Resolver o Simulado Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB)

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Engenharia Química e Química Industrial

1
Uma multinacional fabricante de canetas de plástico tem uma enorme quantidade de canetas sem as tampas e necessita que sejam projetadas as tampas para essas canetas. Sabemos que o diâmetro médio de uma caneta é de 8 mm e que elas serão fabricadas em uma determinada injetora, sendo IT9 a melhor qualidade possível. Aproveitando as características do material, assinale a alternativa que apresenta correta e respectivamente o sistema, a qualidade e a função a serem utilizados nesse caso.
  • A eixo base; IT10; ajuste interferente.
  • B furo base; IT8; ajuste interferente.
  • C eixo base; IT10; ajuste folgado.
  • D furo base; IT10; ajuste folgado.
  • E eixo base; IT8; ajuste interferente.
2

A operação unitária de separação baseada nas diferenças de volatilidade dos constituintes de uma mistura líquida é denominada:

  • A Destilação.
  • B Evaporação.
  • C Osmose reversa.
  • D Pervaporação.
  • E Troca iônica.
3

Sobre a primeira lei da termodinâmica, marcar C para as afirmativas Certas, E para as Erradas e, após, assinalar a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
(_) A energia interna é distinta das energias potencial e cinética de um sistema, que são formas externas de energia.
(_) Nas aplicações da primeira lei da termodinâmica, todas as formas de energia devem ser consideradas, menos a energia interna.
(_) Para um sistema isolado, a primeira lei requer que sua energia varie.
(_) Para um sistema fechado (mas não isolado), a primeira lei requer que as variações de energia do sistema sejam exatamente compensadas por variações de energia do exterior.

  • A C - C - C - E.
  • B C - C - E - E.
  • C E - C - C - C.
  • D E - C - E - C.
  • E C - E - E - C.
4

Assinalar a alternativa INCORRETA:

  • A Dois átomos que apresentam o mesmo número de prótons pertencem ao mesmo elemento químico.
  • B O iodo apresenta raio atômico menor do que o do cloro.
  • C O enxofre é um não metal e apresenta 6 elétrons na última camada.
  • D O cálcio pertence ao quarto período da classificação periódica.
  • E A configuração eletrônica do átomo de titânio é [Ar] 4s2 3d2 .
5

Qual o valor da soma dos menores números inteiros que fazem o correto balanceamento da reação de combustão completa do octano?

  • A Menor que 45.
  • B Maior que 45 e menor que 50.
  • C Maior que 50 e menor que 55.
  • D Maior que 55 e menor que 60.
  • E Maior que 60.
6

Qual das substâncias envolvidas na reação MnO2 + H2SO4 + H2O2 → MnSO4 + 2H2O + O2 atua como agente redutor?

  • A H2O2
  • B H2SO4
  • C MnO2
  • D MnSO4
  • E O2
7

Um tanque rígido contém ar a 550kPa e 150°C. Como resultado da transferência de calor para a vizinhança, a temperatura e a pressão caem 75°C e 450kPa, respectivamente. Nessas condições, qual o trabalho de fronteira realizado durante esse processo?

  • A 15 kJ
  • B 100kJ
  • C 0kJ
  • D -150kJ
  • E -100kJ
8

Considerando-se uma fornalha cuja parede é plana e através da qual ocorre a transferência de calor por condução, assume-se que essa parede tenha espessura L, área da seção transversal A e que seja constituída de um material de condutividade térmica k. Na superfície do lado interno dessa parede, a temperatura é T1, e, externamente à parede, a temperatura é T2, criando, dessa forma, um gradiente de temperatura ∆T. Nas condições especificadas, caso o engenheiro responsável necessite reduzir as perdas térmicas através da parede por razões econômicas, são possíveis ações a serem tomadas pelo engenheiro:
I. Trocar o material que constituiu a parede por outro com maior condutividade térmica.
II. Reduzir a área superficial do forno.
III. Reduzir a temperatura externa da fornalha.
IV. Aumentar a espessura da parede.

Estão CORRETOS:

  • A Somente os itens I e II.
  • B Somente os itens I e III.
  • C Somente os itens II e IV.
  • D Somente os itens I, III e IV.
  • E Somente os itens II, III e IV.
9

A salinidade das águas naturais vincula-se à presença de sais minerais dissolvidos formados por ânions como cloreto, sulfato e bicarbonato e cátions como cálcio, magnésio, potássio e sódio. A salinidade dos corpos d’água resulta sobretudo de alguns fatores, como os seguintes, EXCETO:

  • A Intrusão de água do mar no aquífero freático, por vezes maximizada pela magnitude da vazão recalcada e por consequente rebaixamento do nível do lençol.
  • B Influência e características das águas subterrâneas, em condições de anaerobiose.
  • C Balanço hídrico referente à precipitação e à evaporação.
  • D Lançamento de águas residuárias domésticas e industriais.
  • E Grau do intemperismo e composição das rochas e dos solos da bacia de drenagem.
10

A análise da matéria orgânica pode ser quantificada por meio de medidas, principalmente de COT (carbono orgânico total), COD (carbono orgânico dissolvido), DQO (demanda química de oxigênio), DBO (demanda bioquímica de oxigênio), OC (oxigênio consumido) ou medição analítica dos compostos orgânicos. Sobre o assunto, marcar C para as afirmativas Certas, E para as Erradas e, após, assinalar a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
(_) Alguns parâmetros indiretos estão relacionados com o carbono orgânico dissolvido, tais como a radiação UV254nm (absorvância no comprimento de onda de 254 nm - AUV254) e a radiação AEUV254 (igual à AUV254/COD). Geralmente, quanto maior o valor da AEUV254, maior a concentração de MOD.
(_) A aromaticidade e a reatividade das moléculas do COD de substâncias úmidas aquáticas podem ser relacionadas à AEUV254.
(_) A medida de COT indica a presença de compostos orgânicos halogenados na água.

  • A C - E - E.
  • B E - E - E.
  • C C - C - E.
  • D E - E - C.
  • E E - C - C.
11

A respeito das experiências de Reynolds, quanto aos comportamentos dos líquidos, assinalar a alternativa CORRETA:

  • A Reynolds observou que, ao abrir gradualmente a torneira, pode-se observar a formação de um filamento colorido anfigúrico.
  • B No regime turbulento, a velocidade apresenta em qualquer instante um componente lamelar.
  • C O melhor critério para se determinar o tipo de movimento em uma canalização consiste exclusivamente no valor da velocidade.
  • D Se o escoamento se verificar com R superior a 4.000, o movimento nas condições correntes, em tubos comerciais, sempre será turbulento.
  • E Nas condições práticas, o movimento da água em canalizações é sempre lamelar.
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Considerando-se a reação química (não balanceada) que corresponde à oxidação do ácido clorídrico:
HCl(g) + O2(g) → H2O(g) +Cl2(g)
E considerando-se, ainda, que as entalpias de formação da água (no estado gasoso) e do ácido clorídrico (no estado gasoso) sejam, respectivamente, iguais a -240kJ/kmol e -90kJ/kmol, qual o valor do calor dessa reação, quando balanceada com os menores números inteiros?

  • A 120kJ/kmol
  • B 150kJ/kmol
  • C 330kJ/kmol
  • D -150kJ/kmo
  • E -120kJ/kmol
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Em um processo industrial, a água é aquecida em um trocador de calor por reaproveitamento da energia oriunda do gás de exaustão. O gás de exaustão, considerado ideal, apresenta calor específico à pressão constante de 1kJ/(kg°C) e entra no trocador de calor com vazão de 3kg/s e temperatura de 200°C. Ao sair, o gás apresenta temperatura igual a 100°C. A água, com calor específico de 4kJ/(kg°C), entra através do tubo do trocador de calor com temperatura igual a 20°C e deixa o trocador de calor com temperatura de 80°C. Assumindo-se que todo o calor disponibilizado pelo gás de exaustão é aproveitado pela água durante o processo de aquecimento, qual a vazão de água que entra no trocador de calor?

  • A 1,75kg/s
  • B 0,75kg/s
  • C 1,50kg/s
  • D 1,25kg/s
  • E 1,00kg/s
14

Sobre o escoamento de fluidos em tubulações, analisar os itens abaixo:
I. O fator de atrito é nulo quando o escoamento do fluido se dá em superfícies lisas, pois, nesse caso, a rugosidade relativa é nula.
II. Para situações de escoamento de fluidos com altos números de Reynolds (região altamente turbulenta), o fator de atrito é dependente apenas da rugosidade relativa.
III. Em situações de escoamento de fluidos em regime laminar, o fator de atrito é dependente do número de Reynolds e da rugosidade da tubulação.
Está(ão) CORRETO(S):

  • A Somente o item I.
  • B Somente o item II.
  • C Somente os itens I e III.
  • D Somente os itens II e III.
  • E Todos os itens.
15

A reação A(g) → B(g) é irreversível e obedece à cinética de primeira ordem, com k = 0,05min-1 . Essa reação é conduzida em um reator batelada de volume igual a 10 litros. Considerando-se que 5 mols de A puro sejam introduzidos no reator, qual o tempo necessário para que a concentração de A no reator seja de 0,1mol/L?

  • A 20/In 10 - In2
  • B 20/In 2 + In 10
  • C -In(0,2)/20
  • D 20/In 2 - In 10
  • E 20 / In 10 + In 2
16

Uma reação de primeira ordem (k = 0,500min-1 ) se processa em um reator de mistura perfeita de volume igual a 5 litros. A vazão volumétrica é de 2L/min, e a temperatura é igual a 50°C. Assumindo-se que a massa específica do meio reacional é igual a 1.250kg/m3 , o valor do número de Damköhler é igual a:

  • A 0,8
  • B 1,0
  • C 1,10
  • D 1,15
  • E 1,25
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Um processo industrial consiste na filtração de uma suspensão sólido-água. Após essa etapa, uma amostra da torta de filtração foi seca em estufa, por 24 horas, à temperatura isotérmica de 95°C, obtendo-se a torta seca. As massas específicas do sólido e da água são, respectivamente, iguais a 1.500kg/m3 e 1.000kg/m3 , e a razão entre as massas das tortas seca e molhada é igual a 1/3. Com base nessas informações, assinalar a alternativa que corresponde ao intervalo que contém o valor percentual de porosidade dessa torta de filtração:

  • A Menor que 50%.
  • B Maior que 50% e menor que 60%.
  • C Maior que 60% e menor que 70%.
  • D Maior que 70% e menor que 80%.
  • E Maior que 80%.
18

O reator é a unidade operacional de maior influência no projeto em muitos processos químicos, e, para poder atingir a plenitude da fabricação, os reatores de uma indústria tornam-se objetos de suma importância ao longo dos processos produtivos. Para reatores destinados a reações homogêneas existem duas categorias principais de reatores ideais, mais utilizados nas indústrias químicas, que são o reator CSTR (continuous stirred tank reactor) e o reator PFR (plug flow reactor).
Sobre os reatores químicos do tipo CSTR e PFR, analisar os itens abaixo:
I. Um PFR tem tipicamente uma eficiência maior do que um CSTR para um mesmo volume de reator.
II. Dado um mesmo tempo de residência, uma reação terá maior conversão em um CSTR do que em um PFR.
III. Um PFR é caracterizado pelo fato de que o escoamento de fluido através do reator é ordenado, não havendo mistura entre os elementos de fluidos.
Está(ão) CORRETO(S):

  • A Somente o item I.
  • B Somente o item II.
  • C Somente os itens I e III.
  • D Somente os itens II e III.
  • E Todos os itens.
19

Quando são colocadas em contato duas fases de composições diferentes, pode ocorrer a transferência de componentes de uma fase para a outra, ou vice-versa. Essa é a base física das operações de transferência de massa. Quando as duas fases ficam em contato durante um intervalo de tempo suficiente, elas:

  • A Tornam-se uma mistura totalmente homogênea.
  • B Acabam por atingir um estado de equilíbrio, e, daí por diante, não existe mais a transferência líquida dos componentes entre elas.
  • C Atingem um estado de não equilíbrio devido a suas características.
  • D Continuam a transferir componentes entre suas fases.
  • E Acabam atingindo um estado de equilíbrio, continuando a transferência líquida dos seus componentes.
20

O tratamento terciário consiste na remoção de macronutrientes, como nitrogênio e fósforo, e de metais pesados. Qual dos processos descritos a seguir NÃO corresponde a um processo de tratamento terciário?

  • A Microfiltração.
  • B Ultrafiltração.
  • C Troca iônica.
  • D Osmose reversa.
  • E Lagoas aeradas.

Português

21

Assinale a frase que apresenta um erro de concordância verbal.

  • A Basta de tantos processos e condenações injustas.
  • B Esqueceu-me as datas dos pagamentos das contas.
  • C Não me lembra dessas falhas em nosso sistema.
  • D No Rio Grande do Sul faz invernos intensos.
  • E Pouco me importam os desejos dela.
22

O outro marido


Era conferente da Alfândega — mas isso não tem importância. Somos todos alguma coisa fora de nós; o eu irredutível nada tem a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca. Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situação exterior e familiar não mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros não percebem.


Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos, quando se casaram (quanto ao íntimo, é claro). Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. Tão perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armário. Santos doía-se de ser um objeto aos olhos de d. Laurinha. Se ela também era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferença de que d. Laurinha não procurava fugir a essa simplificação, nem reparava; era de fato objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado.


Ao aparecerem nele as primeiras dores, d. Laurinha penalizou-se, mas esse interesse não beneficiou as relações do casal. Santos parecia comprazer-se em estar doente. Não propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doença era para ele ocupação, emprego suplementar. O médico da Alfândega dissera-lhe que certas formas reumáticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptação e disciplina. Santos começou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a d. Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral, com certo orgulho de estar assim tão afetado.


– Quando você ficar bom…


– Não vou ficar. Tenho doença para o resto da vida.


Para d. Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar remédio e entregar o caso à alma do padre Eustáquio, que vela por nós. Começou a fatigar-se com a importância que o reumatismo assumira na vida do marido. E não se amolou muito quando ele anunciou que ia internar-se no Hospital Gaffrée Guinle.


– Você não sentirá falta de nada, assegurou-lhe Santos. Tirei licença com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo começo de mês trazer o dinheiro.


(...) Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram até um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos. Ele chegava e saía curvado, sob a garra do reumatismo, que nem melhorava nem matava. A visita não era de todo desagradável, desde que a doença deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distraída: os internados sabem de tudo cá de fora.


– Pelo rádio — explicou Santos. (...)


Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia não veio. D. Laurinha preocupou-se. Não só lhe faziam falta os cruzeiros; ele também fazia. Tomou o ônibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroço.


Lá ele não era conhecido. Na Alfândega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereço da viúva?


– Sou eu a viúva — disse d. Laurinha, espantada.


O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viúva do Santos, d. Crisália, fizera bons piqueniques com o casal na ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praça. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara três órfãos, coitado.


E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. Lá estavam Santos, muito lépido, sorrindo, a outra mulher, os três garotos. Não havia dúvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo, a outra realidade de Santos era tão destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecível.


– Desculpe, foi engano. A pessoa a que me refiro não é essa — disse d. Laurinha, despedindo-se.


ANDRADE, Carlos Drummond. Disponível em: https://contobrasileiro.com.br/o-outromarido-cronica-de-carlos-drummond-deandrade/ (Adaptado)

Quanto à flexão verbal, assinale a alternativa que apresenta uma passagem do texto, retirada do 8º parágrafo, com verbo no pretérito maisque-perfeito do modo indicativo:

  • A “Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, (...)”.
  • B “(...) ficaram até um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos.”.
  • C “Ele chegava e saía curvado, sob a garra do reumatismo, (...)”.
  • D “A visita não era de todo desagradável, (...)”.
  • E “(...) desde que a doença deixara de ser assunto.”.
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O outro marido


Era conferente da Alfândega — mas isso não tem importância. Somos todos alguma coisa fora de nós; o eu irredutível nada tem a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca. Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situação exterior e familiar não mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros não percebem.


Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos, quando se casaram (quanto ao íntimo, é claro). Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. Tão perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armário. Santos doía-se de ser um objeto aos olhos de d. Laurinha. Se ela também era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferença de que d. Laurinha não procurava fugir a essa simplificação, nem reparava; era de fato objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado.


Ao aparecerem nele as primeiras dores, d. Laurinha penalizou-se, mas esse interesse não beneficiou as relações do casal. Santos parecia comprazer-se em estar doente. Não propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doença era para ele ocupação, emprego suplementar. O médico da Alfândega dissera-lhe que certas formas reumáticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptação e disciplina. Santos começou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a d. Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral, com certo orgulho de estar assim tão afetado.


– Quando você ficar bom…


– Não vou ficar. Tenho doença para o resto da vida.


Para d. Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar remédio e entregar o caso à alma do padre Eustáquio, que vela por nós. Começou a fatigar-se com a importância que o reumatismo assumira na vida do marido. E não se amolou muito quando ele anunciou que ia internar-se no Hospital Gaffrée Guinle.


– Você não sentirá falta de nada, assegurou-lhe Santos. Tirei licença com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo começo de mês trazer o dinheiro.


(...) Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram até um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos. Ele chegava e saía curvado, sob a garra do reumatismo, que nem melhorava nem matava. A visita não era de todo desagradável, desde que a doença deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distraída: os internados sabem de tudo cá de fora.


– Pelo rádio — explicou Santos. (...)


Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia não veio. D. Laurinha preocupou-se. Não só lhe faziam falta os cruzeiros; ele também fazia. Tomou o ônibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroço.


Lá ele não era conhecido. Na Alfândega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereço da viúva?


– Sou eu a viúva — disse d. Laurinha, espantada.


O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viúva do Santos, d. Crisália, fizera bons piqueniques com o casal na ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praça. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara três órfãos, coitado.


E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. Lá estavam Santos, muito lépido, sorrindo, a outra mulher, os três garotos. Não havia dúvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo, a outra realidade de Santos era tão destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecível.


– Desculpe, foi engano. A pessoa a que me refiro não é essa — disse d. Laurinha, despedindo-se.


ANDRADE, Carlos Drummond. Disponível em: https://contobrasileiro.com.br/o-outromarido-cronica-de-carlos-drummond-deandrade/ (Adaptado)

Há um uso adequado do acento grave indicativo de crase apenas na opção:

  • A Não me dirigi à ela nem à ninguém durante a reunião.
  • B Os viajantes chegaram bem àquele território inóspito.
  • C Não costumo comprar nada à prazo.
  • D Ela se referiu à uma heroína do século XIX.
  • E Por causa da promoção, os produtos estavam orçados à partir de 1,99.
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O outro marido


Era conferente da Alfândega — mas isso não tem importância. Somos todos alguma coisa fora de nós; o eu irredutível nada tem a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca. Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situação exterior e familiar não mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros não percebem.


Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos, quando se casaram (quanto ao íntimo, é claro). Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. Tão perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armário. Santos doía-se de ser um objeto aos olhos de d. Laurinha. Se ela também era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferença de que d. Laurinha não procurava fugir a essa simplificação, nem reparava; era de fato objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado.


Ao aparecerem nele as primeiras dores, d. Laurinha penalizou-se, mas esse interesse não beneficiou as relações do casal. Santos parecia comprazer-se em estar doente. Não propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doença era para ele ocupação, emprego suplementar. O médico da Alfândega dissera-lhe que certas formas reumáticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptação e disciplina. Santos começou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a d. Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral, com certo orgulho de estar assim tão afetado.


– Quando você ficar bom…


– Não vou ficar. Tenho doença para o resto da vida.


Para d. Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar remédio e entregar o caso à alma do padre Eustáquio, que vela por nós. Começou a fatigar-se com a importância que o reumatismo assumira na vida do marido. E não se amolou muito quando ele anunciou que ia internar-se no Hospital Gaffrée Guinle.


– Você não sentirá falta de nada, assegurou-lhe Santos. Tirei licença com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo começo de mês trazer o dinheiro.


(...) Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram até um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos. Ele chegava e saía curvado, sob a garra do reumatismo, que nem melhorava nem matava. A visita não era de todo desagradável, desde que a doença deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distraída: os internados sabem de tudo cá de fora.


– Pelo rádio — explicou Santos. (...)


Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia não veio. D. Laurinha preocupou-se. Não só lhe faziam falta os cruzeiros; ele também fazia. Tomou o ônibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroço.


Lá ele não era conhecido. Na Alfândega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereço da viúva?


– Sou eu a viúva — disse d. Laurinha, espantada.


O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viúva do Santos, d. Crisália, fizera bons piqueniques com o casal na ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praça. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara três órfãos, coitado.


E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. Lá estavam Santos, muito lépido, sorrindo, a outra mulher, os três garotos. Não havia dúvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo, a outra realidade de Santos era tão destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecível.


– Desculpe, foi engano. A pessoa a que me refiro não é essa — disse d. Laurinha, despedindo-se.


ANDRADE, Carlos Drummond. Disponível em: https://contobrasileiro.com.br/o-outromarido-cronica-de-carlos-drummond-deandrade/ (Adaptado)

Em relação aos aspectos de concordância nominal, assinale a alternativa correta:

  • A Era proibida entrada de menores no estabelecimento.
  • B Escolhemos estampas o mais belas possíveis.
  • C A porta estava meia aberta quando cheguei à sala de aula.
  • D Seguem anexas ao e-mail as propostas de compra e venda do imóvel.
  • E Compramos bastante livros na feira literária.
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O outro marido


Era conferente da Alfândega — mas isso não tem importância. Somos todos alguma coisa fora de nós; o eu irredutível nada tem a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca. Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situação exterior e familiar não mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros não percebem.


Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos, quando se casaram (quanto ao íntimo, é claro). Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. Tão perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armário. Santos doía-se de ser um objeto aos olhos de d. Laurinha. Se ela também era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferença de que d. Laurinha não procurava fugir a essa simplificação, nem reparava; era de fato objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado.


Ao aparecerem nele as primeiras dores, d. Laurinha penalizou-se, mas esse interesse não beneficiou as relações do casal. Santos parecia comprazer-se em estar doente. Não propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doença era para ele ocupação, emprego suplementar. O médico da Alfândega dissera-lhe que certas formas reumáticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptação e disciplina. Santos começou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a d. Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral, com certo orgulho de estar assim tão afetado.


– Quando você ficar bom…


– Não vou ficar. Tenho doença para o resto da vida.


Para d. Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar remédio e entregar o caso à alma do padre Eustáquio, que vela por nós. Começou a fatigar-se com a importância que o reumatismo assumira na vida do marido. E não se amolou muito quando ele anunciou que ia internar-se no Hospital Gaffrée Guinle.


– Você não sentirá falta de nada, assegurou-lhe Santos. Tirei licença com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo começo de mês trazer o dinheiro.


(...) Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram até um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos. Ele chegava e saía curvado, sob a garra do reumatismo, que nem melhorava nem matava. A visita não era de todo desagradável, desde que a doença deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distraída: os internados sabem de tudo cá de fora.


– Pelo rádio — explicou Santos. (...)


Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia não veio. D. Laurinha preocupou-se. Não só lhe faziam falta os cruzeiros; ele também fazia. Tomou o ônibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroço.


Lá ele não era conhecido. Na Alfândega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereço da viúva?


– Sou eu a viúva — disse d. Laurinha, espantada.


O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viúva do Santos, d. Crisália, fizera bons piqueniques com o casal na ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praça. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara três órfãos, coitado.


E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. Lá estavam Santos, muito lépido, sorrindo, a outra mulher, os três garotos. Não havia dúvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo, a outra realidade de Santos era tão destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecível.


– Desculpe, foi engano. A pessoa a que me refiro não é essa — disse d. Laurinha, despedindo-se.


ANDRADE, Carlos Drummond. Disponível em: https://contobrasileiro.com.br/o-outromarido-cronica-de-carlos-drummond-deandrade/ (Adaptado)

O vocábulo corretamente grafado está presente na alternativa:

  • A Pretencioso.
  • B Inadmiscível.
  • C Sisudez.
  • D Enxarcado.
  • E Xávena.
26

O outro marido


Era conferente da Alfândega — mas isso não tem importância. Somos todos alguma coisa fora de nós; o eu irredutível nada tem a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca. Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situação exterior e familiar não mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros não percebem.


Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos, quando se casaram (quanto ao íntimo, é claro). Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. Tão perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armário. Santos doía-se de ser um objeto aos olhos de d. Laurinha. Se ela também era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferença de que d. Laurinha não procurava fugir a essa simplificação, nem reparava; era de fato objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado.


Ao aparecerem nele as primeiras dores, d. Laurinha penalizou-se, mas esse interesse não beneficiou as relações do casal. Santos parecia comprazer-se em estar doente. Não propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doença era para ele ocupação, emprego suplementar. O médico da Alfândega dissera-lhe que certas formas reumáticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptação e disciplina. Santos começou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a d. Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral, com certo orgulho de estar assim tão afetado.


– Quando você ficar bom…


– Não vou ficar. Tenho doença para o resto da vida.


Para d. Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar remédio e entregar o caso à alma do padre Eustáquio, que vela por nós. Começou a fatigar-se com a importância que o reumatismo assumira na vida do marido. E não se amolou muito quando ele anunciou que ia internar-se no Hospital Gaffrée Guinle.


– Você não sentirá falta de nada, assegurou-lhe Santos. Tirei licença com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo começo de mês trazer o dinheiro.


(...) Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram até um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos. Ele chegava e saía curvado, sob a garra do reumatismo, que nem melhorava nem matava. A visita não era de todo desagradável, desde que a doença deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distraída: os internados sabem de tudo cá de fora.


– Pelo rádio — explicou Santos. (...)


Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia não veio. D. Laurinha preocupou-se. Não só lhe faziam falta os cruzeiros; ele também fazia. Tomou o ônibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroço.


Lá ele não era conhecido. Na Alfândega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereço da viúva?


– Sou eu a viúva — disse d. Laurinha, espantada.


O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viúva do Santos, d. Crisália, fizera bons piqueniques com o casal na ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praça. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara três órfãos, coitado.


E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. Lá estavam Santos, muito lépido, sorrindo, a outra mulher, os três garotos. Não havia dúvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo, a outra realidade de Santos era tão destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecível.


– Desculpe, foi engano. A pessoa a que me refiro não é essa — disse d. Laurinha, despedindo-se.


ANDRADE, Carlos Drummond. Disponível em: https://contobrasileiro.com.br/o-outromarido-cronica-de-carlos-drummond-deandrade/ (Adaptado)

O processo de formação da palavra “esfarelar” está corretamente apontado em:

  • A Sufixação.
  • B Prefixação.
  • C Aglutinação.
  • D Parassíntese.
  • E Conversão.
27
Assinale a alternativa que preencha correta e respectivamente as lacunas:

Prefiro trem ______ ônibus. Informe ______ passageiros que os preços aumentaram.
Lembrei ______ todos que o voo estaria lotado. Sempre acabo concordando ______ eles.
  • A do que / os / de / por.
  • B a / aos / em / por.
  • C a / aos / a / com.
  • D aos / os / de / com.
28
Restos de Carnaval


          Não, não deste último Carnaval. Mas não sei por que este me transportou para a minha infância e para as quartas-feiras de cinzas nas ruas mortas onde esvoaçavam despojos de serpentina e confete. Uma ou outra beata com um véu cobrindo a cabeça ia à igreja, atravessando a rua tão extremamente vazia que se segue ao Carnaval. Até que viesse o outro ano.
          E quando a festa ia se aproximando, como explicar a agitação íntima que me tomava? Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate. Como se as ruas e praças do Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas. Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim. Carnaval era meu, meu.
          No entanto, na realidade, eu dele pouco participava. Nunca tinha ido a um baile infantil, nunca me haviam fantasiado. Em compensação deixavam-me ficar até umas 11 horas da noite à porta do pé de escada do sobrado onde morávamos, olhando ávida os outros se divertirem.
          E as máscaras? Eu tinha medo, mas era um medo vital e necessário porque vinha de encontro à minha mais profunda suspeita de que o rosto humano também fosse uma espécie de máscara. À porta do meu pé de escada, se um mascarado falava comigo, eu de súbito entrava no contato indispensável com o meu mundo interior, que não era feito só de duendes e príncipes encantados, mas de pessoas com o seu mistério. Até meu susto com os mascarados, pois, era essencial para mim.
          Não me fantasiavam: no meio das preocupações com minha mãe doente, ninguém em casa tinha cabeça para Carnaval de criança. Mas eu pedia a uma de minhas irmãs para enrolar aqueles meus cabelos lisos que me causavam tanto desgosto e tinha então a vaidade de possuir cabelos frisados pelo menos durante três dias por ano. Nesses três dias, ainda, minha irmã acedia ao meu sonho intenso de ser uma moça – eu mal podia esperar pela saída de uma infância vulnerável – e pintava minha boca de batom bem forte, passando também ruge nas minhas faces. Então eu me sentia bonita e feminina, eu escapava da meninice.
           Mas houve um Carnaval diferente dos outros. Tão milagroso que eu não conseguia acreditar que tanto me fosse dado, eu, que já aprendera a pedir pouco. É que a mãe de uma amiga minha resolvera fantasiar a filha e o nome da fantasia era no figurino rosa. Para isso comprara folhas e folhas de papel crepom cor-de-rosa, com as quais, suponho, pretendia imitar as pétalas de uma flor. Boquiaberta, eu assistia pouco a pouco à fantasia tomando forma e se criando. Embora de pétalas o papel crepom nem de longe lembrasse, eu pensava seriamente que era uma das fantasias mais belas que jamais vira.
           Foi quando aconteceu, por simples acaso, o inesperado: sobrou papel crepom, e muito. E a mãe de minha amiga – talvez atendendo a meu apelo mudo, ao meu mudo desespero de inveja, ou talvez por pura bondade, já que sobrara papel – resolveu fazer para mim também uma fantasia de rosa com o que restara de material. Naquele Carnaval, pois, pela primeira vez na vida, eu teria o que sempre quisera: ia ser outra que não eu mesma.
           Mas por que exatamente aquele Carnaval, o único de fantasia, teve que ser tão melancólico? De manhã cedo no domingo eu já estava de cabelos enrolados para que até de tarde o frisado pegasse bem. Mas os minutos não passavam, de tanta ansiedade. Enfim, enfim! Chegaram três horas da tarde: com cuidado para não rasgar o papel, eu me vesti de rosa.
          Quando eu estava vestida de papel crepom todo armado, ainda com os cabelos enrolados e ainda sem batom e ruge – minha mãe de súbito piorou muito de saúde, um alvoroço repentino se criou em casa e mandaram-me comprar depressa um remédio na farmácia. Fui correndo vestida de rosa – mas o rosto ainda nu não tinha a máscara de moça que cobriria minha tão exposta vida infantil – fui correndo, correndo, perplexa, atônita, entre serpentinas, confetes e gritos de Carnaval. A alegria dos outros me espantava.
             Quando horas depois a atmosfera em casa acalmou-se, minha irmã me penteou e pintou-me. Mas alguma coisa tinha morrido em mim. E, como nas histórias que eu havia lido sobre fadas que encantavam e desencantavam pessoas, eu fora desencantada; não era mais uma rosa, era de novo uma simples menina. Desci até a rua e ali de pé eu não era uma flor, era um palhaço pensativo de lábios encarnados. Na minha fome de sentir êxtase, às vezes começava a ficar alegre mas com remorso lembrava-me do estado grave de minha mãe e de novo eu morria.
           Só horas depois é que veio a salvação. E se depressa agarrei-me a ela é porque tanto precisava me salvar. Um menino de uns 12 anos, o que para mim significava um rapaz, esse menino muito bonito parou diante de mim e, numa mistura de carinho, grossura, brincadeira e sensualidade, cobriu meus cabelos, já lisos, de confete: por um instante ficamos nos defrontando, sorrindo, sem falar. E eu então, mulherzinha de 8 anos, considerei pelo resto da noite que enfim alguém me havia reconhecido: eu era, sim, uma rosa.

(LISPECTOR, Clarice. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro. Rocco. 1999. Jornal do Brasil. Em: 16/03/1968.)
No trecho “Eu tinha medo, mas era um medo vital e necessário porque vinha de encontro à minha mais profunda suspeita de que o rosto humano também fosse uma espécie de máscara.” (4º§), as orações iniciadas pelas conjunções “mas” e “porque” especificam, respectivamente, ideias de:
  • A Contraste e causa.
  • B Condição e conclusão.
  • C Oposição e consequência.
  • D Acrescentamento e explicação.
29
A regência verbal e o uso do pronome relativo estão de acordo com a gramática normativa em: 
  • A O aluno, cujas as notas eram as mais altas da turma, recebeu um prêmio de excelência acadêmica.
  • B A atriz, cujo o talento é elogiado por todos, atuou brilhantemente no último filme do diretor renomado.
  • C Os jogadores, cujos desempenhos nos referimos no último boletim, foram dispensados pelo técnico.
  • D A cientista, com cujas pesquisas sempre concordamos, publicou um artigo revolucionário em uma das revistas científicas mais importantes da atualidade.
30

Com relação à regência verbal, assinalar a alternativa CORRETA:

  • A O professor, o qual sempre desobedecemos, ficou bastante doente.
  • B Maria, com a qual namoro há anos, é uma exímia bióloga.
  • C Laura, à qual quero no coração, é uma mulher fantástica.
  • D Paulo, o qual paguei a conta, é dono de muitas empresas.

Noções de Informática

31
Você está editando um longo documento no Microsoft Word 2016 e deseja encontrar todas as ocorrências de uma palavra que se repete pelo menos cinco vezes ou mais no texto. Qual padrão de caracteres “curingas” você usaria para realizar essa busca eficientemente?
  • A {n,}.
  • B {n-}
  • C {n!}
  • D {n?}
32

Pedro recebeu de outro colega de trabalho, por e-mail, três arquivos com extensão avi, gif e rar. Nesse caso, ele imediatamente identificou esses arquivos como sendo, respectivamente:

  • A de sistema, de vídeo e de imagem
  • B de música, de vídeo e de programa
  • C de vídeo, de imagem e compactado
  • D de imagem, de música e de sistema
  • E compactado, de sistema e de programa
33

Foi solicitado a um Assistente Administrativo que ajustasse uma planilha do Microsoft Excel para as seguintes medidas:

27,94 cm x 43,18 cm

Qual alternativa apresenta o nome do formato de um documento com estas dimensões?

  • A Carta.
  • B Tabloide.
  • C Ofício.
  • D A3.
34
Assinale a alternativa que apresenta qual programa de navegação é desenvolvido pela empresa Mozilla.
  • A Edge
  • B Internet Explorer
  • C Firefox
  • D Google Chrome
  • E Safari
35

No aplicativo Explorador de Arquivos, que integra o MS-Windows 10 em sua configuração padrão, para se exibir as “Propriedades” de um arquivo previamente selecionado, é possível utilizar os recursos disponibilizados por meio do botão secundário do mouse ou acionar, simultaneamente, as teclas

  • A ALT e ENTER.
  • B ALT e TAB.
  • C CTRL e ENTER.
  • D CTRL e SHIFT.
  • E HOME e SHIFT.
36

Um escrevente está utilizando o programa MS-Word, que integra o Microsoft 365 em sua configuração padrão, para elaborar um documento de quatro páginas, cuja orientação inicial está em modo “retrato”. Desejando melhorar a visualização da tabela que ocupa a quarta página do documento, ele decide ajustar a orientação dessa página para modo “paisagem”. Com esse objetivo, a primeira ação a ser executada pelo escrevente deverá ser inserir no final da terceira página do documento a adequada quebra de

  • A bloco.
  • B coluna.
  • C linha.
  • D margem.
  • E seção.
37

Com relação às medidas de segurança, assinale a alternativa que indica corretamente um atributo de informação que visa prevenir ataques de ransomware.

  • A Imutabilidade
  • B Integridade
  • C Governança
  • D Confiabilidade
  • E Confidencialidade
38

Assinale a alternativa que indica corretamente a tecla de atalho do MS Excel do Microsoft 365 em português que ativa o modo de extensão de seleção de células, isto é, expande a seleção mediante cliques do mouse em células fora da seleção sem a necessidade de manter pressionada a tecla Shift.

  • A F2
  • B F4
  • C F6
  • D F8
  • E F9
39

Assinale a alternativa que indica corretamente o nome do recurso ou ferramenta do MS PowerPoint do Microsoft 365 em português que possibilita ao usuário ver e editar a linha do tempo das animações em um slide.

  • A Opções de Efeito
  • B Painel de Animação
  • C Visualizar Animações
  • D Editor de Animações
  • E Painel de Transição
40

Assinale a alternativa que indica corretamente a função das teclas de atalho Ctrl + PageDown do MS Excel do Microsoft 365 em português.

  • A Ativar a planilha à direita da atual.
  • B Mover a seleção para o fim da planilha.
  • C Selecionar todos os dados na planilha.
  • D Mover a seleção para a última célula com valor do conjunto de dados atual abaixo.
  • E Mover a seleção para a última célula com valor do conjunto de dados atual à direita.

Raciocínio Lógico

41

Deseja-se arrumar um conjunto de seis bolas coloridas em uma fila, da esquerda para a direita. Nesse conjunto, há três bolas brancas, duas bolas azuis e uma bola vermelha. Duas bolas da mesma cor são consideradas iguais, ou seja, se duas arrumações diferem pela transposição de duas bolas da mesma cor, então as duas arrumações são consideradas iguais.
Quantas arrumações diferentes existem?

  • A 60
  • B 120
  • C 180
  • D 720
  • E 1440
42
Antônio é um apaixonado por números. Ele decidiu fazer uma festa em sua casa e para que não houvesse a possibilidade de haver penetras, ele criou um sistema de numeração que envolvia o cálculo da próxima senha baseado em operações matemáticas com os dígitos do número anterior. Ele escreveu a seguinte sequência: 

14, 55, 1026, 913, 1328, 1449 ...

O próximo número dessa sequência será: 
  • A 185
  • B 1845
  • C 18145
  • D 18845.
43

Em um cesto havia bananas de 3 tipos diferentes. Metade dessas bananas eram banana-prata. Trinta por cento do total de bananas eram bananas-d’água. O restante das bananas no cesto eram bananas-ouro.
Foram retiradas do cesto 5 bananas: 1 banana-d’água, 2 bananas-prata e 2 bananas-ouro.
Após as retiradas, 16% das bananas que restaram no cesto eram bananas-ouro.
A quantidade original de bananas no cesto era igual a

  • A 30.
  • B 40.
  • C 50.
  • D 60.
44

Com relação ao Censo 2022, a Agência de Notícias do IBGE publicou em seu site a seguinte afirmação: “O Brasil tem 1,7 milhão de indígenas e mais da metade deles vive na Amazônia Legal”.


Fonte: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/pt/agencia-home.html. Acesso em 7/8/2023.



Uma proposição logicamente equivalente à negação da afirmação feita é a seguinte:

  • A Se o Brasil tem 1,7 milhão de indígenas, então mais da metade deles não vive na Amazônia Legal.
  • B Se o Brasil não tem 1,7 milhão de indígenas, então mais da metade deles não vive na Amazônia Legal.
  • C Se o Brasil tem 1,7 milhão de indígenas, então mais da metade deles vive na Amazônia Legal.
  • D O Brasil tem 1,7 milhão de indígenas ou mais da metade deles não vive na Amazônia Legal.
  • E O Brasil tem 1,7 milhão de indígenas ou mais da metade deles vive na Amazônia Legal.
45
Um conjunto A é constituído por uma sequência ordenada de números inteiros consecutivos. O conjunto tem um número par de elementos. A soma da metade dos menores números de A vale 35 e a soma da metade dos maiores números de A vale 60.

O número de elementos de A é igual a:
  • A 10;
  • B 12;
  • C 14;
  • D 16;
  • E 18.
46
Uma proposição, ou um enunciado, é uma sentença declarativa que assume um dos valores lógicos: verdadeiro ou falso. Para facilitar a aplicação desses valores lógicos nas proposições simples, elas podem ser representadas por letras minúsculas do nosso alfabeto; já as proposições compostas requerem também a utilização dos conectivos com seus respectivos símbolos. Baseando-se nestas informações, considere três proposições simples representadas pelas letras p, q e s e assinale a afirmativa correta.
  • A Se p, q e s são proposições falsas, então o valor lógico de (p ∨ q) ⟶ ~ s é falso.
  • B Se p, q e s são proposições verdadeiras, então o valor lógico de (p ∨ q) ⟶ ~ s é falso.
  • C Se p e q são proposições verdadeiras e s é uma proposição falsa, então o valor lógico de (p ∨ q) ⟶ ~ s é falso.
  • D Se p é uma proposição falsa e q e s são proposições verdadeiras, então o valor lógico de (p ∨ q) ⟶ ~ s é verdadeiro.
47
O número de anagramas da palavra BANCO, em que não há duas vogais juntas nem duas consoantes juntas, é
  • A 6.
  • B 10.
  • C 12
  • D 18.
  • E 24.
48
Texto CG2A2-I

O diálogo a seguir apresenta uma discussão sobre futebol.
Alvin: Seu time é muito ruim...
Bruno: Você está errado, pois meu time é multicampeão de inúmeros torneios.
Alvin: [seu time] nunca foi campeão da Champions League.
Bruno: [meu time] foi campeão da Champions League todas as vezes que disputou esse campeonato.

A partir do texto CG2A2-I e sabendo-se que o time de Bruno nunca disputou a Champions League, assinale a opção correta.

  • A A segunda afirmação de Alvin é verdadeira, mas a segunda afirmação de Bruno é falsa.
  • B A segunda afirmação de Alvin é falsa, mas a segunda afirmação de Bruno é verdadeira.
  • C A segunda afirmação de Alvin e a segunda afirmação de Bruno são ambas falsas.
  • D Não é possível determinar o valor lógico de pelo menos uma dentre as segundas afirmações de Alvin e Bruno.
  • E A segunda afirmação de Alvin e a segunda afirmação de Bruno são ambas verdadeiras.
49

Se, de um conjunto de 20 contratos, três forem selecionados para uma análise minuciosa, sendo todos submetidos ao mesmo tipo de análise, então o número de maneiras diferentes que a seleção pode ser realizada é igual a

  • A 57.
  • B 60.
  • C 1.140.
  • D 8.000.
  • E 6.840.
50

Sabe-se que todos os alunos de Paulo vão bem em matemática. Assinale a alternativa CORRETA.

  • A Se Mariana não vai bem em matemática, então ela é aluna de Paulo.
  • B Se Breno vai bem em matemática, então ele é aluno de Paulo.
  • C Se Gabriel é aluno de Paulo, então ele vai bem em matemática.
  • D Se Fernanda não é aluna de Paulo, então ela não vai bem em matemática.
  • E Se Eliseu é aluno de Paulo, então ele não vai bem em matemática.

Matemática

51

Uma sala tem área igual a 36 m2, e seu Paulo, um azulejista, previu que precisa de exatamente 400 cerâmicas iguais na forma de um quadrado para cobrir o piso da sala. Qual é (em cm2) a área de cada cerâmica?

  • A 0,09.
  • B 0,9.
  • C 9.
  • D 90.
  • E 900.
52

12,9 km equivalem a

  • A 129000 dm.
  • B 12900 dm.
  • C 1290 dm.
  • D 129 dm.
  • E 1,29 dm
53

Na tesouraria de um supermercado, há dois maços de dinheiro, um deles com 255 cédulas de R$100,00 e o outro com 180 cédulas de R$50,00. O tesoureiro irá colocar todo esse dinheiro em malotes, cada malote com maior o número de cédulas possíveis. Sabendo que cada malote deverá ter o mesmo número de cédulas e que cédulas de R$100,00 e cédulas de R$50,00 não podem ficar juntas em um mesmo malote, então, a diferença entre o número de malotes contendo somente cédulas de R$100,00 e o número de malotes contendo somente cédula de R$50,00 é

  • A 7.
  • B 6.
  • C 5.
  • D 4.
  • E 3.
54

Altino é carteiro e tinha várias correspondências para entregar, e, até às 11h ele já havia entregue 1/5 das correspondências. Das 11h até às 13h ele entregou mais 1/4 das correspondências. Após pausa para o almoço, até o fim do expediente, ele conseguiu entregar 1/2 do que faltava. A fração correspondente a entrega já realizada é:

  • A 15/41
  • B 17/30
  • C 33/60
  • D 29/40
  • E 19/27
55

Hélio comprou um pacote com menos de 160 alfinetes, e pretende utilizar diariamente o mesmo número de alfinetes. Após contabilizar o número total de alfinetes disponíveis no pacote, percebeu que poderia utilizar por dia, ou 4 alfinetes, ou 5 alfinetes, ou 6 alfinetes, e, qualquer fosse a opção, todos os alfinetes seriam utilizados. O número total de alfinetes do pacote é

  • A 40.
  • B 45.
  • C 50.
  • D 55.
  • E 60.
56

Uma clínica comprou materiais hospitalares no valor total de R$ 9.600,00. Foram ofertadas duas formas de pagamento:
i. à vista, no ato da compra, com desconto de 7%. ii. pagamento para o final do quarto mês; ou seja, carência de 4 meses para a quitação da compra, sem juros. 
Suponha que a clínica possui a importância para o pagamento à vista (com o desconto de 7%), mas tem a possibilidade de deixar esse valor investido por 4 meses a uma taxa de 5% ao mês rendendo a juros compostos. Diante dessa possibilidade, assinale a alternativa que descreve corretamente a melhor forma de pagamento para o cliente. Considere (1,05)≅ 1,2.

  • A Pagamento à vista, pois os juros do investimento foram de apenas R$ 336,60.
  • B Pagamento à vista, pois os juros do investimento foram de apenas R$ 446,40.
  • C Pagamento ao final do 4º mês, pois o investimento renderá juros no valor de R$ 1.785,60.
  • D Pagamento ao final do 4º mês, pois o investimento renderá juros no valor de R$ 1.920,00. 
57

Sejam X e Y números inteiros maiores do que 0 (zero) tais que
4X + 3Y = 100.

O número de valores que X pode assumir é igual a

  • A 8.
  • B 9.
  • C 10.
  • D 12.
  • E 16.
58

Um montante é divido entre três pessoas, de forma inversamente proporcional a 2, 5 e 7.
A maior quantia recebida excede a menor quantia recebida em R$ 1200.
Logo, o montante total que é divido entre as três pessoas, em reais, é:

  • A Menor que 2700.
  • B Maior que 2700 e menor que 2800.
  • C Maior que 2800 e menor que 2900.
  • D Maior que 2900 e menor que 3000.
  • E Maior que 3000.
59

Considerando-se que a razão entre as idades de Bruno e de Tiago é igual a 3/4 e que a soma de suas idades é igual a 42, assinalar a alternativa que apresenta a idade do mais novo: 

  • A 24 anos. 
  • B 22 anos. 
  • C 20 anos. 
  • D 18 anos. 
  • E 16 anos.
60
Em certo reino distante, a moeda nacional é o irreal. Há apenas notas de 5 e de 6 irreais. Em visita ao reino, dr. Blanc levou uma bolsa com 500 notas de 5 irreais e 500 notas de 6 irreais. Ele comprou por 1.214 irreais uma escultura local e pagou essa quantia usando o maior número de notas possível.

O total de notas usadas pelo dr. Blanc foi de:
  • A 238;
  • B 239;
  • C 240;
  • D 241;
  • E 242.

Administração Pública

61

Em relação aos princípios que regem a atuação da Administração Pública, com base em Rossi (2020), analise as características abaixo: 
Esse princípio é uma das vigas mestras do Estado de Direito e dá estabilidade ao sistema jurídico pátrio. Não previsto, taxativamente, no texto constitucional, como princípio explícito. A lei ordinária que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal (Lei nº 9.784/1999), no seu Art. 2º, determina obediência a esse princípio. Esse princípio está intimamente ligado aos princípios da moralidade e da boa-fé ou da confiança. Na verdade, esse princípio é o coroamento, a proposição que se deduz de todas as outras, do sistema jurídico pátrio.


As características acima definem que princípio básico da Administração Pública?

  • A Legalidade.
  • B Finalidade.
  • C Eficiência.
  • D Segurança jurídica.
  • E Ampla defesa.
62

Os estudiosos da administração pública exploram as diversas dimensões do modelo racional-legal, questionando suas premissas sobre a natureza humana, as estruturas organizacionais, as relações interpessoais e as formas de aquisição de conhecimento.

Sobre os modelos de Administração Pública, assinale a opção que apresenta uma crítica ao modelo racional-legal.

  • A Não vincula adequadamente teoria e prática.
  • B Privilegia a tradição humanística.
  • C Compreende a aquisição do conhecimento em sua totalidade.
  • D Contempla uma visão estrita da razão humana.
  • E Inspira-se na teoria política democrática.
63
Accountability é um termo incorporado ao léxico da governança corporativa no âmbito da administração pública. Basicamente ela prevê a obrigação de o gestor prestar contas de forma transparente à rede de partes interessadas das organizações que compõem a administração pública.

Em relação à accountability na Administração Pública, assinale a afirmativa correta.
  • A Accountability social depende da participação de organizações da sociedade civil.
  • B Accountability horizontal preconiza que os cidadãos são as partes interessadas e os políticos e governos são seus agentes
  • C Accountability social é o controle dos políticos e governos pelos cidadãos, por meio de plebiscito, referendo e voto.
  • D Accountability vertical refere-se ao sistema de freios e contrapesos.
  • E Accountability horizontal relaciona-se com a governabilidade e com o corporativismo.
64

À medida que a sociedade evolui e as demandas mudam, os governos muitas vezes adaptam suas abordagens de Administração Pública para atender melhor às necessidades dos cidadãos e ao contexto atual.

Em relação aos modelos de Administração Pública, avalie se as afirmativas a seguir são verdadeiras (V) ou falsas (F).

( ) O poder racional-legal é o princípio orientador para o desenvolvimento da administração pública burocrática.

( ) A administração pública gerencial constitui a negação de todos os princípios na administração pública burocrática.

( ) Na administração pública burocrática, os controles administrativos que visam a evitar a corrupção e o nepotismo são sempre formulados a priori.

As afirmativas são, respectivamente,

  • A F – V – F.
  • B V – F – V.
  • C F – F – F.
  • D V – F – F.
  • E V – V – V.
65

A governança pública tem papel fundamental na garantia de que o poder público atue de maneira transparente, responsável e eficiente. Em relação à governança pública, avalie as afirmativas a seguir.

I. Integridade é um princípio da governança pública.
II. Liderança é um mecanismo para o exercício da governança pública.
III. Controle é um princípio da governança pública.


Está correto o que se afirma em

  • A II, apenas.
  • B I e II, apenas.
  • C I e III, apenas.
  • D II e III, apenas.
  • E I, II e III.
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A governança pública é um conjunto de mecanismos de liderança, estratégia e controle para avaliar, orientar e supervisionar a administração, com o objetivo de conduzir políticas públicas e fornecer serviços de interesse da sociedade.

Sobre governança pública, assinale a afirmativa correta.

  • A Os significados de 'governança pública' e 'gestão pública' são equivalentes.
  • B A governança pública parte do conflito do agente-principal.
  • C A governança pública trata de problemas distintos da governança corporativa.
  • D A governança pública tem uma função realizadora.
  • E A gestão pública tem uma função direcionadora.
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Na Administração Pública, governança, governabilidade e accountability desempenham papéis cruciais para garantir um governo eficaz, transparente e responsável. Descreve corretamente a relação entre tais conceitos: 
  • A Governabilidade se concentra na conformidade com as leis; governança envolve a tomada de decisões; e, accountability é a capacidade de governar.
  • B Governança refere-se à capacidade do governo de implementar políticas; governabilidade envolve a transparência; e, accountability é o mesmo que governança.
  • C Governabilidade lida com a capacidade do governo de governar; governança envolve a prestação de contas; e, accountability é a capacidade do governo de tomar decisões.
  • D Governança aborda a responsabilização e transparência; governabilidade diz respeito à capacidade do governo de governar; e, accountability envolve a responsabilização do governo perante os cidadãos e outras partes interessadas.
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A Administração Pública se apresenta em relação ao poder do Estado de fazer valer a sua autoridade de legislar, tributar, fiscalizar e regulamentar, sendo dividida em dois tipos diferentes de estruturas: Administração Pública direta e Administração Pública indireta.
(MEIRELLES, 2010.)

A função administrativa é exercida pela Administração Pública indireta por meio de:

  • A Centralização.
  • B Concentração.
  • C Descentralização.
  • D Desconcentração.
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Leia o texto a seguir.

         Um estudo brasileiro sobre a prevalência e o impacto das coinfecções de malária, e parasitoses intestinais em aldeias Yanomami acaba de ser publicado. O poliparasitismo, ou seja, a infecção por mais de um parasita, foi identificada em 83,7% dos indígenas.          Coordenado pela cientista da Fiocruz Joseli de Oliveira Ferreira, o estudo foi realizado no Polo Base Marari, uma comunidade indígena Yanomami, localizada ao norte da Amazônia brasileira, na fronteira com a Venezuela. Foram incluídos no estudo 450 indígenas, distribuídos em quatro aldeias: Alapusi, Castanha/Ahima, Gasolina e Taibrapa. A coleta das amostras foi realizada em viagens às aldeias e duraram cerca de 30 dias. “Ressalto que todos os indivíduos com diagnóstico positivo foram tratados logo após o trabalho de campo. Além de levarmos medicamentos para os agravos diagnosticados, treinamos os técnicos do Distrito Sanitário para auxiliar no estudo”, disse a pesquisadora.
CNPQ. Pesquisadora da Fiocruz, bolsista do CNPq, realiza estudos sobre malária e parasitoses nos Yanomamis. Publicado em 08/03/2023. Disponível em: <https://www.gov.br/cnpq/pt-br>. Acesso em: 05 out. 2023. [Adaptado].

A efetividade de tal política pública é confirmada pela

  • A manutenção da sociodiversidade.
  • B extinção das doenças tropicais.
  • C redução dos gastos públicos.
  • D obtenção de visibilidade.
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Pauta de destaque nos documentos de organismos internacionais e presente nas políticas públicas desde as últimas décadas, o tema da sexualidade e gênero na educação escolar é de grande relevância. O que se projeta nessas agências internacionais e nas políticas públicas é

  • A a promoção de uma pauta identitária que ratifique o lugar da mulher em nosso modelo societal e que, a longo prazo, permita mobilizar a comunidade escolar e as políticas públicas em torno da ideia de construção de escolas públicas segmentadas, isto é, de acordo com o gênero do educando.
  • B que se possa fazer uso da instituição escolar (qualificada por sua capilaridade, alcance e sentido) para conferir tratamento sistemático ao tema da sexualidade e gênero, informando, provocando discussões e favorecendo mudanças em direção à redução das desigualdades sociais que afetam e, por vezes, impedem a permanência das crianças e dos jovens na escola.
  • C a construção de um processo formativo no qual as desigualdades entre homens e mulheres sejam um tema presente no currículo escolar, o que efetivamente caracteriza um desvio do papel da escola, visto que esta deve ser neutra e lidar estritamente com conhecimentos científicos.
  • D que se possa elaborar uma outra estrutura curricular para a escola, que deixe de ser baseada na ciência, mas em conteúdos culturais e ideológicos, porque inexistem evidências empíricas da efetiva desigualdade entre homens e mulheres, tampouco de assimetrias correlacionadas ao gênero no tocante à escola, à saúde e ao emprego.