Resolver o Simulado Nível Médio

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Direito Processual Penal

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Após a 1° fase do procedimento bifásico inerente ao Tribunal do Júri, o juiz entende que, muito embora exista, no caso concreto, prova da materialidade delitiva, ausentes estão indícios suficientes de autoria. 

Nesse cenário, considerando as disposições do Código de Processo Penal, é correto afirmar que o juiz proferiu a seguinte decisão judicial:
  • A absolvição sumária;
  • B desclassificação;
  • C desaforamento;
  • D impronúncia;
  • E pronúncia.
2
João ingressou em um ônibus e, mediante grave ameaça, consubstanciada no emprego de arma de fogo, exigiu a entrega dos telefones celulares dos passageiros. 

Ato contínuo, João se evadiu, vindo a ser capturado em flagrante por policiais que realizavam patrulhamento de rotina na região. Após os fatos, João foi encaminhado à Delegacia de Polícia, onde manifestou o desejo de ser informado sobre o nome dos policiais que lhe prenderam. 
Nesse cenário, considerando as disposições constitucionais aplicáveis ao Direito Processual Penal, é correto afirmar que:
  • A a prisão de João deverá ser comunicada ao juiz competente, à família do preso ou à pessoa por ele indicada e à seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), para o exercício do contraditório e da ampla defesa;
  • B a prisão de João deverá ser comunicada ao juiz competente, à família do preso ou à pessoa por ele indicada e à Defensoria Pública, no prazo de 24 horas, para o exercício do contraditório e da ampla defesa;
  • C a prisão de João deverá ser comunicada ao juiz competente, à família do preso ou à pessoa por ele indicada e à Defensoria Pública, no prazo de 24 horas, para o exercício do contraditório e da ampla defesa;
  • D a prisão de João deverá ser comunicada imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
  • E João não tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão, considerando o caráter inquisitorial do inquérito policial.
3
Na data designada para a audiência de instrução e julgamento, em processo penal em que se imputa ao acusado a suposta prática do crime de furto qualificado, compareceram duas vitimas, duas testemunhas de acusação, uma testemunha de defesa e o réu. 

Nesse cenário, considerando as disposições do Código de Processo Penal, a prova oral colhida em audiência seguirá a seguinte ordem:
  • A interrogatório; vítimas; testemunhas de acusação; e testemunha de defesa;
  • B interrogatório; testemunhas de acusação; testemunha de defesa; e vítimas;
  • C vítimas; testemunhas de acusação; testemunha de defesa; e interrogatório;
  • D testemunhas de acusação; testemunha de defesa; vitimas; e interrogatório;
  • E testemunha de defesa; testemunhas de acusação; vítimas; e interrogatório.
4
O Ministério Público ofereceu denúncia em face de João, pela suposta prática do crime de estupro. Finda a instrução processual, os autos vão conclusos para a sentença, ocasião em que o juiz entende, com base nos fatos descritos na denúncia, que não houve o crime de estupro, mas sim o delito de estupro de vulnerável, de natureza mais gravosa. 

Nesse cenário, à luz das disposições do Código de Processo Penal, é correto afirmar que o juiz:
  • A deverá instar o Ministério Público a aditar a denúncia, considerando que o último é o titular privativo da ação penal pública. Em caso de inércia do Ministério Público, o juiz poderá proferir sentença com base na definição jurídica que entende adequada;
  • B deverá instar o Ministério Público a aditar a denúncia, considerando que o último é o titular privativo da ação penal pública. Em caso de inércia do Ministério Público, o juiz poderá remeter os autos ao procurador-geral de Justiça;
  • C poderá atribuir aos fatos definição jurídica diversa, mesmo que tenha de aplicar pena mais grave, desde que reabra a instrução criminal e permita que as partes exerçam o contraditório e a ampla defesa sobre a nova tipificação;
  • D poderá atribuir aos fatos definição jurídica diversa, mesmo que tenha de aplicar pena mais grave e independentemente da reabertura da instrução criminal, desde que haja concordância expressa da acusação e da defesa;
  • E poderá atribuir aos fatos definição jurídica diversa, mesmo que tenha de aplicar pena mais grave e independentemente da reabertura da instrução criminal.
5
Guilherme, delegado de polícia, deflagrou inquérito policial para apurar um suposto delito de roubo, persequível mediante ação penal pública incondicionada. Contudo, dois meses após o início das investigações, não se logrou obter qualquer informação sobre a autoria delitiva. Inexistindo elementos mínimos quanto à autoria, o inquérito policial foi arquivado, na forma prevista na legislação processual. Seis meses após o arquivamento, surgem novos elementos quanto à autoria do delito.

Nesse cenário, considerando as disposições do Código de Processo Penal e a jurisprudência dominante dos Tribunais Superiores, é correto afirmar que o inquérito policial:
  • A poderá ser desarquivado, mesmo que inexista notícia de outras provas ou prova nova, enquanto não operada a prescrição;
  • B não poderá ser desarquivado, salvo se existir requisição do Ministério Público;
  • C não poderá ser desarquivado, salvo se existir determinação judicial;
  • D poderá ser desarquivado, desde que exista notícia de outras provas;
  • E poderá ser desarquivado, desde que existam novas provas.
6

Com base na Lei Maria da Penha, analise as assertivas abaixo, assinalando V, se verdadeiras, ou F, se falsas.


( ) A lei prevê a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública com as áreas de segurança pública, assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação.

( ) A violência moral é entendida por qualquer conduta que configure dano emocional e diminuição da autoestima.

( ) A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção.


A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é: 

  • A V – F – F.
  • B V – V – V.
  • C V – F – V.
  • D F – V – F.
  • E F – F – F.
7

Acerca do inquérito policial, assinale a opção correta.    

  • A As diligências requeridas pelo ofendido no curso do inqérito policial deverão ser realizadas pela autoridade policial. 
  • B Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, não acompanharão os autos do inquérito.
  • C Nos crimes de ação privada, a lei permite que autoridade policial instaure inquérito policial ainda que não haja o requerimento ofendido.
  • D Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito não é cabível recurso.
  • E Nos crimes em que a ação pública depender de representação o inquérito não poderá sem ela ser iniciado. 
8

Assinale a opção correta acerca da competência no direito porcessual penal.

  • A É obrigatória a separação dos processos quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou lugar diferentes.
  • B A distribuição realizada para o efeito de concessão de fiança não prevenirá a da ação penal.
  • C O concurso entre crime comum e militar não constitui causa de separação obrigatória de processos.
  • D Nos casos de xclusiva ação penal privada, o querelante pode optar pelo foro do domicílio ou da residência do querelado, salvo se conhecido o local da infração. 
  • E Quando o lugar da infração não for conhecido, aplica-se a regra do domicílio ou da residência do acusado.
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No que diz respeito as nulidades processuais, assinale a opção correta.

  • A A falta do recurso de ofício é causa de nulidade, nos casos em que a lei o tenha estabelecido.
  • B A nulidade da citação estará sanada se o acusado comparecer em juízo, antes de o ato cosumar-se, salvo no caso de declarar que o faz com o único fim de argui-la.
  • C Os atos cuja nulidade tiver sido sanada serão renovados ou retificados.
  • D A incompetência do juízo anula os despachos, mas não os atos decisórios.
  • E A nulidade ocorrida posteriormente à pronúncia deve ser arguida antes do anunciado o julgamento e de serem apregoadas as partes.
10
De acordo com o Código de Processo Penal (CPP), admite-se a decretação da prisão preventiva.
  • A nos casos de contravenção penal praticada no âmbito da violência doméstica.
  • B se o juiz, ao analisar as provas, verificar que o agente praticou o fato amparado por uma excludente de ilicitude.
  • C quando há dúvida acerca da identidade civil da pessoa.
  • D como decorrência imediata de investigação criminal ou da apresentação ou receebimento de denúncia.
  • E nos casos de crimes culposos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 anos.

Direitos Humanos

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É sabido que os Direitos Humanos são divididos em gerações, sendo cada geração destes direitos atrelada a um valor específico. Tomando por base tal premissa, assinale a alternativa correta com relação as mencionadas gerações e seus valores.

  • A A primeira geração dos direitos humanos tem como principais valores a solidariedade e a fraternidade, ao passo que tais institutos são verdadeiros pilares da sociedade, sem os quais não é possível a operacionalização dos Direitos Humanos.
  • B A primeira geração dos direitos humanos tem como principal valor a igualdade, defendendo que a isonomia entre todos os seres humanos é basilar no fomento aos Direitos Humanos.
  • C A terceira geração dos direitos humanos tem como pilar principal a liberdade, posto que apenas com a liberdade do indivíduo, que não deve ser cerceada, é que podemos construir uma sociedade livre, justa e solidária.
  • D A segunda geração dos direitos humanos tem como pilar principal a igualdade e defende os direitos sociais, econômicos e culturais.
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No que concerne a Declaração Universal dos Direitos Humanos, assinale a alternativa CORRETA.

  • A A Declaração foi criada após a Primeira Guerra Mundial, em um contexto de reconstrução e pacificação mundial, e teve como objetivo estabelecer as bases para a cooperação mundial.
  • B A Declaração foi criada durante a Guerra Fria, em um contexto de tensão entre os blocos capitalistas e socialistas, o que levou os países ocidentais a promoverem a ideia de direitos humanos como forma de se contrapor ao comunismo.
  • C A Declaração foi criada no final do século XIX, em um contexto de grandes mudanças sociais e políticas, e teve como objetivo estabelecer as bases para a promoção de uma sociedade mais justa e igualitária.
  • D A Declaração foi criada após a Segunda Guerra Mundial, em um contexto de necessidade de se estabelecer padrões mínimos para a proteção dos direitos humanos em todo o mundo, a fim de prevenir novas violações desses direitos no futuro.
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No que diz respeito ao texto da Declaração Universal dos Direitos Humanos, é CORRETO afirmar que:

  • A No exercício de seus direitos e liberdades, todo ser humano estará sujeito apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática.
  • B Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, na qual o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é provável.
  • C Os pais têm prioridade de direito na escolha se promoverão ou não a instrução dos seus filhos.
  • D Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; esse direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras, desde que respeitadas as leis de limitação de conteúdo do seu país.
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De acordo com o art. 29, da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), de 22 de novembro de 1969, pode-se AFIRMAR que nenhuma disposição da Convenção pode ser interpretada no sentido de:

  • A Expandir o gozo e exercício de qualquer direito ou liberdade que possam ser reconhecidos de acordo com as leis de qualquer dos Estados-Partes ou de acordo com outra convenção em que seja parte um dos referidos Estados.
  • B Permitir a qualquer dos Estados-Partes, grupo ou pessoa, suprimir o gozo e exercício dos direitos e liberdades reconhecidos na Convenção ou limitá-los em maior medida do que a nela prevista.
  • C Incluir outros direitos e garantias que são inerentes ao ser humano ou que decorrem da forma democrática representativa de governo.
  • D Incluir ou expandir o efeito que possam produzir a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e outros atos internacionais da mesma natureza.
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Considere um caso de tortura envolvendo um brasileiro como vítima em outro país em que tanto o Brasil quanto esse outro Estado são partes da Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes. Com base nesse caso e no que prevê a referida Convenção promulgada pelo Decreto n° 40/1991, assinale a alternativa correta.
  • A Como o autor do crime não é brasileiro, não poderão ser adotadas medidas por parte do Brasil.
  • B Os Estados Partes não poderão estabelecer sua jurisdição sobre o delito, salvo quando a tortura houver sido cometida no âmbito de sua jurisdição e sob sua supervisão e concessão.
  • C O Brasil tomará as medidas necessárias para estabelecer sua jurisdição sobre o delito tendo em vista que a vítima é nacional do Estado em questão, se este o considerar apropriado.
  • D A referida Convenção exclui qualquer jurisdição criminal exercida de acordo com o direito interno.
  • E Se o crime foi cometido a bordo de aeronave ou de navio, não será considerado o registro desses no Estado Parte para o exercício da jurisdição, mas sim o local que se encontravam as embarcações ou aeronaves no momento em que ocorreu o delito.
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Assinale a alternativa correta acerca da Convenção Americana sobre os Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), promulgado pelo Decreto n° 678/1992.
  • A Ninguém pode ser condenado por ações ou omissões que, no momento em que forem cometidas, não sejam delituosas, de acordo com o direito aplicável. Pode ser imposta pena mais grave que a aplicável no momento da perpetração do delito, ou mais leve se a lei dispuser depois da perpetração.
  • B Nos países que não houverem abolido a pena de morte, esta só poderá ser imposta pelos delitos mais graves, em cumprimento de sentença final de tribunal competente e em conformidade com lei que estabeleça tal pena, promulgada depois de haver o delito sido cometido, desde que este seja grave.
  • C Os juízes da Corte Interamericana de Direitos Humanos serão eleitos, em votação secreta e pelo voto da maioria absoluta dos Estados-Partes na Convenção, na Assembleia-Geral da Organização, de uma lista de candidatos propostos pelos mesmos Estados.
  • D Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e de religião. Assim, a liberdade de manifestar a própria religião e as próprias crenças não está sujeita às limitações prescritas pela lei.
  • E A Comissão Interamericana de Direitos Humanos compor-se-á de oito membros, que deverão ser pessoas de alta autoridade moral e de reconhecido saber em matéria de direitos humanos.
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Considerando a teoria geral dos direitos humanos acerca da terminologia, ressalvadas as particularidades linguísticas e regionais de uma minoria de países, assinale a alternativa INCORRETA.
  • A Os chamados “direitos fundamentais” devem constar de todos os textos constitucionais, sob pena de o instrumento chamado “Constituição” perder o sentido de sua existência.
  • B Os “direitos humanos” se referem aos direitos inscritos em tratados e declarações ou previstos em costumes internacionais.
  • C Os “direitos do homem” versam sobre direitos que não estão expressamente previstos no direito interno ou no direito internacional.
  • D Os direitos garantidos e limitados no tempo e no espaço, objetivamente vigentes numa ordem jurídica concreta são denominados “direitos fundamentais”.
  • E Os “direitos do homem” são aqueles direitos positivados que já ultrapassaram as fronteiras estatais de proteção e ascenderam ao plano da proteção internacional.
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No Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, o Estado brasileiro tem como princípio a afirmação dos direitos humanos como universais, indivisíveis e interdependentes. Conforme o texto do documento, para sua efetivação, pondera-se que todas as políticas públicas devem:
  • A considerar esses direitos na perspectiva de uma sociedade baseada na promoção da igualdade de oportunidades e da equidade, no respeito à diversidade e na consolidação de uma cultura democrática e cidadã.
  • B preocupar-se em incluir aspectos de fiscalização tendo em vista punir aqueles que são contrários aos direitos humanos.
  • C incluir homens, mulheres, crianças, jovens e idosos na garantia do usufruto dos direitos humanos, principalmente o direito à educação.
  • D propor esses direitos de forma a considerar a perspectiva de liberdade, igualdade, fraternidade e da propriedade privada.
  • E inscrever os direitos humanos em todas as legislações nacionais, estaduais e municipais, reafirmando a importância dos direitos civis, políticos e sociais.
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Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos. Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Em que ano foi proclamado pela assembleia geral das nações unidas?
  • A 1949
  • B 1950
  • C 1948
  • D 1946
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Em relação ao previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Convenção Americana sobre Direitos Humanos, assinale a alternativa INCORRETA:
  • A No exercício de seus direitos e liberdades, todo ser humano estará sujeito apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática.
  • B Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, na qual o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível.
  • C Nenhuma disposição da Declaração Universal dos Direitos Humanos pode ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades nela estabelecidos.
  • D Os direitos e liberdades não podem, com exceção das hipóteses previstas na Convenção Americana sobre Direitos Humanos, ser exercidos contrariamente aos objetivos e princípios das Nações Unidas.

Português

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   José Dias tratava-me com extremos de mãe e atenções de servo. A primeira cousa que consegui, logo que comecei a andar fora, foi dispensar-me o pajem; fez-se pajem, ia comigo à rua. Cuidava dos meus arranjos em casa, dos meus livros, dos meus sapatos, da minha higiene e da minha prosódia. Aos oito anos os meus plurais careciam, alguma vez, da desinência exata, ele a corrigia, meio sério para dar autoridade à lição, meio risonho para obter o perdão da emenda. Ajudava assim o mestre de primeiras letras. Mais tarde, quando o Padre Cabral me ensinava latim, doutrina e história sagrada, ele assistia às lições, fazia reflexões eclesiásticas, e, no fim, perguntava ao padre: “Não é verdade que o nosso jovem amigo caminha depressa?” Chamava-me “um prodígio”; dizia a minha mãe ter conhecido outrora meninos muito inteligentes, mas que eu excedia a todos esses, sem contar que, para a minha idade, possuía já certo número de qualidades morais sólidas. Eu, posto não avaliasse todo o valor deste outro elogio, gostava do elogio; era um elogio.

(Machado de Assis, Dom Casmurro)

No texto, o sinal indicativo da crase poderia ser empregado no termo destacado em:

  • A ... os meus plurais careciam, alguma vez, da desinência exata, ele a corrigia...
  • B ... para a minha idade, possuía já certo número de qualidades morais sólidas.
  • C ... mas que eu excedia a todos esses...
  • D ... dizia a minha mãe ter conhecido outrora meninos muito inteligentes...
  • E A primeira cousa que consegui logo que comecei a andar fora...
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Leia o Texto para responder a questão.


Questão de pontuação

João Cabral de Melo Neto


Todo mundo aceita que ao homem

cabe pontuar a própria vida:

que viva em ponto de exclamação

(dizem: tem alma dionisíaca).


Viva em ponto de interrogação
(foi filosofia, ora e poesia):

viva equilibrando-se entre vírgulas

e sem pontuação (na política);


O homem só não aceita do homem

que use só a pontuação fatal:

que use, na frase que ele vive,

o inevitável ponto final.

Disponível em: <https//peregrinacultural.wordpress.com/2011/02/08/questao-de-pontuacao-poema-de-joao-cabral-de-melo-neto/>.Acesso em 25 mai.

Na oração "o homem só não aceita do homem/que use só a pontuação fatal/que use, na frase que ele vive/o inevitável ponto final". O trecho entre vírgulas é uma locução adverbial de 

  • A modo
  • B lugar
  • C afirmação
  • D tempo
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Aos poetas clássicos

Patativa do Assaré


Poetas niversitário,

Poetas de Cadenia,

De rico vocabulário

Cheio de mitologia,

Se a gente canta o que pensa,

Eu quero pedir licença.

Pois mesmo sem português

Neste livrinho apresento

O prazê e o sofrimento

De um poeta camponês

Disponível em <https//www.jornaldepoesia.jor.br/antonio3html> Acesso em 03 mai 2023



Na sequência "Poetas niversitário/Poetas de Cademia", o uso da vírgula separa dois elementos linguisticos de mesma natureza sintática, qual seja,

  • A aposto.
  • B vocativo.
  • C agente de passiva.
  • D adjunto adverbial.
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Considerando-se as palavras “foco”, “apreender”, “atrair”, “assimilar” e “suscitar”, quantas são classificadas como trissílabas (três sílabas)?

  • A Somente uma palavra. 
  • B Somente duas palavras.
  • C Somente três palavras.
  • D Todas as palavras
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Texto 1

Leia o texto a seguir:

Carros da Ford voltarão sozinhos para a loja se o dono deixar de pagar

Patente registrada pela Ford permite que veículos autônomos "abandonem" seus donos em caso de inadimplência e retornem para a concessionária

A Ford norte-americana trabalha em um projeto, segundo detalhes da revista Car and Driver, de um sistema que permite aos carros da marca voltarem às lojas sozinhos, em caso de não pagamento das dívidas de seus donos.

O sistema, ativado à distância, permite ao carro "abandonar o dono", e, com isso, dirigir-se por conta própria até a casa do proprietário. A depender da situação da dívida, o carro pode voltar para a concessionária sozinho, até que se paguem as parcelas.

Esse sistema não é novidade para a montadora. Dados do Escritório de Marcas e Patentes dos Estados Unidos mostram que a Ford fez o registro dessa patente em 2021, mas só agora obteve resposta. Desse modo, só assim poderá prosseguir com o desenvolvimento.

Mas é importante dizer que o sistema, que vai funcionar em carros autônomos e semiautônomos da Ford, não retoma o veículo por qualquer motivo. Alertas chegam ao motorista e, caso não gerem resposta, podem desligar itens importantes, como, por exemplo, ar-condicionado, rádio e vidros elétricos. A depender do caso, o motor também será desligado.

Aliás, caso o valor de recompra não seja o suficiente para cobrir a dívida, o carro pode até ir por conta própria para um ferro-velho. Entretanto, a tecnologia ainda está distante da realidade. Ainda é necessário avançar na melhoria dos sistemas autônomos, para que só assim seja possível retomar os veículos sem ninguém ao volante. Ou seja, ainda há um bom tempo até que os carros da Ford voltem sozinhos para as concessionárias por falta de pagamento.

Fonte: https://jornaldocarro.estadao.com.br/carros/carros-da-ford-voltaraosozinhos-para-a-loja-se-o-dono-deixar-de-pagar/. Acesso em 27/03/2023

No trecho “A depender da situação da dívida, o carro pode voltar para a concessionária sozinho, até que se paguem as parcelas” (2º parágrafo), o verbo está no:

  • A imperativo negativo
  • B imperativo afirmativo
  • C presente do indicativo
  • D presente do subjuntivo
  • E pretérito mais-que-perfeito do indicativo
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Leia atentamente o texto abaixo e responda a questão proposta.


MEU MELHOR CONTO

Moacyr Scliar

Você me pergunta qual foi o melhor conto que escrevi. Indagação típica de jovens jornalistas; vocês vêm aqui, com esses pequenos gravadores, que sempre dão problema, e uma lista de perguntas - e aí querem saber qual foi o melhor ponto que a gente fez, qual provocou maior controvérsia, essas coisas. Mas tudo bem: não vou me furtar a responder essa questão. Dá mais trabalho explicar por que a gente não responde do que simplesmente responder.

Meu melhor conto... Não está em nenhum dos meus livros, em nenhuma antologia, em nenhuma publicação. Ele está aqui, na minha memória; posso acessá-lo a qualquer momento. Posso inclusive lembrar as circunstâncias em que o escrevi. Não esqueci, não. Não esqueci nada. Mesmo que quisesse esquecer, não o conseguiria.

Eu era então um jovem escritor - faz muito tempo, portanto, que isso aconteceu. Estava concluindo o curso de Letras e acabara de publicar meu primeiro livro, recebido com muito entusiasmo pelos críticos. É uma revelação, diziam todos, e eu, que à época nada tinha de modesto, concordava inteiramente: considerava-me um gênio. Um génio contestador. Minhas histórias estavam impregnadas de indignação; eram verdadeiros panfletos de protesto contra a injustiça social. O que me salvava do lugar-comum era a imaginação - a imaginação sem limites que é a marca registrada da juventude literária e que, como os cabelos, desaparecem com os anos.

Mas eu não era só escritor. Era militante político. Fazia parte de um minúsculo, obscuro, mas extremado grupo de universitários. Veio o golpe de 1964, participei em manifestações de protesto, cheguei a pensar em juntar-me à guerrilha - o que certamente seria um-desastre, porque eu era um garoto de classe média, mimado pelos pais, acostumado ao conforto, enfim, uma antípoda do guerrilheiro. De qualquer modo, fui preso.

Uma tragédia. Meus pais quase enlouqueceram. Fizeram o possível para me soltar, falaram com Deus e todo mundo, com políticos, jornalistas e até generais. Inútil. O momento era de linha dura, linha duríssima, e eu estava em mais de uma lista de suspeitos. Não me soltariam de jeito nenhum.

Fui levado para um lugar conhecido como Usina Pequena. Havia duas razões para essa denominação. Primeiro, o centro de detenção ficava, de fato, perto de uma termelétrica. Em segundo lugar, o método preferido para a tortura era, ali, o choque elétrico.

O chefe da Usina Pequena era o Tenente Jaguar. Esse não era o seu verdadeiro nome, mas o apelido era mais que o apropriado: ele tinha mesmo cara de felino, e de felino muito feroz. Ao sorrir, mostrava os caninos enormes - e isso era suficiente para dar calafrios nos prisioneiros.

Fiquei pouco tempo na Usina Pequena, quinze dias. Mas foi o suficiente. Da cela que eu ocupava, um cubículo escuro, úmido, fétido, eu ouvia os gritos dos prisioneiros sendo torturados e entrava em pânico, perguntando-me quando chegaria a minha vez. E aí uma manhã eles vieram me buscar e levaram-me para a chamada Sala do Gerador, o lugar das torturas, e ali estava o Tenente Jaguar, à minha espera, fumando uma cigarrilha e exibindo aquele sorriso sinistro. Leu meu prontuário e começou o interrogatório. Queria saber o paradeiro de um dos meus professores, suspeito de ser um líder importante na guerrilha.

Tão apavorado eu estava que teria falado - se soubesse, mesmo, onde estava o homem. Mas eu não sabia e foi o que respondi, numa voz trémula, que não sabia. Ele me olhou e estava claramente decidindo se eu falava a verdade ou se era bom ator. Mas ali a regra era: na dúvida, a tortura. E eu fui torturado. Choques nos genitais, o método clássico. No quarto choque, desmaiei, e me levaram de volta para a cela.

Durante dois dias ali fiquei, deitado no chão, encolhido, apavorado. No terceiro dia o carcereiro entrou na sala: o Tenente queria me ver. Implorei para que não me levasse: eu não aguento isso, vou morrer, e vocês vão se meter em confusão. Ignorando minhas súplicas, arrastou-me pelo corredor, mas não me levou para o lugar das torturas, e sim para a sala do Tenente. O que foi uma surpresa. Uma surpresa que aumentou quando o homem me recebeu gentilmente, pediu que sentasse, ofereceu-me um chá. Perguntou se eu tinha me recuperado dos choques; e aí - eu cada vez mais atônito - pediu desculpas: eu tinha de compreender que torturar era a função dele, e que precisava cumprir ordens.

Ficou um instante olhando pela janela - era uma bela manhã de primavera - e depois voltou-se para mim, anunciando que tinha um pedido a me fazer.

Àquela altura eu não entendia mais nada. Ele tinha um pedido a me fazer? O todo-poderoso chefe daquele lugar? O cara que podia me liquidar sem qualquer explicação tinha um pedido? Estou às suas ordens, eu disse, numa voz sumida, e ele foi adiante. Eu sei que você é escritor, e um escritor muito elogiado.

Está na sua ficha - acrescentou, sorridente. - Nós aqui temos todas as informações sobre sua vida.

Olhou-me de novo e acrescentou:

- Tem uma coisa que eu queria lhe mostrar.

Abriu uma gaveta e tirou de lá um recorte de jornal. Era uma notícia sobre um concurso de contos. Cada vez mais surpreso, li aquilo e mirei-o sem entender. Ele explicou.

Eu escrevo. Contos, como você. Mas tenho de admitir: não tenho um décimo do seu talento. Nova pausa, e continuou:

Quero ganhar esse concurso literário. Melhor, preciso ganhar esse concurso literário. Não me pergunte a razão, mas é muito importante para mim. E você vai me ajudar. Vai escrever um conto para mim. Posso contar com você, não é?

E então aconteceu a coisa mais surpreendente. Eu disse que não, que não escreveria merda nenhuma para ele.

Tão logo falei, dei-me conta do que tinha feito - e fiquei a um tempo aterrorizado e orgulhoso. Sim, eu tinha ousado resistir. Sim, eu tinha mostrado a minha fibra de revolucionário. Mas, e agora? E os choques?

Para meu espanto, o homem começou a chorar. Chorava desabaladamente, como uma criança. E então me explicou: quem tinha mandado aquele recorte fora o seu filho, um rapaz de catorze anos que adorava o pai, e adorava as histórias que o pai escrevia

- Ele quer que eu ganhe o concurso, o meu filho o Tenente, soluçando. E eu quero ganhar o concurso. Para ele. É um rapaz muito doente, talvez não viva muito. Eu preciso lhe dar essa alegria. E só você pode me ajudar.

Olhava-me, as lágrimas escorrendo pela face.

O que podia eu dizer? Pedi que me arranjasse uma máquina de escrever e umas folhas de papel.

Naquela tarde mesmo escrevi o conto. Nem precisei pensar muito; simplesmente sentei e fui escrevendo. A história brotava de dentro de mim, fluía fácil. E era um belo conto, diferente de tudo o que eu tinha escrito até então. Não falava em revolta, não satirizava opressores. Contava a história de um pai e de seu filho moribundo.

Entreguei o conto ao Tenente, que o recebeu sem dizer palavra, sem sequer me olhar. E no dia seguinte fui solto.

Nunca fiquei sabendo o que aconteceu depois, o resultado do concurso, nada disso. Não estava interessado; ao contrário, queria esquecer a história toda, e inclusive o conto que eu tinha escrito. O que foi inútil. A narrativa continuava dentro de mim, como continua até hoje. Se eu quisesse, poderia escrevê-la de uma sentada.

Mas não o farei. Esse conto não me pertence. É, acho, a melhor coisa que escrevi, mas não me pertence. Pertence ao Tenente, que esses dias, aliás, vi na rua: um ancião alquebrado, que anda apoiado numa bengala.

Ele me olhou e sorriu. Talvez tivesse, com gratidão, lembrado aquele episódio. Ou talvez estivesse debochando de mim. Com esses velhos torturadores, a gente nunca sabe.

(Porto Alegre, 2003.)

Conto de Moacyr Scliar publicado no livro "Do conto à crônica".

Assinale a alternativa CORRETA em que todas as palavras foram formadas a partir do mesmo processo de derivação, observado na palavra aterrorizado.

  • A Envergonhado, enlouquecer, apropriado, acostumado.
  • B Simplesmente, inteiramente, desaparecer, indignação.
  • C Desabaladamente, apavorado, inútil, paradeiro.
  • D Prisioneiro, cubículo, cigarrilha, injustiça.
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Você sabe como a relação entre um cão e um humano é construída?

        Pesquisadoras da USP acreditam que a capacidade do animal entender expressões humanas é um dos pontoschave para esse relacionamento. O artigo da professora Briseida Dôgo de Resende e da pesquisadora Natalia Albuquerque, ambas do Instituto de Psicologia (IP) da USP, discute as habilidades de percepção de emoções de cães, como essa percepção é utilizada por eles e traz sugestões para investigações futuras, como a da personalidade, dos níveis de apego com o cachorro e de fatores demográficos.
        O artigo Dogs functionally respond to and use emotional information from human expressions, publicado na revista Evolutionary Human Sciences, é uma revisão sistemática, ou seja, quando os autores apresentam discussões e ________ com base na literatura científica existente sobre o tema. Natalia conta que foram usadas 61 referências, escolhidas de acordo com a relevância na área.
        A professora Briseida explica que o desenvolvimento da capacidade dos cachorros de entender as expressões humanas pode ser pensado em dois momentos: durante a evolução da espécie e durante a história individual de cada cão. “A seleção natural pode ter atuado no sentido de favorecer a sobrevivência de cães mais _______ para aprender sobre as expressões das emoções dos humanos”, explica. No entanto, ela ressalta que ainda não é possível dizer exatamente como essa evolução ocorreu. Mas, ao se aproximar dos tutores, o cachorro passa a reconhecer as emoções e vai se _________ a elas.
        Os cães não apenas reconhecem as emoções humanas, mas também entendem as consequências disso e respondem de acordo com cada expressão. “Essas habilidades foram críticas para a aproximação das duas espécies, para o estabelecimento de laços e para a manutenção dos relacionamentos. Hoje em dia, dividimos nossas vidas com animais que são sintonizados a nós e que podem nos compreender”, diz Natalia Albuquerque.
(Fonte: Jornal da USP - adaptado.) 

Assinalar a frase em que a palavra homônima sublinhada está empregada de forma INCORRETA:

  • A O prefeito dirigiu os cumprimentos aos familiares das vítimas.
  • B Conforme esperado, delatou o empregador.
  • C Com cuidado, guardou todos os alimentos na dispensa da cozinha.
  • D O juiz absolveu o réu.
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Imagem relacionada à questão do Questões Estratégicas

Imagem relacionada à questão do Questões Estratégicas

A palavra destacada atende às exigências de concordância de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa em:

  • A A administração de empresas de tecnologia e o marketing profissional estão envolvidos na promoção de novos negócios na área econômica.
  • B A assistência social às pessoas carentes e os cuidados com o aparecimento de novas doenças são necessárias para manter a saúde da população.
  • C A iniciativa de implementar mudanças nas empresas e o sucesso ao alcançar êxito são comemoradas pelos funcionários.
  • D O financiamento de projetos e a assistência aos necessitados, desejadas pelos empreendedores sociais, precisam da atenção redobrada dos responsáveis.
  • E A vacinação de toda a população e a intensificação dos estudos sobre a pandemia devem ser implementados pelas autoridades. 
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  • Texto CGIAI-I


  • Nem mais como tema literário serve ainda esse assunto de seca. Já cansou quem escreve, cansou quem lê e cansou principalmente quem o sofre. Parece mesmo que cansou o próprio Deus Nosso Senhor, pois que afinal, repetindo um gesto sucedido há exatamente um século (o último diz a tradição que foi em 1851), contra todos os cálculos, contra todas as experiências, ultrapassando os otimismos mais alucinados, fez começar um inverno no Nordeste durante a primeira quinzena de abril.


    Eu estava lá Assisti mais uma vez à mágica transformação do deserto em jardim do paraíso. E vendo o céu escurecer bonito, depois de tantos meses de desesperança, os compadres diziam que eu lhes levara o inverno nas malas. O fato é que, durante a viagem de ida, enquanto o "Constellation" da Panair voava por cima do colchão compacto de nuvens carregadas de água, me dava uma vontade desesperada de rebocá-las todas, lá para onde tanta falta faziam, levá-las como rebanho de golfinhos prisioneiros e despejá-las em cheio sobre os serrotes do Quixadá.


    Pois choveu, Encheram-se os açudes, as várzeas deram nado, os rios subiram de barreira a barreira.


    Mas ninguém espere muito de um inverno assim tardio. Já se agradece de joelhos o pasto aparentemente garantido, o gado salvo. Mas não se espera que haja milho. Talvez feijão, desse precoce que dá em dois meses. E o algodão aguenta, provavelmente. Nada mais.


Rachel de Queiroz. Choveu (com adaptações)

Assinale a opção que apresenta uma proposta de reescrita que preserva a correção gramatical e o sentido do seguinte trecho primeiro parágrafo do texto CGIAl-I: "(o último diz a tradição que foi em 1851)".

  • A (a tradição diz que, foi em 1851, o último gesto)
  • B (segundo a tradição, o último gesto foi em 1851)
  • C (o último gesto diz que a tradição foi em 1851)
  • D (em 1851, foi quando a tradição disse o último gesto)
  • E (o último século, a tradição diz, foi em 1851)
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  • Texto CGIAI-I


  • Nem mais como tema literário serve ainda esse assunto de seca. Já cansou quem escreve, cansou quem lê e cansou principalmente quem o sofre. Parece mesmo que cansou o próprio Deus Nosso Senhor, pois que afinal, repetindo um gesto sucedido há exatamente um século (o último diz a tradição que foi em 1851), contra todos os cálculos, contra todas as experiências, ultrapassando os otimismos mais alucinados, fez começar um inverno no Nordeste durante a primeira quinzena de abril.


    Eu estava lá Assisti mais uma vez à mágica transformação do deserto em jardim do paraíso. E vendo o céu escurecer bonito, depois de tantos meses de desesperança, os compadres diziam que eu lhes levara o inverno nas malas. O fato é que, durante a viagem de ida, enquanto o "Constellation" da Panair voava por cima do colchão compacto de nuvens carregadas de água, me dava uma vontade desesperada de rebocá-las todas, lá para onde tanta falta faziam, levá-las como rebanho de golfinhos prisioneiros e despejá-las em cheio sobre os serrotes do Quixadá.


    Pois choveu, Encheram-se os açudes, as várzeas deram nado, os rios subiram de barreira a barreira.


    Mas ninguém espere muito de um inverno assim tardio. Já se agradece de joelhos o pasto aparentemente garantido, o gado salvo. Mas não se espera que haja milho. Talvez feijão, desse precoce que dá em dois meses. E o algodão aguenta, provavelmente. Nada mais.


Rachel de Queiroz. Choveu (com adaptações)

Entende-se do penúltimo parágrafo do texto CGIAl-I que o segundo período expressa, em relação ao primeiro, uma ideia de

  • A consequência.
  • B finalidade.
  • C causa.
  • D conclusão.
  • E explicação.