Resolver o Simulado Professor de Educação Infantil - FAFIPA

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Português

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O texto seguinte servirá de base para responder à questão.


Poema de sete faces (1930)

Carlos Drummond de Andrade


Quando nasci, um anjo torto

desses que vivem na sombra

disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.


As casas espiam os homens

que correm atrás de mulheres.

A tarde talvez fosse azul,

não houvesse tantos desejos.


O bonde passa cheio de pernas:

pernas brancas pretas amarelas.

Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.

Porém meus olhos

não perguntam nada.


O homem atrás do bigode

é sério, simples e forte.

Quase não conversa.

Tem poucos, raros amigos

o homem atrás dos óculos e do bigode.


Meu Deus, por que me abandonaste

se sabias que eu não era Deus

se sabias que eu era fraco.


Mundo mundo vasto mundo,

se eu me chamasse Raimundo

seria uma rima, não seria uma solução.

Mundo mundo vasto mundo,

mais vasto é meu coração.


Eu não devia te dizer

mas essa lua

mas esse conhaque

botam a gente comovido como o diabo.



Com licença poética

Adélia Prado

Quando nasci um anjo esbelto,

desses que tocam trombeta, anunciou:

vai carregar bandeira.

Cargo muito pesado pra mulher,

esta espécie ainda envergonhada.

Aceito os subterfúgios que me cabem,

sem precisar mentir.

Não sou feia que não possa casar,

acho o Rio de Janeiro uma beleza e

ora sim, ora não, creio em parto sem dor.

Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.

Inauguro linhagens, fundo reinos

- dor não é amargura.

Minha tristeza não tem pedigree,

já a minha vontade de alegria,

sua raiz vai ao meu mil avô.

Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.

Mulher é desdobrável. Eu sou.


http://www.algumapoesia.com.br/drummond/drummond01.htm último acesso: 17 de fevereiro de 2021. e https://www.escrevendoofuturo.org.br/conteudo/biblioteca/nossas-publicacoes/revista/artigos/artigo/ 1022/oculos-de-leitura-conversando-sobre-poesia último acesso: 17 de fevereiro de 2021.





No poema "Com licença poética" no trecho "Mas o que sinto escrevo.", a conjunção "Mas", no texto, tem o sentido de:
  • A Adversativa.
  • B Alternativa.
  • C Explicativa.
  • D Aditiva.
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O texto seguinte servirá de base para responder à questão.


Poema de sete faces (1930)

Carlos Drummond de Andrade


Quando nasci, um anjo torto

desses que vivem na sombra

disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.


As casas espiam os homens

que correm atrás de mulheres.

A tarde talvez fosse azul,

não houvesse tantos desejos.


O bonde passa cheio de pernas:

pernas brancas pretas amarelas.

Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.

Porém meus olhos

não perguntam nada.


O homem atrás do bigode

é sério, simples e forte.

Quase não conversa.

Tem poucos, raros amigos

o homem atrás dos óculos e do bigode.


Meu Deus, por que me abandonaste

se sabias que eu não era Deus

se sabias que eu era fraco.


Mundo mundo vasto mundo,

se eu me chamasse Raimundo

seria uma rima, não seria uma solução.

Mundo mundo vasto mundo,

mais vasto é meu coração.


Eu não devia te dizer

mas essa lua

mas esse conhaque

botam a gente comovido como o diabo.



Com licença poética

Adélia Prado

Quando nasci um anjo esbelto,

desses que tocam trombeta, anunciou:

vai carregar bandeira.

Cargo muito pesado pra mulher,

esta espécie ainda envergonhada.

Aceito os subterfúgios que me cabem,

sem precisar mentir.

Não sou feia que não possa casar,

acho o Rio de Janeiro uma beleza e

ora sim, ora não, creio em parto sem dor.

Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.

Inauguro linhagens, fundo reinos

- dor não é amargura.

Minha tristeza não tem pedigree,

já a minha vontade de alegria,

sua raiz vai ao meu mil avô.

Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.

Mulher é desdobrável. Eu sou.


http://www.algumapoesia.com.br/drummond/drummond01.htm último acesso: 17 de fevereiro de 2021. e https://www.escrevendoofuturo.org.br/conteudo/biblioteca/nossas-publicacoes/revista/artigos/artigo/ 1022/oculos-de-leitura-conversando-sobre-poesia último acesso: 17 de fevereiro de 2021.





"Meu Deus, por que me abandonaste", nesse trecho o termo que inicia a oração é um:
  • A Sujeito.
  • B Vocativo.
  • C Aposto.
  • D Pronome de tratamento.
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O texto seguinte servirá de base para responder à questão.


Celso Furtado: 100 anos do paraibano que mudou a economia (adaptado)


O renovado debate sobre o papel do Estado na economia, suscitado pelo contexto da pandemia de covid-19, traz ideias do autor de volta para o centro da discussão, no ano de seu centenário.


Quando tinha apenas 17 anos, na Paraíba, Celso Furtado anotou em seu diário: "Hoje eu decidi que vou escrever um livro sobre a história da civilização brasileira." O que poderia ser um devaneio juvenil se materializou duas décadas depois, quando o pensador publicou, em 1958, Formação econômica do Brasil, maior obra de referência do pensamento econômico brasileiro.

O clássico trouxe um até então inédito entrelaçamento entre história e economia. Furtado analisa os vários ciclos econômicos, do açúcar ao início da indústria, para identificar o cerne do subdesenvolvimento brasileiro. Estava ali a ideia que aprofundaria em quase 30 livros dali em diante: o subdesenvolvimento não era etapa natural de um processo, mas uma realidade perene, derivada da inserção do Brasil e países semelhantes, exportadores de insumos, na economia mundial - a dinâmica "centro-periferia".

Neste domingo (26/07), é celebrado o centenário de nascimento do economista. Se o calendário de eventos e comemorações, que incluía seminários e quatro novos livros sobre Furtado, foi afetado pela pandemia, a conjuntura trouxe suas ideias de volta para o centro do debate. Durante a crise atual, a atuação do Estado como indutor e planejador da atividade econômica voltou de vez à carga.

Nos Estados Unidos e na Europa, governos lançaram mão de pacotes emergenciais orçados em trilhões de dólares. Mesmo entre economistas liberais, a intervenção estatal foi amplamente defendida nesses países.

"Mas antes mesmo da pandemia, há três ou quatro anos, já discutíamos um retorno do papel do Estado na França e na Europa, pelo que tem sido chamado de 'políticas orçamentárias'. Além disso, ficou claro para muitos economistas que as políticas monetárias não são tão eficazes sozinhas", comenta o economista francês Pierre Salama, que foi aluno, assistente e, depois, colega de Furtado em seu tempo como professor na Universidade Paris-Sorbonne.

"Esse retorno do Estado não significa reestatização, não é disso que se trata. É uma intervenção ativa, com políticas industriais inteligentes. (...)", completa Salama.

No Brasil, frente à pandemia, governo e Congresso criaram um orçamento especial de guerra para suspender mão do teto de gastos temporariamente e financiar o auxílio emergencial e a complementação salarial, além de mais linhas de crédito via bancos públicos. Segundo o IBGE, em junho os benefícios ao cidadão alcançaram direta ou indiretamente 104 milhões de brasileiros, quase a metade da população.

Na comparação com as iniciativas estrangeiras, todavia, o aporte ainda é tímido em termos de volume. As medidas tomadas até aqui são reconhecidas pelo próprio governo como muletas no pior momento da crise. (...)

O presidente Jair Bolsonaro tem sugestões de toda parte na mesa, mas convive com o contrapeso de uma equipe econômica criada para resistir ao aumento do gasto público.

Poucos estariam aptos como Celso Furtado, vivo fosse, a opinar na atual encruzilhada. O economista atuou, no início dos anos 1950, na criação e aplicação das técnicas de planejamento econômico da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), das Nações Unidas.

Em seguida, frequentou, como diretor do BNDES e depois ministro de Estado, o dia a dia de quatro governos: Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, João Goulart e José Sarney. Exilado entre os tempos de serviço prestados para os dois últimos presidentes listados, esteve por 20 anos à frente das cátedras de Economia do Desenvolvimento e Economia Latino-Americana da Universidade Paris-Sorbonne, na França.

A despeito do currículo, não surpreenderia se Furtado fosse rechaçado hoje em dia por razões políticas. Foi o que aconteceu em 1964, quando seu nome constava na primeira lista de indesejados pela ditadura militar, e Furtado teve de deixar o país. No dia seguinte à sua cassação política, recebeu convites para lecionar em três prestigiadas universidades dos Estados Unidos: Harvard, Columbia e Yale, para onde acabou indo. Um ano depois, o presidente francês de direita, Charles de Gaulle, autorizou sua contratação para a maior universidade de seu país.

Pierre Salama, que testemunhou enquanto estudante a chegada de Furtado à França, conta que as ideias do brasileiro revolucionaram a compreensão de desenvolvimento econômico na França. Até então, os franceses que estudavam o tema focavam as ex-colônias africanas, razão pela qual eram oficialmente chamados de "professores de colônias". Não consideravam, por exemplo, a possibilidade de economias industrializadas conviverem de forma perene com o subdesenvolvimento, como é o caso do Brasil e de outras economias latino-americanas.

"Por outro lado, para os que eram de esquerda a única razão do subdesenvolvimento era o saque dos países do Terceiro Mundo. Não havia uma abordagem científica. E então chega Furtado e nos explica. Foi estrondoso, e ele fez muito sucesso", já havia dito Salama à revista Cadernos do Desenvolvimento anos atrás.

Consagradora, a passagem pela Sorbonne duraria 20 anos. O período representou um doloroso hiato para o economista acostumado à dupla função de intelectual e estadista. "Ele ficava com a cabeça no Brasil", lembra a tradutora Rosa Freire d'Aguiar, viúva de Furtado. Era difícil estar exilado para quem, até pouco, formulava políticas prioritárias de governo.

Foi o caso da criação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), em 1959. Elencado por JK no mesmo nível de prioridade que a construção de Brasília, o projeto tinha o objetivo de promover e coordenar o desenvolvimento da região. Além da industrialização, Furtado propunha o fim do modelo latifundiário monocultor, mais propenso a riscos climáticos, e um desenho econômico adaptável à seca - na contramão das "políticas hidráulicas" que ocupavam o debate.

A iniciativa despertou grande interesse internacional. Em 1961, Furtado foi a Washington como superintendente da Sudene para se encontrar com o então presidente dos EUA, John Kennedy, que decidiu apoiar um programa de cooperação com o órgão. Embora exista até hoje, a iniciativa foi relegada a segundo plano durante a ditadura militar e não recuperou o protagonismo conferido sob a gestão do economista.

"Para ele, o conhecimento só servia se fosse para prestar serviço à comunidade", comenta o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "Furtado olhava as formas como a economia se relacionava com a vida social, para pensar em que medida poderia beneficiar a vida das pessoas em sociedade. Sua vida sempre se confundiu com a história da sociedade brasileira", diz. 

https://www.dw.com/pt-br/celso-furtado-100-anos-do-paraibano-que-mudou-a-econ
omia/a-54322701 último acesso: 17 de fevereiro de 2021.


A partir da leitura do texto e de sua classificação no que diz respeito ao gênero e à tipologia textual, assinale a alterativa CORRETA:
  • A É uma notícia que retrata a morte de Celso Furtado, relatando fatos e situações que levaram a ser pouco ou nada reconhecido no Brasil.
  • B É um texto jornalísticos que traz informações sobre a vida e a obra de um pensador e economista brasileiro reconhecido mundialmente.
  • C É um texto narrativo que conta a vida de Celso Furtado, um pensador economista brasileiro com trabalhos reconhecidos por todo o mundo.
  • D É um texto injuntivo que demonstra como deveria ser feita a organização econômica brasileira, tendo como base o pensamento de Celso Furtado.
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O texto seguinte servirá de base para responder à questão.


Celso Furtado: 100 anos do paraibano que mudou a economia (adaptado)


O renovado debate sobre o papel do Estado na economia, suscitado pelo contexto da pandemia de covid-19, traz ideias do autor de volta para o centro da discussão, no ano de seu centenário.


Quando tinha apenas 17 anos, na Paraíba, Celso Furtado anotou em seu diário: "Hoje eu decidi que vou escrever um livro sobre a história da civilização brasileira." O que poderia ser um devaneio juvenil se materializou duas décadas depois, quando o pensador publicou, em 1958, Formação econômica do Brasil, maior obra de referência do pensamento econômico brasileiro.

O clássico trouxe um até então inédito entrelaçamento entre história e economia. Furtado analisa os vários ciclos econômicos, do açúcar ao início da indústria, para identificar o cerne do subdesenvolvimento brasileiro. Estava ali a ideia que aprofundaria em quase 30 livros dali em diante: o subdesenvolvimento não era etapa natural de um processo, mas uma realidade perene, derivada da inserção do Brasil e países semelhantes, exportadores de insumos, na economia mundial - a dinâmica "centro-periferia".

Neste domingo (26/07), é celebrado o centenário de nascimento do economista. Se o calendário de eventos e comemorações, que incluía seminários e quatro novos livros sobre Furtado, foi afetado pela pandemia, a conjuntura trouxe suas ideias de volta para o centro do debate. Durante a crise atual, a atuação do Estado como indutor e planejador da atividade econômica voltou de vez à carga.

Nos Estados Unidos e na Europa, governos lançaram mão de pacotes emergenciais orçados em trilhões de dólares. Mesmo entre economistas liberais, a intervenção estatal foi amplamente defendida nesses países.

"Mas antes mesmo da pandemia, há três ou quatro anos, já discutíamos um retorno do papel do Estado na França e na Europa, pelo que tem sido chamado de 'políticas orçamentárias'. Além disso, ficou claro para muitos economistas que as políticas monetárias não são tão eficazes sozinhas", comenta o economista francês Pierre Salama, que foi aluno, assistente e, depois, colega de Furtado em seu tempo como professor na Universidade Paris-Sorbonne.

"Esse retorno do Estado não significa reestatização, não é disso que se trata. É uma intervenção ativa, com políticas industriais inteligentes. (...)", completa Salama.

No Brasil, frente à pandemia, governo e Congresso criaram um orçamento especial de guerra para suspender mão do teto de gastos temporariamente e financiar o auxílio emergencial e a complementação salarial, além de mais linhas de crédito via bancos públicos. Segundo o IBGE, em junho os benefícios ao cidadão alcançaram direta ou indiretamente 104 milhões de brasileiros, quase a metade da população.

Na comparação com as iniciativas estrangeiras, todavia, o aporte ainda é tímido em termos de volume. As medidas tomadas até aqui são reconhecidas pelo próprio governo como muletas no pior momento da crise. (...)

O presidente Jair Bolsonaro tem sugestões de toda parte na mesa, mas convive com o contrapeso de uma equipe econômica criada para resistir ao aumento do gasto público.

Poucos estariam aptos como Celso Furtado, vivo fosse, a opinar na atual encruzilhada. O economista atuou, no início dos anos 1950, na criação e aplicação das técnicas de planejamento econômico da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), das Nações Unidas.

Em seguida, frequentou, como diretor do BNDES e depois ministro de Estado, o dia a dia de quatro governos: Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, João Goulart e José Sarney. Exilado entre os tempos de serviço prestados para os dois últimos presidentes listados, esteve por 20 anos à frente das cátedras de Economia do Desenvolvimento e Economia Latino-Americana da Universidade Paris-Sorbonne, na França.

A despeito do currículo, não surpreenderia se Furtado fosse rechaçado hoje em dia por razões políticas. Foi o que aconteceu em 1964, quando seu nome constava na primeira lista de indesejados pela ditadura militar, e Furtado teve de deixar o país. No dia seguinte à sua cassação política, recebeu convites para lecionar em três prestigiadas universidades dos Estados Unidos: Harvard, Columbia e Yale, para onde acabou indo. Um ano depois, o presidente francês de direita, Charles de Gaulle, autorizou sua contratação para a maior universidade de seu país.

Pierre Salama, que testemunhou enquanto estudante a chegada de Furtado à França, conta que as ideias do brasileiro revolucionaram a compreensão de desenvolvimento econômico na França. Até então, os franceses que estudavam o tema focavam as ex-colônias africanas, razão pela qual eram oficialmente chamados de "professores de colônias". Não consideravam, por exemplo, a possibilidade de economias industrializadas conviverem de forma perene com o subdesenvolvimento, como é o caso do Brasil e de outras economias latino-americanas.

"Por outro lado, para os que eram de esquerda a única razão do subdesenvolvimento era o saque dos países do Terceiro Mundo. Não havia uma abordagem científica. E então chega Furtado e nos explica. Foi estrondoso, e ele fez muito sucesso", já havia dito Salama à revista Cadernos do Desenvolvimento anos atrás.

Consagradora, a passagem pela Sorbonne duraria 20 anos. O período representou um doloroso hiato para o economista acostumado à dupla função de intelectual e estadista. "Ele ficava com a cabeça no Brasil", lembra a tradutora Rosa Freire d'Aguiar, viúva de Furtado. Era difícil estar exilado para quem, até pouco, formulava políticas prioritárias de governo.

Foi o caso da criação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), em 1959. Elencado por JK no mesmo nível de prioridade que a construção de Brasília, o projeto tinha o objetivo de promover e coordenar o desenvolvimento da região. Além da industrialização, Furtado propunha o fim do modelo latifundiário monocultor, mais propenso a riscos climáticos, e um desenho econômico adaptável à seca - na contramão das "políticas hidráulicas" que ocupavam o debate.

A iniciativa despertou grande interesse internacional. Em 1961, Furtado foi a Washington como superintendente da Sudene para se encontrar com o então presidente dos EUA, John Kennedy, que decidiu apoiar um programa de cooperação com o órgão. Embora exista até hoje, a iniciativa foi relegada a segundo plano durante a ditadura militar e não recuperou o protagonismo conferido sob a gestão do economista.

"Para ele, o conhecimento só servia se fosse para prestar serviço à comunidade", comenta o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "Furtado olhava as formas como a economia se relacionava com a vida social, para pensar em que medida poderia beneficiar a vida das pessoas em sociedade. Sua vida sempre se confundiu com a história da sociedade brasileira", diz. 

https://www.dw.com/pt-br/celso-furtado-100-anos-do-paraibano-que-mudou-a-econ
omia/a-54322701 último acesso: 17 de fevereiro de 2021.


A respeito do tema do texto sobre o economista Celso Furtado, assinale a alternativa CORRETA:
  • A A desvalorização do Brasil nos dias de hoje, por causa de uma economia de terceiro mundo baseada numa história de desigualdade.
  • B A relação internacional desigual que o Brasil tem com a França ao longo da história, principalmente durante a pandemia do coronavírus.
  • C A relevância dos estudos de Furtado para resolver a crise do Brasil em relação à pandemia do coronavírus.
  • D A importância do economista e pensador Celso Furtado para a compreensão da economia no Brasil e no mundo.
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O texto seguinte servirá de base para responder à questão.


Celso Furtado: 100 anos do paraibano que mudou a economia (adaptado)


O renovado debate sobre o papel do Estado na economia, suscitado pelo contexto da pandemia de covid-19, traz ideias do autor de volta para o centro da discussão, no ano de seu centenário.


Quando tinha apenas 17 anos, na Paraíba, Celso Furtado anotou em seu diário: "Hoje eu decidi que vou escrever um livro sobre a história da civilização brasileira." O que poderia ser um devaneio juvenil se materializou duas décadas depois, quando o pensador publicou, em 1958, Formação econômica do Brasil, maior obra de referência do pensamento econômico brasileiro.

O clássico trouxe um até então inédito entrelaçamento entre história e economia. Furtado analisa os vários ciclos econômicos, do açúcar ao início da indústria, para identificar o cerne do subdesenvolvimento brasileiro. Estava ali a ideia que aprofundaria em quase 30 livros dali em diante: o subdesenvolvimento não era etapa natural de um processo, mas uma realidade perene, derivada da inserção do Brasil e países semelhantes, exportadores de insumos, na economia mundial - a dinâmica "centro-periferia".

Neste domingo (26/07), é celebrado o centenário de nascimento do economista. Se o calendário de eventos e comemorações, que incluía seminários e quatro novos livros sobre Furtado, foi afetado pela pandemia, a conjuntura trouxe suas ideias de volta para o centro do debate. Durante a crise atual, a atuação do Estado como indutor e planejador da atividade econômica voltou de vez à carga.

Nos Estados Unidos e na Europa, governos lançaram mão de pacotes emergenciais orçados em trilhões de dólares. Mesmo entre economistas liberais, a intervenção estatal foi amplamente defendida nesses países.

"Mas antes mesmo da pandemia, há três ou quatro anos, já discutíamos um retorno do papel do Estado na França e na Europa, pelo que tem sido chamado de 'políticas orçamentárias'. Além disso, ficou claro para muitos economistas que as políticas monetárias não são tão eficazes sozinhas", comenta o economista francês Pierre Salama, que foi aluno, assistente e, depois, colega de Furtado em seu tempo como professor na Universidade Paris-Sorbonne.

"Esse retorno do Estado não significa reestatização, não é disso que se trata. É uma intervenção ativa, com políticas industriais inteligentes. (...)", completa Salama.

No Brasil, frente à pandemia, governo e Congresso criaram um orçamento especial de guerra para suspender mão do teto de gastos temporariamente e financiar o auxílio emergencial e a complementação salarial, além de mais linhas de crédito via bancos públicos. Segundo o IBGE, em junho os benefícios ao cidadão alcançaram direta ou indiretamente 104 milhões de brasileiros, quase a metade da população.

Na comparação com as iniciativas estrangeiras, todavia, o aporte ainda é tímido em termos de volume. As medidas tomadas até aqui são reconhecidas pelo próprio governo como muletas no pior momento da crise. (...)

O presidente Jair Bolsonaro tem sugestões de toda parte na mesa, mas convive com o contrapeso de uma equipe econômica criada para resistir ao aumento do gasto público.

Poucos estariam aptos como Celso Furtado, vivo fosse, a opinar na atual encruzilhada. O economista atuou, no início dos anos 1950, na criação e aplicação das técnicas de planejamento econômico da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), das Nações Unidas.

Em seguida, frequentou, como diretor do BNDES e depois ministro de Estado, o dia a dia de quatro governos: Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, João Goulart e José Sarney. Exilado entre os tempos de serviço prestados para os dois últimos presidentes listados, esteve por 20 anos à frente das cátedras de Economia do Desenvolvimento e Economia Latino-Americana da Universidade Paris-Sorbonne, na França.

A despeito do currículo, não surpreenderia se Furtado fosse rechaçado hoje em dia por razões políticas. Foi o que aconteceu em 1964, quando seu nome constava na primeira lista de indesejados pela ditadura militar, e Furtado teve de deixar o país. No dia seguinte à sua cassação política, recebeu convites para lecionar em três prestigiadas universidades dos Estados Unidos: Harvard, Columbia e Yale, para onde acabou indo. Um ano depois, o presidente francês de direita, Charles de Gaulle, autorizou sua contratação para a maior universidade de seu país.

Pierre Salama, que testemunhou enquanto estudante a chegada de Furtado à França, conta que as ideias do brasileiro revolucionaram a compreensão de desenvolvimento econômico na França. Até então, os franceses que estudavam o tema focavam as ex-colônias africanas, razão pela qual eram oficialmente chamados de "professores de colônias". Não consideravam, por exemplo, a possibilidade de economias industrializadas conviverem de forma perene com o subdesenvolvimento, como é o caso do Brasil e de outras economias latino-americanas.

"Por outro lado, para os que eram de esquerda a única razão do subdesenvolvimento era o saque dos países do Terceiro Mundo. Não havia uma abordagem científica. E então chega Furtado e nos explica. Foi estrondoso, e ele fez muito sucesso", já havia dito Salama à revista Cadernos do Desenvolvimento anos atrás.

Consagradora, a passagem pela Sorbonne duraria 20 anos. O período representou um doloroso hiato para o economista acostumado à dupla função de intelectual e estadista. "Ele ficava com a cabeça no Brasil", lembra a tradutora Rosa Freire d'Aguiar, viúva de Furtado. Era difícil estar exilado para quem, até pouco, formulava políticas prioritárias de governo.

Foi o caso da criação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), em 1959. Elencado por JK no mesmo nível de prioridade que a construção de Brasília, o projeto tinha o objetivo de promover e coordenar o desenvolvimento da região. Além da industrialização, Furtado propunha o fim do modelo latifundiário monocultor, mais propenso a riscos climáticos, e um desenho econômico adaptável à seca - na contramão das "políticas hidráulicas" que ocupavam o debate.

A iniciativa despertou grande interesse internacional. Em 1961, Furtado foi a Washington como superintendente da Sudene para se encontrar com o então presidente dos EUA, John Kennedy, que decidiu apoiar um programa de cooperação com o órgão. Embora exista até hoje, a iniciativa foi relegada a segundo plano durante a ditadura militar e não recuperou o protagonismo conferido sob a gestão do economista.

"Para ele, o conhecimento só servia se fosse para prestar serviço à comunidade", comenta o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "Furtado olhava as formas como a economia se relacionava com a vida social, para pensar em que medida poderia beneficiar a vida das pessoas em sociedade. Sua vida sempre se confundiu com a história da sociedade brasileira", diz. 

https://www.dw.com/pt-br/celso-furtado-100-anos-do-paraibano-que-mudou-a-econ
omia/a-54322701 último acesso: 17 de fevereiro de 2021.


De acordo com o texto, leia atentamente a sentença: "Consagradora, a passagem pela Sorbonne duraria 20 anos", assinale a alternativa que melhor explica a relação entre a palavra "Consagradora" e as demais palavras da sentença.
  • A A palavra "Consagradora" está concordando com "Sorbonne" e exerce a função de objeto direto.
  • B A palavra "Consagradora" está sendo conjugada por "Sorbonne" e atua como sujeito da oração.
  • C A palavra "Consagradora" é objeto direto do verbo "duraria" e adjunto adnominal de "20 anos" com "passagem" e atua como adjunto adnominal.
  • D A palavra "Consagradora" está concordando com "passagem" e exerce a função de adjunto adnominal.
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Celso Furtado: 100 anos do paraibano que mudou a economia (adaptado)


O renovado debate sobre o papel do Estado na economia, suscitado pelo contexto da pandemia de covid-19, traz ideias do autor de volta para o centro da discussão, no ano de seu centenário.


Quando tinha apenas 17 anos, na Paraíba, Celso Furtado anotou em seu diário: "Hoje eu decidi que vou escrever um livro sobre a história da civilização brasileira." O que poderia ser um devaneio juvenil se materializou duas décadas depois, quando o pensador publicou, em 1958, Formação econômica do Brasil, maior obra de referência do pensamento econômico brasileiro.

O clássico trouxe um até então inédito entrelaçamento entre história e economia. Furtado analisa os vários ciclos econômicos, do açúcar ao início da indústria, para identificar o cerne do subdesenvolvimento brasileiro. Estava ali a ideia que aprofundaria em quase 30 livros dali em diante: o subdesenvolvimento não era etapa natural de um processo, mas uma realidade perene, derivada da inserção do Brasil e países semelhantes, exportadores de insumos, na economia mundial - a dinâmica "centro-periferia".

Neste domingo (26/07), é celebrado o centenário de nascimento do economista. Se o calendário de eventos e comemorações, que incluía seminários e quatro novos livros sobre Furtado, foi afetado pela pandemia, a conjuntura trouxe suas ideias de volta para o centro do debate. Durante a crise atual, a atuação do Estado como indutor e planejador da atividade econômica voltou de vez à carga.

Nos Estados Unidos e na Europa, governos lançaram mão de pacotes emergenciais orçados em trilhões de dólares. Mesmo entre economistas liberais, a intervenção estatal foi amplamente defendida nesses países.

"Mas antes mesmo da pandemia, há três ou quatro anos, já discutíamos um retorno do papel do Estado na França e na Europa, pelo que tem sido chamado de 'políticas orçamentárias'. Além disso, ficou claro para muitos economistas que as políticas monetárias não são tão eficazes sozinhas", comenta o economista francês Pierre Salama, que foi aluno, assistente e, depois, colega de Furtado em seu tempo como professor na Universidade Paris-Sorbonne.

"Esse retorno do Estado não significa reestatização, não é disso que se trata. É uma intervenção ativa, com políticas industriais inteligentes. (...)", completa Salama.

No Brasil, frente à pandemia, governo e Congresso criaram um orçamento especial de guerra para suspender mão do teto de gastos temporariamente e financiar o auxílio emergencial e a complementação salarial, além de mais linhas de crédito via bancos públicos. Segundo o IBGE, em junho os benefícios ao cidadão alcançaram direta ou indiretamente 104 milhões de brasileiros, quase a metade da população.

Na comparação com as iniciativas estrangeiras, todavia, o aporte ainda é tímido em termos de volume. As medidas tomadas até aqui são reconhecidas pelo próprio governo como muletas no pior momento da crise. (...)

O presidente Jair Bolsonaro tem sugestões de toda parte na mesa, mas convive com o contrapeso de uma equipe econômica criada para resistir ao aumento do gasto público.

Poucos estariam aptos como Celso Furtado, vivo fosse, a opinar na atual encruzilhada. O economista atuou, no início dos anos 1950, na criação e aplicação das técnicas de planejamento econômico da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), das Nações Unidas.

Em seguida, frequentou, como diretor do BNDES e depois ministro de Estado, o dia a dia de quatro governos: Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, João Goulart e José Sarney. Exilado entre os tempos de serviço prestados para os dois últimos presidentes listados, esteve por 20 anos à frente das cátedras de Economia do Desenvolvimento e Economia Latino-Americana da Universidade Paris-Sorbonne, na França.

A despeito do currículo, não surpreenderia se Furtado fosse rechaçado hoje em dia por razões políticas. Foi o que aconteceu em 1964, quando seu nome constava na primeira lista de indesejados pela ditadura militar, e Furtado teve de deixar o país. No dia seguinte à sua cassação política, recebeu convites para lecionar em três prestigiadas universidades dos Estados Unidos: Harvard, Columbia e Yale, para onde acabou indo. Um ano depois, o presidente francês de direita, Charles de Gaulle, autorizou sua contratação para a maior universidade de seu país.

Pierre Salama, que testemunhou enquanto estudante a chegada de Furtado à França, conta que as ideias do brasileiro revolucionaram a compreensão de desenvolvimento econômico na França. Até então, os franceses que estudavam o tema focavam as ex-colônias africanas, razão pela qual eram oficialmente chamados de "professores de colônias". Não consideravam, por exemplo, a possibilidade de economias industrializadas conviverem de forma perene com o subdesenvolvimento, como é o caso do Brasil e de outras economias latino-americanas.

"Por outro lado, para os que eram de esquerda a única razão do subdesenvolvimento era o saque dos países do Terceiro Mundo. Não havia uma abordagem científica. E então chega Furtado e nos explica. Foi estrondoso, e ele fez muito sucesso", já havia dito Salama à revista Cadernos do Desenvolvimento anos atrás.

Consagradora, a passagem pela Sorbonne duraria 20 anos. O período representou um doloroso hiato para o economista acostumado à dupla função de intelectual e estadista. "Ele ficava com a cabeça no Brasil", lembra a tradutora Rosa Freire d'Aguiar, viúva de Furtado. Era difícil estar exilado para quem, até pouco, formulava políticas prioritárias de governo.

Foi o caso da criação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), em 1959. Elencado por JK no mesmo nível de prioridade que a construção de Brasília, o projeto tinha o objetivo de promover e coordenar o desenvolvimento da região. Além da industrialização, Furtado propunha o fim do modelo latifundiário monocultor, mais propenso a riscos climáticos, e um desenho econômico adaptável à seca - na contramão das "políticas hidráulicas" que ocupavam o debate.

A iniciativa despertou grande interesse internacional. Em 1961, Furtado foi a Washington como superintendente da Sudene para se encontrar com o então presidente dos EUA, John Kennedy, que decidiu apoiar um programa de cooperação com o órgão. Embora exista até hoje, a iniciativa foi relegada a segundo plano durante a ditadura militar e não recuperou o protagonismo conferido sob a gestão do economista.

"Para ele, o conhecimento só servia se fosse para prestar serviço à comunidade", comenta o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "Furtado olhava as formas como a economia se relacionava com a vida social, para pensar em que medida poderia beneficiar a vida das pessoas em sociedade. Sua vida sempre se confundiu com a história da sociedade brasileira", diz. 

https://www.dw.com/pt-br/celso-furtado-100-anos-do-paraibano-que-mudou-a-econ
omia/a-54322701 último acesso: 17 de fevereiro de 2021.


No texto, o trecho "O período representou um doloroso hiato para o economista acostumado à dupla função de intelectual e estadista", a palavra "hiato" tem o sentido de:
  • A Interrupção entre dois acontecimentos.
  • B Encontro vocálico em sílabas diferentes.
  • C Local de habitação.
  • D Fenda no corpo humano.
7

O texto seguinte servirá de base para responder à questão.


Poema de sete faces (1930)

Carlos Drummond de Andrade


Quando nasci, um anjo torto

desses que vivem na sombra

disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.


As casas espiam os homens

que correm atrás de mulheres.

A tarde talvez fosse azul,

não houvesse tantos desejos.


O bonde passa cheio de pernas:

pernas brancas pretas amarelas.

Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.

Porém meus olhos

não perguntam nada.


O homem atrás do bigode

é sério, simples e forte.

Quase não conversa.

Tem poucos, raros amigos

o homem atrás dos óculos e do bigode.


Meu Deus, por que me abandonaste

se sabias que eu não era Deus

se sabias que eu era fraco.


Mundo mundo vasto mundo,

se eu me chamasse Raimundo

seria uma rima, não seria uma solução.

Mundo mundo vasto mundo,

mais vasto é meu coração.


Eu não devia te dizer

mas essa lua

mas esse conhaque

botam a gente comovido como o diabo.



Com licença poética

Adélia Prado

Quando nasci um anjo esbelto,

desses que tocam trombeta, anunciou:

vai carregar bandeira.

Cargo muito pesado pra mulher,

esta espécie ainda envergonhada.

Aceito os subterfúgios que me cabem,

sem precisar mentir.

Não sou feia que não possa casar,

acho o Rio de Janeiro uma beleza e

ora sim, ora não, creio em parto sem dor.

Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.

Inauguro linhagens, fundo reinos

- dor não é amargura.

Minha tristeza não tem pedigree,

já a minha vontade de alegria,

sua raiz vai ao meu mil avô.

Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.

Mulher é desdobrável. Eu sou.


http://www.algumapoesia.com.br/drummond/drummond01.htm último acesso: 17 de fevereiro de 2021. e https://www.escrevendoofuturo.org.br/conteudo/biblioteca/nossas-publicacoes/revista/artigos/artigo/ 1022/oculos-de-leitura-conversando-sobre-poesia último acesso: 17 de fevereiro de 2021.





Leia atentamente o trecho da questão e assinale a alternativa CORRETA em relação à função sintática da oração "vai carregar bandeira"
"Quando nasci um anjo esbelto, desses que tocam trombeta, anunciou: vai carregar bandeira." 
  • A Aposto.
  • B Objeto Direto.
  • C Adjunto Adverbial.
  • D Sujeito.
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O texto seguinte servirá de base para responder à questão.


Poema de sete faces (1930)

Carlos Drummond de Andrade


Quando nasci, um anjo torto

desses que vivem na sombra

disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.


As casas espiam os homens

que correm atrás de mulheres.

A tarde talvez fosse azul,

não houvesse tantos desejos.


O bonde passa cheio de pernas:

pernas brancas pretas amarelas.

Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.

Porém meus olhos

não perguntam nada.


O homem atrás do bigode

é sério, simples e forte.

Quase não conversa.

Tem poucos, raros amigos

o homem atrás dos óculos e do bigode.


Meu Deus, por que me abandonaste

se sabias que eu não era Deus

se sabias que eu era fraco.


Mundo mundo vasto mundo,

se eu me chamasse Raimundo

seria uma rima, não seria uma solução.

Mundo mundo vasto mundo,

mais vasto é meu coração.


Eu não devia te dizer

mas essa lua

mas esse conhaque

botam a gente comovido como o diabo.



Com licença poética

Adélia Prado

Quando nasci um anjo esbelto,

desses que tocam trombeta, anunciou:

vai carregar bandeira.

Cargo muito pesado pra mulher,

esta espécie ainda envergonhada.

Aceito os subterfúgios que me cabem,

sem precisar mentir.

Não sou feia que não possa casar,

acho o Rio de Janeiro uma beleza e

ora sim, ora não, creio em parto sem dor.

Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.

Inauguro linhagens, fundo reinos

- dor não é amargura.

Minha tristeza não tem pedigree,

já a minha vontade de alegria,

sua raiz vai ao meu mil avô.

Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.

Mulher é desdobrável. Eu sou.


http://www.algumapoesia.com.br/drummond/drummond01.htm último acesso: 17 de fevereiro de 2021. e https://www.escrevendoofuturo.org.br/conteudo/biblioteca/nossas-publicacoes/revista/artigos/artigo/ 1022/oculos-de-leitura-conversando-sobre-poesia último acesso: 17 de fevereiro de 2021.





Em relação ao texto "Com licença poética", de Adélia Prado, é CORRETO afirmar.
  • A Adélia apresenta um eu lírico sofrido sem disposição para enfrentar os problemas da vida, numa atitude de covardia diante de seus percalços.
  • B O poema expressa um eu lírico feminino que aborda o universo da mulher a partir de um ponto de vista afirmativo e positivo e que lida com as adversidades de ser mulher.
  • C A narradora conta a história de uma mulher que, apesar dos sofrimentos, consegue vencer como dona de casa, contrária ao homem amaldiçoado.
  • D A crônica apresenta um ponto de vista que degrada a mulher, pois ela está envergonhada por não conseguir carregar a bandeira.
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O texto seguinte servirá de base para responder à questão.


Poema de sete faces (1930)

Carlos Drummond de Andrade


Quando nasci, um anjo torto

desses que vivem na sombra

disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.


As casas espiam os homens

que correm atrás de mulheres.

A tarde talvez fosse azul,

não houvesse tantos desejos.


O bonde passa cheio de pernas:

pernas brancas pretas amarelas.

Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.

Porém meus olhos

não perguntam nada.


O homem atrás do bigode

é sério, simples e forte.

Quase não conversa.

Tem poucos, raros amigos

o homem atrás dos óculos e do bigode.


Meu Deus, por que me abandonaste

se sabias que eu não era Deus

se sabias que eu era fraco.


Mundo mundo vasto mundo,

se eu me chamasse Raimundo

seria uma rima, não seria uma solução.

Mundo mundo vasto mundo,

mais vasto é meu coração.


Eu não devia te dizer

mas essa lua

mas esse conhaque

botam a gente comovido como o diabo.



Com licença poética

Adélia Prado

Quando nasci um anjo esbelto,

desses que tocam trombeta, anunciou:

vai carregar bandeira.

Cargo muito pesado pra mulher,

esta espécie ainda envergonhada.

Aceito os subterfúgios que me cabem,

sem precisar mentir.

Não sou feia que não possa casar,

acho o Rio de Janeiro uma beleza e

ora sim, ora não, creio em parto sem dor.

Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.

Inauguro linhagens, fundo reinos

- dor não é amargura.

Minha tristeza não tem pedigree,

já a minha vontade de alegria,

sua raiz vai ao meu mil avô.

Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.

Mulher é desdobrável. Eu sou.


http://www.algumapoesia.com.br/drummond/drummond01.htm último acesso: 17 de fevereiro de 2021. e https://www.escrevendoofuturo.org.br/conteudo/biblioteca/nossas-publicacoes/revista/artigos/artigo/ 1022/oculos-de-leitura-conversando-sobre-poesia último acesso: 17 de fevereiro de 2021.





Assinale a alternativa que corresponde ao desenvolvimento do tema do texto "Poema de sete faces" de Drummond:
  • A Os versos de Drummond são divididos em sete estrofes, pois representam os sete casamentos do poeta.
  • B O texto retrata um eu lírico que se manifesta malfadado, pois desde o início de sua vida "um anjo torto" o conduz.
  • C O texto retrata um mundo romântico de desilusão amorosa, como aponta o trecho "que correm atrás das mulheres".
  • D O poema apresenta um eu lírico entregue ao universo espiritual ao clamar por Deus e pelo diabo.
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O texto seguinte servirá de base para responder à questão.


Poema de sete faces (1930)

Carlos Drummond de Andrade


Quando nasci, um anjo torto

desses que vivem na sombra

disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.


As casas espiam os homens

que correm atrás de mulheres.

A tarde talvez fosse azul,

não houvesse tantos desejos.


O bonde passa cheio de pernas:

pernas brancas pretas amarelas.

Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.

Porém meus olhos

não perguntam nada.


O homem atrás do bigode

é sério, simples e forte.

Quase não conversa.

Tem poucos, raros amigos

o homem atrás dos óculos e do bigode.


Meu Deus, por que me abandonaste

se sabias que eu não era Deus

se sabias que eu era fraco.


Mundo mundo vasto mundo,

se eu me chamasse Raimundo

seria uma rima, não seria uma solução.

Mundo mundo vasto mundo,

mais vasto é meu coração.


Eu não devia te dizer

mas essa lua

mas esse conhaque

botam a gente comovido como o diabo.



Com licença poética

Adélia Prado

Quando nasci um anjo esbelto,

desses que tocam trombeta, anunciou:

vai carregar bandeira.

Cargo muito pesado pra mulher,

esta espécie ainda envergonhada.

Aceito os subterfúgios que me cabem,

sem precisar mentir.

Não sou feia que não possa casar,

acho o Rio de Janeiro uma beleza e

ora sim, ora não, creio em parto sem dor.

Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.

Inauguro linhagens, fundo reinos

- dor não é amargura.

Minha tristeza não tem pedigree,

já a minha vontade de alegria,

sua raiz vai ao meu mil avô.

Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.

Mulher é desdobrável. Eu sou.


http://www.algumapoesia.com.br/drummond/drummond01.htm último acesso: 17 de fevereiro de 2021. e https://www.escrevendoofuturo.org.br/conteudo/biblioteca/nossas-publicacoes/revista/artigos/artigo/ 1022/oculos-de-leitura-conversando-sobre-poesia último acesso: 17 de fevereiro de 2021.





Em relação aos textos "Poema de sete faces" e "Com licença poética", assinale a alternativa CORRETA.
  • A Os poemas de Drummond e de Adélia Prado são duas faces de um mesmo eu lírico, pois os dois demonstram o ponto de vista da mulher que sofre o descaso de seu amor.
  • B "Com licença poética" dialoga com o "Poema de sete faces", mas apresenta um universo diferente, pois critica a obra drummondiana, diminuindo o valor desse poeta que já estava ultrapassado em relação ao olhar de Adélia Prado.
  • C O poema "Com licença poética" apresenta intertextualidade em relação ao "Poema de sete faces", pois seu início apresenta as mesmas palavras, demonstrando uma intenção em dialogar com o poema de Drummond.
  • D Escritores de uma mesma época, Drummond e Adélia Prado demonstram a dificuldade dos centros urbanos em uma linguagem rebuscada e próxima do clássico. Ambos poemas reforçam a poética pelo purismo linguístico.

Matemática

11
Um ônibus com 3 vagões transporta 350 pessoas. Para transportar 700 pessoas, quantos vagões seriam necessários?
  • A 35 vagões.
  • B 6 vagões.
  • C 20 vagões.
  • D 44 vagões.
12
Quanto rendeu a quantia de R$ 1.000,00, aplicado a juros simples, com a taxa de 2% ao mês em 6 meses?
  • A R$ 275,00.
  • B R$ 250,00.
  • C R$ 340,00.
  • D R$ 120,00.
13
Bia tinha R$ 325,00 e gastou 1/5 de seu dinheiro na compra de material escolar. Pergunta: quanto sobrou?
  • A Sobrou R$ 65,00.
  • B Sobrou R$ 125,00.
  • C Sobrou R$ 100,00.
  • D Sobrou R$ 130,00.
14
João tem 3 dezenas de bolas de gude e seu irmão tem o triplo. Quantas bolas de gude tem o irmão de João?
  • A O irmão de João tem 200 bolas de gude.
  • B O irmão de João tem 150 bolas de gude.
  • C O irmão de João tem 90 bolas de gude.
  • D O irmão de João tem 120 bolas de gude.
15
Qual será o valor do montante produzido por um capital de R$ 2.000,00, aplicado no regime de juros simples a uma taxa mensal de 3% durante 8 meses?
  • A O montante produzido é de R$ 2.480,00.
  • B O montante produzido é de R$ 1.780,00.
  • C O montante produzido é de R$ 2.000,00.
  • D O montante produzido é de R$ 2.440,00.
16
Um desenhista consegue fazer 5 esculturas pequenas de madeira em 30 minutos. Em 120 minutos de trabalho, quantas esculturas este artista conseguiria produzir?
  • A 20 esculturas.
  • B 100 esculturas.
  • C 50 esculturas.
  • D 75 esculturas.
17
Maria Julia comprou 167 botões amarelos e uma caixa com 500 botões coloridos. Com quantos botões ela ficou se já tinha 75 botões?
  • A Maria Julia ficou com 1000 botões.
  • B Maria Julia ficou com 978 botões.
  • C Maria Julia ficou com 742 botões.
  • D Maria Julia ficou com 845 botões.
18
O salário de Vitória é de R$ 5.000,00 e Claudio tem um salário de R$ 1.000,00. Qual a razão de um salário para outro?
  • A A razão de um salário para outro é igual a 5.
  • B A razão de um salário para outro é igual a 15.
  • C A razão de um salário para outro é igual a 10.
  • D A razão de um salário para outro é igual a 20.
19
O dobro de um número subtraído de 50 é igual a 350. Qual é o número?
  • A 300.
  • B 500.
  • C 400.
  • D 200.
20
Francisco está terminando uma reforma em sua casa e para finalizar a reforma, ele comprou 1200 peças de cerâmica para revestir 3 paredes do seu banheiro. Pergunta: quantas peças de cerâmica serão colocadas em cada parede?
  • A Serão colocadas 500 cerâmicas em cada parede.
  • B Serão colocadas 400 cerâmicas em cada parede.
  • C Serão colocadas 450 cerâmicas em cada parede.
  • D Serão colocadas 550 cerâmicas em cada parede.

Raciocínio Lógico

21
Dada a sequência composta por números inteiros: -10, -5, -1, 0, 2, 3, 7, 10, se dividirmos cada número desta sequência por -1, quais serão os números da nova sequência?
  • A 10, 5, 1, 0, -2, 3, -7, -10.
  • B 10, 5, 1, 0, -2, -3, -7, -10.
  • C 10, 5, 1, 0, 2, -3, 7, -10.
  • D 10, 5, 1, 0, -2, 3, -7, 10.
  • E 10, 5, 1, 0, -2, -3, 7, 10.
22
O conjunto dos números reais (ℝ) é formado pela união de outros conjuntos numéricos: naturais (ℕ), inteiros (ℤ), racionais (ℚ) e irracionais. Das alternativas a seguir, qual representa um conjunto de múltiplos de um número real e, ao mesmo tempo, um subconjunto dos números naturais?
  • A {1, 5, 7, 9, 11, 13}.
  • B {−1, 5, −7, 9, −11, 13}.
  • C {1, −5, 7, −9, 11, −13}.
  • D {⋯ , 27 , 36, 45, 54, 63, 72, ⋯ }.
  • E {1, 5, 7, −9, −11, −13}.
23
Dada a sequência composta por números inteiros: -10, -5, -1, 0, 2, 3, 7, 10, se dividirmos cada número desta sequência por -1, quais serão os números da nova sequência?
  • A 10, 5, 1, 0, -2, 3, -7, -10.
  • B 10, 5, 1, 0, -2, -3, -7, -10.
  • C 10, 5, 1, 0, 2, -3, 7, -10.
  • D 10, 5, 1, 0, -2, 3, -7, 10.
  • E 10, 5, 1, 0, -2, -3, 7, 10.
24
Analise a sequência a seguir: 3, 3, 6, 9, 15, 24, 39,... . Qual é a soma dos dois próximos termos dessa sequência?
  • A 63.
  • B 107.
  • C 165.
  • D 178.
  • E 182.
25
Considerando os conjuntos D = {17,19,21,24,29}, E = {16,18,22,23,26,27,30} e F = {16,18,20,22,23,26,27,30}, assinale a alternativa CORRETA sobre esses conjuntos após analisar os itens a seguir:
I. O conjunto {17,19,21,24,29}, pode ser obtido através da operação (F - E ) ∪ (D - F). II. O conjunto {16,18,20,22,23,26,27,30} pode ser obtido através da operação (F ∩ E) ∪ (F - E). III. Efetuando a operação (F ∩ E)∪ D obtemos um conjunto com 13 elementos e que contém o conjunto E.
  • A Somente o item I está correto.
  • B Somente os itens I e II estão corretos.
  • C Somente os itens II e III estão corretos.
  • D Nenhum item está correto.
26
Considerando os conjunto A={1,4,5,7,8,9,10,13,15,17} e B={ 3,4,5,8,10,11,12,14}, assinale a alternativa CORRETA:
  • A A diferença entre o conjunto A e o conjunto B é o conjunto {1,4,5,6,7}.
  • B A diferença entre o conjunto B e o conjunto A é o conjunto {3,11,12,14}.
  • C O conjunto A é igual ao conjunto B.
  • D A interseção entre o conjunto A e o conjunto B é o conjunto {4,5,8,10,13}.
27
Considerando os seguintes conjuntos A = {1, 2, 3, 4, 5} ,B = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9} e C = {1, 3, 5, 8, 9, 10} e as seguintes afirmações:
I. O conjunto A está contido no conjunto B. II. A interseção do conjunto A com o conjunto B é o conjunto {1, 3, 5}. III. A diferença entre o conjunto C com o A é o conjunto {2, 8, 9, 10}.
Está(ão) CORRETO(S):
  • A Somente a assertiva I.
  • B Somente a assertiva II.
  • C Somente as assertivas I e II
  • D Somente as assertivas III e I.
  • E Somente a assertiva III.
28
Em uma fábrica com 500 funcionários, sabemos que 200 funcionários gostam de comer uva, 150 funcionários gostam de comer maça e 100 funcionários gostam de comer uva e maçã. Qual é o nnúmero de funcionários que não come nem uva e nem maçã?
  • A 250.
  • B 300.
  • C 350.
  • D 450.
  • E 525.
29

Considere os conjuntos:


D= {18,20,22,25,30}; E= (17,19,23,24,27,28,31) e F= (17,19,21,23,24,28,31).


Sobre os conjuntos acima, analise os itens abaixo e em seguida, assinale a alternativa CORRETA:


I. Fazendo a operação (F - E) ∪ D obtém-se um conjunto que contém os elementos {18,20,21,22,25,30}.

II. É possível obter o conjunto {17,19,21,23,24,28,31} através da operação (F ∩ E) ∪ (F – D).

III. Fazendo a operação (F ∩ E) ∪ D obtemos um resultado que contém o conjunto E.

  • A Somente o item I está correto.
  • B Somente os itens I e II estão corretos.
  • C Somente os itens II e III estão corretos.
  • D Nenhum item está correto.
30
Segundo Platão (outras fontes afirmam que foi Pitágoras) “Os números governam o mundo”. Considerando seus conhecimentos sobre os conjuntos numéricos, assinale a alternativa CORRETA.
  • A A diferença entre dois números naturais é sempre um número natural.
  • B O produto entre dois números irracionais é sempre um número irracional.
  • C O quociente entre dois números inteiros é sempre um número inteiro.
  • D O produto entre dois números irracionais nem sempre é um número irracional.