Resolver o Simulado Coordenador Pedagógico - FGV - Nível Superior

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Português

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Texto 1 – Como sabemos que o aquecimento global é real?
Por Carlos Tosi

    “A primeira coisa a dizer a respeito disso é que a ciência básica por trás do mecanismo do aquecimento global – ou mudança climática, para quem quiser a versão mais sofisticada do problema – é bem simples, direta, nada controversa e está estabelecida há séculos.
    O fato de que a atmosfera terrestre aprisiona energia solar já havia sido deduzido por Joseph Fourier há quase 200 anos. Svante Arrhenius já estabeleceu que os principais responsáveis por esse processo são o CO2 e o vapor d'água, há mais de 100.
    Não existe, aliás, nenhuma controvérsia quanto à capacidade do dióxido de carbono de capturar calor: ela é levada em conta, por exemplo, no design de mísseis termoguiados, aqueles que perseguem o avião acrobático do herói nos filmes de ação.
    Some-se a esses fatos bem estabelecidos apenas mais um, também nada polêmico – o de que a queima de petróleo, carvão e outros hidrocarbonetos produz CO2 – e temos uma cadeia de premissas que leva a deduções lógicas que não requerem nenhum ‘Xeroque Rolmes’: o CO2 impede que a Terra devolva ao espaço o calor recebido do Sol. Quanto mais CO2, mais calor fica aprisionado. Quanto mais petróleo usamos, mais CO2 emitimos. Usamos bastante petróleo. Logo, estamos esquentando o planeta.
    Claro que, em se tratando de ciências físicas, cadeias dedutivas não bastam: é preciso confrontá-las com observações e experimentos. Afinal, mesmo que o encadeamento lógico, construído a partir das premissas conhecidas, seja perfeito, sempre é possível que a natureza tenha deixado alguma premissa oculta pelo caminho.
    No caso do aquecimento global causado por atividade humana, é verdade que, pelo menos até os anos 70 do século passado, muitos cientistas especulavam se o efeito não seria autolimitante: talvez outras formas de poluição emitidas junto com o CO2 fizessem ‘sombra’ na Terra e reduzissem a radiação solar incidente (o mesmo princípio, ainda que numa escala bem menos dramática, do Inverno Nuclear). Ou talvez o aumento na evaporação de água produzisse mais nuvens e essas nuvens, sendo brancas, refletissem a luz do Sol de volta ao espaço.
    Mas hoje sabemos que essas válvulas de escape e controle, com que imaginávamos poder contar, 40 anos atrás, simplesmente não funcionam. Mesmo a cobertura de nuvens pode, na verdade, acelerar o aquecimento.
    Observações e experimentos conduzidos nas últimas décadas mostraram que o efeito estufa não é autolimitante e, sim, autoacelerante! Não só o ganho em nuvens e sujeira falha em equilibrar o aumento de temperatura, como a perda do gelo (branco, refletor de luz solar) nos oceanos expõe a água (escura), e o aquecimento dos solos congelados libera metano, outro gás do efeito estufa. 
    Também não faz sentido negar que o planeta esteja aquecendo. Há medições científicas do conteúdo de calor aprisionado nos oceanos e na superfície terrestre, e elas mostram clara elevação. As temperaturas globais também têm aumentado, e são as maiores, pelo menos, dos últimos mil anos. Um argumento ingênuo contra essa constatação é o de que ainda ocorrem invernos rigorosos. Mas, da mesma forma que um eventual dia frio no verão não nega o fato de que esta é uma estação, no geral, mais quente que as demais, eventuais períodos de frio intenso não desfazem a tendência geral, de longo prazo, de aquecimento do globo terrestre.
    Pode-se argumentar, ainda, que o clima global responde a outros fatores – cientistas chamam-nos de ‘forçantes’ – para além da concentração de gases emitidos pela atividade industrial humana, como a intensidade do brilho do Sol. É verdade. A questão, portanto, é determinar quais as forçantes que predominam dentro do cenário atual.
    Acontece que a atividade solar tem estado em declínio desde os anos 80, e ainda assim as temperaturas seguem subindo. Variações periódicas na órbita da Terra também deveriam estar nos encaminhando para um período de resfriamento e, a despeito disso, as temperaturas seguem subindo.
    Um trabalho exaustivo de avaliação e teste da hipótese de que diferentes forçantes climáticas poderiam explicar o cenário atual deixa, como principal responsável pelo aquecimento, o acúmulo de CO2 gerado por atividade humana na atmosfera nos últimos 200 anos.
    A saída que resta para quem insiste em negar esses fatos é apostar em alguma espécie de ilusão coletiva ou conspiração envolvendo praticamente todos os cientistas – mais de 90%, na verdade – que têm o estudo do clima e de suas variações de longo prazo como principal foco de pesquisa.
    Dada a forma como a atividade científica é conduzida, com a rotina de críticas duras por parte de colegas e competidores, a constante reanálise de dados e a exigência de revisão dos resultados pelos pares, a ocorrência de um fenômeno assim é algo bem próximo do inconcebível.
    Esse apelo desesperado à ilusão ou à conspiração é comum em círculos pseudocientíficos – criacionistas usamno para explicar a exclusão de suas crenças do currículo das ciências e homeopatas, acuados, também começam a se valer dele – mas não deveria ter lugar no debate sério sobre o que a melhor ciência disponível realmente diz.”

Disponível em: https://revistaquestaodeciencia.com.br/questionadorquestionado/2018/12/09/como-sabemos-que-o-aquecimento-globale-real-e-causado-por-nos Acesso em: 04/01/2023

Do ponto de vista da sua macroestrutura, o texto 1 pode ser dividido em dois grandes blocos: o bloco 1, que vai do primeiro até o quarto parágrafo; e o bloco 2, que vai do sexto até o penúltimo parágrafo. Entre eles, o quinto parágrafo funciona como um parágrafo de transição. A diferença entre os dois blocos, no que diz respeito à contribuição que eles oferecem para a construção da argumentação, é corretamente capturada pela seguinte dicotomia:

  • A percurso histórico (bloco 1) X situação atual (bloco 2);
  • B plausibilidade teórica (bloco 1) X validade empírica (bloco 2);
  • C raciocínio lógico (bloco 1) X forçantes climáticas (bloco 2);
  • D ciências físicas (bloco 1) X cadeias dedutivas (bloco 2);
  • E consenso científico (bloco 1) X ilusão coletiva (bloco 2).
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Texto 1 – Como sabemos que o aquecimento global é real?
Por Carlos Tosi

    “A primeira coisa a dizer a respeito disso é que a ciência básica por trás do mecanismo do aquecimento global – ou mudança climática, para quem quiser a versão mais sofisticada do problema – é bem simples, direta, nada controversa e está estabelecida há séculos.
    O fato de que a atmosfera terrestre aprisiona energia solar já havia sido deduzido por Joseph Fourier há quase 200 anos. Svante Arrhenius já estabeleceu que os principais responsáveis por esse processo são o CO2 e o vapor d'água, há mais de 100.
    Não existe, aliás, nenhuma controvérsia quanto à capacidade do dióxido de carbono de capturar calor: ela é levada em conta, por exemplo, no design de mísseis termoguiados, aqueles que perseguem o avião acrobático do herói nos filmes de ação.
    Some-se a esses fatos bem estabelecidos apenas mais um, também nada polêmico – o de que a queima de petróleo, carvão e outros hidrocarbonetos produz CO2 – e temos uma cadeia de premissas que leva a deduções lógicas que não requerem nenhum ‘Xeroque Rolmes’: o CO2 impede que a Terra devolva ao espaço o calor recebido do Sol. Quanto mais CO2, mais calor fica aprisionado. Quanto mais petróleo usamos, mais CO2 emitimos. Usamos bastante petróleo. Logo, estamos esquentando o planeta.
    Claro que, em se tratando de ciências físicas, cadeias dedutivas não bastam: é preciso confrontá-las com observações e experimentos. Afinal, mesmo que o encadeamento lógico, construído a partir das premissas conhecidas, seja perfeito, sempre é possível que a natureza tenha deixado alguma premissa oculta pelo caminho.
    No caso do aquecimento global causado por atividade humana, é verdade que, pelo menos até os anos 70 do século passado, muitos cientistas especulavam se o efeito não seria autolimitante: talvez outras formas de poluição emitidas junto com o CO2 fizessem ‘sombra’ na Terra e reduzissem a radiação solar incidente (o mesmo princípio, ainda que numa escala bem menos dramática, do Inverno Nuclear). Ou talvez o aumento na evaporação de água produzisse mais nuvens e essas nuvens, sendo brancas, refletissem a luz do Sol de volta ao espaço.
    Mas hoje sabemos que essas válvulas de escape e controle, com que imaginávamos poder contar, 40 anos atrás, simplesmente não funcionam. Mesmo a cobertura de nuvens pode, na verdade, acelerar o aquecimento.
    Observações e experimentos conduzidos nas últimas décadas mostraram que o efeito estufa não é autolimitante e, sim, autoacelerante! Não só o ganho em nuvens e sujeira falha em equilibrar o aumento de temperatura, como a perda do gelo (branco, refletor de luz solar) nos oceanos expõe a água (escura), e o aquecimento dos solos congelados libera metano, outro gás do efeito estufa. 
    Também não faz sentido negar que o planeta esteja aquecendo. Há medições científicas do conteúdo de calor aprisionado nos oceanos e na superfície terrestre, e elas mostram clara elevação. As temperaturas globais também têm aumentado, e são as maiores, pelo menos, dos últimos mil anos. Um argumento ingênuo contra essa constatação é o de que ainda ocorrem invernos rigorosos. Mas, da mesma forma que um eventual dia frio no verão não nega o fato de que esta é uma estação, no geral, mais quente que as demais, eventuais períodos de frio intenso não desfazem a tendência geral, de longo prazo, de aquecimento do globo terrestre.
    Pode-se argumentar, ainda, que o clima global responde a outros fatores – cientistas chamam-nos de ‘forçantes’ – para além da concentração de gases emitidos pela atividade industrial humana, como a intensidade do brilho do Sol. É verdade. A questão, portanto, é determinar quais as forçantes que predominam dentro do cenário atual.
    Acontece que a atividade solar tem estado em declínio desde os anos 80, e ainda assim as temperaturas seguem subindo. Variações periódicas na órbita da Terra também deveriam estar nos encaminhando para um período de resfriamento e, a despeito disso, as temperaturas seguem subindo.
    Um trabalho exaustivo de avaliação e teste da hipótese de que diferentes forçantes climáticas poderiam explicar o cenário atual deixa, como principal responsável pelo aquecimento, o acúmulo de CO2 gerado por atividade humana na atmosfera nos últimos 200 anos.
    A saída que resta para quem insiste em negar esses fatos é apostar em alguma espécie de ilusão coletiva ou conspiração envolvendo praticamente todos os cientistas – mais de 90%, na verdade – que têm o estudo do clima e de suas variações de longo prazo como principal foco de pesquisa.
    Dada a forma como a atividade científica é conduzida, com a rotina de críticas duras por parte de colegas e competidores, a constante reanálise de dados e a exigência de revisão dos resultados pelos pares, a ocorrência de um fenômeno assim é algo bem próximo do inconcebível.
    Esse apelo desesperado à ilusão ou à conspiração é comum em círculos pseudocientíficos – criacionistas usamno para explicar a exclusão de suas crenças do currículo das ciências e homeopatas, acuados, também começam a se valer dele – mas não deveria ter lugar no debate sério sobre o que a melhor ciência disponível realmente diz.”

Disponível em: https://revistaquestaodeciencia.com.br/questionadorquestionado/2018/12/09/como-sabemos-que-o-aquecimento-globale-real-e-causado-por-nos Acesso em: 04/01/2023

A concessão é uma estratégia argumentativa caracterizada por dois movimentos retóricos: inicialmente (movimento 1), o enunciador parece conceder razão ao seu oponente; em seguida (movimento 2), o enunciador refuta a tese desse mesmo oponente. No que se refere ao texto 1, é correto afirmar que esses dois movimentos estão presentes, nessa ordem, no seguinte par de parágrafos:

  • A 1 e 2;
  • B 4 e 5;
  • C 6 e 7;
  • D 10 e 11;
  • E 14 e 15.
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Texto 1 – Como sabemos que o aquecimento global é real?
Por Carlos Tosi

    “A primeira coisa a dizer a respeito disso é que a ciência básica por trás do mecanismo do aquecimento global – ou mudança climática, para quem quiser a versão mais sofisticada do problema – é bem simples, direta, nada controversa e está estabelecida há séculos.
    O fato de que a atmosfera terrestre aprisiona energia solar já havia sido deduzido por Joseph Fourier há quase 200 anos. Svante Arrhenius já estabeleceu que os principais responsáveis por esse processo são o CO2 e o vapor d'água, há mais de 100.
    Não existe, aliás, nenhuma controvérsia quanto à capacidade do dióxido de carbono de capturar calor: ela é levada em conta, por exemplo, no design de mísseis termoguiados, aqueles que perseguem o avião acrobático do herói nos filmes de ação.
    Some-se a esses fatos bem estabelecidos apenas mais um, também nada polêmico – o de que a queima de petróleo, carvão e outros hidrocarbonetos produz CO2 – e temos uma cadeia de premissas que leva a deduções lógicas que não requerem nenhum ‘Xeroque Rolmes’: o CO2 impede que a Terra devolva ao espaço o calor recebido do Sol. Quanto mais CO2, mais calor fica aprisionado. Quanto mais petróleo usamos, mais CO2 emitimos. Usamos bastante petróleo. Logo, estamos esquentando o planeta.
    Claro que, em se tratando de ciências físicas, cadeias dedutivas não bastam: é preciso confrontá-las com observações e experimentos. Afinal, mesmo que o encadeamento lógico, construído a partir das premissas conhecidas, seja perfeito, sempre é possível que a natureza tenha deixado alguma premissa oculta pelo caminho.
    No caso do aquecimento global causado por atividade humana, é verdade que, pelo menos até os anos 70 do século passado, muitos cientistas especulavam se o efeito não seria autolimitante: talvez outras formas de poluição emitidas junto com o CO2 fizessem ‘sombra’ na Terra e reduzissem a radiação solar incidente (o mesmo princípio, ainda que numa escala bem menos dramática, do Inverno Nuclear). Ou talvez o aumento na evaporação de água produzisse mais nuvens e essas nuvens, sendo brancas, refletissem a luz do Sol de volta ao espaço.
    Mas hoje sabemos que essas válvulas de escape e controle, com que imaginávamos poder contar, 40 anos atrás, simplesmente não funcionam. Mesmo a cobertura de nuvens pode, na verdade, acelerar o aquecimento.
    Observações e experimentos conduzidos nas últimas décadas mostraram que o efeito estufa não é autolimitante e, sim, autoacelerante! Não só o ganho em nuvens e sujeira falha em equilibrar o aumento de temperatura, como a perda do gelo (branco, refletor de luz solar) nos oceanos expõe a água (escura), e o aquecimento dos solos congelados libera metano, outro gás do efeito estufa. 
    Também não faz sentido negar que o planeta esteja aquecendo. Há medições científicas do conteúdo de calor aprisionado nos oceanos e na superfície terrestre, e elas mostram clara elevação. As temperaturas globais também têm aumentado, e são as maiores, pelo menos, dos últimos mil anos. Um argumento ingênuo contra essa constatação é o de que ainda ocorrem invernos rigorosos. Mas, da mesma forma que um eventual dia frio no verão não nega o fato de que esta é uma estação, no geral, mais quente que as demais, eventuais períodos de frio intenso não desfazem a tendência geral, de longo prazo, de aquecimento do globo terrestre.
    Pode-se argumentar, ainda, que o clima global responde a outros fatores – cientistas chamam-nos de ‘forçantes’ – para além da concentração de gases emitidos pela atividade industrial humana, como a intensidade do brilho do Sol. É verdade. A questão, portanto, é determinar quais as forçantes que predominam dentro do cenário atual.
    Acontece que a atividade solar tem estado em declínio desde os anos 80, e ainda assim as temperaturas seguem subindo. Variações periódicas na órbita da Terra também deveriam estar nos encaminhando para um período de resfriamento e, a despeito disso, as temperaturas seguem subindo.
    Um trabalho exaustivo de avaliação e teste da hipótese de que diferentes forçantes climáticas poderiam explicar o cenário atual deixa, como principal responsável pelo aquecimento, o acúmulo de CO2 gerado por atividade humana na atmosfera nos últimos 200 anos.
    A saída que resta para quem insiste em negar esses fatos é apostar em alguma espécie de ilusão coletiva ou conspiração envolvendo praticamente todos os cientistas – mais de 90%, na verdade – que têm o estudo do clima e de suas variações de longo prazo como principal foco de pesquisa.
    Dada a forma como a atividade científica é conduzida, com a rotina de críticas duras por parte de colegas e competidores, a constante reanálise de dados e a exigência de revisão dos resultados pelos pares, a ocorrência de um fenômeno assim é algo bem próximo do inconcebível.
    Esse apelo desesperado à ilusão ou à conspiração é comum em círculos pseudocientíficos – criacionistas usamno para explicar a exclusão de suas crenças do currículo das ciências e homeopatas, acuados, também começam a se valer dele – mas não deveria ter lugar no debate sério sobre o que a melhor ciência disponível realmente diz.”

Disponível em: https://revistaquestaodeciencia.com.br/questionadorquestionado/2018/12/09/como-sabemos-que-o-aquecimento-globale-real-e-causado-por-nos Acesso em: 04/01/2023

“A primeira coisa a dizer a respeito disso é que a ciência básica por trás do mecanismo do aquecimento global – ou mudança climática, para quem quiser a versão mais sofisticada do problema – é bem simples, direta, nada controversa e está estabelecida há séculos.” (Texto 1, 1º parágrafo) No trecho sublinhado acima, são enumeradas quatro palavras ou expressões que funcionam como sinônimos contextuais: “bem simples”, “direta”, “nada controversa” e “estabelecida há séculos”. No contexto do texto 1, o enfileiramento desses quatro itens produz o efeito de:

  • A preparar o leitor para uma conclusão incômoda;
  • B relativizar uma afirmação polêmica;
  • C explicitar um argumento subentendido;
  • D evidenciar uma falácia argumentativa;
  • E enfatizar a validade de um conjunto de premissas.
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Texto 1 – Como sabemos que o aquecimento global é real?
Por Carlos Tosi

    “A primeira coisa a dizer a respeito disso é que a ciência básica por trás do mecanismo do aquecimento global – ou mudança climática, para quem quiser a versão mais sofisticada do problema – é bem simples, direta, nada controversa e está estabelecida há séculos.
    O fato de que a atmosfera terrestre aprisiona energia solar já havia sido deduzido por Joseph Fourier há quase 200 anos. Svante Arrhenius já estabeleceu que os principais responsáveis por esse processo são o CO2 e o vapor d'água, há mais de 100.
    Não existe, aliás, nenhuma controvérsia quanto à capacidade do dióxido de carbono de capturar calor: ela é levada em conta, por exemplo, no design de mísseis termoguiados, aqueles que perseguem o avião acrobático do herói nos filmes de ação.
    Some-se a esses fatos bem estabelecidos apenas mais um, também nada polêmico – o de que a queima de petróleo, carvão e outros hidrocarbonetos produz CO2 – e temos uma cadeia de premissas que leva a deduções lógicas que não requerem nenhum ‘Xeroque Rolmes’: o CO2 impede que a Terra devolva ao espaço o calor recebido do Sol. Quanto mais CO2, mais calor fica aprisionado. Quanto mais petróleo usamos, mais CO2 emitimos. Usamos bastante petróleo. Logo, estamos esquentando o planeta.
    Claro que, em se tratando de ciências físicas, cadeias dedutivas não bastam: é preciso confrontá-las com observações e experimentos. Afinal, mesmo que o encadeamento lógico, construído a partir das premissas conhecidas, seja perfeito, sempre é possível que a natureza tenha deixado alguma premissa oculta pelo caminho.
    No caso do aquecimento global causado por atividade humana, é verdade que, pelo menos até os anos 70 do século passado, muitos cientistas especulavam se o efeito não seria autolimitante: talvez outras formas de poluição emitidas junto com o CO2 fizessem ‘sombra’ na Terra e reduzissem a radiação solar incidente (o mesmo princípio, ainda que numa escala bem menos dramática, do Inverno Nuclear). Ou talvez o aumento na evaporação de água produzisse mais nuvens e essas nuvens, sendo brancas, refletissem a luz do Sol de volta ao espaço.
    Mas hoje sabemos que essas válvulas de escape e controle, com que imaginávamos poder contar, 40 anos atrás, simplesmente não funcionam. Mesmo a cobertura de nuvens pode, na verdade, acelerar o aquecimento.
    Observações e experimentos conduzidos nas últimas décadas mostraram que o efeito estufa não é autolimitante e, sim, autoacelerante! Não só o ganho em nuvens e sujeira falha em equilibrar o aumento de temperatura, como a perda do gelo (branco, refletor de luz solar) nos oceanos expõe a água (escura), e o aquecimento dos solos congelados libera metano, outro gás do efeito estufa. 
    Também não faz sentido negar que o planeta esteja aquecendo. Há medições científicas do conteúdo de calor aprisionado nos oceanos e na superfície terrestre, e elas mostram clara elevação. As temperaturas globais também têm aumentado, e são as maiores, pelo menos, dos últimos mil anos. Um argumento ingênuo contra essa constatação é o de que ainda ocorrem invernos rigorosos. Mas, da mesma forma que um eventual dia frio no verão não nega o fato de que esta é uma estação, no geral, mais quente que as demais, eventuais períodos de frio intenso não desfazem a tendência geral, de longo prazo, de aquecimento do globo terrestre.
    Pode-se argumentar, ainda, que o clima global responde a outros fatores – cientistas chamam-nos de ‘forçantes’ – para além da concentração de gases emitidos pela atividade industrial humana, como a intensidade do brilho do Sol. É verdade. A questão, portanto, é determinar quais as forçantes que predominam dentro do cenário atual.
    Acontece que a atividade solar tem estado em declínio desde os anos 80, e ainda assim as temperaturas seguem subindo. Variações periódicas na órbita da Terra também deveriam estar nos encaminhando para um período de resfriamento e, a despeito disso, as temperaturas seguem subindo.
    Um trabalho exaustivo de avaliação e teste da hipótese de que diferentes forçantes climáticas poderiam explicar o cenário atual deixa, como principal responsável pelo aquecimento, o acúmulo de CO2 gerado por atividade humana na atmosfera nos últimos 200 anos.
    A saída que resta para quem insiste em negar esses fatos é apostar em alguma espécie de ilusão coletiva ou conspiração envolvendo praticamente todos os cientistas – mais de 90%, na verdade – que têm o estudo do clima e de suas variações de longo prazo como principal foco de pesquisa.
    Dada a forma como a atividade científica é conduzida, com a rotina de críticas duras por parte de colegas e competidores, a constante reanálise de dados e a exigência de revisão dos resultados pelos pares, a ocorrência de um fenômeno assim é algo bem próximo do inconcebível.
    Esse apelo desesperado à ilusão ou à conspiração é comum em círculos pseudocientíficos – criacionistas usamno para explicar a exclusão de suas crenças do currículo das ciências e homeopatas, acuados, também começam a se valer dele – mas não deveria ter lugar no debate sério sobre o que a melhor ciência disponível realmente diz.”

Disponível em: https://revistaquestaodeciencia.com.br/questionadorquestionado/2018/12/09/como-sabemos-que-o-aquecimento-globale-real-e-causado-por-nos Acesso em: 04/01/2023

Textos argumentativos são tipicamente polifônicos – isto é, eles nos permitem “ouvir a voz” de diferentes atores e grupos sociais, e não apenas a do seu autor. A alternativa em que a posição expressa NÃO pode ser atribuída ao autor do texto 1 é:

  • A “O fato de que a atmosfera terrestre aprisiona energia solar já havia sido deduzido por Joseph Fourier há quase 200 anos.” (2º parágrafo);
  • B “Não existe, aliás, nenhuma controvérsia quanto à capacidade do dióxido de carbono de capturar calor” (3º parágrafo);
  • C “Ou talvez o aumento na evaporação de água produzisse mais nuvens e essas nuvens, sendo brancas, refletissem a luz do Sol de volta ao espaço.” (6º parágrafo);
  • D “As temperaturas globais também têm aumentado, e são as maiores, pelo menos, dos últimos mil anos.” (9º parágrafo);
  • E “Acontece que a atividade solar tem estado em declínio desde os anos 80, e ainda assim as temperaturas seguem subindo.” (11º parágrafo).
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Texto 1 – Como sabemos que o aquecimento global é real?
Por Carlos Tosi

    “A primeira coisa a dizer a respeito disso é que a ciência básica por trás do mecanismo do aquecimento global – ou mudança climática, para quem quiser a versão mais sofisticada do problema – é bem simples, direta, nada controversa e está estabelecida há séculos.
    O fato de que a atmosfera terrestre aprisiona energia solar já havia sido deduzido por Joseph Fourier há quase 200 anos. Svante Arrhenius já estabeleceu que os principais responsáveis por esse processo são o CO2 e o vapor d'água, há mais de 100.
    Não existe, aliás, nenhuma controvérsia quanto à capacidade do dióxido de carbono de capturar calor: ela é levada em conta, por exemplo, no design de mísseis termoguiados, aqueles que perseguem o avião acrobático do herói nos filmes de ação.
    Some-se a esses fatos bem estabelecidos apenas mais um, também nada polêmico – o de que a queima de petróleo, carvão e outros hidrocarbonetos produz CO2 – e temos uma cadeia de premissas que leva a deduções lógicas que não requerem nenhum ‘Xeroque Rolmes’: o CO2 impede que a Terra devolva ao espaço o calor recebido do Sol. Quanto mais CO2, mais calor fica aprisionado. Quanto mais petróleo usamos, mais CO2 emitimos. Usamos bastante petróleo. Logo, estamos esquentando o planeta.
    Claro que, em se tratando de ciências físicas, cadeias dedutivas não bastam: é preciso confrontá-las com observações e experimentos. Afinal, mesmo que o encadeamento lógico, construído a partir das premissas conhecidas, seja perfeito, sempre é possível que a natureza tenha deixado alguma premissa oculta pelo caminho.
    No caso do aquecimento global causado por atividade humana, é verdade que, pelo menos até os anos 70 do século passado, muitos cientistas especulavam se o efeito não seria autolimitante: talvez outras formas de poluição emitidas junto com o CO2 fizessem ‘sombra’ na Terra e reduzissem a radiação solar incidente (o mesmo princípio, ainda que numa escala bem menos dramática, do Inverno Nuclear). Ou talvez o aumento na evaporação de água produzisse mais nuvens e essas nuvens, sendo brancas, refletissem a luz do Sol de volta ao espaço.
    Mas hoje sabemos que essas válvulas de escape e controle, com que imaginávamos poder contar, 40 anos atrás, simplesmente não funcionam. Mesmo a cobertura de nuvens pode, na verdade, acelerar o aquecimento.
    Observações e experimentos conduzidos nas últimas décadas mostraram que o efeito estufa não é autolimitante e, sim, autoacelerante! Não só o ganho em nuvens e sujeira falha em equilibrar o aumento de temperatura, como a perda do gelo (branco, refletor de luz solar) nos oceanos expõe a água (escura), e o aquecimento dos solos congelados libera metano, outro gás do efeito estufa. 
    Também não faz sentido negar que o planeta esteja aquecendo. Há medições científicas do conteúdo de calor aprisionado nos oceanos e na superfície terrestre, e elas mostram clara elevação. As temperaturas globais também têm aumentado, e são as maiores, pelo menos, dos últimos mil anos. Um argumento ingênuo contra essa constatação é o de que ainda ocorrem invernos rigorosos. Mas, da mesma forma que um eventual dia frio no verão não nega o fato de que esta é uma estação, no geral, mais quente que as demais, eventuais períodos de frio intenso não desfazem a tendência geral, de longo prazo, de aquecimento do globo terrestre.
    Pode-se argumentar, ainda, que o clima global responde a outros fatores – cientistas chamam-nos de ‘forçantes’ – para além da concentração de gases emitidos pela atividade industrial humana, como a intensidade do brilho do Sol. É verdade. A questão, portanto, é determinar quais as forçantes que predominam dentro do cenário atual.
    Acontece que a atividade solar tem estado em declínio desde os anos 80, e ainda assim as temperaturas seguem subindo. Variações periódicas na órbita da Terra também deveriam estar nos encaminhando para um período de resfriamento e, a despeito disso, as temperaturas seguem subindo.
    Um trabalho exaustivo de avaliação e teste da hipótese de que diferentes forçantes climáticas poderiam explicar o cenário atual deixa, como principal responsável pelo aquecimento, o acúmulo de CO2 gerado por atividade humana na atmosfera nos últimos 200 anos.
    A saída que resta para quem insiste em negar esses fatos é apostar em alguma espécie de ilusão coletiva ou conspiração envolvendo praticamente todos os cientistas – mais de 90%, na verdade – que têm o estudo do clima e de suas variações de longo prazo como principal foco de pesquisa.
    Dada a forma como a atividade científica é conduzida, com a rotina de críticas duras por parte de colegas e competidores, a constante reanálise de dados e a exigência de revisão dos resultados pelos pares, a ocorrência de um fenômeno assim é algo bem próximo do inconcebível.
    Esse apelo desesperado à ilusão ou à conspiração é comum em círculos pseudocientíficos – criacionistas usamno para explicar a exclusão de suas crenças do currículo das ciências e homeopatas, acuados, também começam a se valer dele – mas não deveria ter lugar no debate sério sobre o que a melhor ciência disponível realmente diz.”

Disponível em: https://revistaquestaodeciencia.com.br/questionadorquestionado/2018/12/09/como-sabemos-que-o-aquecimento-globale-real-e-causado-por-nos Acesso em: 04/01/2023

“Mas hoje sabemos que essas válvulas de escape e controle, com que imaginávamos poder contar, 40 anos atrás, simplesmente não funcionam.”(Texto 1, 7º parágrafo) A passagem acima (texto 1) faz referência a “válvulas de escape e controle”. A alternativa em que uma dessas “válvulas” está corretamente identificada é:

  • A uso intensivo do petróleo;
  • B verificação de cadeias dedutivas por meio de observações e experimentos;
  • C existência de premissas ocultas deixadas pela natureza;
  • D possibilidade de ocorrência de um Inverno Nuclear;
  • E aumento na evaporação de água.
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Texto 1 – Como sabemos que o aquecimento global é real?
Por Carlos Tosi

    “A primeira coisa a dizer a respeito disso é que a ciência básica por trás do mecanismo do aquecimento global – ou mudança climática, para quem quiser a versão mais sofisticada do problema – é bem simples, direta, nada controversa e está estabelecida há séculos.
    O fato de que a atmosfera terrestre aprisiona energia solar já havia sido deduzido por Joseph Fourier há quase 200 anos. Svante Arrhenius já estabeleceu que os principais responsáveis por esse processo são o CO2 e o vapor d'água, há mais de 100.
    Não existe, aliás, nenhuma controvérsia quanto à capacidade do dióxido de carbono de capturar calor: ela é levada em conta, por exemplo, no design de mísseis termoguiados, aqueles que perseguem o avião acrobático do herói nos filmes de ação.
    Some-se a esses fatos bem estabelecidos apenas mais um, também nada polêmico – o de que a queima de petróleo, carvão e outros hidrocarbonetos produz CO2 – e temos uma cadeia de premissas que leva a deduções lógicas que não requerem nenhum ‘Xeroque Rolmes’: o CO2 impede que a Terra devolva ao espaço o calor recebido do Sol. Quanto mais CO2, mais calor fica aprisionado. Quanto mais petróleo usamos, mais CO2 emitimos. Usamos bastante petróleo. Logo, estamos esquentando o planeta.
    Claro que, em se tratando de ciências físicas, cadeias dedutivas não bastam: é preciso confrontá-las com observações e experimentos. Afinal, mesmo que o encadeamento lógico, construído a partir das premissas conhecidas, seja perfeito, sempre é possível que a natureza tenha deixado alguma premissa oculta pelo caminho.
    No caso do aquecimento global causado por atividade humana, é verdade que, pelo menos até os anos 70 do século passado, muitos cientistas especulavam se o efeito não seria autolimitante: talvez outras formas de poluição emitidas junto com o CO2 fizessem ‘sombra’ na Terra e reduzissem a radiação solar incidente (o mesmo princípio, ainda que numa escala bem menos dramática, do Inverno Nuclear). Ou talvez o aumento na evaporação de água produzisse mais nuvens e essas nuvens, sendo brancas, refletissem a luz do Sol de volta ao espaço.
    Mas hoje sabemos que essas válvulas de escape e controle, com que imaginávamos poder contar, 40 anos atrás, simplesmente não funcionam. Mesmo a cobertura de nuvens pode, na verdade, acelerar o aquecimento.
    Observações e experimentos conduzidos nas últimas décadas mostraram que o efeito estufa não é autolimitante e, sim, autoacelerante! Não só o ganho em nuvens e sujeira falha em equilibrar o aumento de temperatura, como a perda do gelo (branco, refletor de luz solar) nos oceanos expõe a água (escura), e o aquecimento dos solos congelados libera metano, outro gás do efeito estufa. 
    Também não faz sentido negar que o planeta esteja aquecendo. Há medições científicas do conteúdo de calor aprisionado nos oceanos e na superfície terrestre, e elas mostram clara elevação. As temperaturas globais também têm aumentado, e são as maiores, pelo menos, dos últimos mil anos. Um argumento ingênuo contra essa constatação é o de que ainda ocorrem invernos rigorosos. Mas, da mesma forma que um eventual dia frio no verão não nega o fato de que esta é uma estação, no geral, mais quente que as demais, eventuais períodos de frio intenso não desfazem a tendência geral, de longo prazo, de aquecimento do globo terrestre.
    Pode-se argumentar, ainda, que o clima global responde a outros fatores – cientistas chamam-nos de ‘forçantes’ – para além da concentração de gases emitidos pela atividade industrial humana, como a intensidade do brilho do Sol. É verdade. A questão, portanto, é determinar quais as forçantes que predominam dentro do cenário atual.
    Acontece que a atividade solar tem estado em declínio desde os anos 80, e ainda assim as temperaturas seguem subindo. Variações periódicas na órbita da Terra também deveriam estar nos encaminhando para um período de resfriamento e, a despeito disso, as temperaturas seguem subindo.
    Um trabalho exaustivo de avaliação e teste da hipótese de que diferentes forçantes climáticas poderiam explicar o cenário atual deixa, como principal responsável pelo aquecimento, o acúmulo de CO2 gerado por atividade humana na atmosfera nos últimos 200 anos.
    A saída que resta para quem insiste em negar esses fatos é apostar em alguma espécie de ilusão coletiva ou conspiração envolvendo praticamente todos os cientistas – mais de 90%, na verdade – que têm o estudo do clima e de suas variações de longo prazo como principal foco de pesquisa.
    Dada a forma como a atividade científica é conduzida, com a rotina de críticas duras por parte de colegas e competidores, a constante reanálise de dados e a exigência de revisão dos resultados pelos pares, a ocorrência de um fenômeno assim é algo bem próximo do inconcebível.
    Esse apelo desesperado à ilusão ou à conspiração é comum em círculos pseudocientíficos – criacionistas usamno para explicar a exclusão de suas crenças do currículo das ciências e homeopatas, acuados, também começam a se valer dele – mas não deveria ter lugar no debate sério sobre o que a melhor ciência disponível realmente diz.”

Disponível em: https://revistaquestaodeciencia.com.br/questionadorquestionado/2018/12/09/como-sabemos-que-o-aquecimento-globale-real-e-causado-por-nos Acesso em: 04/01/2023

Em cada uma das alternativas abaixo, observa-se uma passagem retirada do texto 1 (anterior ao sinal >) e uma proposta de reescritura dessa mesma passagem (posterior ao sinal >). A alternativa em que essa reescritura NÃO produz desvio da norma padrão no que diz respeito ao uso do pronome relativo é:

  • A “ela é levada em conta, por exemplo, no design de mísseis termoguiados, aqueles que perseguem o avião acrobático do herói nos filmes de ação.” (3º parágrafo) > ela é levada em conta, por exemplo, no design de mísseis termoguiados, aqueles pelos quais o avião acrobático do herói é perseguido nos filmes de ação;
  • B “Some-se a esses fatos bem estabelecidos apenas mais um, também nada polêmico – o de que a queima de petróleo, carvão e outros hidrocarbonetos produz CO2 – e temos uma cadeia de premissas que leva a deduções lógicas que não requerem nenhum ‘Xeroque Rolmes’” (4º parágrafo) > Some-se a esses fatos bem estabelecidos apenas mais um, também nada polêmico – o de que a queima de petróleo, carvão e outros hidrocarbonetos produz CO2 – e temos uma cadeia de premissas que leva a deduções lógicas às quais não pressupõem nenhum ‘Xeroque Rolmes’;
  • C “No caso do aquecimento global causado por atividade humana, é verdade que, pelo menos até os anos 70 do século passado, muitos cientistas especulavam se o efeito não seria autolimitante” (6º parágrafo) > No caso do aquecimento global que a causa é a atividade humana, é verdade que, pelo menos até os anos 70 do século passado, muitos cientistas especulavam se o efeito não seria autolimitante;
  • D “Mas hoje sabemos que essas válvulas de escape e controle, com que imaginávamos poder contar, 40 anos atrás, simplesmente não funcionam.” (7º parágrafo) > Mas hoje sabemos que essas válvulas de escape e controle, que imaginávamos poder confiar, 40 anos atrás, simplesmente não funcionam;
  • E “A saída que resta para quem insiste em negar esses fatos é apostar em alguma espécie de ilusão coletiva ou conspiração envolvendo praticamente todos os cientistas – mais de 90%, na verdade – que têm o estudo do clima e de suas variações de longo prazo como principal foco de pesquisa.” (13º parágrafo) > A saída que resta para quem insiste em negar esses fatos é apostar em alguma espécie de ilusão coletiva ou conspiração envolvendo praticamente todos os cientistas – mais de 90%, na verdade – cujo o principal foco de pesquisa é o estudo do clima e de suas variações de longo prazo.
7
Texto 1 – Como sabemos que o aquecimento global é real?
Por Carlos Tosi

    “A primeira coisa a dizer a respeito disso é que a ciência básica por trás do mecanismo do aquecimento global – ou mudança climática, para quem quiser a versão mais sofisticada do problema – é bem simples, direta, nada controversa e está estabelecida há séculos.
    O fato de que a atmosfera terrestre aprisiona energia solar já havia sido deduzido por Joseph Fourier há quase 200 anos. Svante Arrhenius já estabeleceu que os principais responsáveis por esse processo são o CO2 e o vapor d'água, há mais de 100.
    Não existe, aliás, nenhuma controvérsia quanto à capacidade do dióxido de carbono de capturar calor: ela é levada em conta, por exemplo, no design de mísseis termoguiados, aqueles que perseguem o avião acrobático do herói nos filmes de ação.
    Some-se a esses fatos bem estabelecidos apenas mais um, também nada polêmico – o de que a queima de petróleo, carvão e outros hidrocarbonetos produz CO2 – e temos uma cadeia de premissas que leva a deduções lógicas que não requerem nenhum ‘Xeroque Rolmes’: o CO2 impede que a Terra devolva ao espaço o calor recebido do Sol. Quanto mais CO2, mais calor fica aprisionado. Quanto mais petróleo usamos, mais CO2 emitimos. Usamos bastante petróleo. Logo, estamos esquentando o planeta.
    Claro que, em se tratando de ciências físicas, cadeias dedutivas não bastam: é preciso confrontá-las com observações e experimentos. Afinal, mesmo que o encadeamento lógico, construído a partir das premissas conhecidas, seja perfeito, sempre é possível que a natureza tenha deixado alguma premissa oculta pelo caminho.
    No caso do aquecimento global causado por atividade humana, é verdade que, pelo menos até os anos 70 do século passado, muitos cientistas especulavam se o efeito não seria autolimitante: talvez outras formas de poluição emitidas junto com o CO2 fizessem ‘sombra’ na Terra e reduzissem a radiação solar incidente (o mesmo princípio, ainda que numa escala bem menos dramática, do Inverno Nuclear). Ou talvez o aumento na evaporação de água produzisse mais nuvens e essas nuvens, sendo brancas, refletissem a luz do Sol de volta ao espaço.
    Mas hoje sabemos que essas válvulas de escape e controle, com que imaginávamos poder contar, 40 anos atrás, simplesmente não funcionam. Mesmo a cobertura de nuvens pode, na verdade, acelerar o aquecimento.
    Observações e experimentos conduzidos nas últimas décadas mostraram que o efeito estufa não é autolimitante e, sim, autoacelerante! Não só o ganho em nuvens e sujeira falha em equilibrar o aumento de temperatura, como a perda do gelo (branco, refletor de luz solar) nos oceanos expõe a água (escura), e o aquecimento dos solos congelados libera metano, outro gás do efeito estufa. 
    Também não faz sentido negar que o planeta esteja aquecendo. Há medições científicas do conteúdo de calor aprisionado nos oceanos e na superfície terrestre, e elas mostram clara elevação. As temperaturas globais também têm aumentado, e são as maiores, pelo menos, dos últimos mil anos. Um argumento ingênuo contra essa constatação é o de que ainda ocorrem invernos rigorosos. Mas, da mesma forma que um eventual dia frio no verão não nega o fato de que esta é uma estação, no geral, mais quente que as demais, eventuais períodos de frio intenso não desfazem a tendência geral, de longo prazo, de aquecimento do globo terrestre.
    Pode-se argumentar, ainda, que o clima global responde a outros fatores – cientistas chamam-nos de ‘forçantes’ – para além da concentração de gases emitidos pela atividade industrial humana, como a intensidade do brilho do Sol. É verdade. A questão, portanto, é determinar quais as forçantes que predominam dentro do cenário atual.
    Acontece que a atividade solar tem estado em declínio desde os anos 80, e ainda assim as temperaturas seguem subindo. Variações periódicas na órbita da Terra também deveriam estar nos encaminhando para um período de resfriamento e, a despeito disso, as temperaturas seguem subindo.
    Um trabalho exaustivo de avaliação e teste da hipótese de que diferentes forçantes climáticas poderiam explicar o cenário atual deixa, como principal responsável pelo aquecimento, o acúmulo de CO2 gerado por atividade humana na atmosfera nos últimos 200 anos.
    A saída que resta para quem insiste em negar esses fatos é apostar em alguma espécie de ilusão coletiva ou conspiração envolvendo praticamente todos os cientistas – mais de 90%, na verdade – que têm o estudo do clima e de suas variações de longo prazo como principal foco de pesquisa.
    Dada a forma como a atividade científica é conduzida, com a rotina de críticas duras por parte de colegas e competidores, a constante reanálise de dados e a exigência de revisão dos resultados pelos pares, a ocorrência de um fenômeno assim é algo bem próximo do inconcebível.
    Esse apelo desesperado à ilusão ou à conspiração é comum em círculos pseudocientíficos – criacionistas usamno para explicar a exclusão de suas crenças do currículo das ciências e homeopatas, acuados, também começam a se valer dele – mas não deveria ter lugar no debate sério sobre o que a melhor ciência disponível realmente diz.”

Disponível em: https://revistaquestaodeciencia.com.br/questionadorquestionado/2018/12/09/como-sabemos-que-o-aquecimento-globale-real-e-causado-por-nos Acesso em: 04/01/2023

“Esse apelo desesperado à ilusão ou à conspiração é comum em círculos pseudocientíficos – criacionistas usam-no para explicar a exclusão de suas crenças do currículo das ciências e homeopatas, acuados, também começam a se valer dele – mas não deveria ter lugar no debate sério sobre o que a melhor ciência disponível realmente diz.” (Texto 1, 15º parágrafo) A alternativa em que a reescritura da passagem acima NÃO produz mudança substancial de significado nem apresenta desvio em relação à norma padrão é:

  • A É comum, que se observe esse apelo desesperado à ilusão ou à conspiração em círculos pseudocientíficos – criacionistas usam-no para explicar a exclusão de suas crenças do currículo das ciências e homeopatas, acuados, também começam a se valer dele. No entanto, ele não deveria ter lugar no debate sério sobre o que a melhor ciência disponível realmente diz;
  • B Esse apelo desesperado à ilusão ou à conspiração é comum em círculos pseudocientíficos – criacionistas usam-no para explicar a exclusão de suas crenças do currículo das ciências e homeopatas acuados também começam a se valer dele – mas não deveria ter lugar no debate sério acerca do que a melhor ciência disponível efetivamente diz;
  • C Membros de círculos pseudocientíficos comumente apelam de forma desesperada à ilusão ou à conspiração – por exemplo, criacionistas usam esse recurso para explicar a exclusão de suas crenças do currículo das ciências e homeopatas, acuados, também começam a se valer dele. Sendo assim, tal apelo não deveria ter lugar no debate sério sobre o que a melhor ciência disponível realmente diz;
  • D Ainda que tal apelo desesperado à ilusão ou à conspiração seja comum em círculos pseudocientíficos – para além de criacionistas, que o utilizam para explicar a exclusão de suas crenças do currículo das ciências, também homeopatas, acuados, começam a se valer dele –, tal recurso não deveria ter lugar no debate sério sobre o que a melhor ciência disponível realmente diz;
  • E É comum que se observe esse apelo desesperado à ilusão ou à conspiração em círculos pseudocientíficos – criacionistas usam-no para explicar a exclusão de suas crenças do currículo das ciências e homeopatas, acuados, também começam a se valer dele. Tal recurso todavia, não deveria ter lugar no debate sério sobre o que a melhor ciência disponível de fato diz.
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Texto 2 – O jornalismo de opinião pode perpetuar negacionismos? (adaptado)
Por Matheus Cervo

    “No dia 9 de agosto de 2021, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) emitiu um dos mais completos e conclusivos relatórios sobre a grave crise ecológica e planetária que enfrentamos. O documento tem mais de 3 mil páginas, que foram escritas por aproximadamente 200 cientistas oriundos de 60 países diferentes a partir de anos de pesquisa sobre o tema, citando mais de 14 mil estudos que dão base às conclusões feitas.
    Após apenas um mês de emissão do relatório, o jornal Zero Hora (ZH) publicou um infeliz artigo de opinião de Flávio Juarez Feijó chamado ‘Aquecimento Natural’. Apesar de ser geólogo e ser mestre em geociências, Flávio foi abraçado pelo jornal da capital gaúcha por suas opiniões descabidas, que não possuem nenhum embasamento científico.
    Nesse artigo aprovado por ZH, ele ousou dizer que o relatório do IPCC é alarmista e que tem como meta o impedimento do crescimento de países subdesenvolvidos como o Brasil. Como supostos argumentos científicos, afirma que as mudanças climáticas atuais fazem parte de um ciclo natural da terra e que não é necessário reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Ainda, opina que as metas de carbono zero fariam a sociedade voltar a andar a cavalo e que a agricultura do nosso país voltaria a ser movida por arados a boi.
    Em letras miúdas quase imperceptíveis ao(à) leitor(a), o jornal ZH escreve no rodapé da página do artigo: ‘Os textos não representam a opinião do Grupo RBS’. Contudo, essa não é a primeira vez que ZH abraça as opiniões de Flávio, já que publicou outro texto do geólogo em 2018 chamado ‘Descarbonizar não é preciso’. Neste texto, sem nenhuma referência científica, diz que o derretimento das geleiras não acrescentaria uma ‘gota no oceano’, que o gelo da Antártica está protegido e que o nível do mar não irá subir. Ainda assim, não se contém e diz que, caso várias áreas do planeta derretam devido ao ‘aquecimento natural’, deve-se aproveitar as ‘benesses’ do contexto e criar novas rotas de navegação e vastas áreas de agricultura (!).
    Não é preciso dizer mais nada para afirmar que escolhas editoriais como essa são perigosas e devem ser apontadas como tal. Pequenas notas em rodapé não devem justificar a falta de responsabilidade de veículos de comunicação para com a pauta do colapso climático. É importante dizer que essas escolhas estão sendo feitas por muitos jornais brasileiros, como Folha de São Paulo, que publicou um péssimo texto de Leandro Narloch chamado ‘Negacionistas e aceitacionistas se equivalem na reação histérica contra quem questiona seus dogmas’. A publicação foi feita apenas 8 dias depois da emissão do relatório do IPCC e apenas 3 dias após manifestação do ombudsman da Folha contra o mesmo colunista.
    Esse pronunciamento do ombudsman só ocorreu devido à grande polêmica que os diversos textos negacionistas de Narloch causaram na opinião pública através das redes sociais. Por isso, devemos nos manter alerta às decisões editoriais como as de Zero Hora e nos manifestar criticamente para que o jornalismo brasileiro não aja como se o colapso climático fosse questão de opinião.”

Disponível em: https://jornalismoemeioambiente.com/2021/09/ 13/o-jornalismo-de-opiniao-pode-perpetuar-negacionismos- %ef%bf%bc/
Acesso em: 04/01/2023

O texto 2 apresenta não apenas o mesmo tema geral do texto 1 (o negacionismo em relação ao aquecimento global), mas também o mesmo modo de organização discursiva predominante: em ambos os casos, trata-se de textos argumentativos, como se pode verificar pela presença de uma tese central e de argumentos que a sustentam. A passagem do texto 2 que melhor sintetiza sua tese central é:

  • A “No dia 9 de agosto de 2021, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) emitiu um dos mais completos e conclusivos relatórios sobre a grave crise ecológica e planetária que enfrentamos.” (1º parágrafo);
  • B “Apesar de ser geólogo e ser mestre em geociências, Flávio foi abraçado pelo jornal da capital gaúcha por suas opiniões descabidas que não possuem nenhum embasamento científico.” (2º parágrafo);
  • C “ele ousou dizer que o relatório do IPCC é alarmista e que tem como meta o impedimento do crescimento de países subdesenvolvidos como o Brasil.” (3º parágrafo);
  • D “o derretimento das geleiras não acrescentaria uma ‘gota no oceano’, que o gelo da Antártica está protegido e que o nível do mar não irá subir.” (4º parágrafo);
  • E “Não é preciso dizer mais nada para afirmar que escolhas editoriais como essa são perigosas e devem ser apontadas como tal.” (5º parágrafo).
9
Texto 2 – O jornalismo de opinião pode perpetuar negacionismos? (adaptado)
Por Matheus Cervo

    “No dia 9 de agosto de 2021, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) emitiu um dos mais completos e conclusivos relatórios sobre a grave crise ecológica e planetária que enfrentamos. O documento tem mais de 3 mil páginas, que foram escritas por aproximadamente 200 cientistas oriundos de 60 países diferentes a partir de anos de pesquisa sobre o tema, citando mais de 14 mil estudos que dão base às conclusões feitas.
    Após apenas um mês de emissão do relatório, o jornal Zero Hora (ZH) publicou um infeliz artigo de opinião de Flávio Juarez Feijó chamado ‘Aquecimento Natural’. Apesar de ser geólogo e ser mestre em geociências, Flávio foi abraçado pelo jornal da capital gaúcha por suas opiniões descabidas, que não possuem nenhum embasamento científico.
    Nesse artigo aprovado por ZH, ele ousou dizer que o relatório do IPCC é alarmista e que tem como meta o impedimento do crescimento de países subdesenvolvidos como o Brasil. Como supostos argumentos científicos, afirma que as mudanças climáticas atuais fazem parte de um ciclo natural da terra e que não é necessário reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Ainda, opina que as metas de carbono zero fariam a sociedade voltar a andar a cavalo e que a agricultura do nosso país voltaria a ser movida por arados a boi.
    Em letras miúdas quase imperceptíveis ao(à) leitor(a), o jornal ZH escreve no rodapé da página do artigo: ‘Os textos não representam a opinião do Grupo RBS’. Contudo, essa não é a primeira vez que ZH abraça as opiniões de Flávio, já que publicou outro texto do geólogo em 2018 chamado ‘Descarbonizar não é preciso’. Neste texto, sem nenhuma referência científica, diz que o derretimento das geleiras não acrescentaria uma ‘gota no oceano’, que o gelo da Antártica está protegido e que o nível do mar não irá subir. Ainda assim, não se contém e diz que, caso várias áreas do planeta derretam devido ao ‘aquecimento natural’, deve-se aproveitar as ‘benesses’ do contexto e criar novas rotas de navegação e vastas áreas de agricultura (!).
    Não é preciso dizer mais nada para afirmar que escolhas editoriais como essa são perigosas e devem ser apontadas como tal. Pequenas notas em rodapé não devem justificar a falta de responsabilidade de veículos de comunicação para com a pauta do colapso climático. É importante dizer que essas escolhas estão sendo feitas por muitos jornais brasileiros, como Folha de São Paulo, que publicou um péssimo texto de Leandro Narloch chamado ‘Negacionistas e aceitacionistas se equivalem na reação histérica contra quem questiona seus dogmas’. A publicação foi feita apenas 8 dias depois da emissão do relatório do IPCC e apenas 3 dias após manifestação do ombudsman da Folha contra o mesmo colunista.
    Esse pronunciamento do ombudsman só ocorreu devido à grande polêmica que os diversos textos negacionistas de Narloch causaram na opinião pública através das redes sociais. Por isso, devemos nos manter alerta às decisões editoriais como as de Zero Hora e nos manifestar criticamente para que o jornalismo brasileiro não aja como se o colapso climático fosse questão de opinião.”

Disponível em: https://jornalismoemeioambiente.com/2021/09/ 13/o-jornalismo-de-opiniao-pode-perpetuar-negacionismos- %ef%bf%bc/
Acesso em: 04/01/2023

“Por isso, devemos nos manter alerta às decisões editoriais como as de Zero Hora e nos manifestar criticamente para que o jornalismo brasileiro não aja como se o colapso climático fosse questão de opinião.” (Texto 2, 6º parágrafo, último período) O texto 2 é predominantemente argumentativo (no que se refere ao seu modo de organização discursiva) e desempenha majoritariamente as funções referencial e emotiva (no que se refere ao seu propósito comunicativo). Seu último período, no entanto, subverte esse padrão, na medida em que evidencia uma predominância:

  • A do modo narrativo e da função metalinguística;
  • B do modo descritivo e da função fática;
  • C do modo injuntivo e da função conativa;
  • D do modo argumentativo e da função poética;
  • E do modo expositivo e da função fática.
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Texto 2 – O jornalismo de opinião pode perpetuar negacionismos? (adaptado)
Por Matheus Cervo

    “No dia 9 de agosto de 2021, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) emitiu um dos mais completos e conclusivos relatórios sobre a grave crise ecológica e planetária que enfrentamos. O documento tem mais de 3 mil páginas, que foram escritas por aproximadamente 200 cientistas oriundos de 60 países diferentes a partir de anos de pesquisa sobre o tema, citando mais de 14 mil estudos que dão base às conclusões feitas.
    Após apenas um mês de emissão do relatório, o jornal Zero Hora (ZH) publicou um infeliz artigo de opinião de Flávio Juarez Feijó chamado ‘Aquecimento Natural’. Apesar de ser geólogo e ser mestre em geociências, Flávio foi abraçado pelo jornal da capital gaúcha por suas opiniões descabidas, que não possuem nenhum embasamento científico.
    Nesse artigo aprovado por ZH, ele ousou dizer que o relatório do IPCC é alarmista e que tem como meta o impedimento do crescimento de países subdesenvolvidos como o Brasil. Como supostos argumentos científicos, afirma que as mudanças climáticas atuais fazem parte de um ciclo natural da terra e que não é necessário reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Ainda, opina que as metas de carbono zero fariam a sociedade voltar a andar a cavalo e que a agricultura do nosso país voltaria a ser movida por arados a boi.
    Em letras miúdas quase imperceptíveis ao(à) leitor(a), o jornal ZH escreve no rodapé da página do artigo: ‘Os textos não representam a opinião do Grupo RBS’. Contudo, essa não é a primeira vez que ZH abraça as opiniões de Flávio, já que publicou outro texto do geólogo em 2018 chamado ‘Descarbonizar não é preciso’. Neste texto, sem nenhuma referência científica, diz que o derretimento das geleiras não acrescentaria uma ‘gota no oceano’, que o gelo da Antártica está protegido e que o nível do mar não irá subir. Ainda assim, não se contém e diz que, caso várias áreas do planeta derretam devido ao ‘aquecimento natural’, deve-se aproveitar as ‘benesses’ do contexto e criar novas rotas de navegação e vastas áreas de agricultura (!).
    Não é preciso dizer mais nada para afirmar que escolhas editoriais como essa são perigosas e devem ser apontadas como tal. Pequenas notas em rodapé não devem justificar a falta de responsabilidade de veículos de comunicação para com a pauta do colapso climático. É importante dizer que essas escolhas estão sendo feitas por muitos jornais brasileiros, como Folha de São Paulo, que publicou um péssimo texto de Leandro Narloch chamado ‘Negacionistas e aceitacionistas se equivalem na reação histérica contra quem questiona seus dogmas’. A publicação foi feita apenas 8 dias depois da emissão do relatório do IPCC e apenas 3 dias após manifestação do ombudsman da Folha contra o mesmo colunista.
    Esse pronunciamento do ombudsman só ocorreu devido à grande polêmica que os diversos textos negacionistas de Narloch causaram na opinião pública através das redes sociais. Por isso, devemos nos manter alerta às decisões editoriais como as de Zero Hora e nos manifestar criticamente para que o jornalismo brasileiro não aja como se o colapso climático fosse questão de opinião.”

Disponível em: https://jornalismoemeioambiente.com/2021/09/ 13/o-jornalismo-de-opiniao-pode-perpetuar-negacionismos- %ef%bf%bc/
Acesso em: 04/01/2023

“O documento tem mais de 3 mil páginas, que foram escritas por aproximadamente 200 cientistas oriundos de 60 países diferentes a partir de anos de pesquisa sobre o tema, citando mais de 14 mil estudos que dão base às conclusões feitas.” (Texto 2, 1º parágrafo) Na passagem transcrita acima, chama a atenção o acúmulo de quatro dados numéricos (“3 mil páginas”, “200 cientistas”, “60 países diferentes” e “14 mil estudos”) em um único período. No contexto do texto 2, esse acúmulo produz o efeito de:

  • A minimizar a importância do aquecimento global;
  • B reforçar um argumento de autoridade;
  • C revelar um raciocínio circular;
  • D expor o caráter controverso das mudanças climáticas;
  • E ressaltar a importância de conscientizar os consumidores.
11
“A Receita Federal, em conjunto com o Ministério Público do Estado de São Paulo e Polícia Rodoviária Federal, deflagrou na manhã desta segunda-feira (7), a Operação Ceres, que visa combater complexa fraude fiscal promovida por organização criminosa atuante no segmento de produção e distribuição de cervejas.
Houve a identificação da ocorrência de diversos crimes que culminaram em sonegação de tributos federais, tais como falsidade documental, falsidade ideológica e uso de interpostas pessoas jurídicas no intuito de ocultar os reais beneficiários das fraudes combatidas.”
(https://www.gov.br/receitafederal/pt-br/assuntos/noticias/2022/novembro/operacao-ceres-receita-federal-executa-operacao-de-combate-a-fraudes-fiscais-estruturadas)
Esse texto pertence ao gênero informativo, caracterizado predominantemente pela objetividade, que é construída pela estruturação geral do texto, com o objetivo de fornecer claramente dados da realidade.
Assinale a opção que apresenta uma informação adequadamente retirada do segmento destacado.

  • A “A Receita Federal, em conjunto com o Ministério Público do Estado de São Paulo e Polícia Rodoviária Federal, deflagrou na manhã desta segunda-feira (7), a Operação Ceres...” / a operação Ceres foi iniciada de forma inesperada, com um aparato de segurança bastante forte, em função da gravidade do crime detectado.
  • B “...a Operação Ceres, que visa combater complexa fraude fiscal promovida por organização criminosa atuante no segmento de produção e distribuição de cervejas.” / o nome mitológico Ceres designa uma deusa mitológica relacionada ao trigo e a cereais, tendo sido escolhido aleatoriamente, sem qualquer relação lógica com os fatos informados.
  • C “A Receita Federal, em conjunto com o Ministério Público do Estado de São Paulo e Polícia Rodoviária Federal...” / a operação realizada envolve investigação de atividades criminosas ligadas a espaços diversos. 
  • D “...tais como falsidade documental, falsidade ideológica e uso de interpostas pessoas jurídicas no intuito de ocultar os reais beneficiários das fraudes combatidas.” / o segmento já mostra o resultado da operação deflagrada, com a descoberta de vários tipos de fraudes.
  • E “Houve a identificação da ocorrência de diversos crimes que culminaram em sonegação de tributos federais,” / Foram identificados vários e variados crimes, que encobriam o crime mais grave de sonegação de tributos. 
12

Os textos argumentativos podem apoiar-se em tipos diferentes de argumentos. Assinale a opção em que o argumento empregado pelo enunciador é apoiado na intimidação do receptor. 

  • A Não deixe para amanhã o que pode fazer hoje.
  • B Ganhe muito e gaste menos.
  • C Trabalhe pouco e ganhe muito.
  • D Conserte seu carro em mecânicos competentes, é mais caro, mas é mais seguro.
  • E Alimente-se de forma saudável e você chegará atrasado à outra vida.
13

A língua escrita, desde que foi criada, tem uma série de distintas funções. Assim, por exemplo, a língua escrita é o veículo de muitas declarações de renda, que são armazenadas em arquivos especializados na Receita Federal.
Nesse caso, a função predominante da escrita é

  • A a de transferência: transferir a realização do ato comunicativo para outro lugar ou momento
  • B a de preservação: armazenar informações para possíveis consultas futuras.
  • C a de memorização: preservar dados para consultas no momento de pagamento.
  • D a sócio-político-cultural: relacionar o pagamento de impostos com dados de uma sociedade civilizada. 
  • E a histórica: conservar textos de valor documentativo da evolução dos impostos no país.
14

Observe o relato de uma testemunha de um processo de auditoria fiscal, num diálogo com um fiscal: “Aí o empresário tentou misturar o documento falsificado com outros negócios que estavam numa gaveta, mas ele deu azar e o documento caiu e como eu tava lá, pude apanhar o papel no chão, que é esse que tá aí.”
Tendo esse texto como referência, assinale a opção que marca uma característica da língua culta e não da língua popular.

  • A O emprego de vocábulos de conteúdo geral, como, por exemplo, o vocábulo “negócios”.
  • B O emprego de conectores em lugar de outros de significados mais específicos, como, por exemplo, “Aí”, na frase inicial.
  • C A presença de repetições de palavras em busca de precisão, como, por exemplo, a repetição de “documento”.
  • D A utilização de um hiperônimo para evitar-se a repetição de palavras idênticas, como, por exemplo, “papel”. 
  • E A utilização de expressões da linguagem popular, como, por exemplo, “deu azar”.
15
“Renda é o produto ou resultado do trabalho, do capital ou dos dois. De forma simples, um empregado que trabalha um mês recebe um salário que é o resultado da função que ele exerce. É como se ele “vendesse” sua atividade pelo salário. No caso do emprego do capital, o raciocínio é parecido: quando uma pessoa empresta dinheiro, ela não espera somente o pagamento do empréstimo, no mesmo valor. Ela possui a expectativa de receber os juros deste empréstimo, que são a remuneração do capital aplicado. Da mesma forma, o empresário, ao exercer sua atividade empresarial, não “troca” dinheiro. Ele investe seu capital na expectativa de auferir lucro – que é a remuneração da atividade empresarial, superior ao capital investido.”
A respeito desse segmento, assinale a afirmativa correta. 
  • A Trata-se de um texto jornalístico que procura informar aos leitores as últimas novidades na área do imposto de renda.
  • B Identifica-se como um verbete de dicionário, com a preocupação de definir uma série de termos pertinentes ao mesmo campo semântico.
  • C Faz parte de um texto normativo, pois mostra os princípios legais que regem atividades econômicas.
  • D Aproxima-se de um texto didático que tem a preocupação de simplificar conhecimentos técnicos da área econômica.
  • E Mostra-se como um texto argumentativo, defendendo a tese de tornar os conhecimentos econômicos mais populares.
16

Leia o texto a seguir, adaptado de um site informativo:


“Impostos são tributos obrigatórios que o cidadão brasileiro (ou de qualquer outro país) paga para contribuir com as despesas administrativas do Estado. Entre essas despesas estão: saúde, educação, segurança, infraestrutura, alimentação e etc.


Como o próprio nome já diz, os pagamentos desses tributos são impostos pelo Governo. Quando o pagamento não é feito, ele pode gerar multas ou punições legais mais graves ao cidadão, como prisão ou congelamento de documentação. ”


Todos os segmentos abaixo, retirados do texto acima, mostram problemas gramaticais ou de expressão. Assinale o único segmento integralmente adequado.

  • A Impostos são tributos obrigatórios que o cidadão brasileiro (ou de qualquer outro país) paga... 
  • B ...paga para contribuir com as despesas administrativas do Estado.
  • C Entre essas despesas estão: saúde, educação, segurança, infraestrutura, alimentação e etc.
  • D Como o próprio nome já diz, os pagamentos desses tributos são impostos pelo Governo.
  • E Quando o pagamento não é feito, ele pode gerar multas ou punições legais mais graves...
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Leia com atenção o pequeno texto abaixo:
“Pagamos mais impostos em remédios do que em revistas e filmes pornográficos - Sim, isso mesmo. Enquanto revistas eróticas sofrem uma taxação de 19%, nossos remédios possuem uma carga tributária de incríveis 34%. Além de dar prioridade ao conteúdo adulto, nosso sistema tributário ainda nos trata pior do que animais: segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), medicamentos veterinários possuem uma carga tributária de 13%, quase um terço dos impostos embutidos em remédios de uso humano.”
(Sete fatos impressionantes sobre os impostos no Brasil – Emanuel Steffen)
Nesse texto, a crítica realizada é a de que os impostos

  • A demonstram a insanidade do sistema tributário, que incentiva o consumo de revistas e filmes pornográficos.
  • B mostram desequilíbrio na tributação, pois provocam aumento de preços em setores menos importantes.
  • C Indicam a absoluta falta de critério na taxação de produtos mais importantes, em detrimento de outros de menor importância social.
  • D comprovam a ilogicidade da cobrança, já que tributam mais os produtos em que deveriam cobrar menos, em comparação com outros.
  • E privilegiam setores de menor interesse social, ao passo que cobram bastante de outros em que há interesse humano.
18

Observe o que nos diz o escritor Lima Barreto sobre o nosso país:
“Não há dúvida alguma que o Brasil é um país muito rico. Nós que nele vivemos não nos apercebemos bem disso, e até, ao contrário, o supomos muito pobre, pois a toda hora e a todo instante, estamos vendo o governo lamentar-se que não faz isto ou não faz aquilo por falta de verba. 
Nas ruas da cidade, nas mais centrais até, andam pequenos vadios, a cursar a perigosa universidade das sarjetas, aos quais o governo não dá destino, ou os mete num asilo, num colégio profissional qualquer, porque não tem verba, não tem dinheiro. É o Brasil rico… 
Surgem epidemias pasmosas, a matar e a enfermar milhares de pessoas, que vêm mostrar a falta de hospitais na cidade, a má localização dos existentes. Pede-se a construção de outros bem situados; e o governo responde que não pode fazer porque não tem verba, não tem dinheiro. E o Brasil é um país rico.”
Considerando-se o trecho de Lima Barreto como um exemplo de texto argumentativo, assinale a afirmativa correta sobre sua estrutura.

  • A A tese apresentada é a de que o Brasil é um país rico, mas que, por má administração, se mostra como pobre.
  • B Na defesa da tese apresentada o autor apela para informações presentes na imprensa sobre a nossa realidade cotidiana.
  • C Os argumentos utilizados para o convencimento do públicoalvo se apoiam em depoimentos sobre as evidências de pobreza no país.
  • D O texto apresenta sua argumentação com base na ironia, pois apesar de pobre, o Brasil se mostra como rico.
  • E O público-alvo a ser convencido é a imensa população brasileira, que vê o país como rico, mas não nota os frutos dessa riqueza na realidade cotidiana.
19

Numa magnífica crônica intitulada Eu sei, mas não devia, a escritora Marina Colasanti diz o seguinte: 
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez vai pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra. 
Uma das características básicas da textualidade é a necessidade de coesão. Assinale a frase que não mostra relação temática com os segmentos anteriores.

  • A E a lutar para ganhar dinheiro com que pagar.
  • B E a ganhar menos do que precisa.
  • C E a fazer fila para pagar.
  • D E a pagar mais do que as coisas valem.
  • E E a procurar mais trabalho para ganhar mais dinheiro.

Raciocínio Lógico

20

A Mega-Sena é um jogo de apostas no qual são sorteadas 6 dentre 60 bolas numeradas de 1 a 60. Cecília fez uma aposta, escolhendo os números 1, 2, 3, 4, 5 e 6. Cecília está acompanhando o sorteio e viu que as três primeiras bolas sorteadas foram as de número 1, 2 e 3.


A chance de Cecília acertar os seis números e ganhar na MegaSena é agora de uma em

  • A 29.260.
  • B 38.482.
  • C 61.245.
  • D 83.998.
  • E 102.063.
21

Edson e Roberto fazem uma aposta jogando dois dados, ambos regulares. Edson ganha a aposta se saírem dois números maiores do que 3. Caso contrário, ganha Roberto.
Eles pretendem fazer um jogo honesto. Se perder, Edson pagará a Roberto 10 reais.
Então, se perder, Roberto deverá pagar a Edson

  • A 18 reais.
  • B 24 reais.
  • C 30 reais.
  • D 42 reais.
  • E 46 reais.
22

Ana vai passar o fim de semana em sua casa de praia. A previsão do tempo diz que a probabilidade de chuva no sábado é de 30%, e a probabilidade de chuva no domingo é de 40%.
Nesse caso, a probabilidade de que Ana consiga ir à praia no fim de semana sem pegar chuva é de

  • A 46%.
  • B 55%.
  • C 63%.
  • D 88%.
  • E 92%.

Matemática

23

Um quadro-negro de forma retangular tem lados horizontais de 81,0cm e lados verticais de 70,2cm. Deseja-se traçar linhas horizontais e verticais igualmente espaçadas, de modo a cobrir inteiramente o quadro-negro de quadrados.
O número mínimo de quadrados que se obtém dessa forma é igual a 

  • A 195.
  • B 209.
  • C 216.
  • D 252.
  • E 280.

Raciocínio Lógico

24

Nelson dividiu sua vasta biblioteca entre livros de aventura (a), biografias (b), científicos (c) e diversos (d). Ele também catalogou os livros segundo o número de páginas (np): os de menos de 200 páginas, aqueles que têm entre 200 e 500 páginas e os de mais de 500 páginas.
A tabela a seguir apresenta os percentuais de livros com menos de duzentas páginas e percentuais de livros com mais de 500 páginas para cada uma das categorias a, b, c e d. A tabela mostra ainda o percentual de livros de cada uma das 4 categorias. 
Imagem relacionada à questão do Questões Estratégicas 
O percentual de livros da biblioteca com um número de páginas entre 200 e 500 situa-se entre

  • A 0,45 e 0,50.
  • B 0,40 e 0,45.
  • C 0,35 e 0,40.
  • D 0,30 e 0,35.
  • E 0,25 e 0,30.
25

Sejam A = (34, 52) e B = (10, 7) dois pontos no plano cartesiano. Considere o ponto C = (x, y) situado no segmento que une A a B e tal que a distância de C a A seja o dobro da distância de C a B.
A soma x + y das coordenadas de C vale

  • A 38.
  • B 39.
  • C 40.
  • D 41.
  • E 42.
26

A quantidade de anagramas da palavra SAUDADE nos quais todas as vogais estejam juntas é igual a

  • A 98.
  • B 144.
  • C 186.
  • D 204.
  • E 288.

Matemática

27

Uma pequena amostra de 11 salários (medidos em quantidades de salários mínimos) de trabalhadores de terceiro setor mostrou os seguintes resultados: 
2,0   2,3   2,7   3,4   3,9   2,8   2,3   1,8   1,5   3,3   1,5
A diferença, em quantidade de salários mínimos, entre os valores da média e da mediana desses dados é igual a

  • A 0,0.
  • B 0,1.
  • C 0,2.
  • D 0,3.
  • E 0,4.

Raciocínio Lógico

28

Uma variável aleatória discreta X tem função de probabilidade dada por
Imagem relacionada à questão do Questões Estratégicas

A probabilidade de que o valor de X seja maior do que 2 é igual a

  • A 10%.
  • B 20%.
  • C 25%.
  • D 30%.
  • E 50%.

Estatística

29

Uma reta de regressão linear simples foi obtida a partir do modelo
Y = αX + β + e
pelo método de mínimos quadrados usual e mostrou as seguintesestimativas dos coeficientes: α = 3,4 e b = 0,5; além disso, obteve-se um coeficiente de correlação amostral igual a 0,9. 
Com base nesses dados, avalie se as afirmativas a seguir estãocorretas.
I. A porcentagem da variação total dos dados que é explicadapela regressão é menor do que 60%. II. A reta de regressão obtida ajusta bem o modelo. III. O intercepto α = 3,4 mostra que a valor grandes dex correspondem valores grandes de y.
Está correto o que se afirma em

  • A I, apenas.
  • B II, apenas.
  • C I e III, apenas.
  • D II e III, apenas.
  • E I e II, apenas.

Pedagogia

30
A crise da educação brasileira não é uma crise, é um projeto.
Em 2022 comemorou-se o centenário do nascimento do antropólogo, educador e político brasileiro Darcy Ribeiro, cuja trajetória foi marcada pelo sentimento de urgência no encaminhamento das grandes questões sociais brasileiras, como a crise crônica na educação pública. Em entrevista ao programa Roda Viva (1995) afirmou: “A escola trata o menino popular como se fosse classe média. Ela dá exercício para fazer em casa. Suponha que ele tenha casa. Suponha que em casa tenha quem já estudou; 80% das famílias da periferia de São Paulo não têm. Então a escola é feita para ele fracassar nela.” 
A respeito das principais iniciativas promovidas por Darcy Ribeiro no campo da educação pública, analise as afirmativas a seguir.
I. Como legislador, foi relator no Senado da atual Lei de Diretrizes e Bases da educação Brasileira (LDB) aprovada em 1996, a qual incluiu a educação infantil (creches e pré-escola) como primeira etapa da educação básica. II. Como educador, idealizou os Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs) para proporcionar uma escolarização em tempo integral e disponibilizar educação, esportes, assistência médica, alimentos e atividades culturais variadas a todos os alunos. III. Como político indigenista, elaborou a lei que tornou obrigatório o estudo da história e cultura indígena nas escolas de Ensino Fundamental e Médio, para assegurar o reconhecimento do valor civilizacional dos povos nativos e sua contribuição para a cultura do Brasil.
Está correto o que se afirma em
  • A I, apenas.
  • B I e II, apenas.
  • C I e III, apenas.
  • D II e III, apenas.
  • E I, II e III.
31

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) tem sido atualizada para responder a demandas recentes da sociedade brasileira.
As afirmativas a seguir exemplificam corretamente alterações realizadas na LDB desde 2019, à exceção de uma. Assinale-a. 

  • A Garantia de mobiliário, equipamentos e materiais pedagógicos adequados à idade e às necessidades específicas de cada aluno, inclusive mediante a provisão de mobiliário, equipamentos e materiais pedagógicos apropriados.
  • B Inclusão de conteúdos sobre a prevenção da violência contra a mulher nos currículos da educação básica e instituição da Semana Escolar de Combate à Violência contra a Mulher. 
  • C Introdução de modalidade de educação bilíngue de surdos, oferecida em Língua Brasileira de Sinais (Libras), como primeira língua, e em português escrito, como segunda.
  • D Direito de o aluno faltar a provas marcadas em dias em que o exercício de atividades lhe seja vedado em função de suas crenças religiosas, sem atribuição de prestações alternativas. 
  • E Compromisso da educação básica com a formação do leitor e alfabetização plena mediante uma capacitação gradual para a leitura na educação básica como requisitos indispensáveis para o desenvolvimento dos indivíduos.
32

Para promover a educação em direitos humanos, o Plano Nacionalde Educação em Direitos Humanos prevê uma série de açõesprogramáticas, entre as quais:
• Solicitar às agências de fomento a criação de linhas de apoio àpesquisa, ao ensino e à extensão na área de educação emdireitos humanos; • Estabelecer políticas e parâmetros para a formaçãocontinuada de professores em educação em direitos humanos,nos vários níveis e modalidades de ensino; • Promover pesquisas em nível nacional e estadual com oenvolvimento de universidades públicas, comunitárias eprivadas, levantando as ações de ensino, pesquisa e extensãoem direitos humanos, de modo a estruturar um cadastroatualizado e interativo.
Pelo Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, as açõesprogramáticas citadas são de competência da

  • A Educação Básica.
  • B Educação Profissionalizante.
  • C Educação Superior.
  • D Educação Não Formal.
  • E Educação Fundamental.
33

O Projeto Político Pedagógico (PPP) é um instrumento que reflete a proposta educacional da escola, o planejamento pedagógico, as ações, as metas e os resultados alcançados e deve estar fundamentado na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e no Referencial Curricular Amapaense (RCA), homologado em 2019.
Com relação ao item do PPP “Concepção do Projeto Societário de Escola”, relacione os marcos listados a seguir às suas respectivas caracterizações. 
1. Marco Conceitual 2. Marco Operacional 3. Marco Situacional
( ) Estabelece relações entre os fundamentos teóricos adotados, os instrumentos de gestão democrática e os princípios de intervenções na prática pedagógica, levando em consideração o que propõe a BNCC e o RCA. ( ) Define as propostas e linhas de ação do trabalho pedagógico escolar na perspectiva pedagógica e administrativa, financeira e político-social, em sintonia com o RCA. ( ) Apresenta um diagnóstico da escola e de suas especificidades, ao contextualizá-la em relação à realidade sócio-política, econômica, cultural, educacional do estado e do município em que se encontra.
Assinale a opção que mostra a relação correta, na ordem apresentada.

  • A 1, 2 e 3.
  • B 2, 1 e 3.
  • C 3, 2 e 1.
  • D 1, 3 e 2.
  • E 3, 1 e 2.
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Para traduzir o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos em práticas educativas voltadas para a construção de uma cultura de respeito e para a promoção dos direitos humanos na sociedade amapaense é necessário que a Secretaria de Estado de Educação proponha uma série de diretrizes e ações estratégicas como as exemplificadas a seguir, à exceção de uma, a qual está em desacordo com o prescrito no Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. Assinale-a. 

  • A Orientar a inclusão da educação em Direitos Humanos no processo de formulação e/ou reformulação dos Projetos Político Pedagógico das escolas.
  • B Fortalecer as ações da Cultura de Paz no ambiente escolar, voltadas para a vivência de Práticas Restaurativas em Direitos e Valores Humanos, com ênfase na comunicação não violenta, compaixão e justiça restaurativa.
  • C Enquadrar a educação de excepcionais no sistema geral de educação básica, a fim de capacitá-los para a integração na comunidade e garantir sua mobilidade e adaptação no âmbito escolar. 
  • D Realizar levantamento de bullying, racismo, homofobia e situações de violência presentes no ambiente escolar, bem como das necessidades específicas relacionadas à violação de direitos de grupos representativos de mulheres, quilombolas, Indígenas, pessoas com deficiência, LGBTQIA+ e outros.
  • E Garantir a perspectiva da educação em direitos humanos na implementação das diretrizes da Base Curricular Amapaense para Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e currículos prioritários, alinhando às especificidades da Educação Inclusiva, Educação Indígena, Educação Étnico Racial, Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissional.
35

A educação em direitos humanos é uma educação que não acontece somente nos limites da sala de aula. Ela é um processo permanente, continuado e global voltado para uma mudança cultural, motivo pelo qual ela não é restrita a espaços formais de ensino.
Prevista pelo Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, a educação em direitos humanos em âmbito não formal

  • A estimula processos formativos de lideranças sociais para o exercício ativo da cidadania.
  • B depende da inserção da educação em direitos humanos nas diretrizes curriculares.
  • C promove o uso legal, legítimo, proporcional e progressivo da força, protegendo todos os cidadãos.
  • D inclui o tema dos direitos humanos nos projetos políticopedagógicos das escolas.
  • E garante o fortalecimento dos Conselhos Escolares como agentes promotores da educação em direitos humanos.
36

Leia com atenção o trecho a seguir.
“Com efeito, entendida a pedagogia como ‘teoria da educação’, evidencia-se que se trata de uma teoria da prática: a teoria da prática educativa. Não podemos perder de vista, porém, que se toda pedagogia é teoria da educação, nem toda teoria da educação é pedagogia. Na verdade, o conceito de pedagogia se reporta a uma teoria que se estrutura a partir e em função da prática educativa. A pedagogia, como teoria da educação, busca equacionar, de alguma maneira, o problema da relação educador-educando, de modo geral, ou, no caso específico da escola, a relação professor-aluno, orientando o processo de ensino e aprendizagem. Assim, não se constituem como pedagogia aquelas teorias que analisam a educação pelo aspecto de sua relação com a sociedade não tendo como objetivo formular diretrizes que orientem a atividade educativa, como é o caso das teorias que chamei de ‘crítico-reprodutivistas’”.
(SAVIANI, 2006)
Em relação ao que sustenta Saviani no trecho destacado, assinale a afirmativa incorreta.

  • A A Pedagogia tem por objeto de atenção e reflexão a Educação.
  • B As teorias da Educação, sob o ponto de vista da Pedagogia, são estruturadas com base na prática educativa.
  • C Segundo o autor, todas as teorias da Educação são necessariamente Pedagogia. 
  • D A Pedagogia busca, no âmbito da educação escolar, tratar das relações que envolvem o processo de ensino-aprendizagem.
  • E O autor considera que as teorias às quais denominou ‘crítico-reprodutivistas’ não se configuram como Pedagogia.
37

Para Saviani (2006), as concepções de educação podem ser agrupadas em duas grandes tendências.
Acerca de tais tendências, avalie se as afirmativas a seguir estão corretas: 
I. A primeira tendência é a que prioriza a teoria em relação à prática. II. A segunda tendência é a que subordina a teoria à prática. III. As duas tendências dedicam o mesmo destaque às teorias do ensino e às da aprendizagem. IV. A segunda tendência está na base da generalização do lema “aprender a aprender”.
Estão corretas as afirmativas

  • A I e II, apenas.
  • B III e IV, apenas.
  • C I, II e III, apenas.
  • D I, II e IV, apenas.
  • E I, II, III e IV.
38

Leia com atenção o trecho a seguir.
“Neste capítulo, vamos tratar das concepções pedagógicas propriamente ditas, ou seja, vamos abordar as diversas tendências teóricas que pretenderam dar conta da compreensão e da orientação da prática educacional em diversos momentos e circunstâncias da história humana. Desse modo, estaremos aprofundando a compreensão da articulação entre filosofia e educação, que, aqui, atinge o nível da concepção filosófica da educação, que se sedimenta em uma pedagogia. Genericamente, podemos dizer que a perspectiva redentora se traduz pelas pedagogias liberais e a perspectiva transformadora pelas pedagogias progressistas” 
(LUCKESI, 1994, p.53)
Em relação ao que o autor sustenta sobre as pedagogias liberais e as progressistas, assinale a afirmativa correta. 

  • A A Pedagogia progressista se desdobra em libertadora e crítico-social dos conteúdos.
  • B A Pedagogia liberal se desdobra em tradicional, renovada progressivista e tecnicista.
  • C Os dois grupos contêm, cada um, três tendências.
  • D A tendência tradicional figura nos dois grupos.
  • E A tendência libertária estaria dentro do grupo da Pedagogia progressista.
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Em texto no qual discute as relações entre universalismo e relativismo no âmbito dos currículos escolares, Forquin analisa uma perspectiva que, segundo o autor, “possui, simultaneamente, um sentido descritivo e um sentido prescritivo” (p. 15). O sentido descritivo consistiria em designar “a situação objetiva de um país onde existem grupos de origem étnica ou geográfica diversa e que não compartilham nem os mesmos modos de vida nem os mesmos valores”. Já o sentido prescritivo estaria representado quando o ensino, “na escolha dos conteúdos, dos métodos e dos modos de organização do ensino, levar em conta a diversidade dos pertencimentos e das referências culturais dos grupos de alunos a que se dirige, rompendo com o etnocentrismo explícito ou implícito que está subentendido historicamente nas políticas escolares “assimilacionistas”, discriminatórias e excludentes” (p. 15).
Assinale a opção que contém o termo empregado para identificar a perspectiva analisada por Forquin. 

  • A Multiculturalismo.
  • B Pluriculturalismo.
  • C Interculturalismo.
  • D Transculturalismo.
  • E Supraculturalismo.