Resolver o Simulado Prefeitura Municipal de Navegantes - Professor de Educação Básica - Artes - RBO - Nível Superior

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Português

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Assinale a frase que apresenta um erro de concordância verbal.

  • A Basta de tantos processos e condenações injustas.
  • B Esqueceu-me as datas dos pagamentos das contas.
  • C Não me lembra dessas falhas em nosso sistema.
  • D No Rio Grande do Sul faz invernos intensos.
  • E Pouco me importam os desejos dela.
2

O outro marido


Era conferente da Alfândega — mas isso não tem importância. Somos todos alguma coisa fora de nós; o eu irredutível nada tem a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca. Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situação exterior e familiar não mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros não percebem.


Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos, quando se casaram (quanto ao íntimo, é claro). Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. Tão perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armário. Santos doía-se de ser um objeto aos olhos de d. Laurinha. Se ela também era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferença de que d. Laurinha não procurava fugir a essa simplificação, nem reparava; era de fato objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado.


Ao aparecerem nele as primeiras dores, d. Laurinha penalizou-se, mas esse interesse não beneficiou as relações do casal. Santos parecia comprazer-se em estar doente. Não propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doença era para ele ocupação, emprego suplementar. O médico da Alfândega dissera-lhe que certas formas reumáticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptação e disciplina. Santos começou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a d. Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral, com certo orgulho de estar assim tão afetado.


– Quando você ficar bom…


– Não vou ficar. Tenho doença para o resto da vida.


Para d. Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar remédio e entregar o caso à alma do padre Eustáquio, que vela por nós. Começou a fatigar-se com a importância que o reumatismo assumira na vida do marido. E não se amolou muito quando ele anunciou que ia internar-se no Hospital Gaffrée Guinle.


– Você não sentirá falta de nada, assegurou-lhe Santos. Tirei licença com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo começo de mês trazer o dinheiro.


(...) Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram até um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos. Ele chegava e saía curvado, sob a garra do reumatismo, que nem melhorava nem matava. A visita não era de todo desagradável, desde que a doença deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distraída: os internados sabem de tudo cá de fora.


– Pelo rádio — explicou Santos. (...)


Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia não veio. D. Laurinha preocupou-se. Não só lhe faziam falta os cruzeiros; ele também fazia. Tomou o ônibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroço.


Lá ele não era conhecido. Na Alfândega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereço da viúva?


– Sou eu a viúva — disse d. Laurinha, espantada.


O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viúva do Santos, d. Crisália, fizera bons piqueniques com o casal na ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praça. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara três órfãos, coitado.


E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. Lá estavam Santos, muito lépido, sorrindo, a outra mulher, os três garotos. Não havia dúvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo, a outra realidade de Santos era tão destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecível.


– Desculpe, foi engano. A pessoa a que me refiro não é essa — disse d. Laurinha, despedindo-se.


ANDRADE, Carlos Drummond. Disponível em: https://contobrasileiro.com.br/o-outromarido-cronica-de-carlos-drummond-deandrade/ (Adaptado)

Quanto à flexão verbal, assinale a alternativa que apresenta uma passagem do texto, retirada do 8º parágrafo, com verbo no pretérito maisque-perfeito do modo indicativo:

  • A “Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, (...)”.
  • B “(...) ficaram até um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos.”.
  • C “Ele chegava e saía curvado, sob a garra do reumatismo, (...)”.
  • D “A visita não era de todo desagradável, (...)”.
  • E “(...) desde que a doença deixara de ser assunto.”.
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O outro marido


Era conferente da Alfândega — mas isso não tem importância. Somos todos alguma coisa fora de nós; o eu irredutível nada tem a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca. Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situação exterior e familiar não mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros não percebem.


Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos, quando se casaram (quanto ao íntimo, é claro). Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. Tão perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armário. Santos doía-se de ser um objeto aos olhos de d. Laurinha. Se ela também era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferença de que d. Laurinha não procurava fugir a essa simplificação, nem reparava; era de fato objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado.


Ao aparecerem nele as primeiras dores, d. Laurinha penalizou-se, mas esse interesse não beneficiou as relações do casal. Santos parecia comprazer-se em estar doente. Não propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doença era para ele ocupação, emprego suplementar. O médico da Alfândega dissera-lhe que certas formas reumáticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptação e disciplina. Santos começou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a d. Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral, com certo orgulho de estar assim tão afetado.


– Quando você ficar bom…


– Não vou ficar. Tenho doença para o resto da vida.


Para d. Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar remédio e entregar o caso à alma do padre Eustáquio, que vela por nós. Começou a fatigar-se com a importância que o reumatismo assumira na vida do marido. E não se amolou muito quando ele anunciou que ia internar-se no Hospital Gaffrée Guinle.


– Você não sentirá falta de nada, assegurou-lhe Santos. Tirei licença com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo começo de mês trazer o dinheiro.


(...) Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram até um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos. Ele chegava e saía curvado, sob a garra do reumatismo, que nem melhorava nem matava. A visita não era de todo desagradável, desde que a doença deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distraída: os internados sabem de tudo cá de fora.


– Pelo rádio — explicou Santos. (...)


Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia não veio. D. Laurinha preocupou-se. Não só lhe faziam falta os cruzeiros; ele também fazia. Tomou o ônibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroço.


Lá ele não era conhecido. Na Alfândega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereço da viúva?


– Sou eu a viúva — disse d. Laurinha, espantada.


O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viúva do Santos, d. Crisália, fizera bons piqueniques com o casal na ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praça. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara três órfãos, coitado.


E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. Lá estavam Santos, muito lépido, sorrindo, a outra mulher, os três garotos. Não havia dúvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo, a outra realidade de Santos era tão destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecível.


– Desculpe, foi engano. A pessoa a que me refiro não é essa — disse d. Laurinha, despedindo-se.


ANDRADE, Carlos Drummond. Disponível em: https://contobrasileiro.com.br/o-outromarido-cronica-de-carlos-drummond-deandrade/ (Adaptado)

Há um uso adequado do acento grave indicativo de crase apenas na opção:

  • A Não me dirigi à ela nem à ninguém durante a reunião.
  • B Os viajantes chegaram bem àquele território inóspito.
  • C Não costumo comprar nada à prazo.
  • D Ela se referiu à uma heroína do século XIX.
  • E Por causa da promoção, os produtos estavam orçados à partir de 1,99.
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O outro marido


Era conferente da Alfândega — mas isso não tem importância. Somos todos alguma coisa fora de nós; o eu irredutível nada tem a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca. Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situação exterior e familiar não mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros não percebem.


Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos, quando se casaram (quanto ao íntimo, é claro). Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. Tão perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armário. Santos doía-se de ser um objeto aos olhos de d. Laurinha. Se ela também era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferença de que d. Laurinha não procurava fugir a essa simplificação, nem reparava; era de fato objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado.


Ao aparecerem nele as primeiras dores, d. Laurinha penalizou-se, mas esse interesse não beneficiou as relações do casal. Santos parecia comprazer-se em estar doente. Não propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doença era para ele ocupação, emprego suplementar. O médico da Alfândega dissera-lhe que certas formas reumáticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptação e disciplina. Santos começou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a d. Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral, com certo orgulho de estar assim tão afetado.


– Quando você ficar bom…


– Não vou ficar. Tenho doença para o resto da vida.


Para d. Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar remédio e entregar o caso à alma do padre Eustáquio, que vela por nós. Começou a fatigar-se com a importância que o reumatismo assumira na vida do marido. E não se amolou muito quando ele anunciou que ia internar-se no Hospital Gaffrée Guinle.


– Você não sentirá falta de nada, assegurou-lhe Santos. Tirei licença com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo começo de mês trazer o dinheiro.


(...) Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram até um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos. Ele chegava e saía curvado, sob a garra do reumatismo, que nem melhorava nem matava. A visita não era de todo desagradável, desde que a doença deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distraída: os internados sabem de tudo cá de fora.


– Pelo rádio — explicou Santos. (...)


Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia não veio. D. Laurinha preocupou-se. Não só lhe faziam falta os cruzeiros; ele também fazia. Tomou o ônibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroço.


Lá ele não era conhecido. Na Alfândega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereço da viúva?


– Sou eu a viúva — disse d. Laurinha, espantada.


O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viúva do Santos, d. Crisália, fizera bons piqueniques com o casal na ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praça. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara três órfãos, coitado.


E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. Lá estavam Santos, muito lépido, sorrindo, a outra mulher, os três garotos. Não havia dúvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo, a outra realidade de Santos era tão destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecível.


– Desculpe, foi engano. A pessoa a que me refiro não é essa — disse d. Laurinha, despedindo-se.


ANDRADE, Carlos Drummond. Disponível em: https://contobrasileiro.com.br/o-outromarido-cronica-de-carlos-drummond-deandrade/ (Adaptado)

Em relação aos aspectos de concordância nominal, assinale a alternativa correta:

  • A Era proibida entrada de menores no estabelecimento.
  • B Escolhemos estampas o mais belas possíveis.
  • C A porta estava meia aberta quando cheguei à sala de aula.
  • D Seguem anexas ao e-mail as propostas de compra e venda do imóvel.
  • E Compramos bastante livros na feira literária.
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O outro marido


Era conferente da Alfândega — mas isso não tem importância. Somos todos alguma coisa fora de nós; o eu irredutível nada tem a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca. Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situação exterior e familiar não mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros não percebem.


Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos, quando se casaram (quanto ao íntimo, é claro). Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. Tão perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armário. Santos doía-se de ser um objeto aos olhos de d. Laurinha. Se ela também era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferença de que d. Laurinha não procurava fugir a essa simplificação, nem reparava; era de fato objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado.


Ao aparecerem nele as primeiras dores, d. Laurinha penalizou-se, mas esse interesse não beneficiou as relações do casal. Santos parecia comprazer-se em estar doente. Não propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doença era para ele ocupação, emprego suplementar. O médico da Alfândega dissera-lhe que certas formas reumáticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptação e disciplina. Santos começou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a d. Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral, com certo orgulho de estar assim tão afetado.


– Quando você ficar bom…


– Não vou ficar. Tenho doença para o resto da vida.


Para d. Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar remédio e entregar o caso à alma do padre Eustáquio, que vela por nós. Começou a fatigar-se com a importância que o reumatismo assumira na vida do marido. E não se amolou muito quando ele anunciou que ia internar-se no Hospital Gaffrée Guinle.


– Você não sentirá falta de nada, assegurou-lhe Santos. Tirei licença com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo começo de mês trazer o dinheiro.


(...) Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram até um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos. Ele chegava e saía curvado, sob a garra do reumatismo, que nem melhorava nem matava. A visita não era de todo desagradável, desde que a doença deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distraída: os internados sabem de tudo cá de fora.


– Pelo rádio — explicou Santos. (...)


Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia não veio. D. Laurinha preocupou-se. Não só lhe faziam falta os cruzeiros; ele também fazia. Tomou o ônibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroço.


Lá ele não era conhecido. Na Alfândega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereço da viúva?


– Sou eu a viúva — disse d. Laurinha, espantada.


O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viúva do Santos, d. Crisália, fizera bons piqueniques com o casal na ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praça. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara três órfãos, coitado.


E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. Lá estavam Santos, muito lépido, sorrindo, a outra mulher, os três garotos. Não havia dúvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo, a outra realidade de Santos era tão destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecível.


– Desculpe, foi engano. A pessoa a que me refiro não é essa — disse d. Laurinha, despedindo-se.


ANDRADE, Carlos Drummond. Disponível em: https://contobrasileiro.com.br/o-outromarido-cronica-de-carlos-drummond-deandrade/ (Adaptado)

O vocábulo corretamente grafado está presente na alternativa:

  • A Pretencioso.
  • B Inadmiscível.
  • C Sisudez.
  • D Enxarcado.
  • E Xávena.
6

O outro marido


Era conferente da Alfândega — mas isso não tem importância. Somos todos alguma coisa fora de nós; o eu irredutível nada tem a ver com as classificações profissionais. Pouco importa que nos avaliem pela casca. Por dentro, sentia-se diferente, capaz de mudar sempre, enquanto a situação exterior e familiar não mudava. Nisso está o espinho do homem: ele muda, os outros não percebem.


Sua mulher não tinha percebido. Era a mesma de há 23 anos, quando se casaram (quanto ao íntimo, é claro). Por falta de filhos, os dois viveram demasiado perto um do outro, sem derivativo. Tão perto que se desconheciam mutuamente, como um objeto desconhece outro, na mesma prateleira de armário. Santos doía-se de ser um objeto aos olhos de d. Laurinha. Se ela também era um objeto aos olhos dele? Sim, mas com a diferença de que d. Laurinha não procurava fugir a essa simplificação, nem reparava; era de fato objeto. Ele, Santos, sentia-se vivo e desagradado.


Ao aparecerem nele as primeiras dores, d. Laurinha penalizou-se, mas esse interesse não beneficiou as relações do casal. Santos parecia comprazer-se em estar doente. Não propriamente em queixar-se, mas em alegar que ia mal. A doença era para ele ocupação, emprego suplementar. O médico da Alfândega dissera-lhe que certas formas reumáticas levam anos para ser dominadas, exigem adaptação e disciplina. Santos começou a cuidar do corpo como de uma planta delicada. E mostrou a d. Laurinha a nevoenta radiografia da coluna vertebral, com certo orgulho de estar assim tão afetado.


– Quando você ficar bom…


– Não vou ficar. Tenho doença para o resto da vida.


Para d. Laurinha, a melhor maneira de curar-se é tomar remédio e entregar o caso à alma do padre Eustáquio, que vela por nós. Começou a fatigar-se com a importância que o reumatismo assumira na vida do marido. E não se amolou muito quando ele anunciou que ia internar-se no Hospital Gaffrée Guinle.


– Você não sentirá falta de nada, assegurou-lhe Santos. Tirei licença com ordenado integral. Eu mesmo virei aqui todo começo de mês trazer o dinheiro.


(...) Pontualmente, Santos trazia-lhe o dinheiro da despesa, ficaram até um pouco amigos nessa breve conversa a longos intervalos. Ele chegava e saía curvado, sob a garra do reumatismo, que nem melhorava nem matava. A visita não era de todo desagradável, desde que a doença deixara de ser assunto. Ela notou como a vida de hospital pode ser distraída: os internados sabem de tudo cá de fora.


– Pelo rádio — explicou Santos. (...)


Santos veio um ano, dois, cinco. Certo dia não veio. D. Laurinha preocupou-se. Não só lhe faziam falta os cruzeiros; ele também fazia. Tomou o ônibus, foi ao hospital pela primeira vez, em alvoroço.


Lá ele não era conhecido. Na Alfândega informaram-lhe que Santos falecera havia quinze dias, a senhora quer o endereço da viúva?


– Sou eu a viúva — disse d. Laurinha, espantada.


O informante olhou-a com incredulidade. Conhecia muito bem a viúva do Santos, d. Crisália, fizera bons piqueniques com o casal na ilha do Governador. Santos fora seu parceiro de bilhar e de pescaria. Grande praça. Ele era padrinho do filho mais velho de Santos. Deixara três órfãos, coitado.


E tirou da carteira uma foto, um grupo de praia. Lá estavam Santos, muito lépido, sorrindo, a outra mulher, os três garotos. Não havia dúvida: era ele mesmo, seu marido. Contudo, a outra realidade de Santos era tão destacada da sua, que o tornava outro homem, completamente desconhecido, irreconhecível.


– Desculpe, foi engano. A pessoa a que me refiro não é essa — disse d. Laurinha, despedindo-se.


ANDRADE, Carlos Drummond. Disponível em: https://contobrasileiro.com.br/o-outromarido-cronica-de-carlos-drummond-deandrade/ (Adaptado)

O processo de formação da palavra “esfarelar” está corretamente apontado em:

  • A Sufixação.
  • B Prefixação.
  • C Aglutinação.
  • D Parassíntese.
  • E Conversão.
7
Assinale a alternativa que preencha correta e respectivamente as lacunas:

Prefiro trem ______ ônibus. Informe ______ passageiros que os preços aumentaram.
Lembrei ______ todos que o voo estaria lotado. Sempre acabo concordando ______ eles.
  • A do que / os / de / por.
  • B a / aos / em / por.
  • C a / aos / a / com.
  • D aos / os / de / com.
8
A regência verbal e o uso do pronome relativo estão de acordo com a gramática normativa em: 
  • A O aluno, cujas as notas eram as mais altas da turma, recebeu um prêmio de excelência acadêmica.
  • B A atriz, cujo o talento é elogiado por todos, atuou brilhantemente no último filme do diretor renomado.
  • C Os jogadores, cujos desempenhos nos referimos no último boletim, foram dispensados pelo técnico.
  • D A cientista, com cujas pesquisas sempre concordamos, publicou um artigo revolucionário em uma das revistas científicas mais importantes da atualidade.
9

O adjetivo pode ser substituído por algumas outras palavras ou estruturas de valor equivalente. Assinale a frase em que a adjetivação é realizada por meio de uma preposição mais um advérbio.

  • A Os bois ouviam de longe o grito dos boiadeiros.
  • B Todos os viajantes vinham de perto.
  • C As meninas se posicionaram de lado na carroça.
  • D As rodas de trás estavam com os pneus vazios.
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Observe a seguinte fábula de Esopo:
“Um burro atravessava um rio carregando sal. Como escorregou e caiu na água, o sal derreteu e a carga tornou-se mais leve. Feliz com isso, quando certa vez passava novamente perto do rio carregando esponjas, acreditou que, se caísse de novo, também aquela carga se tornaria mais leve. Então, escorregou de propósito, mas aconteceu-lhe que, como as esponjas absorveram a água, ele não pôde mais levantar-se e ali morreu afogado”.
A característica básica de um texto narrativo é a sucessão cronológica de ações ou acontecimentos. Assinale a opção em que os verbos destacados não mostram sucessão cronológica.

  • A atravessava um rio / escorregou.
  • B escorregou / caiu na água.
  • C caiu na água / o sal derreteu.
  • D o sal derreteu / a carga tornou-se mais leve.

Artes Visuais

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Em um mundo em constante evolução, cuja comunicação visual desempenha um papel essencial, os designers gráficos precisam dominar os princípios básicos do design para criar conteúdo eficaz. Eles desempenham um papel essencial na criação de projetos que se destacam, transmitem mensagens claras e atraem a atenção do público. Esses princípios ajudam a organizar elementos de design de maneira harmoniosa, criam hierarquia visual, realçam pontos-chave e contribuem para uma experiência visual mais agradável. Diante do exposto, qual dos conjuntos representa os quatro princípios básicos do design?
  • A Cor; tamanho; fonte; e, espaçamento.
  • B Harmonia; tipografia; forma; e, preenchimento.
  • C Plano de fundo; ilustração; gradiente; e, ordem.
  • D Repetição; contraste; alinhamento; e, proximidade.
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Em um mundo cada vez mais digital, as cores desempenham um papel fundamental no design gráfico. Quando se fala de cores aditivas, um aspecto importante é que, quando todas as três cores primárias são misturadas com a mesma intensidade máxima, o resultado é a luz branca. Isso ocorre porque todas as cores do espectro visível estão sendo emitidas simultaneamente. No contexto das cores aditivas, empregadas em telas de dispositivos eletrônicos, quais são consideradas cores primárias?
  • A Laranja; roxo; e, verde.
  • B Vermelho; verde; e, azul.
  • C Vermelho; amarelo; e, azul.
  • D Ciano; magenta; e, amarelo.
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As provas possibilitam a avaliação prévia da qualidade de uma reprodução antes da impressão em grande escala; elas podem ser tanto analógicas quanto digitais e garantem uma visualização antecipada da aparência final de um projeto, incluindo a reprodução de cores e imagens, com o objetivo de identificar possíveis defeitos. “Prova de impressão utilizada para verificar a ordem de páginas do documento na folha de impressão; são úteis quando várias páginas são impressas em uma única folha.” Trata-se de:
  • A Cor.
  • B Layout.
  • C Imposição.
  • D Composição.
14
No campo do design gráfico, a escolha da tipografia desempenha um papel crucial na comunicação visual. Ela ajuda a transmitir as mensagens com clareza; criar estilo e personalidade; melhorar a legibilidade; estabelecer hierarquia visual; garantir coerência e consistência; evocar emoções; promover a acessibilidade; e, oferecer oportunidades criativas para o designer. A tipografia considerada mais legível para textos longos e amplamente empregada em livros e documentos impressos é:
  • A Serif.
  • B Script
  • C Sans-Serif. 
  • D Decorativa.
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Em 1875, Karl Klietsch introduziu um método de impressão que utiliza chapas flexíveis com baixo relevo. Essas chapas são montadas em cilindros na impressora. Durante o processo, a tinta é aplicada e se aloja nas áreas em baixo relevo, enquanto um raspador remove a tinta das áreas planas, onde não há imagem. “Método que se destaca pela alta velocidade de impressão, atingindo cerca de 300 metros por minuto. No entanto, a produção das matrizes é dispendiosa, e o resultado final pode apresentar um aspecto serrilhado. Por essas razões, o processo é mais adequado para produções em grande escala”. Trata-se de:
  • A Offset.
  • B Serigrafia.
  • C Flexografia.
  • D Rotogravura.
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A impressão é uma parte fundamental do mundo do design gráfico. Designers gráficos desempenham um papel crucial na escolha e na preparação dos materiais para impressão, assegurando que a mensagem e a estética desejadas sejam transmitidas com perfeição em mídias físicas. Para alcançar isso, eles precisam compreender os diversos processos de impressão disponíveis. Cada processo tem suas próprias características, vantagens e desafios, o que torna a escolha do método apropriado de impressão uma decisão crítica no processo criativo. O sistema de impressão offset se refere a
  • A um tipo de impressão rotativo direto com formas relevográficas.
  • B um processo de impressão direta, cuja tinta é vazada pela pressão de um rodo ou puxador.
  • C uma impressão indireta, ou seja, a tinta passa por um cilindro intermediário antes de ir para o papel.
  • D um processo de impressão direta, sendo necessário que todo o original passe por um processo de reticulagem.
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Na diagramação, o alinhamento desempenha um papel central na organização visual do conteúdo. É uma das decisões de design mais cruciais de um profissional. O alinhamento não é apenas uma questão estética; ele influencia diretamente como as informações são percebidas e absorvidas pelo público. O uso eficaz do alinhamento pode criar layouts harmoniosos, destacar elementos-chave; e, melhorar a legibilidade, contribuindo significativamente para a eficácia do design e da comunicação visual. Sobre o alinhamento, assinale a afirmativa correta.
  • A À esquerda é o segundo mais comum, pois segue o fluxo de leitura da página.
  • B O justificado deixa somente a margem esquerda regular, criando um aspecto limpo e eficiente.
  • C O centralizado não é recomendado para dar destaque a uma formatação, uma vez que desloca o olhar do leitor para o centro da página.
  • D À esquerda é menos comum para textos corridos; mas, é bastante usual em legendas ou textos próximos de objetos que exijam tal alinhamento.
18
Sobre as características de sistemas de impressão, analise as afirmativas a seguir.

I. Caracteriza-se pela impressão indireta, matriz planográfica, capaz de imprimir em papéis, plásticos, papéis metalizados e papéis vegetais. O processo de secagem, das tintas utilizadas nesse processo, pode se dar por absorção, oxidopolimerização, cura por exposição aos raios ultravioletas e por evaporação.

II. Impressão rotativa, a qual imprime a partir de matriz relevográfica, utiliza tintas fluidas à base de solvente, água ou ultravioleta, capaz de imprimir em papéis, papelão, adesivos e plásticos; muito empregada na impressão de rótulos, etiquetas,sacolas plásticas etc.

III. A impressão é realizada a partir de uma matriz virtual, permitindo a impressão de dados variáveis. Imprime em suportes celulósicos, plásticos e tecidos, estando associados a baixas tiragens, bem como a produção de um único exemplar.

IV. Processo que utiliza matriz permeográfica; associado às baixas tiragens; imprime uma variedade grandes de suportes; e, por isso, emprega diversos tipos de tintas às quais podem secar por oxidopolimerizaação, cura por exposição aos raios ultravioletas, evaporação de solventes, elevação de temperatura em tintas à base de plastisol.

Sobre os sistemas de impressão e suas características, assinale a alternativa que apresenta a associação correta.
  • A I. Offset plana II. Flexográfica III. Digital IV. serigráfica
  • B I. Offset digital II. Offset plana III. Digital IV. offset rotativa
  • C I. Offset plana II. Offset rotativa III. Offset digital IV. digital
  • D I. Flexográfica II. Offset rotativa III. Digital IV. tampográfica
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A criação de identidades visuais demanda, para além do conhecimento da forma e seu valor para a cultura das instituições, o domínio sobre o emprego de todos os elementos e símbolos que a compõe. Sobre os elementos empregados na constituição de uma assinatura visual e identidade de marca, analise as afirmativas a seguir.

I. A assinatura visual é o resultado da justaposição de um símbolo e um logotipo, que precisa ser distinto e legível, nas diversas proporções e mídias, sejam elas impressas ou digitais.

II. O cérebro lê a cor, a forma, antes que se compreenda o conteúdo; por isso, a escolha da cor para a identidade visual requer uma compreensão sobre a teoria das cores, uma visão de como a instituição deve ser percebida e diferenciada. A cor pode não só auxiliar na arquitetura da marca como unificar sua identidade. Logo, referem-se a estratégias de seleção que envolvam cartelas que garantam, com precisão, que sua reprodutibilidade é essencial.

III. A construção da identidade visual exige a escolha de tipografias que reflitam o posicionamento da marca; sejam legíveis nos diversos tamanhos e aplicações; funcionamem cores e em preto e branco;tenham personalidade; e,reflitama cultura da instituição.

IV. A identidade da marca se vale de diversos complementos, entre eles o som. Por isso, as instituições empregam o áudio com estratégia de diferenciação no mercado. Os efeitos sonoros e a música diminuem a velocidade com que o cérebro percebe as mensagens subliminares, atenuando a relação entre o usuário e a marca, facilitando, assim, a sua identificação.

Está correto o que se afirma apenas em
  • A I e III.
  • B II e IV.
  • C I, II e III.
  • D I, III e IV.
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Considere finalizar o projeto de uma revista institucional para o CREFITO-4, no formato final 21 x 29,7 cm, que será impressa em papel couchê 170 g/m2 , com uma lineatura de 175 LPI e imagens que irão transpor a largura da página (sangria). Tendo em vista que o designer gráfico finalizará o arquivo com base no PDF-X1A normalizado, com parâmetros necessários para impressão em qualquer gráfica offset, analise as afirmativas a seguir.

I. Ao finalizar o documento PDF, as marcas de corte devem ser incluídas no arquivo.

II. O tamanho da página no arquivo PDF será exatamente do tamanho da página do documento aberto.

III. A opção sangria (Bleed) será marcada com um valor de 3,5 milímetros.

IV. As imagens devem estar em RGB, com perfil ISO Coated Fogra 29.

Está correto o que se afirma apenas em
  • A I e III.
  • B I e IV.
  • C II e IV.
  • D I, II e III.