Resolver o Simulado Arquiteto - Nível Superior

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Português

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O outro marido


Era conferente da Alfândega — mas isso não tem importância. Somos todos alguma coisa fora de nós; o eu irredutível nada tem a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca. Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situação exterior e familiar não mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros não percebem.


Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos, quando se casaram (quanto ao íntimo, é claro). Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. Tão perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armário. Santos doía-se de ser um objeto aos olhos de d. Laurinha. Se ela também era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferença de que d. Laurinha não procurava fugir a essa simplificação, nem reparava; era de fato objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado.


Ao aparecerem nele as primeiras dores, d. Laurinha penalizou-se, mas esse interesse não beneficiou as relações do casal. Santos parecia comprazer-se em estar doente. Não propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doença era para ele ocupação, emprego suplementar. O médico da Alfândega dissera-lhe que certas formas reumáticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptação e disciplina. Santos começou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a d. Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral, com certo orgulho de estar assim tão afetado.


– Quando você ficar bom…


– Não vou ficar. Tenho doença para o resto da vida.


Para d. Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar remédio e entregar o caso à alma do padre Eustáquio, que vela por nós. Começou a fatigar-se com a importância que o reumatismo assumira na vida do marido. E não se amolou muito quando ele anunciou que ia internar-se no Hospital Gaffrée Guinle.


– Você não sentirá falta de nada, assegurou-lhe Santos. Tirei licença com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo começo de mês trazer o dinheiro.


(...) Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram até um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos. Ele chegava e saía curvado, sob a garra do reumatismo, que nem melhorava nem matava. A visita não era de todo desagradável, desde que a doença deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distraída: os internados sabem de tudo cá de fora.


– Pelo rádio — explicou Santos. (...)


Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia não veio. D. Laurinha preocupou-se. Não só lhe faziam falta os cruzeiros; ele também fazia. Tomou o ônibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroço.


Lá ele não era conhecido. Na Alfândega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereço da viúva?


– Sou eu a viúva — disse d. Laurinha, espantada.


O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viúva do Santos, d. Crisália, fizera bons piqueniques com o casal na ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praça. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara três órfãos, coitado.


E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. Lá estavam Santos, muito lépido, sorrindo, a outra mulher, os três garotos. Não havia dúvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo, a outra realidade de Santos era tão destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecível.


– Desculpe, foi engano. A pessoa a que me refiro não é essa — disse d. Laurinha, despedindo-se.


ANDRADE, Carlos Drummond. Disponível em: https://contobrasileiro.com.br/o-outromarido-cronica-de-carlos-drummond-deandrade/ (Adaptado)

Quanto à flexão verbal, assinale a alternativa que apresenta uma passagem do texto, retirada do 8º parágrafo, com verbo no pretérito maisque-perfeito do modo indicativo:

  • A “Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, (...)”.
  • B “(...) ficaram até um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos.”.
  • C “Ele chegava e saía curvado, sob a garra do reumatismo, (...)”.
  • D “A visita não era de todo desagradável, (...)”.
  • E “(...) desde que a doença deixara de ser assunto.”.
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O outro marido


Era conferente da Alfândega — mas isso não tem importância. Somos todos alguma coisa fora de nós; o eu irredutível nada tem a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca. Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situação exterior e familiar não mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros não percebem.


Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos, quando se casaram (quanto ao íntimo, é claro). Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. Tão perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armário. Santos doía-se de ser um objeto aos olhos de d. Laurinha. Se ela também era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferença de que d. Laurinha não procurava fugir a essa simplificação, nem reparava; era de fato objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado.


Ao aparecerem nele as primeiras dores, d. Laurinha penalizou-se, mas esse interesse não beneficiou as relações do casal. Santos parecia comprazer-se em estar doente. Não propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doença era para ele ocupação, emprego suplementar. O médico da Alfândega dissera-lhe que certas formas reumáticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptação e disciplina. Santos começou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a d. Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral, com certo orgulho de estar assim tão afetado.


– Quando você ficar bom…


– Não vou ficar. Tenho doença para o resto da vida.


Para d. Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar remédio e entregar o caso à alma do padre Eustáquio, que vela por nós. Começou a fatigar-se com a importância que o reumatismo assumira na vida do marido. E não se amolou muito quando ele anunciou que ia internar-se no Hospital Gaffrée Guinle.


– Você não sentirá falta de nada, assegurou-lhe Santos. Tirei licença com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo começo de mês trazer o dinheiro.


(...) Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram até um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos. Ele chegava e saía curvado, sob a garra do reumatismo, que nem melhorava nem matava. A visita não era de todo desagradável, desde que a doença deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distraída: os internados sabem de tudo cá de fora.


– Pelo rádio — explicou Santos. (...)


Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia não veio. D. Laurinha preocupou-se. Não só lhe faziam falta os cruzeiros; ele também fazia. Tomou o ônibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroço.


Lá ele não era conhecido. Na Alfândega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereço da viúva?


– Sou eu a viúva — disse d. Laurinha, espantada.


O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viúva do Santos, d. Crisália, fizera bons piqueniques com o casal na ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praça. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara três órfãos, coitado.


E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. Lá estavam Santos, muito lépido, sorrindo, a outra mulher, os três garotos. Não havia dúvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo, a outra realidade de Santos era tão destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecível.


– Desculpe, foi engano. A pessoa a que me refiro não é essa — disse d. Laurinha, despedindo-se.


ANDRADE, Carlos Drummond. Disponível em: https://contobrasileiro.com.br/o-outromarido-cronica-de-carlos-drummond-deandrade/ (Adaptado)

Há um uso adequado do acento grave indicativo de crase apenas na opção:

  • A Não me dirigi à ela nem à ninguém durante a reunião.
  • B Os viajantes chegaram bem àquele território inóspito.
  • C Não costumo comprar nada à prazo.
  • D Ela se referiu à uma heroína do século XIX.
  • E Por causa da promoção, os produtos estavam orçados à partir de 1,99.
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Texto


        A Guiné Equatorial confirmou o seu primeiro surto de febre hemorrágica de Marburg, doença causada pelo vírus de Marburg. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), até aquela data foram contabilizadas nove mortes mais 16 casos suspeitos com sintomas como febre, fadiga e vômito com sangue e diarreia.

         Autoridades de saúde do país enviaram amostras ao laboratório de referência do Instituto Pasteur no Senegal, com ajuda da OMS, para determinar a origem do surto. Das oito amostras testadas, uma deu positivo para o vírus.

       Segundo a OMS, há várias investigações em andamento. Existem equipes nos distritos afetados para rastrear contatos, isolar e fornecer assistência médica às pessoas que apresentam sintomas da doença. A organização, em colaboração com forças nacionais da Guiné Equatorial, também colocou esforços para montar rapidamente uma resposta de emergência e controle do surto.

       A doença causada pelo vírus de Marburg é rara, porém mortal. Ela tem taxa de letalidade de até 88%, mas com os cuidados adequados ao paciente, pode cair para até 24%. Em comparação, a taxa do Sars-CoV-2, o vírus da Covid-19, chegou a 14% no auge da pandemia. A do vírus do Ebola, que já variou de 25% a 90%, hoje tem média de 50%. Isso torna o vírus de Marburg um dos mais letais do mundo. Capaz de atingir humanos e outros primatas, ele pertence à família Filoviridae, a mesma do vírus do Ebola – e causa sintomas similares: a doença começa abruptamente, com febre alta, dor de cabeça e mal-estar intensos. Dentro de sete dias, muitos pacientes já desenvolvem sintomas hemorrágicos graves.

       O vírus é altamente infeccioso, e pode ser transmitido às pessoas por morcegos que se alimentam de frutas, ou se espalhar entre os humanos por meio do contato direto com fluidos corporais, superfícies e materiais infectados.

     O intervalo da infecção até o início dos sintomas, chamado de período de incubação, varia de 2 a 21 dias. Além dos sintomas já citados, dores musculares também são uma característica comum. Diarreia intensa, dor abdominal e cólicas, náuseas e vômitos podem começar no terceiro dia.

    Muitos pacientes desenvolvem quadros hemorrágicos graves entre o quinto e o sétimo dia – casos fatais costumam apresentar sangramento generalizado. O sangue fresco no vômito e nas fezes costuma ser acompanhado de sangramento nasal, gengival e vaginal.

      Em casos fatais, a morte ocorre mais frequentemente entre 8 e 9 dias após o início dos sintomas, geralmente precedida por intensa perda de sangue.

      O nome Marburg é em referência à cidade em que foi identificado um dos primeiros surtos da doença. Em 1967, grandes surtos simultâneos atingiram três cidade: Belgrado (Sérvia), Frankfurt (Alemanha) e, a pouco menos de 100 quilômetros ao norte dali, a também alemã Marburg.

   O problema começou quando trabalhadores de laboratório foram expostos a macacos infectados trazidos de Uganda. Os pesquisadores passaram a doença para médicos e familiares, resultando em 31 pessoas infectadas e sete mortes.

       Apesar do início na Europa, a maioria dos casos ao longo dos anos se restringiu à África. Há relatos de surtos e casos esporádicos em Angola, República Democrática do Congo, Quénia, África do Sul e em Uganda – neste último, em 2008, houve registro de dois casos independentes de viajantes que visitaram uma caverna habitada por colônias de morcegos.

    O mais indicado é tomar cuidado com áreas de morcegos frugívoros. Durante pesquisas ou visitas turísticas em minas ou cavernas habitadas por morcegos do tipo, as pessoas devem usar luvas e outras roupas de proteção adequadas. Detalhe: a espécie de morcego atribuída à propagação do vírus, a Rousettus aegyptiacus, só é encontrada na África e em algumas partes da Ásia. 

       Outra medida importante é reduzir o risco de transmissão entre pessoas via fluidos corporais. É melhor evitar contato físico próximo com pacientes suspeitos, e luvas e equipamentos de proteção individual devem ser usados ao cuidar de doentes em casa. Além de, é claro, sempre lavar as mãos.

     É pouco provável que o surto da Guiné Equatorial se torne uma pandemia tão disseminada quanto a da Covid-19. Os sintomas do vírus de Malburg aparecem em poucos dias e, rapidamente, levam o paciente a um quadro grave (e um possível óbito). Dessa forma, não dá tempo para que ele se espalhe e infecte muitas pessoas, como fez o SarsCoV-2 (e como faz o vírus da gripe, que tem uma taxa de letalidade baixa e se dissemina rapidinho).

       Mesmo assim, é bom ficar alerta – afinal, viajantes podem levar o vírus para outros países – e acompanhar a resposta à doença, que, até agora, tem sido positiva.
 
   “Graças à ação rápida e decisiva das autoridades da Guiné Equatorial na confirmação da doença, a resposta de emergência pôde atingir todo o vapor rapidamente para salvarmos vidas e determos o vírus o mais rápido possível”, afirma o Dr. Matshidiso Moeti, diretor regional da OMS na África. 


CAPARROZ, Leo. O que é o Vírus de Marburg que teve surto
confirmado pela OMS. Disponível em:
<https://super.abril.com.br/saude/o-que-e-o-virus-de-marburgque-teve-surto-confirmado-pela-oms/>. Último acesso em 18
fev. 2023. (Adaptado)

A palavra ‘surto’ pode ser empregada não somente como substantivo, referente à doença local que se dissemina rapidamente, mas também como verbo no presente do indicativo na primeira pessoa do singular do verbo ‘surtar’. 
A esse fenômeno linguístico dá-se o nome de:

  • A Paronímia.
  • B Sinonímia.
  • C Polissemia.
  • D Homonímia.
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O Cérebro do Futuro

Por Luah Galvão

Imagem relacionada à questão do Questões Estratégicas

(Disponível em: https://exame.com/colunistas/o-que-te-motiva/o-cerebro-do-futuro-no-olhar-de-daniel-pink/ – texto adaptado especialmente para esta prova).

Considerando a formação do período composto, analise o período e as assertivas a seguir:
“Mas, o tempo passou, o mundo girou, o contexto se alterou e cá estamos para comprovar as tendências”. 
I. O período é composto por cinco orações. II. Há uma oração reduzida no período. III. O período apresenta duas orações coordenadas.
Quais estão corretas?

  • A Apenas I.
  • B Apenas II.
  • C Apenas I e II.
  • D Apenas I e III.
  • E Apenas II e III.
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Atenção: Para responder à questão, baseie-se no texto abaixo.


[Acerca da “Igualdade”]

  “Liberdade, Igualdade, Fraternidade” foi o grito de guerra da Revolução Francesa. Hoje há disciplinas inteiras − ramos da filosofia, da ciência política e dos estudos jurídicos − que têm a “igualdade” como tema central de estudos. Todos concordam que a igualdade é um valor; ninguém parece concordar quanto ao que se refere o termo. Igualdade de oportunidades? Igualdade de condições? Igualdade formal perante a lei?
   Estaremos falando de uma ideologia, a crença de que todos na sociedade deveriam ser iguais − claro que não em todos os aspectos, mas nos mais importantes? Ou será uma sociedade em que as pessoas são efetivamente iguais? O que isso significaria de fato, na prática, em ambos os casos? Que todos os membros da sociedade têm igual acesso à terra, ou tratam uns aos outros com igual dignidade, ou são igualmente livres para expor suas opiniões em assembleias públicas?
   A igualdade seria o apagamento do indivíduo ou a celebração do indivíduo? Numa sociedade, por exemplo, em que os mais poderosos são tratados como divindades e tomam as decisões mais importantes, é possível falar em igualdade? E as relações de gênero? Muitas sociedades tratadas como “igualitárias” na verdade têm seu igualitarismo restrito aos homens adultos. Em casos assim, podemos falar em igualdade de gêneros?
   Como não existe nenhuma resposta clara e consensual a questões desse tipo, o uso do termo “igualitário” tem levado a discussões infindáveis. Para alguns teóricos do século XVII, a igualdade se manifestava no estado da Natureza. Igualdade, pois, seria um termo definido por omissão: identificaria uma humanidade que pudesse estar livre depois de removidas todas as armadilhas da civilização. Povos “igualitários” seriam, pois, aqueles sem príncipes, sem juízes, sem inspetores, sem sacerdotes, possivelmente sem cidades, sem escrita ou sequer agricultura. Seriam sociedades de iguais apenas no sentido estrito de que estariam ausentes todos os sinais mais evidentes de desigualdade.
   Não há dúvida, pensando-se sempre no ideal de “igualdade”, de que algo deu muito errado no mundo. Uma ínfima parte da população controla o destino de quase todos os outros, e de uma maneira cada vez mais desastrosa.


(Adaptado de: GRAEBER, David, e WENGROW, David. O despertar de tudo − Uma nova história da humanidade. Trad. Denise Bottmann e Claudio Marcondes. São Paulo: Companhia das Letras, 2022, p. 91 a 94, passim)

As normas de concordância verbal estão plenamente observadas na frase:

  • A Não correspondem aos conceitos defendidos pelos revolucionários franceses nenhuma prática moderna plenamente objetiva.
  • B Restam aos que ainda se proponham a bem definir o que seja igualdade o desafio de comprová-la nas vivência sociais.
  • C Não deve satisfazer a um defensor intransigente da igualdade entre os homens as convicções abstratas dos idealistas.
  • D Por mais dúvidas que se coloquem diante do conceito de igualdade, não se apaga o ânimo dos humanistas esperançosos.
  • E Deverá sobrevir como efeito imediato do fim das práticas autoritárias as práticas possíveis de um real igualitarismo.
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Atenção: Para responder à questão, baseie-se no texto abaixo.

[Cidades devastadas]

     Em vinte anos eliminaram a minha cidade e edificaram uma cidade estranha. Para quem continuou morando lá, a amputação pode ter sido lenta, quase indolor; para mim, foi uma cirurgia de urgência, sem a inconsciência do anestésico.
     Enterraram a minha cidade e muito de mim com ela. Por cima de nós construíram casas modernas, arranha-céus, agências bancárias; pintaram tudo, deceparam árvores, demoliram, mudaram fachadas. Como se tivessem o propósito de desorientar-me, de destruir tudo o que me estendia uma ponte entre o que sou e o que fui. Enterraram-me vivo na cidade morta.
      Mas, feliz ou infelizmente, ainda não conseguiram soterrar de todo a minha cidade. Vou andando pela paisagem nova, desconhecida, pela paisagem que não me quer e eu não entendo, quando de repente, entre dois prédios hostis, esquecida por enquanto dos zangões imobiliários, surge, intacta e doce, a casa de Maria. Dói também a casa de Maria, mas é uma dor que conheço, íntima e amiga.
      Não digo nada a ninguém, disfarço o espanto dessa descoberta para não chamar o empreiteiro das demolições. Ah, se eles, os empreiteiros, soubessem que aqui e ali repontam restos emocionantes da minha cidade em ruínas! Se eles soubessem que aqui e ali vou encontrando passadiços que me permitem cruzar o abismo!

(Adaptado de CAMPOS, Paulo Mendes. Os sabiás da crônica. Antologia. Belo Horizonte: Autêntica, 2021, p. 209-210)

Está correto o emprego de todas as formas verbais na frase:

  • A Quem se propor a recuperar a visão de sua cidade natal, municie-se de muita tolerância.
  • B Para que se revejem vestígios da nossa antiga cidade, urge alimentar a imaginação.
  • C Conter-se-ia nossa decepção caso déssemos, de súbito, com uma casinha poupada?
  • D A menos que retêssemos na memória uma imagem fiel, nada escaparia a tal devastação.
  • E Ele havia salvo da devastação da cidade alguns vestígios que se manteram vivos.
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Andorinhas-azuis intrigam cientistas ao fazerem pequena ilha da Amazônia de casa

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(Daniel Grossman, Dado Galdieri. https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2022/12/andorinhas-azuis-intrigam-cientistas-ao-fazerem-pequena-ilha-da-amazonia-de-casa.shtml. 28.dez.2022)

A ilha de apenas cinco hectares – quase o tamanho do Estádio do Morumbi – atrai uma quantidade enorme dessas andorinhas de penugem cintilante. (linhas 9 e 10)
O pronome sublinhado no período acima desempenha papel 
  • A dêitico.
  • B anafórico.
  • C catafórico.
  • D exofórico.
  • E epanafórico.
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Assinale a frase em que o verbo sublinhado está no futuro do subjuntivo.

  • A Se souberes de algo melhor, avise-me.
  • B Se desconfiassem que haveria desmoronamento de terra, teriam ficado em casa.
  • C De hoje em diante, faremos expediente misto: dois dias presenciais e três dias remotos.
  • D Os vizinhos saíram lá de casa depois que o jogo tinha acabado.
  • E Não importa o que dizem: jogue sempre para ganhar.
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Assinale a alternativa em que todas as palavras devem ser acentuadas graficamente com base na mesma regra.

  • A Itajai • picole • (ela) cre • la • acola
  • B leem • (eles) tem • convem • armazem • creem
  • C traira • conteudo • faisca • balaustre • Camboriu
  • D orquideas • lider • civico • imperdivel • gondolas
  • E adjacencias • esplendido • silencio • contem • abdomen
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Assinale a alternativa em que a crase foi corretamente indicada.

  • A Continuamos juntos, valorizando sempre a literatura, a escrita e àqueles que não se intimidam e eternizam seus sentimentos em palavras.
  • B O balançar de nossos corpos reluzentes a luz da fogueira faz com que nossa conexão não possa ser desfeita à sombra da noite.
  • C Chegamos à conclusão de que as novas normas não se referem a benefícios anteriores a data mencionada no documento.
  • D Somente a esta hora, soube que foram à Secretaria de Educação à procura de informações sobre a matrícula.
  • E Quando se dirigia à Itajaí, foi vítima de sério acidente, devido a excessiva velocidade que imprimiu à sua moto.
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Assinale a frase correta quanto à concordância verbal e nominal.

  • A Identificaram-se durante a oitiva das testemunhas fortes indícios de práticas ilegais.
  • B Caso não se instale bons e potentes holofotes, à noite é mais difícil nadar na piscina do clube.
  • C Todas essas falhas contábeis e inconsistências no inventário patrimonial representa uma bomba que explodirá cedo ou tarde.
  • D Pude ver o ingresso de pessoas de origem pobre entrando em lugares que jamais lhe foi destinado, as universidades.
  • E A exclusão dos professores da participação nas discussões revelam bastante sobre o governo federal.
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Conheço infantes que falam o que não devem, porque dizem a verdade. Crianças e bêbados, já foi escrito, possuem estranho compromisso com o verídico.
Anos atrás, uma amiga decidiu carregar um pouco na tradição familiar. Ela me disse que acabava de retornar “da fazenda” do pai. A filha que nos escutava (tinha algo como 10 anos) quase gritou: “Fazenda, mãe? Aquilo não é nem sítio!”. Menina inconveniente, desagradável, pouco educada e, como descobri depois, mais exata na descrição da propriedade rural. Era mais uma casinha cercada de árvores singelas do que um latifúndio.
A pessoa que abre a boca de forma inconveniente, revelando contradições e trazendo à luz inconsistências, pode ser um … boquirroto. Também empregamos o termo para designar quem não guarda segredo. Quando o objeto da indiscrição não somos nós, nada mais divertido do que esse ser. Funciona como a criança do conto A Roupa Nova do Rei (de Hans Andersen): diz o que todos viam e tinham medo de trazer a público. O indiscreto libera demônios coletivos reprimidos pelo medo e pela inconveniência.
Aprendi muito cedo que a liberdade de expressão, quando anunciada, é um risco. Aprendi que o cuidado deve ser redobrado diante do convite à sinceridade. Existem barreiras intransponíveis, pontos cegos, muralhas impenetráveis no mundo humano. Uma delas é a situação em que uma pergunta envolve uma crença fundamental da pessoa.
Minha iluminada amiga e meu onisciente amigo: invejo-os. Se vocês dizem o que querem, na hora que desejam, vocês têm uma ou todas as seguintes características: riqueza extrema, poder político enorme, tamanho físico intimidador, equipe de segurança numerosa, total estabilidade afetiva, autonomia diante do mundo, saúde plena e coragem épica. Sem nenhuma das oito características anteriores, eu, humilde mortal, prometo, lacanianamente*, dizer-lhes a verdade que vocês estão preparados para ouvir. Da mesma forma, direi a minha verdade: limitada, cheia de impurezas e concepções equivocadas, ou seja, a que eu estou preparado para enunciar. O demônio é o pai da mentira, porque ele não é onipotente. A verdade total pertence a Deus. Nós? Adeus e alguma esperança...

(Leandro Karnal, O boquirroto. Diário da Região, 19.06.2022. Adaptado)

* Referência ao psicanalista Jacques Lacan.

A alternativa em que o trecho destacado está reescrito de acordo com a norma-padrão de colocação do pronome átono é:

  • A Falam o que não devem porque dizem a verdade / dizem-na.
  • B Também empregamos o termo / empregamo-lo.
  • C Da mesma forma, direi a minha verdade/ direi-a.
  • D A pessoa que abre a boca de forma inconveniente / abre-a.
  • E Crianças e bêbados, já foi escrito, possuem estranho compromisso / possuem-no.
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O outro marido


Era conferente da Alfândega — mas isso não tem importância. Somos todos alguma coisa fora de nós; o eu irredutível nada tem a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca. Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situação exterior e familiar não mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros não percebem.


Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos, quando se casaram (quanto ao íntimo, é claro). Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. Tão perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armário. Santos doía-se de ser um objeto aos olhos de d. Laurinha. Se ela também era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferença de que d. Laurinha não procurava fugir a essa simplificação, nem reparava; era de fato objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado.


Ao aparecerem nele as primeiras dores, d. Laurinha penalizou-se, mas esse interesse não beneficiou as relações do casal. Santos parecia comprazer-se em estar doente. Não propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doença era para ele ocupação, emprego suplementar. O médico da Alfândega dissera-lhe que certas formas reumáticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptação e disciplina. Santos começou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a d. Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral, com certo orgulho de estar assim tão afetado.


– Quando você ficar bom…


– Não vou ficar. Tenho doença para o resto da vida.


Para d. Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar remédio e entregar o caso à alma do padre Eustáquio, que vela por nós. Começou a fatigar-se com a importância que o reumatismo assumira na vida do marido. E não se amolou muito quando ele anunciou que ia internar-se no Hospital Gaffrée Guinle.


– Você não sentirá falta de nada, assegurou-lhe Santos. Tirei licença com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo começo de mês trazer o dinheiro.


(...) Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram até um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos. Ele chegava e saía curvado, sob a garra do reumatismo, que nem melhorava nem matava. A visita não era de todo desagradável, desde que a doença deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distraída: os internados sabem de tudo cá de fora.


– Pelo rádio — explicou Santos. (...)


Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia não veio. D. Laurinha preocupou-se. Não só lhe faziam falta os cruzeiros; ele também fazia. Tomou o ônibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroço.


Lá ele não era conhecido. Na Alfândega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereço da viúva?


– Sou eu a viúva — disse d. Laurinha, espantada.


O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viúva do Santos, d. Crisália, fizera bons piqueniques com o casal na ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praça. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara três órfãos, coitado.


E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. Lá estavam Santos, muito lépido, sorrindo, a outra mulher, os três garotos. Não havia dúvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo, a outra realidade de Santos era tão destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecível.


– Desculpe, foi engano. A pessoa a que me refiro não é essa — disse d. Laurinha, despedindo-se.


ANDRADE, Carlos Drummond. Disponível em: https://contobrasileiro.com.br/o-outromarido-cronica-de-carlos-drummond-deandrade/ (Adaptado)

Tendo em vista uma análise interpretativa do texto, analisando-se as passagens abaixo dele retiradas, assinale aquela em que há presença de sentido figurado:

  • A “Era conferente da Alfândega — mas isso não tem importância.” (1º parágrafo).
  • B “Pouco importa que nos avaliem pela casca.” (1º parágrafo).
  • C “Sua mulher não tinha percebido.” (2º parágrafo).
  • D “Ao aparecerem nele as primeiras dores, (...)” (3º parágrafo).
  • E “Santos parecia comprazer-se em estar doente.” (3º parágrafo).
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O outro marido


Era conferente da Alfândega — mas isso não tem importância. Somos todos alguma coisa fora de nós; o eu irredutível nada tem a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca. Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situação exterior e familiar não mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros não percebem.


Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos, quando se casaram (quanto ao íntimo, é claro). Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. Tão perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armário. Santos doía-se de ser um objeto aos olhos de d. Laurinha. Se ela também era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferença de que d. Laurinha não procurava fugir a essa simplificação, nem reparava; era de fato objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado.


Ao aparecerem nele as primeiras dores, d. Laurinha penalizou-se, mas esse interesse não beneficiou as relações do casal. Santos parecia comprazer-se em estar doente. Não propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doença era para ele ocupação, emprego suplementar. O médico da Alfândega dissera-lhe que certas formas reumáticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptação e disciplina. Santos começou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a d. Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral, com certo orgulho de estar assim tão afetado.


– Quando você ficar bom…


– Não vou ficar. Tenho doença para o resto da vida.


Para d. Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar remédio e entregar o caso à alma do padre Eustáquio, que vela por nós. Começou a fatigar-se com a importância que o reumatismo assumira na vida do marido. E não se amolou muito quando ele anunciou que ia internar-se no Hospital Gaffrée Guinle.


– Você não sentirá falta de nada, assegurou-lhe Santos. Tirei licença com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo começo de mês trazer o dinheiro.


(...) Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram até um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos. Ele chegava e saía curvado, sob a garra do reumatismo, que nem melhorava nem matava. A visita não era de todo desagradável, desde que a doença deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distraída: os internados sabem de tudo cá de fora.


– Pelo rádio — explicou Santos. (...)


Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia não veio. D. Laurinha preocupou-se. Não só lhe faziam falta os cruzeiros; ele também fazia. Tomou o ônibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroço.


Lá ele não era conhecido. Na Alfândega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereço da viúva?


– Sou eu a viúva — disse d. Laurinha, espantada.


O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viúva do Santos, d. Crisália, fizera bons piqueniques com o casal na ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praça. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara três órfãos, coitado.


E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. Lá estavam Santos, muito lépido, sorrindo, a outra mulher, os três garotos. Não havia dúvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo, a outra realidade de Santos era tão destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecível.


– Desculpe, foi engano. A pessoa a que me refiro não é essa — disse d. Laurinha, despedindo-se.


ANDRADE, Carlos Drummond. Disponível em: https://contobrasileiro.com.br/o-outromarido-cronica-de-carlos-drummond-deandrade/ (Adaptado)

No percurso temático do texto, a passagem “– Você não sentirá falta de nada, assegurou-lhe Santos.” (7º parágrafo), mostra-se: 
  • A Falsa, pois, a partir de determinado momento, d. Laurinha fica sem a presença de Santos e sem o valor monetário com que contava para as despesas.
  • B Verdadeira, pois d. Laurinha se mantém todo o tempo monetariamente com o valor entregue por Santos.
  • C Parcialmente falsa, pois d. Laurinha perde apenas a companhia de Santos uma vez por mês, já que passa a receber o valor monetário por depósito bancário.
  • D Verdadeira, apesar de d. Laurinha não sentir falta do marido em nenhum momento.
  • E Falsa, pois d. Laurinha consegue se manter monetariamente com a pensão que passa a receber depois do falecimento de Santos.
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O outro marido


Era conferente da Alfândega — mas isso não tem importância. Somos todos alguma coisa fora de nós; o eu irredutível nada tem a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca. Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situação exterior e familiar não mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros não percebem.


Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos, quando se casaram (quanto ao íntimo, é claro). Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. Tão perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armário. Santos doía-se de ser um objeto aos olhos de d. Laurinha. Se ela também era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferença de que d. Laurinha não procurava fugir a essa simplificação, nem reparava; era de fato objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado.


Ao aparecerem nele as primeiras dores, d. Laurinha penalizou-se, mas esse interesse não beneficiou as relações do casal. Santos parecia comprazer-se em estar doente. Não propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doença era para ele ocupação, emprego suplementar. O médico da Alfândega dissera-lhe que certas formas reumáticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptação e disciplina. Santos começou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a d. Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral, com certo orgulho de estar assim tão afetado.


– Quando você ficar bom…


– Não vou ficar. Tenho doença para o resto da vida.


Para d. Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar remédio e entregar o caso à alma do padre Eustáquio, que vela por nós. Começou a fatigar-se com a importância que o reumatismo assumira na vida do marido. E não se amolou muito quando ele anunciou que ia internar-se no Hospital Gaffrée Guinle.


– Você não sentirá falta de nada, assegurou-lhe Santos. Tirei licença com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo começo de mês trazer o dinheiro.


(...) Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram até um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos. Ele chegava e saía curvado, sob a garra do reumatismo, que nem melhorava nem matava. A visita não era de todo desagradável, desde que a doença deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distraída: os internados sabem de tudo cá de fora.


– Pelo rádio — explicou Santos. (...)


Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia não veio. D. Laurinha preocupou-se. Não só lhe faziam falta os cruzeiros; ele também fazia. Tomou o ônibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroço.


Lá ele não era conhecido. Na Alfândega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereço da viúva?


– Sou eu a viúva — disse d. Laurinha, espantada.


O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viúva do Santos, d. Crisália, fizera bons piqueniques com o casal na ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praça. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara três órfãos, coitado.


E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. Lá estavam Santos, muito lépido, sorrindo, a outra mulher, os três garotos. Não havia dúvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo, a outra realidade de Santos era tão destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecível.


– Desculpe, foi engano. A pessoa a que me refiro não é essa — disse d. Laurinha, despedindo-se.


ANDRADE, Carlos Drummond. Disponível em: https://contobrasileiro.com.br/o-outromarido-cronica-de-carlos-drummond-deandrade/ (Adaptado)

Sobre o texto, assinale a opção com informação correta:

  • A Trata-se de uma história real ocorrida com o casal Laura e Santos, em determinado local não declarado, para preservar a identidade deles.
  • B A doença de Santos era muito grave, exigindo dele uma internação drástica e definitiva em ambiente hospitalar até o momento de seu óbito.
  • C A esposa Laura demonstra uma forte preocupação para com o estado do marido, tentando de todas as formas que ele ficasse em casa se tratando, sugerindo até que se contratasse alguém especializado em enfermagem.
  • D Percebe-se, pelo final do texto, que d. Laurinha se enganara completamente em relação ao marido, não o reconhecendo, quando foi à Alfândega procurá-lo, depois de não o encontrar no hospital.
  • E Pode-se inferir que a internação de Santos foi falsa, pois ele saiu de casa para assumir uma outra família, vivendo uma realidade diferente da que compartilhava com a esposa d. Laurinha.
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O outro marido


Era conferente da Alfândega — mas isso não tem importância. Somos todos alguma coisa fora de nós; o eu irredutível nada tem a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca. Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situação exterior e familiar não mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros não percebem.


Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos, quando se casaram (quanto ao íntimo, é claro). Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. Tão perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armário. Santos doía-se de ser um objeto aos olhos de d. Laurinha. Se ela também era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferença de que d. Laurinha não procurava fugir a essa simplificação, nem reparava; era de fato objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado.


Ao aparecerem nele as primeiras dores, d. Laurinha penalizou-se, mas esse interesse não beneficiou as relações do casal. Santos parecia comprazer-se em estar doente. Não propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doença era para ele ocupação, emprego suplementar. O médico da Alfândega dissera-lhe que certas formas reumáticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptação e disciplina. Santos começou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a d. Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral, com certo orgulho de estar assim tão afetado.


– Quando você ficar bom…


– Não vou ficar. Tenho doença para o resto da vida.


Para d. Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar remédio e entregar o caso à alma do padre Eustáquio, que vela por nós. Começou a fatigar-se com a importância que o reumatismo assumira na vida do marido. E não se amolou muito quando ele anunciou que ia internar-se no Hospital Gaffrée Guinle.


– Você não sentirá falta de nada, assegurou-lhe Santos. Tirei licença com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo começo de mês trazer o dinheiro.


(...) Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram até um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos. Ele chegava e saía curvado, sob a garra do reumatismo, que nem melhorava nem matava. A visita não era de todo desagradável, desde que a doença deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distraída: os internados sabem de tudo cá de fora.


– Pelo rádio — explicou Santos. (...)


Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia não veio. D. Laurinha preocupou-se. Não só lhe faziam falta os cruzeiros; ele também fazia. Tomou o ônibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroço.


Lá ele não era conhecido. Na Alfândega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereço da viúva?


– Sou eu a viúva — disse d. Laurinha, espantada.


O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viúva do Santos, d. Crisália, fizera bons piqueniques com o casal na ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praça. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara três órfãos, coitado.


E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. Lá estavam Santos, muito lépido, sorrindo, a outra mulher, os três garotos. Não havia dúvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo, a outra realidade de Santos era tão destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecível.


– Desculpe, foi engano. A pessoa a que me refiro não é essa — disse d. Laurinha, despedindo-se.


ANDRADE, Carlos Drummond. Disponível em: https://contobrasileiro.com.br/o-outromarido-cronica-de-carlos-drummond-deandrade/ (Adaptado)

Na passagem “Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros não percebem.” (1º parágrafo), poder-se-ia incluir uma conjunção depois da vírgula corretamente apontada na alternativa:

  • A Mas.
  • B Porque.
  • C Logo.
  • D Porquanto.
  • E Sem que.
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O outro marido


Era conferente da Alfândega — mas isso não tem importância. Somos todos alguma coisa fora de nós; o eu irredutível nada tem a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca. Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situação exterior e familiar não mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros não percebem.


Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos, quando se casaram (quanto ao íntimo, é claro). Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. Tão perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armário. Santos doía-se de ser um objeto aos olhos de d. Laurinha. Se ela também era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferença de que d. Laurinha não procurava fugir a essa simplificação, nem reparava; era de fato objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado.


Ao aparecerem nele as primeiras dores, d. Laurinha penalizou-se, mas esse interesse não beneficiou as relações do casal. Santos parecia comprazer-se em estar doente. Não propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doença era para ele ocupação, emprego suplementar. O médico da Alfândega dissera-lhe que certas formas reumáticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptação e disciplina. Santos começou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a d. Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral, com certo orgulho de estar assim tão afetado.


– Quando você ficar bom…


– Não vou ficar. Tenho doença para o resto da vida.


Para d. Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar remédio e entregar o caso à alma do padre Eustáquio, que vela por nós. Começou a fatigar-se com a importância que o reumatismo assumira na vida do marido. E não se amolou muito quando ele anunciou que ia internar-se no Hospital Gaffrée Guinle.


– Você não sentirá falta de nada, assegurou-lhe Santos. Tirei licença com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo começo de mês trazer o dinheiro.


(...) Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram até um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos. Ele chegava e saía curvado, sob a garra do reumatismo, que nem melhorava nem matava. A visita não era de todo desagradável, desde que a doença deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distraída: os internados sabem de tudo cá de fora.


– Pelo rádio — explicou Santos. (...)


Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia não veio. D. Laurinha preocupou-se. Não só lhe faziam falta os cruzeiros; ele também fazia. Tomou o ônibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroço.


Lá ele não era conhecido. Na Alfândega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereço da viúva?


– Sou eu a viúva — disse d. Laurinha, espantada.


O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viúva do Santos, d. Crisália, fizera bons piqueniques com o casal na ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praça. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara três órfãos, coitado.


E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. Lá estavam Santos, muito lépido, sorrindo, a outra mulher, os três garotos. Não havia dúvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo, a outra realidade de Santos era tão destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecível.


– Desculpe, foi engano. A pessoa a que me refiro não é essa — disse d. Laurinha, despedindo-se.


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As vírgulas, no fragmento “Ele, Santos, sentiase vivo e desagradado.” (2º parágrafo), foram empregadas, pois:

  • A Isolam um vocativo.
  • B Destacam uma citação.
  • C Marcam um termo adverbial deslocado.
  • D Separam um aposto.
  • E Marcam a omissão de um verbo.
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O outro marido


Era conferente da Alfândega — mas isso não tem importância. Somos todos alguma coisa fora de nós; o eu irredutível nada tem a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca. Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situação exterior e familiar não mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros não percebem.


Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos, quando se casaram (quanto ao íntimo, é claro). Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. Tão perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armário. Santos doía-se de ser um objeto aos olhos de d. Laurinha. Se ela também era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferença de que d. Laurinha não procurava fugir a essa simplificação, nem reparava; era de fato objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado.


Ao aparecerem nele as primeiras dores, d. Laurinha penalizou-se, mas esse interesse não beneficiou as relações do casal. Santos parecia comprazer-se em estar doente. Não propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doença era para ele ocupação, emprego suplementar. O médico da Alfândega dissera-lhe que certas formas reumáticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptação e disciplina. Santos começou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a d. Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral, com certo orgulho de estar assim tão afetado.


– Quando você ficar bom…


– Não vou ficar. Tenho doença para o resto da vida.


Para d. Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar remédio e entregar o caso à alma do padre Eustáquio, que vela por nós. Começou a fatigar-se com a importância que o reumatismo assumira na vida do marido. E não se amolou muito quando ele anunciou que ia internar-se no Hospital Gaffrée Guinle.


– Você não sentirá falta de nada, assegurou-lhe Santos. Tirei licença com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo começo de mês trazer o dinheiro.


(...) Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram até um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos. Ele chegava e saía curvado, sob a garra do reumatismo, que nem melhorava nem matava. A visita não era de todo desagradável, desde que a doença deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distraída: os internados sabem de tudo cá de fora.


– Pelo rádio — explicou Santos. (...)


Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia não veio. D. Laurinha preocupou-se. Não só lhe faziam falta os cruzeiros; ele também fazia. Tomou o ônibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroço.


Lá ele não era conhecido. Na Alfândega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereço da viúva?


– Sou eu a viúva — disse d. Laurinha, espantada.


O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viúva do Santos, d. Crisália, fizera bons piqueniques com o casal na ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praça. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara três órfãos, coitado.


E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. Lá estavam Santos, muito lépido, sorrindo, a outra mulher, os três garotos. Não havia dúvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo, a outra realidade de Santos era tão destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecível.


– Desculpe, foi engano. A pessoa a que me refiro não é essa — disse d. Laurinha, despedindo-se.


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Em relação aos aspectos de concordância nominal, assinale a alternativa correta:

  • A Era proibida entrada de menores no estabelecimento.
  • B Escolhemos estampas o mais belas possíveis.
  • C A porta estava meia aberta quando cheguei à sala de aula.
  • D Seguem anexas ao e-mail as propostas de compra e venda do imóvel.
  • E Compramos bastante livros na feira literária.
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O outro marido


Era conferente da Alfândega — mas isso não tem importância. Somos todos alguma coisa fora de nós; o eu irredutível nada tem a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca. Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situação exterior e familiar não mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros não percebem.


Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos, quando se casaram (quanto ao íntimo, é claro). Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. Tão perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armário. Santos doía-se de ser um objeto aos olhos de d. Laurinha. Se ela também era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferença de que d. Laurinha não procurava fugir a essa simplificação, nem reparava; era de fato objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado.


Ao aparecerem nele as primeiras dores, d. Laurinha penalizou-se, mas esse interesse não beneficiou as relações do casal. Santos parecia comprazer-se em estar doente. Não propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doença era para ele ocupação, emprego suplementar. O médico da Alfândega dissera-lhe que certas formas reumáticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptação e disciplina. Santos começou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a d. Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral, com certo orgulho de estar assim tão afetado.


– Quando você ficar bom…


– Não vou ficar. Tenho doença para o resto da vida.


Para d. Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar remédio e entregar o caso à alma do padre Eustáquio, que vela por nós. Começou a fatigar-se com a importância que o reumatismo assumira na vida do marido. E não se amolou muito quando ele anunciou que ia internar-se no Hospital Gaffrée Guinle.


– Você não sentirá falta de nada, assegurou-lhe Santos. Tirei licença com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo começo de mês trazer o dinheiro.


(...) Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram até um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos. Ele chegava e saía curvado, sob a garra do reumatismo, que nem melhorava nem matava. A visita não era de todo desagradável, desde que a doença deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distraída: os internados sabem de tudo cá de fora.


– Pelo rádio — explicou Santos. (...)


Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia não veio. D. Laurinha preocupou-se. Não só lhe faziam falta os cruzeiros; ele também fazia. Tomou o ônibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroço.


Lá ele não era conhecido. Na Alfândega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereço da viúva?


– Sou eu a viúva — disse d. Laurinha, espantada.


O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viúva do Santos, d. Crisália, fizera bons piqueniques com o casal na ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praça. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara três órfãos, coitado.


E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. Lá estavam Santos, muito lépido, sorrindo, a outra mulher, os três garotos. Não havia dúvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo, a outra realidade de Santos era tão destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecível.


– Desculpe, foi engano. A pessoa a que me refiro não é essa — disse d. Laurinha, despedindo-se.


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O vocábulo corretamente grafado está presente na alternativa:

  • A Pretencioso.
  • B Inadmiscível.
  • C Sisudez.
  • D Enxarcado.
  • E Xávena.
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O outro marido


Era conferente da Alfândega — mas isso não tem importância. Somos todos alguma coisa fora de nós; o eu irredutível nada tem a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca. Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situação exterior e familiar não mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros não percebem.


Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos, quando se casaram (quanto ao íntimo, é claro). Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. Tão perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armário. Santos doía-se de ser um objeto aos olhos de d. Laurinha. Se ela também era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferença de que d. Laurinha não procurava fugir a essa simplificação, nem reparava; era de fato objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado.


Ao aparecerem nele as primeiras dores, d. Laurinha penalizou-se, mas esse interesse não beneficiou as relações do casal. Santos parecia comprazer-se em estar doente. Não propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doença era para ele ocupação, emprego suplementar. O médico da Alfândega dissera-lhe que certas formas reumáticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptação e disciplina. Santos começou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a d. Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral, com certo orgulho de estar assim tão afetado.


– Quando você ficar bom…


– Não vou ficar. Tenho doença para o resto da vida.


Para d. Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar remédio e entregar o caso à alma do padre Eustáquio, que vela por nós. Começou a fatigar-se com a importância que o reumatismo assumira na vida do marido. E não se amolou muito quando ele anunciou que ia internar-se no Hospital Gaffrée Guinle.


– Você não sentirá falta de nada, assegurou-lhe Santos. Tirei licença com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo começo de mês trazer o dinheiro.


(...) Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram até um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos. Ele chegava e saía curvado, sob a garra do reumatismo, que nem melhorava nem matava. A visita não era de todo desagradável, desde que a doença deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distraída: os internados sabem de tudo cá de fora.


– Pelo rádio — explicou Santos. (...)


Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia não veio. D. Laurinha preocupou-se. Não só lhe faziam falta os cruzeiros; ele também fazia. Tomou o ônibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroço.


Lá ele não era conhecido. Na Alfândega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereço da viúva?


– Sou eu a viúva — disse d. Laurinha, espantada.


O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viúva do Santos, d. Crisália, fizera bons piqueniques com o casal na ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praça. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara três órfãos, coitado.


E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. Lá estavam Santos, muito lépido, sorrindo, a outra mulher, os três garotos. Não havia dúvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo, a outra realidade de Santos era tão destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecível.


– Desculpe, foi engano. A pessoa a que me refiro não é essa — disse d. Laurinha, despedindo-se.


ANDRADE, Carlos Drummond. Disponível em: https://contobrasileiro.com.br/o-outromarido-cronica-de-carlos-drummond-deandrade/ (Adaptado)

O processo de formação da palavra “esfarelar” está corretamente apontado em:

  • A Sufixação.
  • B Prefixação.
  • C Aglutinação.
  • D Parassíntese.
  • E Conversão.

Raciocínio Lógico

21

A Mega-Sena é um jogo de apostas no qual são sorteadas 6 dentre 60 bolas numeradas de 1 a 60. Cecília fez uma aposta, escolhendo os números 1, 2, 3, 4, 5 e 6. Cecília está acompanhando o sorteio e viu que as três primeiras bolas sorteadas foram as de número 1, 2 e 3.


A chance de Cecília acertar os seis números e ganhar na MegaSena é agora de uma em

  • A 29.260.
  • B 38.482.
  • C 61.245.
  • D 83.998.
  • E 102.063.
22

Um grupo é formado por 9 analistas administrativos, entre eles, Paulo e Miguel. Um grupo de trabalho será formado com cinco desses analistas, obedecendo-se às seguintes condições:
• Em primeiro lugar, um dos analistas deve ser escolhido para ser o líder do grupo; • Esse líder não pode ser nem Paulo, nem Miguel; • Miguel deve, obrigatoriamente, fazer parte do grupo.
A quantidade máxima de grupos distintos que podem ser formados sob as condições impostas é de:

  • A 210
  • B 225
  • C 230
  • D 245
23

Todos os termos da sequência numérica (3, 15, 35, 63, 99, ...) obedecem a um determinado padrão. Mantido esse padrão, a soma dos algarismos do sexto termo dessa sequência é igual a:

  • A 8
  • B 9
  • C 10
  • D 11
24

Admita que a probabilidade de Valéria resolver corretamente uma questão de geometria seja de 80%. Se Valéria resolver quatro questões desse assunto, a probabilidade de todas as questões estarem erradas corresponde a:

  • A 0,016%
  • B 0,16%
  • C 1,6%
  • D 16%
25

Na segunda fase de um concurso, os 300 candidatos aprovados na fase anterior deveriam resolver três questões discursivas, A, B e C, sendo que para cada uma dessas questões seria atribuído 1 ponto ou 0 ponto. Ao final dessa fase, verificou-se que:

• 160 candidatos conseguiram 1 ponto na questão B;

• 140 candidatos conseguiram 1 ponto na questão C;

• 50 candidatos conseguiram 1 ponto nas questões A e B;

• 60 candidatos conseguiram 1 ponto nas questões A e C;

• 40 candidatos conseguiram 1 ponto nas questões B e C;

• 30 candidatos conseguiram 1 ponto nas questões A, B e C;

• Todos os candidatos conseguiram pelo menos 1 ponto.


O número total de candidatos que conseguiram 1 ponto na questão A corresponde a:

  • A 100
  • B 110
  • C 120
  • D 130
26

Considere verdadeira a seguinte afirmação:


“Todos os funcionários da empresa XYZ têm salário superior a 3000 reais.”


Então, é necessariamente verdadeiro que:

  • A Se José é funcionário da empresa XYZ, então o salário de José é igual a 3000 reais.
  • B Se o salário de Marta é maior que 3000 reais, então ela é funcionária da empresa XYZ.
  • C Se o salário de Deise é menor que 3000 reais, então ela não é funcionária da empresa XYZ.
  • D Se Julia não é funcionária da empresa XYZ, então o salário de Julia é menor que 3000 reais.
27

Edson e Roberto fazem uma aposta jogando dois dados, ambos regulares. Edson ganha a aposta se saírem dois números maiores do que 3. Caso contrário, ganha Roberto.
Eles pretendem fazer um jogo honesto. Se perder, Edson pagará a Roberto 10 reais.
Então, se perder, Roberto deverá pagar a Edson

  • A 18 reais.
  • B 24 reais.
  • C 30 reais.
  • D 42 reais.
  • E 46 reais.
28

Ana vai passar o fim de semana em sua casa de praia. A previsão do tempo diz que a probabilidade de chuva no sábado é de 30%, e a probabilidade de chuva no domingo é de 40%.
Nesse caso, a probabilidade de que Ana consiga ir à praia no fim de semana sem pegar chuva é de

  • A 46%.
  • B 55%.
  • C 63%.
  • D 88%.
  • E 92%.

Matemática

29

Um quadro-negro de forma retangular tem lados horizontais de 81,0cm e lados verticais de 70,2cm. Deseja-se traçar linhas horizontais e verticais igualmente espaçadas, de modo a cobrir inteiramente o quadro-negro de quadrados.
O número mínimo de quadrados que se obtém dessa forma é igual a 

  • A 195.
  • B 209.
  • C 216.
  • D 252.
  • E 280.

Raciocínio Lógico

30

Nelson dividiu sua vasta biblioteca entre livros de aventura (a), biografias (b), científicos (c) e diversos (d). Ele também catalogou os livros segundo o número de páginas (np): os de menos de 200 páginas, aqueles que têm entre 200 e 500 páginas e os de mais de 500 páginas.
A tabela a seguir apresenta os percentuais de livros com menos de duzentas páginas e percentuais de livros com mais de 500 páginas para cada uma das categorias a, b, c e d. A tabela mostra ainda o percentual de livros de cada uma das 4 categorias. 
Imagem relacionada à questão do Questões Estratégicas 
O percentual de livros da biblioteca com um número de páginas entre 200 e 500 situa-se entre

  • A 0,45 e 0,50.
  • B 0,40 e 0,45.
  • C 0,35 e 0,40.
  • D 0,30 e 0,35.
  • E 0,25 e 0,30.
31

Sejam A = (34, 52) e B = (10, 7) dois pontos no plano cartesiano. Considere o ponto C = (x, y) situado no segmento que une A a B e tal que a distância de C a A seja o dobro da distância de C a B.
A soma x + y das coordenadas de C vale

  • A 38.
  • B 39.
  • C 40.
  • D 41.
  • E 42.
32

A quantidade de anagramas da palavra SAUDADE nos quais todas as vogais estejam juntas é igual a

  • A 98.
  • B 144.
  • C 186.
  • D 204.
  • E 288.

Matemática

33

Uma pequena amostra de 11 salários (medidos em quantidades de salários mínimos) de trabalhadores de terceiro setor mostrou os seguintes resultados: 
2,0   2,3   2,7   3,4   3,9   2,8   2,3   1,8   1,5   3,3   1,5
A diferença, em quantidade de salários mínimos, entre os valores da média e da mediana desses dados é igual a

  • A 0,0.
  • B 0,1.
  • C 0,2.
  • D 0,3.
  • E 0,4.

Raciocínio Lógico

34

Uma variável aleatória discreta X tem função de probabilidade dada por
Imagem relacionada à questão do Questões Estratégicas

A probabilidade de que o valor de X seja maior do que 2 é igual a

  • A 10%.
  • B 20%.
  • C 25%.
  • D 30%.
  • E 50%.

Estatística

35

Uma reta de regressão linear simples foi obtida a partir do modelo
Y = αX + β + e
pelo método de mínimos quadrados usual e mostrou as seguintesestimativas dos coeficientes: α = 3,4 e b = 0,5; além disso, obteve-se um coeficiente de correlação amostral igual a 0,9. 
Com base nesses dados, avalie se as afirmativas a seguir estãocorretas.
I. A porcentagem da variação total dos dados que é explicadapela regressão é menor do que 60%. II. A reta de regressão obtida ajusta bem o modelo. III. O intercepto α = 3,4 mostra que a valor grandes dex correspondem valores grandes de y.
Está correto o que se afirma em

  • A I, apenas.
  • B II, apenas.
  • C I e III, apenas.
  • D II e III, apenas.
  • E I e II, apenas.

Raciocínio Lógico

36

Um estudo procurou avaliar a frequência de saídas para jantar fora de uma população. A população foi dividida em três faixas de renda mensal, medida em salários mínimos (sm): menos do que 2sm, entre 2 e 5sm e mais do que 5sm. O número médio de saídas noturnas também foi dividido em três faixas: menos de uma vez, uma ou duas vezes e mais de duas vezes por semana. Na tabela a seguir, são apresentados os resultados, em frações das referidas subpopulações. A tabela também apresenta, em sua última coluna, a fração da população situada em cada nível de rendimento.
                         saída < 1                     1 < saída < 2                     saída > 2                     % sm < 2                 0,7                                     0,2                                 0,1                         0,6 2 ≤ sm ≤ 5           0,5                                     0,3                                 0,2                         0,3 sm > 5                 0,2                                     0,6                                 0,2                         0,1 


A fração dessa população que sai para jantar menos de uma vez por semana situa-se entre

  • A 0,2 e 0,3.
  • B 0,3 e 0,4.
  • C 0,4 e 0,5.
  • D 0,5 e 0,6.
  • E 0,6 e 0,7.
37

Lionel pretende comprar um carro que pode ser pago à vista, por 80 mil reais, ou a prazo, por 120 mil reais, com uma entrada e mais duas prestações iguais, a primeira a ser paga depois de um ano e a segunda a ser paga depois de mais um ano. Lionel dispõe de 150 mil reais, que estão aplicados no banco, com rendimento de 50% ao ano.


Lionel prefere pagar a prazo. O valor máximo da entrada que Lionel deve pagar de modo que a opção a prazo seja preferível é de

  • A 60 mil reais.
  • B 50 mil reais.
  • C 40 mil reais.
  • D 30 mil reais.
  • E 20 mil reais.
38

Um quadrado tem lado igual a 8. O número máximo de circunferências de raio 1 que podem ser postas no interior do quadrado de modo que os centros das circunferências estejam todos sobre a mesma diagonal do quadrado é igual a

  • A 8.
  • B 7.
  • C 6.
  • D 5.
  • E 4.
39

O número de anagramas que podem ser formados com as letras da palavra DEMOCRACIA em que todas as vogais estejam juntas e todas as consoantes também estejam juntas é igual a

  • A 3600.
  • B 4800.
  • C 7200.
  • D 12300.
  • E 14400.
40

Três candidatos disputam uma eleição presidencial. Segundo pesquisas eleitorais, os candidatos A, B e C têm 41%, 34% e 7% das preferências, respectivamente. Votos em branco correspondem a 10% dos eleitores, enquanto votos nulos correspondem a 8%. Votos brancos e nulos não são considerados votos válidos. Segundo as pesquisas, o percentual de votos válidos do candidato A é igual a

  • A 50,0%.
  • B 50,4%.
  • C 48,8%.
  • D 52,2%.
  • E 47,5%.

Conhecimentos Gerais

41
Durante o último governo federal, algumas ações como o fim do Ministério da Cultura e/ou as críticas públicas à Lei Rouanet, geraram diversas manifestações de oposição de pessoas ligadas ao setor artístico. Porém, alguns profissionais com carreiras consolidadas na televisão ou no cinema também saíram em defesa dos valores conservadores do fenômeno político chamado “bolsonarismo”. Qual das opções abaixo se referem a artistas que expressaram publicamente sua adesão a esta visão política? Assinale a alternativa correta:
I - Regina Duarte. II - Wagner Moura. III - Cássia Kiss. IV - Renata Sorrah.
  • A Apenas I e II.
  • B Apenas I e III.
  • C Apenas II e III.
  • D Apenas III e IV.
  • E Apenas I e IV.
42
Nos últimos anos, problemas como o garimpo ilegal e índices de desmatamento e queimadas afetaram a reputação internacional do Brasil, e países como a Alemanha e a Noruega cessaram os aportes financeiros a projetos como o ______________. Entre outros fatores, essa mudança de postura está ligada às críticas ao então _____________, chamado ___________, e simbolizada por sua fala numa reunião ministerial sobre aproveitar a atenção da mídia à pandemia de covid-19 para “mudar regras” e “passar a boiada”. O ministro se justificou que falava sobre simplificar regras jurídicas, mas foi interpretado como flexibilizar as leis ambientais para permitir uma exploração mais agressiva e menos fiscalizada. Analise as assertivas e assinale aquela que preenche corretamente as lacunas acima:
  • A Fundo Amazônia/Ministro do Meio Ambiente/Ricardo Salles. 
  • B Fundo Soberano/Ministro da Justiça/Daniel Silveira. 
  • C Fundo Amazônia/Ministro do Meio Ambiente/Daniel Silveira. 
  • D Fundo Soberano/Ministro da Justiça/Sérgio Moro. 
  • E Fundo Amazônia/Ministro da Agricultura/Ricardo Salles.  
43
No início de fevereiro de 2023, diferentes editoras esvaziaram as prateleiras da maior loja em São Paulo, de uma das mais tradicionais livrarias brasileiras em atividade. O motivo foi a falência decretada, após descumprimento de uma ordem judicial. A cena se tornou emblemática sobre a relação histórica entre livros e a sociedade e economia brasileira. Qual das opções abaixo se refere a esta livraria? Assinale a alternativa correta: 
  • A Livraria Brasiliense.
  • B Livraria Saraiva.
  • C Livraria Curitiba.
  • D Livraria Chain.
  • E Livraria Cultura.
44
Um dos ciclos econômicos mais importantes do Paraná foram as tropeadas. Por meio delas, dezenas de milhares de tropas e muares percorriam o Caminho do Viamão entre o Rio Grande do Sul e São Paulo. Um destes tropeiros foi Antônio Lourenço, que se fixou num dos pousos ao longo do Caminho, e o usou como base para construir a primeira vila das redondezas. Mais tarde, a localidade se tornaria o município de Imbituva. Qual das opções abaixo se refere a esta localidade? Assinale a alternativa correta: 
  • A Vila de Santana.
  • B Casebre da Boa Vista.
  • C Arraial do Cupim.
  • D Casa Missino.
  • E Estância Olho de Pedra.
45
Um dos grandes temas de debate nos últimos anos foi a representatividade de minorias em espaços de poder, sejam eles de mulheres, negros, indígenas e outros. Neste sentido, ___________, falecida recentemente, foi exemplar. Como mulher negra, ela foi repórter desde a década de 1970, e enfrentou adversidades numa época mais hostil às discussões sobre minorias políticas. Mesmo assim, se tornou bem-sucedida e reconhecida internacionalmente por seu trabalho. Qual das opções abaixo se refere a esta profissional? Assinale a alternativa correta:
  • A Fátima Bernardes.
  • B Ana Paula Padrão.
  • C Rachel Sheherazade.
  • D Glória Maria.
  • E Renata Fan.
46
Durante os atos antidemocráticos de 8 de janeiro em Brasília, diversas obras que compõem o patrimônio cultural brasileiro foram vandalizadas. Entre elas, estava a tela de um dos principais nomes ligados à Semana de Arte Moderna de 1922, que apesar de não batizar suas obras, ao ocupar o salão nobre do Palácio do Planalto ficou popularmente conhecida como “As Mulatas”, ou ainda como “Mulheres na Varanda”. Qual das opções abaixo se refere ao autor desta tela? Assinale a alternativa correta:
  • A Di Cavalcanti.
  • B Mestre Ataíde.
  • C Romero Britto.
  • D Jean-Baptiste Debret.
  • E Pedro Américo.

História e Geografia de Estados e Municípios

47
A história do município de Imbituva está relacionada a um dos ciclos econômicos mais importantes da história do Paraná, que era rota do Caminho do Viamão. Qual das opções abaixo se refere aos principais trabalhadores desse ciclo? Assinale a alternativa correta:
  • A Estivadores.
  • B Garimpeiros.
  • C Tropeiros.
  • D Marujos.
  • E Lavradores.

Conhecimentos Gerais

48
A questão ambiental se tornou um dos principais embates entre membros do atual e do antigo Executivo brasileiro. Um dos símbolos recentes desta disputa sobre representações da natureza e da sociedade, foram as mortes de alguns animais nos palácios governamentais, que gerou mútuas acusações sobre de quem seria a responsabilidade por tal negligência. Quais das opções abaixo se referem a animais centrais nessa polêmica? Analise as assertivas e assinale a alternativa correta:
I - Emas. II - Carpas. III - Cavalos. IV - Antas.
  • A Apenas I e IV estão corretas.
  • B Apenas I e II estão corretas.
  • C Apenas I e III estão corretas.
  • D Apenas II e III estão corretas.
  • E Apenas III e IV estão corretas.

Geografia

49
Qual das opções abaixo mais se aproxima com a prévia do censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para a população atual do município de Imbituva? Assinale a alternativa correta:
  • A Entre 4.000 e 5.000 habitantes.
  • B Entre 9.000 e 10.000 habitantes.
  • C Entre 14.000 e 15.000 habitantes.
  • D Entre 20.000 e 21.000 habitantes.
  • E Entre 29.000 e 30.000 habitantes.

Conhecimentos Gerais

50

O ano de 2022 foi marcado pelo falecimento de diversas personalidades da cultura popular brasileira, entre elas, a cantora Gal Costa, aos 77 anos de idade, em 9 de novembro. Destaca-se, dentre as obras da artista, o disco:

  • A Outras Palavras.
  • B A Pele de Ontem.
  • C Deus é Mulher.
  • D Estratosférica.
  • E Encanteria.
51

HIV é a sigla em inglês para o vírus da imunodeficiência humana causador da AIDS, o qual ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. De acordo com a UNAIDS, em 2021, cerca de 38,4 milhões de pessoas no mundo viviam com HIV e, em média, 1,5 milhão de pessoas se tornaram recém-infectadas por HIV. Na última década, diversas pesquisas comprovaram a eficácia de um novo método de prevenção à infecção pelo HIV, o qual impede que o vírus se estabeleça e se espalhe no corpo humano. Que método é esse?

  • A Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP HIV).
  • B Programa de Prevenção Pós-Exposição ao HIV (ProPreP HIV).
  • C Profilaxia Pós-Exposição ao HIV (PrOP HIV).
  • D Programa de Redução de Contágio ao HIV (PReC HIV).
  • E Prefilaxia Pré-Exposição ao HIV (PEP HIV).
52

O ano de 2023 marca os 50 anos de falecimento do pintor espanhol Pablo Picasso. Esse artista ficou conhecido internacionalmente por trabalhos revolucionários nas artes plásticas e por sua expressão em qual movimento artístico?

  • A Realismo.
  • B Cubismo.
  • C Impressionismo.
  • D Romantismo.
  • E Barroco.
53
“As lutas camponesas sempre estiveram presentes na história do Brasil (...) As ocupações de terra realizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), e por outros movimentos populares, são ações de resistência frente à intensificação da concentração fundiária e contra a exploração, que marcam uma luta histórica na busca contínua da conquista da terra de trabalho, a fim de obter condições dignas de vida e uma sociedade justa.” (FERNANDES, Bernardo M. A formação do MST no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2001). Sobre a disputa fundiária no Brasil, assinale a alternativa incorreta quanto a caracterização de seus agentes. 
  • A Posseiros são indivíduos que ocupam, sem conflito, porção de terra particular ou devoluta, com o intuito de possuí-la sem título legítimo de propriedade
  • B Meeiro é o trabalhador rural que trabalha terras que não são de sua propriedade e reparte seus rendimentos com o proprietário
  • C Latifundiário é o proprietário de imóvel rural de pequena ou média extensão, onde se efetua cultivo de subsistência
  • D Grileiro é o invasor de terras devolutas ou de particulares que forja, através de artimanhas, documentação que o caracterizam como proprietário legal e de fato da terra
  • E Assentado é o trabalhador rural que ocupa lote de terra reconhecido e implantado pelo Estado, para fins de reforma agrária
54

O Brasil é um país localizado na América do Sul. Possui grande extensão territorial, sendo povoado por um grande número de habitantes.
Sobre esse país, é correto afirmar:

  • A São nove estados que compõem a Região Nordeste, sendo Tocantins o menos povoado
  • B O Brasil é cortado por dois dos cinco paralelos de referência, onde cerca de 7% de suas terras estão localizadas no hemisfério Norte e 93% no hemisfério Sul.
  • C O Brasil concentra aproximadamente 25% de toda a água doce do Planeta. Devido ao predomínio de relevos planálticos há ocorrência de diversos trechos encachoeirados.
  • D A Região Norte é a mais populosa do país, sendo a mais desenvolvida e consequentemente a com maior PIB.
  • E Devido ao fato de o Brasil ser cortado pela Linha do Equador e pelo Trópico de Câncer, as temperaturas são elevadas no Norte e Nordeste do país.
55

Continentes são imensos blocos de terra circundados por uma grande massa de água. A distribuição dessas terras e águas é bastante desigual, pois quando a crosta terrestre se consolidou existia apenas um supercontinente: a Pangeia. Esse grande bloco rochoso fragmentou-se a partir dos movimentos de placas tectônicas, dando origem aos continentes que existem atualmente.
A partir dessa questão, assinale a alternativa correta.

  • A O continente com maior extensão é o Africano, e grande parte da população localiza-se na porção Norte.
  • B A Antártica é conhecida por ser o continente gelado, onde apenas os países desenvolvidos possuem autorização para a prática de pesquisas técnicas.
  • C No total existem 8 continentes, sendo eles: América do Norte, América Central, América do Sul, África, Ásia, Europa, Oceania e Antártica.
  • D Observando os oceanos de acordo com suas áreas, podemos classificar o Pacífico como maior, seguindo-se o Atlântico, Índico, Antártico e Ártico.
  • E O oceano que banha o Brasil é o Pacífico, sendo o mais gelado e extenso quando comparado com os demais.
56

No ano de 2022, o Planeta Terra atingiu a marca de 8 bilhões de habitantes. Devido a essa situação problemas de cunho ambiental e social destacam-se em escala global.
A respeito dessa temática, é correto afirmar:

  • A As atividades industriais, a agricultura intensiva com grande uso de fertilizantes e o depósito de lixo não ocasionam problemas significativos na poluição das águas.
  • B Os países subdesenvolvidos possuem políticas ambientais mais rigorosas quando comparados aos países desenvolvidos e emergentes.
  • C Atualmente, mesmo com o desenvolvimento de tecnologias incorporadas à produção, 60% da população não tem acesso a comida. Cerca de 95% da população mundial acometida pela fome vive na África Subsaariana.
  • D Nos países desenvolvidos a questão da distribuição de alimentos não é um problema significativo, tendo em vista que 99% da população possui boas condições de vida.
  • E Existem regiões com grande disponibilidade natural de água. O Brasil conta com mais de 10% de toda água doce do planeta, enquanto países do norte africano e Oriente Médio contam com menos de 1%.
57

O Brasil detém a maior reserva de água doce do mundo. A partir dessas reservas encontram-se rios e aquíferos de grande potencial social e econômico.
Sobre essa temática, é correto afirmar:

  • A Os rios intermitentes localizam-se em áreas de clima equatorial, com chuvas bem distribuídas ao longo de todo o ano, acarretando grande volume de água durante os 12 meses do ano.
  • B Todos os rios brasileiros apresentam foz em delta, sendo o mais conhecido o rio São Francisco.
  • C Grande parte dos rios brasileiros possui regime pluvial tropical. Esses rios tendem a ser abastecidos pela água da chuva com maior intensidade nos meses de verão.
  • D Os rios brasileiros não possuem potencial hidrelétrico, isso devido à inexistência de rios de planalto.
  • E O Brasil está localizado em uma área intertropical úmida, acarretando grandes quantidades de chuvas em todas as regiões do país. Devido às grandes reservas de água doce subterrânea, toda a população tem acesso à água potável.
58

O planeta é formado por seis continentes. Assim como os continentes que apresentam diferentes tamanhos, a população mundial está distribuída de forma desigual pelos diferentes países.
Observando esse fator, é correto afirmar:

  • A Atualmente os países mais populosos são a China e a Índia.
  • B O Brasil é um país pouco populoso, isso devido ao grande número de áreas preservadas e sem ocupação humana.
  • C O continente asiático é o que tem os maiores indicadores de pobreza, seguido pelo continente americano.
  • D Atualmente há pouca quantidade e disponibilidade de comida no mundo, ocasionando a fome de muitas nações. Para suprir essa carência, é necessário que haja uma maior fabricação de produtos alimentícios.
  • E No continente africano não há áreas voltadas para o plantio, por esse motivo a pobreza é significativa.
59

Assinale a alternativa correta considerando assuntos da atualidade.

  • A Em novembro de 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que a Covid-19 não é mais uma emergência global.
  • B A bacia Amazônica está situada exclusivamente no Brasil e é a mais extensa e de maior densidade de água do mundo.
  • C Eliminar resíduos plásticos dos oceanos até 2050 foi um dos compromissos assinados na declaração final da Conferência dos Oceanos da Organização das Nações Unidas (ONU).
  • D O período de seca no Brasil faz com que os casos de dengue se intensifiquem, sendo que em algumas regiões são classificados como uma pandemia.
  • E A Organização das Nações Unidas (ONU) é enfática ao afirmar que as emissões de Dióxido de Carbono (CO2) não constituem um problema, mas uma solução para uma vida melhor no nosso planeta.
60

Dados publicados em 2022 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) revelam que a vacinação infantil em todo o mundo está sofrendo a maior queda contínua das últimas três décadas.

Analise as afirmativas abaixo em relação a esse tema.
1. As Américas tornaram-se a primeira região a ser declarada livre da poliomielite no planeta há mais de 25 anos. 2. O Brasil recebeu o certificado de eliminação da poliomielite em 1994. 3. O Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, confirmou na 51ª Reunião de Ministros da Saúde do Mercosul que a cobertura vacinal contra a poliomielite aumentou no Brasil, seguindo numa direção contrária ao resto do mundo. 4. Segundo a Secretaria de Saúde de Balneário Camboriú, o município atingiu 69,37% da meta estabelecida na Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite de 2022, que era de imunizar 100% das crianças de zero a 5 anos.

Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.

  • A São corretas apenas as afirmativas 3 e 4.
  • B São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
  • C São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4.
  • D São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.
  • E São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.

Arquitetura

61
Em qualquer tipo de ocupação, sempre que houver depósito de materiais combustíveis com carga de incêndio entre 300 a 1.200 MJ/m2, dispostos em áreas descobertas, serão consideradas medidas exigidas nestes locais, EXCETO: 
  • A Corredores entre os lotes com largura mínima de 1,5 m.
  • B Depósito disposto em lotes máximos de 20 m de comprimento e largura.
  • C Proteção por extintores, podendo ficar agrupados em abrigos nas extremidades do terreno com percurso máximo de 50 m.
  • D Limite de bombas de combustível, equipamentos e máquinas que produzam calor e outras fontes de ignição de 3,0 m.
  • E Recuos e afastamentos das divisas do lote com limite do passeio público de 5,0 m e limite das divisas laterais e dos fundos de 3,0 m.
62
O dado antropométrico cuja informação possibilita estabelecer o alcance manual frontal máximo confortável para uma pessoa sentada é:
  • A Comprimento do braço na horizontal, do ombro ao centro da mão.
  • B Altura do centro da mão, com o braço estendido paralelamente ao piso.
  • C Altura do centro da mão, com o braço estendido formando 30° com o piso.
  • D Altura do centro da mão, com o braço estendido formando 60° com o piso.
  • E Altura do piso até o centro da mão, com o antebraço formando ângulo de 45° com o tronco.
63
O diagrama de setas a seguir contempla uma sequência de atividades para implantação de um empreendimento e suas respectivas durações: 
Imagem relacionada à questão do Questões Estratégicas

Considerando o exposto, assinale a afirmativa INCORRETA. 
  • A A atividade F é precedida pelas atividades B, C e D.
  • B O caminho AC é independente do caminho BD.
  • C W é uma atividade fantasma e pode ser removida por ser redundante.
  • D A atividade A deve ser finalizada antes das atividades B, C e D se iniciarem.
  • E Y é uma atividade fantasma necessária porque a atividade B precede às atividades E e F.
64
Analise o esquema de instalação hidrossanitária apresentado a seguir:
Imagem relacionada à questão do Questões Estratégicas


(Fonte: JÚNIOR, Roberto de Carvalho. Instalações prediais hidráulico- -sanitárias: princípios básicos para elaboração de projetos. São Paulo: Blucher, 2014. 1ª ed. digital 2018. 262p.)

Sobre o dimensionamento dos componentes do sistema predial de água fria, assinale a afirmativa correta.
  • A O alimentador predial tem diâmetro imediatamente superior ao adotado no ramal predial.
  • B Se a tubulação de recalque possuir tubulação com diâmetro de 32 mm, logo a tubulação do extravasor será de 32 mm.
  • C Se o alimentador predial possuir tubulação com diâmetro de 25 mm, logo a tubulação do extravasor será de 32 mm.
  • D Nas tubulações de limpeza, o diâmetro ideal a ser adotado é de 25 mm, para evitar que o lodo acumulado no fundo do reservatório, eventualmente, entupa a tubulação.
  • E O dimensionamento do alimentador predial independe do sistema de distribuição a ser adotado, devendo sempre ser calculado para a suprir o consumo diário dividido pelo tempo de vinte e quatro horas.
65
O acervo técnico constitui propriedade do profissional arquiteto e urbanista, sendo composto por todas as atividades por ele desenvolvidas, resguardando-se a legislação do direito autoral. Diante do exposto, assinale a afirmativa INCORRETA.
  • A Para fins de comprovação de participação e de formação de acervo técnico, o arquiteto e urbanista deverá registrar seus projetos de criação no CAU do ente da Federação onde atua.
  • B Para fins de comprovação de autoria e de formação de acervo técnico, o arquiteto e urbanista deverá registrar seus trabalhos técnicos no CAU do ente da Federação onde atua.
  • C A qualificação técnica de sociedade com atuação nos campos da arquitetura e do urbanismo será demonstrada por meio dos acervos técnicos dos arquitetos e urbanistas comprovadamente a ela vinculados.
  • D É passível de advertência o arquiteto e urbanista que registrar projeto de criação no CAU, para fins de comprovação de direitos autorais e formação de acervo técnico, que não haja sido efetivamente concebido por quem requerer o registro.
  • E É passível de exclusão do Conselho o arquiteto e urbanista que registrar o trabalho técnico no CAU, para fins de comprovação de direitos autorais e formação de acervo técnico, que não haja sido efetivamente elaborado por quem requerer o registro.
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O desenho universal foi idealizado para ser aplicado na concepção de projetos, produtos, ambientes e serviços, para que eles sejam utilizados por todas as pessoas, sem haver necessidade de adaptação ou projeto específico, incluindo:
  • A A utilização autônoma, princípio que visa o uso de equipamentos com autonomia total em todas as etapas de um percurso, equipamento ou ambiente.
  • B Adaptação dos espaços, mobiliários e equipamentos públicos, alterando suas características originais para que sua utilização posterior seja acessível a todos.
  • C Os equipamentos urbanos, bens de utilidade pública – sejam públicos ou privados – destinados à prestação de serviços necessários ao funcionamento do espaço urbano.
  • D Serviço assistido, tipo de apoio com a finalidade de auxiliar pessoas que apresentem dificuldade em circular por algum ambiente ou utilizar algum equipamento.
  • E Os recursos de tecnologia assistiva, com produtos, equipamentos, ou recursos que visam à funcionalidade aplicada à pessoa com deficiência, permitindo sua autonomia e qualidade de vida.
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A menor unidade de medida linear da coordenação modular, representada convencionalmente pela letra ‘M’, possui como valor normalizado, em metros:
  • A 0,01 m.
  • B 0,10 m.
  • C 1,00 m.
  • D 10,00 m.
  • E 100,00 m.
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O cronograma físico-financeiro compõe o projeto básico e apresenta as despesas mensais previstas para serem incorridas ao longo da execução de uma obra. Sobre a importância do cronograma físico-financeiro para elaboração de orçamentos públicos, assinale a afirmativa INCORRETA.
  • A É uma irregularidade concernente às medições e aos pagamentos a ausência de aditivos contratuais para contemplar eventuais alterações de projeto ou cronograma físico-financeiro.
  • B É uma irregularidade concernente ao procedimento licitatório a inadequação do cronograma físico-financeiro proposto pelo vencedor da licitação, indicando manipulação dos preços unitários.
  • C Sempre que houver alterações no prazo e em suas respectivas etapas de execução, é necessária a adequação do cronograma físico-financeiro, para que ele reflita as condições reais do empreendimento.
  • D Alterações de projeto, especificações técnicas, cronograma físico-financeiro e planilhas orçamentárias deverão ser justificados por escrito e previamente autorizados pela autoridade competente para celebrar o contrato.
  • E É fundamental que o órgão contratante preveja os recursos orçamentários específicos que assegurem o pagamento das obrigações decorrentes de obras ou serviços a serem executados no curso do exercício financeiro, de acordo com o cronograma físico-financeiro presente no projeto básico.
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Considerando o uso de vegetação no tecido urbano e sua contribuição ao aumento da sensação de conforto térmico na escala microclimática, analise as afirmativas a seguir.

I. Sugere-se a utilização de espécies com copas mais densas.
II. Para a implantação de um grupo de árvores é preferível utilizar copas de tamanhos diferentes.
III. Sugere-se evitar o distanciamento entre as copas.
IV. Para a implantação de um grupo de árvores é preferível usar espécies intercaladas.

Está correto o que se afirma apenas em
  • A I e IV.
  • B II e IV.
  • C I, II e III.
  • D I, III e IV.
  • E II, III e IV.
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São consideradas sequências de atividades que pertencem ao grupo de dependência de lógica rígida, EXCETO: 
  • A Sapata e pilar.
  • B Armação e concreto.
  • C Chapisco e alvenaria.
  • D Assentamento de tubo e reaterro de vala.
  • E Alvenaria do primeiro pavimento e alvenaria do segundo pavimento.