Resolver o Simulado Diretor de Unidade Escolar

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Política pública de saneamento básico: as bases do saneamento como direito de cidadania e os debates sobre novos modelos de gestão

Ana Lucia Britto
Professora Associada do PROURB-FAU-UFRJ
Pesquisadora do INCT Observatório das Metrópoles

    A Assembleia Geral da ONU reconheceu em 2010 que o acesso à água potável e ao esgotamento sanitário é indispensável para o pleno gozo do direito à vida. É preciso, para tanto, fazê-lo de modo financeiramente acessível e com qualidade para todos, sem discriminação. Também obriga os Estados a eliminarem progressivamente as desigualdades na distribuição de água e esgoto entre populações das zonas rurais ou urbanas, ricas ou pobres.
    No Brasil, dados do Ministério das Cidades indicam que cerca de 35 milhões de brasileiros não são atendidos com abastecimento de água potável, mais da metade da população não tem acesso à coleta de esgoto, e apenas 39% de todo o esgoto gerado são tratados. Aproximadamente 70% da população que compõe o déficit de acesso ao abastecimento de água possuem renda domiciliar mensal de até ½ salário mínimo por morador, ou seja, apresentam baixa capacidade de pagamento, o que coloca em pauta o tema do saneamento financeiramente acessível.
    Desde 2007, quando foi criado o Ministério das Cidades, identificam-se avanços importantes na busca de diminuir o déficit já crônico em saneamento e pode-se caminhar alguns passos em direção à garantia do acesso a esses serviços como direito social. Nesse sentido destacamos as Conferências das Cidades e a criação da Secretaria de Saneamento e do Conselho Nacional das Cidades, que deram à política urbana uma base de participação e controle social.
    Houve também, até 2014, uma progressiva ampliação de recursos para o setor, sobretudo a partir do PAC 1 e PAC 2; a instituição de um marco regulatório (Lei 11.445/2007 e seu decreto de regulamentação) e de um Plano Nacional para o setor, o PLANSAB, construído com amplo debate popular, legitimado pelos Conselhos Nacionais das Cidades, de Saúde e de Meio Ambiente, e aprovado por decreto presidencial em novembro de 2013.
    Esse marco legal e institucional traz aspectos essenciais para que a gestão dos serviços seja pautada por uma visão de saneamento como direito de cidadania: a) articulação da política de saneamento com as políticas de desenvolvimento urbano e regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua erradicação, de proteção ambiental, de promoção da saúde; e b) a transparência das ações, baseada em sistemas de informações e processos decisórios participativos institucionalizados.
    A Lei 11.445/2007 reforça a necessidade de planejamento para o saneamento, por meio da obrigatoriedade de planos municipais de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos, drenagem e manejo de águas pluviais, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos. Esses planos são obrigatórios para que possam ser estabelecidos contratos de delegação da prestação de serviços e para que possam ser acessados recursos do governo federal (OGU, FGTS e FAT), com prazo final para sua elaboração terminando em 2017. A Lei reforça também a participação e o controle social, através de diferentes mecanismos como: audiências públicas, definição de conselho municipal responsável pelo acompanhamento e fiscalização da política de saneamento, sendo que a definição desse conselho também é condição para que possam ser acessados recursos do governo federal.
    O marco legal introduz também a obrigatoriedade da regulação da prestação dos serviços de saneamento, visando à garantia do cumprimento das condições e metas estabelecidas nos contratos, à prevenção e à repressão ao abuso do poder econômico, reconhecendo que os serviços de saneamento são prestados em caráter de monopólio, o que significa que os usuários estão submetidos às atividades de um único prestador.

FONTE: adaptado de http://www.assemae.org.br/artigos/item/1762-saneamento-basico-como-direito-de-cidadania
Assinale a alternativa em que todos os vocábulos do enunciado são acentuados pela mesma regra.
  • A Uma sólida política de saneamento tem que levar em conta os problemas econômicos da população.
  • B Há um sistema acessível, mas também regulatório.
  • C Pressente-se um crônico sentimento de impotência, resíduo da própria história.
  • D Os termos de privacidade do sistema construído pelos estagiários são inaceitáveis.
  • E As audiências públicas são realizadas em caráter extraordinário.
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Texto


O menino parado no sinal de trânsito vem em minha direção e pede esmola. Eu preferia que ele não viesse. [...] Sua paisagem é a mesma que a nossa: a esquina, os meios-fios, os postes. Mas ele se move em outro mapa, outro diagrama. Seus pontos de referência são outros.

Como não tem nada, pode ver tudo. Vive num grande playground, onde pode brincar com tudo, desde que “de fora”. O menino de rua só pode brincar no espaço “entre” as coisas. Ele está fora do carro, fora da loja, fora do restaurante. A cidade é uma grande vitrine de impossibilidades. [...] Seu ponto de vista é o contrário do intelectual: ele não vê o conjunto nem tira conclusões históricas – só detalhes interessam. O conceito de tempo para ele é diferente do nosso. Não há segunda-feira, colégio, happy hour. Os momentos não se somam, não armazenam memórias. Só coisas “importantes”: “Está na hora do português da lanchonete despejar o lixo...” ou “estão dormindo no meu caixote...”[...]

Se não sentir fome ou dor, ele curte. Acha natural sair do útero da mãe e logo estar junto aos canos de descarga pedindo dinheiro. Ele se acha normal; nós é que ficamos anormais com a sua presença.

(JABOR, A. O menino está fora da paisagem. O Estado de São

Paulo, São Paulo, 14 abr. 2009. Caderno 2, p. D 10)

Em “Eu preferia que ele não viesse.” (1º§), nota-se um emprego mais coloquial da regência do verbo preferir, contrariando a norma culta. Isso se explica devido:
  • A ao uso de apenas um dos complementos exigidos pelo verbo.
  • B à presença de um complemento verbal na forma de oração.
  • C à ausência da preposição “a” antes do complemento verbal.
  • D ao emprego do conectivo “que” como ferramenta coesiva.
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Assinale a alternativa em que a colocação de ambos os pronomes destacados nas expressões está de acordo com a norma-padrão.

  • A Nem sempre nos damos conta da importância de preservarmo-nos da exposição pública.
  • B Ainda encontram-se pessoas dispostas a fazer amigos fora das redes sociais, atitude que traria-lhes mais privacidade.
  • C Nos propomos ajudar em tudo e concentraremo-nos nas causas mais urgentes e humanitárias.
  • D Viam-se pessoas revoltadas, que não tinham conformado-se com a perda de suas casas durante o incêndio.
  • E Esforçam-se para que as mensagens do celular não distraiam-nos durante o expediente.
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Leia o texto para responder à questão.


    A vida de Virginia Woolf (1882-1941), que sempre se orgulhou de ser autodidata, pode ser resumida através de uma das suas obras: A Viagem (The Voyage Out). Escrito 26 anos antes de ela morrer, foi seu primeiro romance, mas pode ser definido como o livro sobre a sua vida. Nele, a reconhecida autora britânica reflete sobre suas preocupações – as pessoais e as do momento social que lhe coube viver no começo do século XX –, suas paixões e suas insônias. E tudo isso com um estilo literário em constante experimentação, procurando sempre a identidade própria de personagens com grande sensibilidade e nostalgia.

    Desde seu início na literatura, Virginia Woolf sempre quis ampliar suas perspectivas de estilo para além da narração comum, com fios condutores guiados pelo processo mental do ser humano: pensamentos, consciência, visões, desejos e até odores. Perspectivas narrativas definitivamente incomuns, que incluíam estados de sono e prosa de livre associação. Sua técnica narrativa do monólogo interior e seu estilo poético se destacam como as contribuições mais importantes para o romance moderno.

    Com nove romances publicados e mais de 30 livros de outros gêneros, Virginia Woolf é considerada por muitos a autora que mais revolucionou a narrativa no século XX e que mais defendeu os direitos das mulheres por meio de seus textos.


(Alberto López. Virginia Woolf, a escritora premonitória inesgotável. El País. https://brasil.elpais.com. 25.01.2018. Adaptado)

Considerando-se o emprego do acento indicativo de crase, um substituto correto para a expressão destacada no trecho do texto está entre colchetes em:

  • A A vida de Virginia Woolf ... pode ser resumida através de uma das suas obras... [à partir]
  • B … foi seu primeiro romance, mas pode ser definido como o livro sobre a sua vida.... [à respeito da]
  • C … a reconhecida autora britânica reflete sobre suas preocupações... [dedica-se à reflexão]
  • D Perspectivas narrativas definitivamente incomuns, que incluíam estados de sono... [às quais]
  • E ... a autora que ... mais defendeu os direitos das mulheres por meio de seus textos. [se voltou à defender]
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Leia o texto para responder à questão.


    A vida de Virginia Woolf (1882-1941), que sempre se orgulhou de ser autodidata, pode ser resumida através de uma das suas obras: A Viagem (The Voyage Out). Escrito 26 anos antes de ela morrer, foi seu primeiro romance, mas pode ser definido como o livro sobre a sua vida. Nele, a reconhecida autora britânica reflete sobre suas preocupações – as pessoais e as do momento social que lhe coube viver no começo do século XX –, suas paixões e suas insônias. E tudo isso com um estilo literário em constante experimentação, procurando sempre a identidade própria de personagens com grande sensibilidade e nostalgia.

    Desde seu início na literatura, Virginia Woolf sempre quis ampliar suas perspectivas de estilo para além da narração comum, com fios condutores guiados pelo processo mental do ser humano: pensamentos, consciência, visões, desejos e até odores. Perspectivas narrativas definitivamente incomuns, que incluíam estados de sono e prosa de livre associação. Sua técnica narrativa do monólogo interior e seu estilo poético se destacam como as contribuições mais importantes para o romance moderno.

    Com nove romances publicados e mais de 30 livros de outros gêneros, Virginia Woolf é considerada por muitos a autora que mais revolucionou a narrativa no século XX e que mais defendeu os direitos das mulheres por meio de seus textos.


(Alberto López. Virginia Woolf, a escritora premonitória inesgotável. El País. https://brasil.elpais.com. 25.01.2018. Adaptado)

Está escrito em conformidade com a concordância da norma-padrão este livre comentário sobre o texto:

  • A As personagens de Virginia Woolf dispõe de grande sensibilidade e densidade.
  • B As inquietações que couberam a ela registrar em seu livro tem origem autobiográfica.
  • C A escritora sempre buscou meios para que suas perspectivas de estilo se ampliasse.
  • D Trata-se de obras densas, que enfocam a natureza humana em sua complexidade.
  • E A narrativa no século XX foi revolucionado pelos escritos de Virginia Woolf.
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                                Tuíto, logo existo


      Não tenho Twitter nem estou no Facebook. A Constituição me permite isso. Todavia, há no Twitter um falso perfil meu, assim como de muitas pessoas. Certa vez uma senhora me disse com o olhar cheio de reconhecimento que sempre me lê no Twitter e que já interagiu muitas vezes comigo, para seu grande proveito intelectual. Tentei explicar que se tratava de um falso eu, mas ela olhou para mim como se estivesse dizendo que eu não sou eu. Se estava no Twitter, eu existia. Tuíto, logo existo.

      Não me preocupei em convencê-la porque, a despeito do que a senhora pensasse de mim, essa história não mudaria a história do mundo – aliás não mudaria sequer a minha própria história pessoal.

      A irrelevância das opiniões expressas no Twitter é que todos falam, e entre estes todos há quem acredite nas coisas mais insensatas. Falam de tudo e mais alguma coisa, um contradiz o outro e todos juntos não dão uma ideia do que pensam as pessoas, mas apenas do que pensam certos pensadores desarvorados.

      O Twitter é igual ao bar da esquina de qualquer cidadezinha ou periferia. Falam o idiota da aldeia, o pequeno proprietário que se considera perseguido pela receita, o médico do interior amargurado por não ter conseguido o diploma de uma grande universidade, o passante que já bebeu todas. Mas tudo se consome ali mesmo: os bate-bocas no bar nunca mudaram a política internacional. No geral, o que a maioria das pessoas pensa é apenas um dado estatístico no momento em que, depois de refletir, cada um vota – e vota pelas opiniões emitidas por outro alguém.

      Assim, o éter da internet é atravessado por opiniões irrelevantes, mesmo porque não é possível expressar magistralmente ideias em menos de cento e quarenta caracteres*.

(Umberto Eco. Pape satàn aleppe: Crônicas de uma sociedade líquida. Editora Record, Rio de Janeiro: 2017. Adaptado)

* antigo limite de caracteres para postagem de mensagens no Twitter 

O termo em destaque na frase – ... o médico do interior amargurado por não ter conseguido o diploma de uma grande universidade... – expressa ideia de

  • A causa.
  • B modo.
  • C oposição.
  • D ausência.
  • E finalidade.
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Atenção: Para responder à questão, baseie-se no texto abaixo.


Os intelectuais e a escrita


    Poderia uma função social para os intelectuais − quer dizer, poderiam os próprios intelectuais − ter existido antes da invenção da escrita? Dificilmente. Sempre houve uma função social para xamãs, sacerdotes, magos e outros servos e senhores de ritos, e é de supor que também para aqueles que hoje chamaríamos de artistas. Mas como existir intelectuais antes da invenção de um sistema de escrita e de números que precisava ser manipulado, compreendido, interpretado, aprendido e preservado? Entretanto, com o advento desses modernos instrumentos de comunicação, cálculo e, acima de tudo, memória, as exíguas minorias que dominavam essas habilidades provavelmente exerceram mais poder social durante uma época do que os intelectuais jamais voltaram a exercer.
    Os que dominavam a escrita, como nas primeiras cidades das primeiras economias agrárias da Mesopotâmia, puderam se tornar o primeiro “clero”, classe de governantes sacerdotais. Até os séculos XIX e XX, o monopólio da capacidade de ler e escrever no mundo alfabetizado e a instrução necessária para dominá-la também implicavam um monopólio de poder, protegido da competição pelo conhecimento de línguas escritas especializadas, ritual ou culturalmente prestigiosa.
    De outro lado, a pena jamais teve mais poder do que a espada. Os guerreiros sempre conquistaram os escritores, mas sem estes últimos não poderia ter havido nem Estados, nem grandes economias, nem, menos ainda, os grandes impérios históricos do mundo antigo.

(Adaptado de: HOBSBAWM, Eric. Tempos fraturados. São Paulo: Companhia das Letras, 2013, p. 226-227)

São exemplos de uma mesma função sintática os elementos sublinhados na frase:

  • A Sempre houve uma função social para xamãs, sacerdotes, magos e outros servos.
  • B Mas como existir intelectuais antes da invenção da escrita?
  • C Os que dominavam a escrita puderam se tornar o primeiro clero.
  • D O monopólio da capacidade de ler e escrever no mundo alfabetizado e a instrução necessária para dominá-lo implicavam um monopólio de poder.
  • E Os guerreiros sempre conquistaram os escritores, mas sem estes últimos jamais poderia ter havido Estados.
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No texto que segue, algumas palavras em destaque foram transcritas sem o necessário acento gráfico.


Medo que seduz


No Brasil, algumas editoras, como a carioca DarkSide, têm se dedicado a relançar classicos[1] do terror. (...) São histórias de fantasmas, busca pela eternidade, sonhos e pesadelos — tudo aquilo que desafia o conforto da razão. A variedade ilustra o que o organizador Alcebíades Diniz, em seu posfacio[2], chama de “expansão do fantástico”, representada no livro não só pelos temas e abordagens, mas tambem[3] pela origem dos textos, escritos originalmente em ingles[4], espanhol, alemão e russo.

DAMASCENO, Renan. Medo que seduz. Estado de Minas. Caderno Pensar, p. 1, 1 jun. 2018. Adaptado.


A justificativa correta para a acentuação de cada palavra numerada encontra-se em

  • A [4] uma oxítona.
  • B [3] uma proparoxítona.
  • C [2] um monossílabo tônico.
  • D [1] uma paroxítona terminada em hiato.
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Leia o texto abaixo e responda à questão.


O ANJO DA NOITE


    O guarda-noturno caminha com delicadeza, para não assustar, para não acordar ninguém. Lá vão seus passos vagarosos, cadenciados, cosendo a sua sombra com a pedra da calçada.
    Vagos rumores de bondes, de ônibus, os últimos veículos, já sonolentos, que vão e voltam quase vazios. O guarda-noturno, que passa rente às casas, pode ouvir ainda a música de algum rádio, o choro de alguma criança, um resto de conversa, alguma risada. Mas vai andando. A noite é serena, a rua está em paz, o luar põe uma névoa azulada nos jardins, nos terraços, nas fachadas: o guarda-noturno para e contempla.
    À noite, o mundo é bonito, como se não houvesse desacordos, aflições, ameaças. Mesmo os doentes, parece que são mais felizes: esperam dormir um pouco à suavidade da sombra e do silêncio. Há muitos sonhos em cada casa. É bom ter uma casa, dormir, sonhar. O gato retardatário que volta apressado, com certo ar de culpa, num pulo exato galga o muro e desaparece; ele também tem o seu cantinho para descansar. O mundo podia ser tranquilo. As criaturas podiam ser amáveis. No entanto, ele mesmo, o guarda-noturno, traz um bom revólver no bolso, para defender uma rua...
    E se um pequeno rumor chega ao seu ouvido e um vulto parece apontar da esquina, o guarda-noturno torna a trilhar longamente, como quem vai soprando um longo colar de contas de vidro.
    E recomeça a andar, passo a passo, firme e cauteloso, dissipando ladrões e fantasmas. É a hora muito profunda em que os insetos do jardim estão completamente extasiados, ao perfume da gardênia e à brancura da lua. E as pessoas adormecidas sentem, dentro de seus sonhos, que o guarda-noturno está tomando conta da noite, a vagar pelas ruas, anjo sem asas, porém armado.

(MEIRELES, Cecilia. Quadrante 2. In ww w.gotasdeliteraturabrasileira.blogspot.com )

Sobre a acentuação gráfica dos vocábulos do texto estão corretas as afirmativas abaixo, EXCETO:

  • A ônibus, últimos e veículos acentuam-se em obediência à mesma regra: são proparoxítonas.
  • B rádio acentua-se em obediência à mesma regra que justifica o acento gráfico em névoa e retardatário.
  • C revólver acentua-se pela mesma razão por que são acentuados os vocábulos âmbar e caráter.
  • D também e porém acentuam-se por serem oxítonas, ao contrário de temem e podem, que são paroxítonas.
  • E amáveis e gardênia acentuam-se por serem paroxítonas: a primeira por estar no plural e a segunda, no singular.
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Atenção: Leia abaixo o Capítulo I do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, para responder à questão.

Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei num trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.

– Continue, disse eu acordando.

– Já acabei, murmurou ele.

– São muito bonitos.

Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava amuado. No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei. Contei a anedota aos amigos da cidade, e eles, por graça, chamam-me assim, alguns em bilhetes: “Dom Casmurro, domingo vou jantar com você.” – “Vou para Petrópolis, dom Casmurro; a casa é a mesma da Renânia; vê se deixas essa caverna do Engenho Novo, e vai lá passar uns quinze dias comigo.” – “Meu caro dom Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã; venha e dormirá aqui na cidade; dou-lhe camarote, dou-lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça.

Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também não achei melhor título para a minha narração; se não tiver outro daqui até ao fim do livro, vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto.

(ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Companhia das Letras, 2016, p. 79-80.)

...como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes... (1° parágrafo)


Em relação à oração que a sucede, a oração destacada expressa sentido de

  • A causa.
  • B comparação.
  • C consequência.
  • D proporção.
  • E conclusão.

Matemática

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Com os elementos A, B, C são possíveis as permutações:

  • A ABC, ACB, BAC, BCA, CAB e CBA
  • B ABC, CBA, ABB, BBC, AAA e BBB
  • C ABC, BCA, AAB, BBC, CCC e BBB
  • D ACC, ABB, CCA, AAA, BBB e CCC
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Na prateleira de uma estante estão dispostos 10 livros de direito, 12 livros de economia e 15 livros de administração. O menor número de livros que se devem retirar ao acaso dessa prateleira para que se tenha certeza de que dentre os livros retirados haja um de direito, um de economia e um de administração é igual a

  • A 26.
  • B 23.
  • C 27.
  • D 28.
  • E 29.
13

Uma progressão aritmética e uma progressão geométrica têm ambas o primeiro termo igual a 20. Além disso, seus respectivos terceiro termos são estritamente positivos e coincidem. Assim como o segundo termo da progressão aritmética excede o segundo termo da progressão geométrica em 10. Portanto, o terceiro termo das progressões é:

  • A 100.
  • B 80.
  • C 50.
  • D 40.
  • E 30.
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Uma empresa designou para recreação de seus funcionários um espaço retangular de dimensões inteiras e diferentes da unidade, em metros, cuja área é 793 m2. Sabe-se que a área de um retângulo é o produto de suas duas dimensões. No último mês, a empresa aumentou a dimensão maior desse espaço retangular em 4 metros e a menor em 3 metros. Feito isso, a área de recreação dos funcionários aumentou em

  • A 247 m2
  • B 12 m2
  • C 315 m2
  • D 189 m2
  • E 49 m2
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Para obter tonalidades diferentes de tintas de cor cinza misturam-se quantidades arbitrárias de tintas de cores branca e preta.


José possui 150 ml de uma tinta cinza que contém apenas 10% de tinta branca.


Assinale a opção que indica a quantidade de tinta branca que José deve acrescentar à tinta que possui, de forma que a nova mistura contenha 40% de tinta branca.

  • A 45 ml.
  • B 60 ml.
  • C 75 ml.
  • D 90 ml.
  • E 105 ml.
16

Uma esfera possui seu volume igual ao dobro da sua área de superfície. Se o raio da esfera é dado em cm, o volume desta esfera, em cm3 , é de

  • A 6π.
  • B 36π.
  • C 144π.
  • D 288π.
17

Uma lata lacrada tem a forma de um cilindro circular reto, com área total igual a 160π cm2 . Se a altura da lata é 4 vezes o raio da base, o diâmetro desta lata, em centímetros, será de

  • A 4.
  • B 8.
  • C 12.
  • D 16.
18

Considerando os algarismos 0, 1, 2, 3, 4, 5, a quantidade de números pares de três algarismos distintos que é possível formar utilizando todos estes algarismos é

  • A 52.
  • B 60.
  • C 144.
  • D 320.
19

O intervalo de números reais que contém todos os pontos do domínio da função logarítmica f(x) = log x+1 (-x2 - x + 6) é dado por

  • A - 3 < x < 2 e x ≠ 0
  • B - 3 < x < - 2 e x ≠ -1
  • C - 1 < x < 2 e x ≠ 1
  • D -1 < x < 2 e x ≠ 0
20

O valor de m para que a função quadrática dada por f(x) = (m – 3)x2 + 4x + 5 tenha valor mínimo na abscissa x = -1 é

  • A 1.
  • B 5.
  • C 8.
  • D 9.

Pedagogia

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Você acabou de receber uma incumbência da Secretaria Municipal para fazer parte de um grupo que deve preparar um diagnóstico sobre o estado atual de desenvolvimento dos Projetos Pedagógicos (PP) das escolas. Para realizar essa tarefa de modo participativo e produzir o diagnóstico que foi solicitado, além da leitura de documentos das escolas, você utilizaria como instrumento ou metodologia:

  • A um questionário com perguntas de múltipla escolha sobre o projeto pedagógico da escola, a ser enviado a cada diretor de escola.
  • B uma conversa por telefone com a secretária da escola investigando por meio de perguntas objetivas as informações necessárias.
  • C a definição de uma amostra estatística representativa das escolas e convidaria os diretores dessas escolas para entrevistas semiestruturadas.
  • D a técnica do planejamento estratégico situacional, convidando representantes de todos os segmentos de cada escola, para levantamento de dados para o diagnóstico.
  • E o envio de um cartaz, junto com uma caixa de opiniões e sugestões pedindo que todos colaborassem com esse levantamento sobre o projeto pedagógico da escola.
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O racismo e os mesmos preconceitos que estão na sociedade permeiam o cotidiano das relações sociais de alunos entre si e de alunos com professores no espaço escolar. O desafio desse convívio e a dificuldade de lidar com esses casos leva alguns educadores a praticarem a política do avestruz ou a sentirem pena dos agredidos. As Diretrizes Curriculares para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africanas, estabelecem como responsabilidade dos órgãos colegiados das escolas,

  • A o exame e encaminhamento de solução para situações de discriminação, buscando criar situações educativas para o reconhecimento, valorização e respeito da diversidade.
  • B o estabelecimento de punição progressiva a qualquer membro da comunidade que pratique, por atos ou omissões, a discriminação ou preconceito.
  • C a promoção do aprofundamento de estudos na temática para auxiliar os professores a conceberem e desenvolverem estudos, programas e projetos contra o racismo.
  • D a garantia do direito de alunos afrodescendentes de frequentarem estabelecimentos com professores competentes e comprometidos com a educação de negros e não negros.
  • E a definição de conteúdos curriculares que enfatizem aspectos da cultura e da história afro-brasileira e africanas, minimizando as questões raciais.
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São elementos básicos para a organização, estrutura e funcionamento das escolas indígenas:

  • A localização urbana ou rural, atendimento integrado e ensino ministrado na língua nacional.
  • B localização em terras das comunidades indígenas, exclusividade de atendimento e ensino ministrado na língua materna da comunidade.
  • C autorização dos caciques para funcionamento, construção de edificações padrão e sistema de ensino modular.
  • D eleição da língua predominante entre os povos para ministrar o ensino, currículo oficial do Estado e adoção de regimento comum das escolas.
  • E adoção de sistema único, formação de professores voltada à execução do plano de trabalho e turmas multisseriadas.
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As primeiras professoras chegadas ao Quilombo do Cria-ú em 1945, julgaram errada a grafia e a pronúncia do nome Cria-ú* e mudaram-no para Curiaú”.

*Lugar onde se criava gado. O (ú) do Cria-ú faz referência ao mugido do animal.

(Primeiro grupo social quilombola reconhecido no Estado do Amapá pelo governo federal em 13 de agosto de 1988)


O relato acima poderia ser hoje um exemplo de prática educacional que desconsidera a cultura local. A educação escolar quilombola prevista nas diretrizes curriculares é uma modalidade desenvolvida em unidades educacionais inscritas em suas terras e cultura, requerendo

  • A desenvolvimento de métodos de ensino que garantam igualdade de tratamento curricular entre as escolas para a universalização do ensino, prevista como direito de todos.
  • B pedagogia própria em respeito à especificidade étnico-cultural e currículo restrito aos saberes tradicionais das comunidades contidos na base curricular quilombola nacional.
  • C pedagogia própria em respeito à especificidade étnico-cultural de cada comunidade, observados os princípios constitucionais, a base nacional comum e os princípios que orientam a Educação Básica brasileira.
  • D o uso da mesma pedagogia e dos mesmos materiais didáticos das demais escolas do país uma vez que para garantir o direito humano à educação o ensino deve ser o mesmo para todos.
  • E que haja cursos específicos de formação de professores, uma vez que só quilombolas podem ser responsáveis por turmas de alunos até o 9° ano de ensino fundamental.
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Considere a hipótese de que a Secretaria de Educação de Macapá define como meta a redução dos índices de evasão escolar nos anos finais do Ensino Fundamental. O acesso às unidades escolares foi identificado pelo órgão como um dos fatores que impactam a permanência dos estudantes. A área técnica responsável pela gestão do transporte escolar desenvolve então uma política pública para estudantes da rede municipal, com a concessão de gratuidade universal.


Dados o ciclo de formulação de políticas públicas, as instâncias de tomada de decisão e o programa em questão, o caminho adequado para sua implementação é:

  • A A proposição do programa não cabe à Secretaria de Educação, já que é atribuição exclusiva do Poder Legislativo propor novas políticas públicas, sendo que ela deve ser aprovada na Câmara e estabelecida por lei municipal.
  • B As áreas técnicas do Poder Executivo não devem propor novas políticas públicas, já que as ações realizadas durante o mandato devem constar dos programas de governo dos representantes eleitos.
  • C A formulação do programa de transporte escolar é de responsabilidade do Governo Estadual, podendo ser estabelecido por lei ou decreto do governador.
  • D A apresentação de pesquisa de impacto do novo programa, com indicação do público-alvo atendido, estimativa do orçamento necessário e cronograma de implantação, é importante subsídio para a tomada de decisão.
  • E A implantação de novos programas depende exclusivamente da vontade política, sendo que um estudo do impacto orçamentário deve obrigatoriamente ser realizado depois da publicação do programa no Diário Oficial.
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Considere a participação do educador social, com as seguintes funções:


I. organização de eventos artísticos, lúdicos e culturais nas unidades ou na comunidade.

II. processo de mobilização e campanhas intersetoriais nos territórios de vivência para prevenção e enfrentamento de situações de risco social.

III. prevenção de rompimento de vínculos familiares e comunitários, possibilitando a superação de situações de fragilidade social vivenciadas.


Estão correto o que se afirma em

  • A I, II e III.
  • B I e III, apenas.
  • C II, apenas.
  • D I e II, apenas.
  • E III, apenas.
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Em uma concepção crítica de educação, a avaliação deve ser vista como

  • A uma padronização de resultados.
  • B uma fase final do projeto.
  • C um processo permanente.
  • D um juízo dos produtos do projeto.
  • E um método para medir desempenho.
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Na elaboração de um planejamento, o educador, fundamentalmente, precisa

  • A improvisar ações voltadas aos usuários com dificuldades de concentração e de disciplina.
  • B ter clareja dos objetivos de suas ações, ou seja, o que espera alcançar em sua prática educativa.
  • C desenvolver atividades que garantam todos os resultados esperados do programa.
  • D definir estratégias e conteúdos organizados e sistematizados pelo coordenador do planejamento.
  • E elaborar um projeto somente com a participação da comunidade, em especial, os seus usuários
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Uma mesma compreensão da prática educativa e uma mesma metodologia de trabalho não operam necessariamente de forma idêntica em contextos diferentes.


Dessa maneira, as experiências

  • A não devem ser improvisadas, pois são interdisciplinares.
  • B não podem ser transplantadas, mas reinventadas.
  • C precisam considerar a capacidade de atuação de cada usuário.
  • D indicam o processo de construção do conhecimento a ser seguido.
  • E determinam os assuntos que devem ser ensinados pelo educador.
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A tolerância não é um favor que “gente superior” faz a “gente inferior” ou concessão que a gente bondosa e caridosa faz a “gente carente”.


Em uma prática educativa crítica, a tolerância é

  • A a habilidade do educador social para conseguir lidar com o usuário.
  • B compreender a ignorância dos usuários no atendimento social.
  • C a qualidade fundamental ao educador paciente.
  • D a ação assistencialista dos serviços de assistência social.
  • E o dever de respeitar o direito de todos serem diferentes.