a economia global, a temperatura é mantida estável por equipamentos de ar-condicionado, as comunicações são feitas através de telefones sem fio e satélites posicionados a milhares de quilômetros em órbita, as dores de cabeça são tratadas com comprimidos, e as comidas vêm em embalagens com códigos de barra.

Não se trata aqui de fazer uma negação dos benefícios do progresso científico, que claramente ajudou a melhorar a qualidade de vida de bilhões de pessoas, e também deixou à margem outros bilhões, mas de fazer uma reflexão sobre o quanto de tecnologia é realmente necessário e o que se pode e o que não se pode resolver a partir da engenharia. As distâncias foram encurtadas e hoje é possível ir a qualquer parte do mundo em questão de horas, e isso é fantástico. No entanto, nas cidades, as distâncias não se medem mais em quilômetros, mas sim em horas de trânsito. E isso se mostra um entrave para a qualidade de vida.

Há certo romantismo em pensar na vida em comunhão com a natureza, na qual as pessoas dedicam algum tempo para o contato com plantas, animais e ambientes naturais. Eu pessoalmente gosto e faço caminhadas regulares em praias e trilhas. Mas não é disso que se trata quando falo na ruptura entre a engenharia humana e as dinâmicas naturais. Há uma crença que está se generalizando de que a ciência, a engenharia e a tecnologia são capazes de resolver qualquer problema ambiental que surja. E esse é um engano que pode ser, em muitos casos, crítico para a manutenção do atual modelo econômico e cultural das economias centrais e, principalmente, dos países que agora consideramos “emergentes”.

Alguns exemplos de que choques entre a dinâmica natural e o engenho humano estão deixando fraturas expostas. A região metropolitana de São Paulo está enfrentando uma das maiores crises de abastecimento de água de sua história. As nascentes e áreas de preservação que deveriam proteger a água da cidade foram desmatadas e ocupadas, no entanto a mídia e as autoridades em geral apontam a necessidade de mais obras de infraestrutura para garantir o abastecimento, como se a produção de água pelo ecossistema não tivesse nenhum papel a desempenhar.

No caso da energia também existe uma demanda incessante por mais eletricidade, mais combustíveis e mais consumo. Isso exige o aumento incessante da exploração de recursos naturais e não renováveis. Pouco ou nada se fala na elaboração de programas generalizados de eficiência energética, de modo a economizar energia sem comprometer a qualidade de vida nas cidades.

Todos esses dilemas, porém, parecem alheios ao cotidiano das grandes cidades. A desconexão vai além da simples percepção, nas cidades as pessoas se recusam a mudar comportamentos negligentes como o descarte inadequado de resíduos ou desperdícios de água e energia. Há muito a mudar.

Pessoas, empresas, governos e organizações sociais são os principais atores de transformação, mudanças desejáveis e possíveis, mas que precisam de uma reflexão de cada um sobre o papel do meio ambiente na vida moderna

Com base no desenvolvimento do sexto parágrafo, a frase “Isso exige o aumento incessante da exploração de recursos naturais e não renováveis.” ( l. 66-67) expressa, em relação à frase imediatamente anterior, a ideia de

  • A tempo
  • B condição
  • C concessão
  • D comparação
  • E consequência
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TINGA, DO CRUZEIRO, É ALVO DE RACISMO NA LIBERTADORES

Jogador entrou no segundo tempo da derrota para o Real Garcilaso, do Peru. A cada vez que tocava na bola, gritos da torcida local imitavam o som de macacos

O Cruzeiro estreou com derrota na Libertadores. Atuando em Huancayo, no Peru, o atual campeão brasileiro perdeu para o Real Garcilaso por 2 a 1 na noite desta quarta-feira, em uma partida considerada difícil pelos jogadores celestes. Os atletas apontaram a altitude, o gramado ruim e as péssimas condições do estádio como fatores que os prejudicaram. Mas nenhum dos adversários dentro ou fora do gramado chateou mais os cruzeirenses do que uma demonstração de racismo por parte da torcida peruana, que teve como alvo o meio-campista Tinga.

O jogador entrou na segunda etapa e, a cada vez que recebia a bola e a dominava, uma sonora vaia formada por gritos que imitavam o som de macacos vinha das arquibancadas, cessando em seguida, assim que outro jogador pegava na bola. “A gente fica muito chateado, a gente tenta competir, mas fica chateado de acontecer isso em 2014, próximo da gente. Infelizmente aconteceu. Já joguei alguns anos da minha vida na Alemanha e nunca aconteceu isso lá. Aqui, em um país tão próximo, tão cheio de mistura, acontece (isso)”, lamentou o jogador em entrevista após a partida.

Hostilizado, Tinga foi além. O meio-campista declarou que preferia não ter conquistado nenhum título em sua carreira se pudesse viver sem o preconceito. “Eu queria, se pudesse, não ganhar nada e ganhar esse título contra o preconceito. Trocava todos os meus títulos pela igualdade em todas as áreas”.

O episódio despertou a solidariedade até do presidente do arquirrival Atlético-MG. “Racismo na Libertadores? Me tiraram o prazer da derrota do Cruzeiro. Lamentável!”, postou o dirigente Alexandre Kalil no Twitter.

No Texto II, o uso da expressão nominal “jogadores celestes” (l 5) tem por finalidade

  • A enaltecer as qualidades do time do Cruzeiro frente ao Real Garcilaso.
  • B apresentar a solidariedade do periódico para com o jogador vítima de racismo.
  • C induzir o leitor a se compadecer do Cruzeiro em virtude do acontecido.
  • D garantir a clareza do texto no que toca ao estabelecimento de laços coesivos.
  • E eximir o Real Garcilaso da responsabilidade sobre a atitude racista dos torcedores.
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Prova falsa

Quem teve a ideia foi o padrinho da caçula — ele me conta. Trouxe o cachorro de presente e logo a família inteira se apaixonou pelo bicho. Ele até que não é contra isso de se ter um animalzinho em casa, desde que seja obediente e com um mínimo de educação.

— Mas o cachorro era um chato — desabafou.

Desses cachorrinhos de raça, cheios de nhém- -nhém-nhém, que comem comidinha especial, precisam de muitos cuidados, enfim, um chato de galocha. E, como se isto não bastasse, implicava com o dono da casa.

— Vivia de rabo abanando para todo mundo, mas, quando eu entrava em casa, vinha logo com aquele latido fininho e antipático de cachorro de francesa.

Ainda por cima era puxa-saco. Lembrava certos políticos da oposição, que espinafram o ministro, mas quando estão com o ministro ficam mais por baixo que tapete de porão. Quando cruzavam num corredor ou qualquer outra dependência da casa, o desgraçado rosnava ameaçador, mas quando a patroa estava perto abanava o rabinho, fingindo-se seu amigo.

— Quando eu reclamava, dizendo que o cachorro era um cínico, minha mulher brigava comigo, dizendo que nunca houve cachorro fingido e eu é que implicava com o “pobrezinho”.

Num rápido balanço poderia assinalar: o cachorro comeu oito meias suas, roeu a manga de um paletó de casimira inglesa, rasgara diversos livros, não podia ver um pé de sapato que arrastava para locais incríveis. A vida lá em sua casa estava se tornando insuportável. Estava vendo a hora em que se desquitava por causa daquele bicho cretino. Tentou mandá-lo embora umas vinte vezes e era uma choradeira das crianças e uma espinafração da mulher.

— Você é um desalmado — disse ela, uma vez.

Venceu a guerra fria com o cachorro graças à má educação do adversário. O cãozinho começou a fazer pipi onde não devia. Várias vezes exemplado, prosseguiu no feio vício. Fez diversas vezes no tapete da sala. Fez duas na boneca da filha maior. Quatro ou cinco vezes fez nos brinquedos da caçula. E tudo culminou com o pipi que fez em cima do vestido novo de sua mulher.

— Aí mandaram o cachorro embora? — perguntei ao meu amigo.

— Mandaram. Mas eu fiz questão de dá-lo de presente a um sujeito que adora cachorros. Ele está levando um vidão em sua nova residência.

— Ué... mas você não o detestava? Como é que arranjou essa sopa pra ele?

— Problema da consciência — explicou: — O pipi não era dele.

E suspirou cheio de remorso.

Na linha 27 do Texto II, o autor usou as aspas em “pobrezinho” para

  • A realçar um apelido engraçado.
  • B indicar que está sendo irônico
  • C destacar o emprego de uma gíria
  • D marcar o uso de palavra estrangeira
  • E relatar o discurso de outro de forma direta.
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Contra o estigma da pobreza

O livro ‘ Vozes do Bolsa Família – Autonomia, dinheiro e cidadania’ traz pesquisa que mergulha no universo dos beneficiários do programa do governo

Durante os protestos de junho, alguns cartazes pediam a revogação do direito de voto dos beneficiários do programa Bolsa Família (BF). Tratava-se de um eco dos preconceitos veiculados nas redes sociais depois das eleições de 2010, segundo os quais Dilma só se elegera por causa dos votos das famílias beneficiárias, alegação fartamente desmontada por analistas eleitorais. É provável, contudo, que o BF tenha contribuído para a perda de influência de políticos que aproveitavam a dependência de eleitores extremamente pobres para formar clientelas com favores eventuais e personalizados, financiados com recursos públicos. O caráter universalista e regular do BF despersonifica o benefício e o transfere do registro da caridade pessoal para o campo da institucionalidade de Estado.

A desinformação não se restringe ao campo das paixões políticas. Empresários já manifestaram a opinião de que o BF reduz a procura por empregos e dificulta a contratação, como se desconhecessem que o valor máximo do benefício é bem inferior ao salário mínimo e que quase metade dos beneficiários é de trabalhadores por conta própria. Alguns estudos mostram, ao contrário, que o BF tem um efeito muito positivo sobre o emprego, ao animar mercados locais de bens e serviços de baixa renda. Também há indícios de que o programa contribuiu para a redução da migração de regiões pobres para grandes cidades, mas o deficit de capacitação dos beneficiados não lhes permitiria disputar vagas oferecidas, por exemplo, pela indústria paulista caso forçados à migração.[...]

Os autores do livro Vozes do Bolsa Família...partem da hipótese de que os mitos que culpam o acaso ou os próprios pobres pela pobreza secular herdada legitimam a indiferença dos ricos e humilham os pobres até levá-los à resignação ou, mais raramente, à violência. No Brasil, o predomínio de uma visão liberal que culpa os pobres por sua pobreza tem raízes históricas profundas. Seus antecedentes são os estereótipos que taxaram homens livres e pobres como vagabundos depois da Abolição, e que estigmatizavam o escravo como preguiçoso, leniente, lascivo e que, portanto, só trabalharia sob a coerção mais absoluta.

A força dos estigmas produziu várias consequências políticas. Primeiro, vetou ou limitou políticas voltadas a reformar os arranjos estruturais que reproduzem a pobreza. Esses arranjos resultam da privação histórica do acesso à terra, à moradia e a oportunidades de capacitação política, econômica e educacional de grande maioria da população brasileira. Segundo, legitimou ações que mitigavam os efeitos da pobreza através da caridade, mantida no registro do favor a quem é culpado por seu próprio destino e, paradoxalmente, incapacitado de mudá-lo. Terceiro, emudeceu os pobres que internalizaram a imagem depreciativa e os colocou em situação de dependência pessoal do favor, enfraquecidos como sujeitos de direitos e incapacitados de mudar sua situação. Enfim, a ausência de reparação institucional, a carência de capacitações e a internalização da humilhação se reforçaram mutuamente para reproduzir a pobreza.

O BF, por sua vez, transfere o registro da pobreza (e sua atenuação) do campo da caridade pessoal para a esfera da responsabilidade institucional e do direito à cidadania substantiva, ou seja, parte do reconhecimento institucional de uma dívida social e inicia o processo de habilitação de cidadãos. É diferente do assistencialismo tradicional porque, primeiro, assegura regularmente o atendimento de necessidades básicas sem as quais qualquer direito à cidadania é puramente formal. Segundo, exige a contrapartida da frequência escolar e, de fato, reduz o trabalho infantil, a repetência e a baixa escolaridade nas famílias beneficiadas, um arranjo central da reprodução da pobreza e subcidadania. Terceiro, a transferência de dinheiro aumenta a responsabilidade individual e confere uma autonomia mínima antes desconhecida pelas mães beneficiárias.[...]

Os autores defendem que a ampliação dos direitos de cidadania seria reforçada se as prefeituras não se limitassem a cadastrar as beneficiárias mas criassem canais de interlocução e controle social do programa. Afinal, o BF não assegura nem a solução do problema da pobreza nem a formação de uma cultura de cidadania ativa, embora seja o primeiro passo indispensável para ambas. Seu principal efeito, argumentam, não é o de superar o círculo vicioso da pobreza, mas iniciar um círculo virtuoso dos direitos, em que a expansão de um direito dá origem a reivindicações por outros direitos, em uma luta pelo reconhecimento da legitimidade de novas expectativas. Se estiverem certos, os filhos das famílias beneficiárias não apenas terão mais capacitações que os pais para cruzar as portas de saída do programa. Nos protestos de rua e de campo no futuro, portarão os cartazes que os pais estiveram incapacitados de escrever.

A estratégia utilizada na defesa do ponto de vista exposto no quarto parágrafo pode ser sintetizada da seguinte forma:

  • A sustentação de ideia geral baseada em evidências
  • B narrativa histórica de casos pessoais
  • C apoio na apresentação de ideias contraditórias
  • D explicitação de hipóteses plausíveis e alternativas
  • E elaboração de um dilema a partir de enumeração
25

Meu ideal seria escrever...

Meu ideal seria escrever uma história tão engraçada que aquela moça que está doente naquela casacinzenta, quando lesse minha história no jornal, risse,risse tanto que chegasse a chorar e dissesse – “Ai,meu Deus, que história mais engraçada!”. E então a contasse para a cozinheira e telefonasse para duas ou três amigas para contar a história; e todos a quem ela contasse rissem muito e ficassem alegremente espantados de vê-la tão alegre. Ah, que minha história fosse como um raio de sol, irresistivelmente louro,quente, vivo, em sua vida de moça reclusa, enlutada,doente. Que ela mesma ficasse admirada ouvindo opróprio riso, e depois repetisse para si própria – “Masessa história é mesmo muito engraçada!”.

Que um casal que estivesse em casa mal-humorado,o marido bastante aborrecido com a mulher, a mulher bastante irritada com o marido, que esse casal também fosse atingido pela minha história. Omarido a leria e começaria a rir, o que aumentaria airritação da mulher. Mas depois que esta, apesar desua má vontade, tomasse conhecimento da história,ela também risse muito, e ficassem os dois rindo sempoder olhar um para o outro sem rir mais; e que um,ouvindo aquele riso do outro, se lembrasse do alegretempo de namoro, e reencontrassem os dois a alegriaperdida de estarem juntos.

Que, nas cadeias, nos hospitais, em todas as salas de espera, a minha história chegasse – e tão fascinantemente de graça, tão irresistível, tão colorida etão pura que todos limpassem seu coração com lágrimas de alegria; que o comissário do distrito, depois de ler minha história, mandasse soltar aqueles bêbado se também aquelas pobres mulheres colhidas na calçada e lhes dissesse – “Por favor, se comportem,que diabo! Eu não gosto de prender ninguém!”. E queassim todos tratassem melhor seus empregados,seus dependentes e seus semelhantes em alegre eespontânea homenagem à minha história.

E que ela aos poucos se espalhasse pelo mundo e fosse contada de mil maneiras, e fosse atribuída a um persa, na Nigéria, a um australiano, em Dublin,a um japonês, em Chicago – mas que em todas as línguas ela guardasse a sua frescura, a sua pureza, o seu encanto surpreendente; e que, no fundo de uma aldeia da China, um chinês muito pobre, muito sábio e muito velho dissesse: “Nunca ouvi uma história assim tão engraçada e tão boa em toda a minha vida; valeu a pena ter vivido até hoje para ouvi-la; essa história não pode ter sido inventada por nenhum homem, foi com certeza algum anjo tagarela que a contou aos ouvidos de um santo que dormia, e que ele pensou que já estivesse morto; sim, deve ser uma história do céu que se filtrou por acaso até nosso conhecimento;é divina”.

E, quando todos me perguntassem – “Mas de onde é que você tirou essa história?” –, eu responderia que ela não é minha, que eu a ouvi por acaso na rua, de um desconhecido que a contava a outro desconhecido,e que por sinal começara a contar assim:“Ontem ouvi um sujeito contar uma história...”.

E eu esconderia completamente a humilde verdade:que eu inventei toda a minha história em um só segundo, quando pensei na tristeza daquela moça que está doente, que sempre está doente e sempre está de luto e sozinha naquela pequena casa cinzenta de meu bairro.

Conforme a leitura integral da crônica de Rubem Braga, seu ideal seria escrever uma história que

  • A conduzisse o leitor a uma reflexão crítica sobre a situação política do país.
  • B desvelasse a incapacidade humana de lidar com questões mais subjetivas.
  • C evidenciasse em sua estrutura o próprio processo de produção que a originou.
  • D oferecesse alento àqueles que vivenciam experiências desagradáveis.
  • E inflamasse no leitor o desejo de romper com discursos prontos sobre a vida.
26

Serviço de negro

Um garoto negro termina um serviço que lhe havia sido solicitado e, orgulhosamente, garante ter feito “serviço de branco”. Várias moças respondem a anúncio para secretária; algumas perguntam se podem ser entrevistadas, “mesmo sendo negras”. Ser negro ou mulato e caminhar pela cidade é considerado “atitude suspeita” por muitos policiais. Como dizia um conhecido — para meu horror e indiferença dos demais participantes da conversa: “Não tenho nada contra o negro ou nordestino, desde que saibam seu lugar”. E esse lugar, claro, é uma posição subalterna na sociedade.

Numa sociedade competitiva como a nossa, o ato de etiquetar o outro como diferente e inferior tem por função definir-nos, por comparação, como superiores. Atribuir características negativas aos que nos cercam significa ressaltar as nossas qualidades, reais ou imaginárias. Quando passamos da ideia à ação, isto é, quando não apenas dizemos que o outro é inferior, mas agimos como se de fato ele o fosse, estamos discriminando as pessoas e os grupos por conta de uma característica que atribuímos a eles. [...]

Afirmações do tipo “os portugueses são burros”, “os italianos são grossos”, “os árabes, desonestos”, “os judeus, sovinas”, “os negros, inferiores”, “os nordestinos, atrasados”, e assim por diante, têm a função de contrapor o autor da afirmativa como a negação, o oposto das características atribuídas ao membro da minoria. Assim, o preconceituoso, não sendo português, considera-se inteligente; não sendo italiano, acredita-se fino; não sendo árabe, julga-se honesto; não sendo judeu, se crê generoso. É convicto de sua superioridade racial, por não ser negro, e de sua superioridade cultural, por não ser nordestino.

É importante notar que, a partir de uma generalização, o preconceito enquadra toda uma minoria. Assim, por exemplo, “todos” os negros seriam inferiores [...]. A inferioridade passaria a ser uma característica “racial” inerente a todos os negros. [...] E o preconceito é tão forte que acaba assimilado pela própria vítima. É o caso do garoto que garantiu ter feito “serviço de branco”. Ou do imigrante que nega sua origem. Ou, ainda, da mulher que reconhece sua “inferioridade” [...]

Seria, pois, errado falar em minorias? Não, uma vez que o conceito de minoria é ideológico, socialmente elaborado e não aritmeticamente constituído. Isto quer dizer que o negro de que se fala não é o negro concreto, palpável, mas aquele que está na cabeça do preconceituoso. E isto tem raízes históricas profundas.

Em ambas as ocorrências, a palavra destacada em “É convicto de sua superioridade racial, por não ser negro, e de sua superioridade cultural, por não ser nordestino.” (l 33-35) introduz uma oração com valor semântico de

  • A afirmação
  • B tempo
  • C adição
  • D causa
  • E meio
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A dupla de palavras em que ambas devem ser acentuadas graficamente na sílaba destacada é:

  • A facil - tropeço
  • B Itaipu - dormencia
  • C juiz - Raul
  • D viril - juriti
  • E serio - tedio
28

Serviço de negro

Um garoto negro termina um serviço que lhe havia sido solicitado e, orgulhosamente, garante ter feito “serviço de branco”. Várias moças respondem a anúncio para secretária; algumas perguntam se podem ser entrevistadas, “mesmo sendo negras”. Ser negro ou mulato e caminhar pela cidade é considerado “atitude suspeita” por muitos policiais. Como dizia um conhecido — para meu horror e indiferença dos demais participantes da conversa: “Não tenho nada contra o negro ou nordestino, desde que saibam seu lugar”. E esse lugar, claro, é uma posição subalterna na sociedade.

Numa sociedade competitiva como a nossa, o ato de etiquetar o outro como diferente e inferior tem por função definir-nos, por comparação, como superiores. Atribuir características negativas aos que nos cercam significa ressaltar as nossas qualidades, reais ou imaginárias. Quando passamos da ideia à ação, isto é, quando não apenas dizemos que o outro é inferior, mas agimos como se de fato ele o fosse, estamos discriminando as pessoas e os grupos por conta de uma característica que atribuímos a eles. [...]

Afirmações do tipo “os portugueses são burros”, “os italianos são grossos”, “os árabes, desonestos”, “os judeus, sovinas”, “os negros, inferiores”, “os nordestinos, atrasados”, e assim por diante, têm a função de contrapor o autor da afirmativa como a negação, o oposto das características atribuídas ao membro da minoria. Assim, o preconceituoso, não sendo português, considera-se inteligente; não sendo italiano, acredita-se fino; não sendo árabe, julga-se honesto; não sendo judeu, se crê generoso. É convicto de sua superioridade racial, por não ser negro, e de sua superioridade cultural, por não ser nordestino.

É importante notar que, a partir de uma generalização, o preconceito enquadra toda uma minoria. Assim, por exemplo, “todos” os negros seriam inferiores [...]. A inferioridade passaria a ser uma característica “racial” inerente a todos os negros. [...] E o preconceito é tão forte que acaba assimilado pela própria vítima. É o caso do garoto que garantiu ter feito “serviço de branco”. Ou do imigrante que nega sua origem. Ou, ainda, da mulher que reconhece sua “inferioridade” [...]

Seria, pois, errado falar em minorias? Não, uma vez que o conceito de minoria é ideológico, socialmente elaborado e não aritmeticamente constituído. Isto quer dizer que o negro de que se fala não é o negro concreto, palpável, mas aquele que está na cabeça do preconceituoso. E isto tem raízes históricas profundas.

Uma reescritura do trecho “o preconceito é tão forte que acaba assimilado pela própria vítima” (l 41-42), que não traz prejuízo à clareza e à veiculação das informações contidas, está em:

  • A O preconceito, por acabar sendo assimilado pela própria vítima, é tão forte.
  • B Como é tão forte, o preconceito acaba sendo assimilado pela própria vítima.
  • C Acabando assimilado pela própria vítima, o preconceito é tão forte.
  • D Apesar de tão forte, o preconceito acaba sendo assimilado pela própria vítima.
  • E De maneira que a própria vítima acaba assimilando, o preconceito é tão forte.
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A colocação pronominal está de acordo com a norma-padrão em:

  • A Quem viu-me em Lisboa percebeu minha alegria.
  • B Chega-se rapidamente a Lisboa pelo mar
  • C Como pode-se chegar a Lisboa?
  • D Os marinheiros tinham ensinado-me a guerrear
  • E Quando encontrarem-se em Lisboa, visitem o Castelo de São Jorge.
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Súplica Cearense
Oh! Deus, perdoe este pobre coitado
Que de joelhos rezou um bocado
Pedindo pra chuva cair sem parar
Oh! Deus, será que o Senhor se zangou
E só por isso o sol arretirou
Fazendo cair toda a chuva que há
Senhor, eu pedi para o sol se esconder um tiquinho
Pedi pra chover, mas chover de mansinho
Pra ver se nascia uma planta no chão
Oh! Deus, se eu não rezei direito, o senhor me perdoe
Eu acho que a culpa foi
Desse pobre que nem sabe fazer oração
Meu Deus, perdoe eu encher os meus olhos de água
E ter-lhe pedido cheinho de mágoa
Pro sol inclemente se arretirar
Desculpe eu pedir a toda hora pra chegar o inverno
Desculpe eu pedir para acabar com o inferno
Que sempre queimou o meu Ceará

O homem pede perdão e explica a Deus que, no momento da oração, ele estava emocionado, e, muito ressentido, pede a Deus que retire o impiedoso sol que brilhava.

O trecho do Texto I que comprova essa afirmativa é

  • A “Oh! Deus, será que o senhor se zangou” (l. 4)
  • B “Oh! Deus, perdoe este pobre coitado Que de joelhos rezou um bocado” (l. 1-2)
  • C “Pedi pra chover, mas chover de mansinho Pra ver se nascia uma planta no chão” (l. 8-9)
  • D “Desculpe eu pedir a toda hora pra chegar o inverno Desculpe eu pedir para acabar com o inferno Que sempre queimou o meu Ceará” (l. 16-18)
  • E “Meu Deus, perdoe eu encher os meus olhos de água E ter-lhe pedido cheinho de mágoa Pro sol inclemente se arretirar” (l. 13-15)